O líder do chalé de Atena, o substituto de Annabeth, deu as instruções.

– E você - Ele apontou para mim - Fique longe dos adversários. Você só contribuiria na nossa derrota se ficar perto deles.

Lancei um olhar ranzinza para ele. Ou ele ignorou ou fingiu que não viu, e se virou para falar com outros do time.

Detesto que me subestimem. Acham que sou fraca pelo meu tamanho e por ser magra. Pois eu não sou, bem pelo menos não tanto quanto acham... Sempre me subestimaram. Nas aulas, na minha força física e emocional... Isso me dá vontade de provar que estão errados, e quando provo fico com um sentimento estranho. Não sei se posso chamar de alegria.

E agora que esse filho de Atena arrogante me subestimou, vou fazer exatamente o contrário do que me mandou fazer.

– Todos aos seus postos - Disse Quíron.

Meu time se espalhou pela sua parte da floresta.

Phillip, Jordan e Courtney ficaram um pouco perto de mim.

– Não se preocupe Nick, qualquer coisa esse filho de Apolo aqui vai te salvar. - Phillip deu um sorriso arrogante.

Raiva brotou de mim. Segurei o cabo da espada tão forte a ponto de minha mão começar a doer.

– Eu não preciso de ajuda. - Falei entre os dentes.

– Tem certeza? - Perguntou Jordan. Acho que estava sendo gentil mas respondi amargamente:

– Claro que tenho.

Uma corneta soou. Coloquei minha espada em riste. Phillip e os outros dois já haviam saído de perto.

Avancei cautelosamente pelas árvores. Ouvi o tinir de espadas se cruzando em algum ponto á minha direita.

Com qualquer sinal de movimento eu me escondia em um tronco de árvore.

Uma dríade passou por mim e disse sorrindo:

– Cuidado, hein novata.

E saiu correndo.

Ótimo. Até uma dríade me subestima. Revirei os olhos e ajeitei meu elmo.

O campo adversário estava a alguns metros de distância.

Alguns do meu time estavam lá lutando com os adversários. Preciso passar despercebida...

Tentei me lembrar de algumas das caças bandeira que li nos livros. Uma vez Percy desobedeceu as ordens da capitã de seu time, Thalia, a filha de Zeus, e seu time perdeu... Mas tenho que provar do que sou capaz. Não vou cometer os mesmos erros que ele.

Então tive uma ideia. Que normalmente são usadas em desenhos animados. Idiota, mas não custa tentar. Arranquei um arbusto, do meu tamanho, do chão.

– Por favor, não fiquem com raiva de mim. Vou plantar uma árvore depois. - Sussurrei para ninguém em especial.

Andei agachada segurando o arbusto a minha frente. Se alguém passasse por perto eu parava. Vagarosamente cheguei no campo adversário sem que ninguém percebesse.

Isso já foi um progresso e tanto.

Avancei olhando para todos os lados. Então um possível filho de Ares estava vindo na minha direção segurando uma lança.

– Quanta coragem, novata. - Ele disse a palavra novata com deboche.

Não tenho prática em luta ainda...

Tomara que ele tropece no meio do caminho.

Incrivelmente ele caiu machucando a mão com a lança.

– Ah! - Gritou.

Com certeza isso não foi meu poder de semideusa em ação.

Não perdi tempo. Corri pulando por cima do corpo do filho de Ares.

– Volte aqui e lute!

Ignorei.

Agora eu preciso evitar os adversários e achar a bandeira.

Não achei nenhum. Com certeza deviam estar concentrados onde a bandeira estava. Se eu achá-los. Vou achar a bandeira. Como vou lutar sozinha ainda não sei.

Talvez tenham posto no Punho de Zeus quem sabe.

Eu estava certa. Por mais que o Punho de Zeus seja perto da antiga entrada do Labirinto de Dédalo, eles botaram a bandeira lá.

Havia cinco semideuses cercando o Punho.

Cometi o erro de não olhar para onde estava pisando. Pisei num galho fazendo um barulho alto. Foi ai que eles perceberam minha presença.

– Ah... Quem diria que eles seriam tão idiotas de mandar a novata. - Disse um garoto.

Os outros riram.

– Me impressiono ainda mais de terem mandado ela sozinha. Quem diria que um time com os filhos de Atena cometeria essa burrice. - Uma garota debochou dessa vez. E todos riram.

– Eu vim porque eu quis. - Falei tentando manter a voz firme. Estava começando a me arrepender de ter feito isso...

Eles avançaram.

– Então você que é a idiota, afinal de contas.

Corri na direção deles e rolei por debaixo da perna de um deles. Quase me acertaram com suas espadas.

Escalei desesperadamente o Punho de Zeus. E peguei a bandeira.

Dois deles estavam escalando os outros ficaram embaixo esperando.

Bem, se minha ideia maluca funcionou quem sabe outra também não funcione?

Pulei de lá. Passando por cima dos adversários. Uma dor imensa se espalhou pelo meu pé quando aterrissei. Mas ignorei.

Sai correndo o mais rápido que podia.

– Ela está com a bandeira! - Gritou alguém.

Alguns outros do time adversário começaram a me perseguir. Mas eu me desviava e corria mais rápido.

Estou ficando completamente sem ar. Tenho que aguentar até chegar  meu campo.

Alguém me empurrou me fazendo cambalear para frente. Me recuperei rapidamente e continuei a corrida.

Milagrosamente cheguei no meu campo.

Todos me olhavam espantados enquanto eu exibia a bandeira a cima da minha cabeça.

O capitão do time estava com a espada parada no ar, me olhando boquiaberto. Isso causou aquele meu sentimento estranho.

Então algo cortou a lateral do meu tronco. E vi uma lança cair no chão á minha frente.

Minha blusa laranja se transformou em vermelha.