Depois de ter feito aquele acordo com o senhor C e vendido minha alma para o diabo sem saber. Levei o Johnny a um hospital, inventamos uma história, de que ele foi assaltado e acabou se dando mal por reagir. Irônico não é?

Cheguei, em casa sabendo que mesmo me sacrificando finalmente tinha feito algo de bom nessa vida. Minha mãe correu em nossa direção abraçando a Alyssa.

_O que aconteceu? _Ela perguntou.

_Kevin salvou minha vida e a vida do amigo dele também.

_Quer dizer que tudo isso acabou?

_Ainda não. _Disse.

O telefone tocou. Olhei para elas e elas me devolveram o olhar. Peguei o telefone do bolso atendendo.

_Chegou bem em casa? _Ele perguntou, se fazendo de idiota.

_Sim, por que não deveria?

_Ao contrario, você deve está em perfeito estado, esqueceu que tenho planos para seu futuro?

_Sei... Esposa galinha, filhos bandidinhos e o vovô Senhor C? Ótimo futuro.

_Pare de bobeira! E preste a atenção no que vou te dizer.

_Sim, vovô C.

_O trabalho é simples, quero que fique de olho em uma pessoa pra mim.

_Quer dizer que agora sou guarda-costas?

_Mais ou menos. Venha aqui amanhã. _Ele desligou.

_O que ele queria? _Alyssa perguntou.

_Quanto menos souberem, será melhor.

Minha mãe e minha irmã insistiram várias vezes para largar tudo e ir embora, disse que não o podia fazer, pois ele ira me encontrar em qualquer lugar no mundo.

_Porque esse homem está te perseguindo filho?

_Eu o reconheci do enterro do Adam. _Disse Alyssa.

_Quero a verdade filho.

Eu não posso contar a verdade, prometi ao Adam. Minha mãe e Alyssa nunca irão saber o que aconteceu na noite em que Adam morreu. Somos apenas, bandidinhos baratos, que se meteram com a pessoa errada.

_A verdade? A verdade é que o Adam entrou em uma furada, e estava devendo muito dinheiro para o Senhor C, agora tenho que pagar. _Sinto muito, Adam. Melhor ser lembrado como devedor, do que elas saberem a “verdade”. No outro dia fiz o combinado e o encontrei em sua cobertura.

_Está atrasado, Kevin.

_Não, estou adiantado. _Disse sendo sarcástico. Ele riu.

_Como sempre, engraçado. Sente-se. _Ele ordenou. Puxei a cadeira, me sentando.

_Sua missão é manter ela longe de mim. Ela mora nessa casa. _Ele me entregou a foto de uma casa muito bonita, dois andar, piscina, um quintal maravilhoso e de frente pra praia.

_Casa bonita. _Disse.

_O nome dela é Solki Felter, ela tem 17 anos.

_Qual é o problema, tem medo dessa garota? _Falei rindo.

_Não, não tenho medo dela, mas ela pode digamos... Atrapalhar-me, então como já te disse, sou uma pessoa precavida. _Ele sorriu.

_Sei. _Por que o interesse dele nela? Quando o Senhor C se interessa por alguém não e pra dar beijinhos e abraços coloridos.

_Essa é a foto dela. _Ele me entregou a foto de uma garota muito bonita, loira, com olhos azuis. Não, não pode ser é a mesma garota. A garota na qual eu matei o pai dela. Ele sorriu percebendo minha cara ao ver a foto.

Não contei a minha mãe nem a Alyssa, qual era o serviço que iria fazer. Deitado no meu quarto fique olhando a foto dela, aquela noite foi terrível.

***

Estava no carro com Adam, Dylan e Andrew. Andrew dirigia com Dylan ao seu lado no banco passageiro, eu e Adam estávamos no banco de trás. Paramos em um posto de gasolina pra abastecer. De repente o telefone tocou. Dylan atendeu e nos disse o que o Senhor C queria que fizéssemos.

_O trabalho é simples. Ele quer que roubemos um carro.

_Vamos então. _Falou Adam.

_Tem, um... Porém. Ele quer um carro em especifico.

_Que carro? _Andrew perguntou.

_Ele me deu o endereço, o dia, à hora e o lugar exato onde temos que pegar-lo.

_Vai ser moleza então. _Disse.

_Não é bem assim. _Falou Dylan.

_Como não? _Perguntei.

_Ele quer que você mate o motorista. _Ri na hora em que ele falou isso, pensando que era uma piada, mas infelizmente não era. Olhei pra eles e eles olhavam sérios pra mim esperando minha resposta.

_Isso é brincadeira não é? _Falei.

_Não, não é? _Parei de sorrir na hora.

_Ele está louco? Não vou matar ninguém.

_Se você não matar, o Senhor C vai te matar. _Disse Andrew.

_Não posso fazer isso Andrew.

_Eu sei cara, a gente da um jeito depois, mas você tem que fazer.

Eu tentei fugir no outro dia, depois de saber que teria que matar alguém. O Senhor C mandou seus capangas atrás de mim, eles me deram uma surrar e disseram que se eu fugi-se de novo eles matariam toda a minha família na minha frente e depois me matariam lentamente. Dois dias depois estava lá eu, em pé apontando uma arma, para um homem inocente. Minhas mãos tremiam de nervosismo. Não acredito que estou fazendo isso, pensei. Então, atirei.

Fiquei a noite toda relembrando aquela cena e toda a dor que causei para aquela garota. Sentir uma dor, uma dor tão forte que cheguei a colocar a mão no peito, pensando que poderia ter um buraco ali. Mas só a culpa, um monte enorme de culpa. Qual o interesse dele nessa menina? Tem que ser justo eu o cara pra ficar de olho nela? Não basta o sofrimento que eu a fiz passar? Será que irá me reconhecer?Essas e outras eram as perguntas que eu me fazia.

Agora um mês depois estou olhando ela pelo vidro da sala do diretor. Estou aqui por que um babaca falou que meu irmão era um bandidinho de merda, então eu dei um soco na cara dele. A professora Spencer Agustine mandou o idiota pra enfermaria e eu para diretoria. O diretor Richard Jones acenou para que ela entra-se, abaixei a cabeça e coloquei meus óculos escuros.

_O que a senhorita quer? _O diretor perguntou.

_Vim pegar meus horários, sou aluna nova. _Ela respondeu.

_Sim, sei quem você é, se não me engano, Solki Felter?

_Sim, sou eu. _Ela confirmou. Que droga, pensei.

_Só um minuto. _O diretor se abaixou falando no meu ouvido, “Não desperdice sua vida garoto”. Depois pegou um papel em cima da mesa e entregou a ela.

_Aqui senhorita Felter. Sou o diretor Richard Jones. Seja bem vinda!Este é Kevin Colle, ele irar te mostrar a escola. _Só pode ser brincadeira dele não é? Pelo jeito não importa o quanto atrase isso, mas cedo ou mais tarde tenho que encarar meu serviço e vigiar Solki Felter. Garantindo para que ela fique afastada do Senhor C.