Eu,ela e Minhas Ex-namoradas escrita por Claire_Bartoon


Capítulo 4
Cap. 4 – Christina


Notas iniciais do capítulo

Tem a outra versão da História no - Eu,ele e suas Ex-namoradas.



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Segunda-feira e eu sentia como se não tivesse descansado nada no fim-de-semana. Isso deve ser porque em um único fim de semana eu tinha levado uma mordida no meu pequeno companheiro, um soco no nariz do meu melhor amigo e ainda por cima um tapa de Sayuri. A dor no nariz não tinha me dado muito sossego durante o dia nem durante a noite, toda a vez que eu me virava na cama e acabava roçando meu nariz em algum lugar era batata eu acordava quase no susto e quase chorando também.

Eu levantei da cama até um pouco antes do horário que eu costumava acordar, minha cabeça doía, sabe aquela dor no fundo dos olhos? Então, exatamente essa. Não demorei muito pra me arrumar, cheguei no trabalho com pelo menos 20 minutos de antecedência, talvez se eu me distraísse logo esquecesse o final de semana péssimo que eu tive.

Aproveitei pra passar na padaria do lado do trabalho, queria comprar um café da manhã legal, ao menos uma vez na vida eu queria dar a Marcela um café da manhã já que geralmente era ela quem trazia o café pra mim, seria diferente se eu levasse uma vez o café da manhã pra ela, eu tinha tempo mesmo. Sabia que as pessoas no trabalho iriam chiar e ficar falando que eu estava dando em cima dela e blá, blá, blá. Ainda bem que eu e ela já tínhamos passado dessa fase de agüentar as tolices dessas pessoas, o que mais me preocupava mesmo era Anna, talvez ela implicasse um pouco. Será?

Eu comprei, todinho, eu adoro todinho e eu sabia que Marcela também gostava, comprei uns pães de queijo e dois mistos quentes, o cheiro era delicioso, definitivamente delicioso, tão delicioso que foi eu entrar no trabalho que parecia que aquele bando de urubus sentiam o cheiro de longe.

-Hum!! Parece que alguém trouxe uma refeição comunitária!! –começou um de meus colegas.

-Pode esquecer mané, esse aqui não é pro teu bico! – falei afastando o pacote da padaria do rapaz. – Esse é pra outra pessoa!

-Tá puxando o saco da chefe Dante?? – foi à vez de Tony de falar.

-Não Tony, eu não preciso fazer isso pra ela gostar de mim, não sou você! –terminei sendo acompanhado por umas risadas, eu não era o único que não gostava dele, mas era um dos poucos com vontade o suficiente de peitá-lo e fazê-lo se calar.

Cheguei até a minha divisória e Marcela já estava lá abaixada recolhendo o porta-lápis que ela havia acabado de derrubar, eu soltei um riso divertido.

-Bom dia! – falei deixando minhas coisas sobre a mesa e já fui me abaixando pra ajuda-la.

-Bom dia! – ela me respondeu rindo em seguida e me encarou com aquele sorriso que sempre me encarava todas as manhãs. Por isso eu gostava tanto de Marcela e sempre brigava com quem fosse pra dar um jeito de deixá-la sempre na minha divisória. Eu e Marcela, a gente se dava bem, sempre que Anna tentava mudá-la da minha divisória eu era o primeiro aparecer na sala dela e pedir pra colocá-la de volta na minha divisória. Ser o “amante” da chefe tem lá suas vantagens.

Eu ainda estava abaixado segurando há uns vinte segundos o mesmo lápis que ela havia derrubado os olhos ainda estavam em contato e o sorriso ainda estava expresso nos nossos lábios.

-Ahm, tudo bem Dante, você já pode me dar o lápis se você quiser! – ela disse e eu reparei que eu estava segurando o lápis com força e ela tentava puxar ele da minha mão. Abri um sorriso sem graça me levantando rapidamente enfiando a cabeça no armário dela fazendo o maior barulho que provavelmente o departamento inteiro escutou.

-Dante! – ela gritou colocando as mãos na minha cabeça enquanto eu voltava a me encolher, Puta que pariu tinha doído de verdade, mas por algum motivo eu não conseguia parar de rir, eu tinha ficado sem graça de verdade.

-Tudo bem, ta tudo bem! –eu tentei acalma-la me virando para as pessoas do escritório que agora olhavam pra nós dois com uma cara de “ta tudo bem?”

-O Dante ta tão caidinho por ela que não sabe nem mais o que ta fazendo! – começou Tony mais uma vez, eu tive de respirar fundo pra não xinga-lo mas o meu dedo do meio foi o suficiente pra fazer ele calar a boca.

-Tá bom gente o show acabou, vocês não tem mais o que fazer não?? – foi à vez de Marcela dispersar o pessoal, coisas legais aconteciam nas outras divisórias, porque raios eles não tentavam descobrir em?

-Você ta bem Dante? – ela falou pra mim toda preocupada, parou ao meu lado levando a mão a minha cabeça tentando sentir se eu tinha algum galo ou qualquer coisa assim. Gostava disso, ela era tão carinhosa.

- Eu to bem! – falei soltando um riso, mesmo que esse fosse um pouco dolorido. – E você? Ta bem? Falou com o Rodrigo?

-Ah... – ela começou toda desanimada – Falei, infelizmente! – ela começou a ajeitar as coisas sobre a mesa, parecia não muito animada pra conversar sobre isso.

Eu me virei e comecei a guardar as coisas no meu armário, coloquei minha mochila e o capacete até me virar pra sacola com os lanches.

-Ah! Eu comprei o nosso café da manhã! – puxei a sacola e tirei os todinhos de dentro dela e em seguida os mistos.

-Nossa que milagre! – ela começou rindo divertida pegando um dos todinhos da minha mão e girando na cadeira dela como uma criança animada. – Eu adoro isso!

-Eu sei! –respondi com um sorriso nos lábios pegando um dos mistos e entregando a ela também. – Você já tomou o café?

-Pra falar a verdade não! Eu quis sair correndo de casa porque o... –ela ficou em silêncio um instante como se hesitasse dizer o que queria e enfim continuou – O idiota do meu namorado me ligou logo de manhã falando que ia passar em casa e eu quis sair logo pra não precisar encontrar com ele!

-Ah. – respondi – E porque você fugiu dele?

-Porque ele é um idiota?

Eu ri, simples assim, o tom dela foi como de quem falava algo obvio a uma pergunta completamente ignorante. Ta, Rodrigo agia muitas vezes como idiota e o soco que ele havia me dado também havia sido bastante idiota.

-Ele ficou bravo comigo né? Brigou com você?

-Esquece isso Dante! – ela tentou mais uma vez mudar de assunto.

-Eu preciso falar com ele! Resolver isso, não é justo ele brigar com você toda a vez que eu chegar perto de você! Caramba a gente é amigo, tanto eu com você como eu com ele...

-Dante esquece isso! – ela repetiu, mas eu não queria ouvir.

-Quero que ele saiba isso, se ele não te escuta tem que pelo menos me escutar! Não dá pra ser assim sempre! Eu não posso nem chegar perto de você quando ele ta do lado, é ridículo!

-DANTE! – ela falou mais alto fazendo eu me calar assustado e mais algumas pessoas do departamento olharam para nos dois de forma curiosa. – Você não deve nada pra ele! Se ficar dando corda é aí que ele vai piorar!

-Não to dando corda! Se eu ignorar ao sim isso vai continuar!

-Tá dando corda sim! Se ele achar que você ta incomodado, ele vai acabar achando que é ciúmes, ele já fica dizendo que você quer separar a gente, só vai piorar as coisas!

-Ah ele disse isso pra você também?? – eu fiquei mais furioso, viu o que eu disse? Rodrigo estava ficando paranóico.

-Como assim pra mim também? – ela pareceu confusa com o que eu disse.

-Ele falou isso pra Sayuri ontem também! Ela me acusou de um monte de coisa que eu nem tava sabendo!

-Ele fez o que? – ela pareceu mais furiosa agora, foi aí que eu reparei que não devia ter falado nada, só ia piorar a situação.

-Mah! – chamei – Ele deve ter dito isso porque tava nervoso! – tentei consertar, porque eu tentava defende-lo? Agora não sabia se queria defender o meu amigo ou tentar não vê-la chateada.

-Dante! – eu escutei alguém me chamar e esse alguém estava bem atrás de mim. Me virei lentamente dando de cara logo com quem? Anna. Pois é.

-Anna! – falei olhando pra ela de forma normal. Simples assim.

-Você pode vir comigo até a minha sala? – ela parecia séria, estava diferente da sexta. Olhei pra Marcela que me encarava e em seguida deu de ombros e movimentou a cabeça como se mandasse eu ir com ela. Cara não podia estar acontecendo, que droga de segunda-feira, eu só queria entender o que se passava no relacionamento da minha amiga e ela parecia ter medo de me contar. Talvez o trabalho não fosse o melhor lugar pra gente conversar sobre isso, mas como é que eu ia simplesmente convidar a Mah pra sair com um namorado feito o Rodrigo? Era praticamente pedir morte né?

Eu ignorei mais uma vez os olhares dos meus colegas, eu chegava a conclusão a cada segundo que eles não tinham mesmo quase nada pra fazer, eu ia a sala de Anna com cada vez mais freqüência e muitos deles já especulavam o que eu ia fazer lá todo o tempo. Se fosse com um deles eu também já suspeitaria. Assim que eu entrei ela fechou a porta.

-Você não me ligou! – ela começou e eu já baixei a cabeça balançando-a em sinal negativo. Não podia estar mesmo acontecendo isso.

-Eu esperei uma ligação sua o final de semana inteiro! Você não me ligou David! – ela continuou toda brava, não ela não ia gritar comigo, mas estava mesmo a fim de brigar.

-Eu não tive tempo Anna! –comecei. Nem tinha pensado no que ela tinha me dito na sexta, aliais eu acho que nem tinha pensado nela direito no fim de semana a não ser na hora quando Sarah e Sayuri haviam feito praticamente a mesma proposta que ela, como se todas tivessem combinado

-Como assim não teve tempo? Eu nunca te cobrei nada Dante, só queria uma resposta! Porque você não tenta entender o meu lado.

Eu olhei pra ela, não sorri como costumava fazer.

-O que você tem? – ela me perguntou se aproximando de mim como se quisesse me reconfortar.

-Nada. – respondi sem muito animo, não estava pensando nela no final de semana porque eu pensava em Marcela. Claro, não o fim de semana inteiro, só o domingo inteiro, ela tinha dominado meus pensamentos, ela e Rodrigo, eu me sentia um pouco culpado por tudo, como se eu fosse o total responsável pelo relacionamento deles.

-David... – ela logo passou a mão pelo meu rosto deslizando em direção aos meus cabelos e enfim um abraço, eu fui me deixando levar como o homem fraco que eu sempre fui. Eu a abracei levemente envolvendo-a lentamente em meus braços.

-Eu só estou um pouco preocupado... com a Marcela... – falei, foi um desabafo, juro que naquele momento eu achei que ela fosse entender, mas foi no segundo seguinte que eu descobri que esse havia sido o maior erro de toda a minha vida.

- Com quem?? – ela falou me empurrando, o abraço carinhoso havia se desfeito em segundos. – Eu aqui toda preocupada com você e você todo preocupado com ela??

Eu não evitei, revirei os olhos e me afastei dela.

-A não você também não! – esse “também” tinha saído da boca pra fora, foi sem pensar.

-Como assim eu “também” não? Alguém mais disse isso pra você David?? Você tem outra?? É Ela??

Eu encarava Anna agora mais sério, talvez minha cara demonstrasse o tédio que eu sentia ao continuar com aquela discussão.

-Quer parar com isso Anna?? Que outra?  Ta delirando! –corrigi rapidamente.

-Alguém já disse isso pra você! Pelo visto eu não sou a única pessoa que percebeu a sua proteção pela “Mah”. – ela falou o apelido de Marcela com certa ironia o que me deixou com uma ponta de irritação, mas eu preferi rir, como se não ligasse pro que ela tinha feito.

-Você é ridícula! – ninguém falaria isso pra chefe, só eu mesmo.

-Você é ridículo! – ela respondeu um pouco grossa. – Quem é ela? – ela repetiu a pergunta.

-Que ela? Não tem ela Anna, só tem você! – eu tentei responder pra ela, tentava ser o mais convincente possível.

-Se não tem outra porque não eu? Porque não quer ficar comigo??

-Eu quero Anna! – respondi um pouco impaciente, ela estava alterando o tom de voz, eu não queria que ninguém escutasse nada fora da sala. – Mas não agora, pelo menos não desse jeito que você quer!

-Por quê?? – ela falou mais alto me obrigando a respirar fundo pra não perder a paciência.

- Porque não! - exclamei tentando encerrar o assunto, não queria ser grosso com ela, mas ela estava me obrigando. – Por favor, para! –pedi em tom de quem implorava, eu estava mesmo perdendo o jogo de cintura, talvez estivesse chateado demais pra pensar rápido e acabar com a discussão.

- Eu não acredito que você ta fazendo isso comigo! – ela disse como se estivesse desapontada.

Suspirei baixando a cabeça mais uma vez.

-Anna, eu não to fazendo nada! Tenta entender isso de uma vez! Só preciso de um tempo!

-Eu não quero esperar o seu tempo, quero agora!

Deus, que mulher pentelhar, eu adorava estar com a Anna, era uma ótima pessoa, com habilidades adoráveis e uma conversa digna de uma mulher de classe que de fato ela realmente era, mas era pedir muito um pouco de paciência? Encarei os olhos da ruiva e me senti irritado, fechei os punhos.

-Então termina comigo! –disse ainda sem alterar o tom de voz, mas de forma mais estúpida.

Tinha surtido um efeito, ela pareceu ficar extremamente séria, tinha sentido bem aquela proposta. Eu não ia ceder, não a isso, se ela quisesse alguma coisa não seria me pressionando daquele jeito que ela iria conseguir, eu adorava ela mas não era loucamente apaixonado por ela.

-Saí da minha sala! – ela disse me empurrando de forma agressiva em direção à porta. – Saí daqui e não volta!

-Tá me despedindo? – eu falei abismado.

-Não! – ela respondeu alto o suficiente após abrir a porta fazendo o departamento inteiro olhar pra ela e pra mim sendo atirado pra fora da sala. – Só estou mandando você sair da minha sala!!

-Você ta precisando de férias Anna! – respondi agora mais estressado sentindo ela me dar um tapa e me empurrar pra fora da sala novamente, fazendo eu quase cair no chão. –FÉRIAS, SABE O QUE É?

-Não me teste David! – ela apontou pra minha cara. – Minha paciência não é tão longa quanto você acha que é!

-Isso é uma ameaça? – eu a encarei abrindo um sorrisinho safado, ela ficava definitivamente irresistível quando estava nervosa. E mesmo junto com esse escândalo todo eu ainda a achava sexy e ela devia mesmo ter reparado porque quando eu a desafiei ela ficou calada apenas me encarando por alguns segundos.

-Vai trabalhar David! – ela encerrou antes de bater a porta na minha cara fazendo todos os olhares caírem sobre a minha pessoa e o silêncio predominar no departamento. Eu me virei rapidamente tentando não me sentir constrangido com a situação.

-Que é, não escutaram?? Dá pra vocês irem trabalhar? – fiz um sinal com a mão e voltei a caminhar em direção a minha divisória todo irritado, devia até mesmo estar com as bochechas rosadas.

Eu entrei na divisória já me sentando, preferi não olhar pra Marcela, não que eu não quisesse conversar com ela, só não queria correr o risco de ser grosso com ela, eu estava de mau-humor. Um mau-humor terrível. Eu olhava pro meu computador na esperança de soltar algum “mega laser” nele e faze-lo fritar enquanto eu descarregava a minha raiva. Apertei o mouse em mãos nervoso, tentava respirar fundo e relaxar, mas não consegui.

-Dante! – eu escutei alguém me chamar, não agüentava mais ouvir o meu nome, porque as pessoas não podiam esquecer que ele existia? Esquecer que eu existia por um instante?

-Que é? – eu me virei totalmente grosso dando de cara com Marcela meio assustada com o telefone na mão.

-Oi, desculpa.. – ela começou já me fazendo sentir aquele enorme remorso por ter sido grosso com ela. – É que tem uma moça no telefone querendo falar com você, já é a segunda vez que ela ta te ligando desde que você foi pra sala da Anna.

-Ah, sim...- respondi pegando o telefone da mão dela – Me desculpa Mah, eu não quis brigar com você, eu to um pouco nervoso!

-Deixa pra lá! – ela respondeu com um leve sorriso e girou a cadeira mais uma vez puxando um dos pães de queijo que eu havia trazido pra ela de café da manhã.

Levei o telefone até a orelha me virando novamente pro meu computador e enfim passei a liga-lo deixando-o dar o But.

-Alô!?! David falando. – comecei encarando o meu reflexo no monitor ainda apagado a minha frente.

-“Alô, gatinho??” – eu escutei do outro lado da linha a voz feminina muito sexy e  que eu tanto gostava. Era ela, a minha menininha. Quer dizer, mais uma das minhas meninas.

-Chris! Você voltou! – respondi abrindo um sorriso, como se meu humor tivesse mudado de uma hora pra outra, como se aquele dia nunca tivesse acontecido nem começado com tudo dando errado. Chris tinha voltado, depois de uma longa viagem, devia fazer quase duas semanas que ela havia saído do país.

-“Oi, eu to com saudades de você gatinho!” – ela adorava fazer aquela voz toda manhosa e provocativa. Chris era uma artista plástica.Eu fiz o site dela uma vez e desde que vi a foto dela em seu perfil, não resisti e dei um jeito de entrar em contato com ela. Chris não fazia um grande sucesso, mas tinha tudo pra fazer. Era inteligente, tinha grande criatividade era simpática e ainda por cima linda. Tinha olhos cor mel e longos cabelos escuros e ainda sim reluzentes.

-Eu também! – respondi olhando por cima do ombro só pra ter certeza de que Mah não estava me olhando e pelo visto não estava mesmo, ela parecia estar com os fones de ouvido, “curtindo” a música dela. Mas mesmo assim eu preferi responder só um “ eu também” nunca se sabe quem está ouvindo.

-“ A é?” –ela continuou soltando um risinho. – “Eu estou com muita, muita saudades de você David” – a voz dela mudou mais uma vez, ela parecia com a intenção de me provocar. Qual era a idéia? Fazer eu ficar sem graça no trabalho ou simplesmente eu ficar com muita vontade de vê-la?

-Quanto?? –eu perguntei curioso, não sabia se devia mesmo ter perguntado isso pra ela.

-“Sabe o que eu to vestindo Dante?? “ – ela perguntou fazendo eu fechar os olhos por um instante, já podia imaginar, tentei me manter concentrado no que eu estava fazendo, ou seja, nada porque o Desktop estava aberto a tempos no meu computador. Eu apenas respondi um “hum” em sinal que ela devia continuar.

-“Nada...” – ela disse. – “Eu não estou usando absolutamente nada David, to aqui esperando você do jeitinho que você gosta, você vai vir me ver David?? Vai?”

Eu mordi a boca, já podia me lembrar dela completamente nua. Eu não devia mesmo prestar, estava a dois segundas atrás com Anna nos braços e agora já ficava todo “alegre” ao ouvir a voz sensual de Chris ao telefone. Levei a mão até os olhos como que escondendo o meu rosto, queria disfarçar.

-Eu vou, mas não posso ir agora! – respondi calmamente, tentando não parecer empolgado.

-“Hum...” – ela gemeu. SIM ela gemeu ao telefone fazendo eu quase me engasgar. – “Eu te quero agora David, quero você inteiro! Meu corpo inteiro ta sentindo sua falta gatinho! Não quero mais esperar!” – ela continuou antes de soltar mais um gemido ao telefone como se ela já estivesse se preparando inteira pra mim. Eu engoli em seco e olhei para o lado mais uma vez, esperava mesmo que ninguém estivesse me olhando eu já me sentia como se todos soubessem o que eu estava fazendo.

-Pode ser na hora do almoço? – perguntei esperançoso. – Eu estou no trabalho! – respondi mais uma vez e foi aí que ela pareceu se empolgar.

-“Eu gosto de coisas perigosas gatinho! Isso me excita, você me Excita David, me deixa completamente excitada! E você?? Como você fica de me imaginar assim? De me imaginar tocando o seu corpo, de ficar completamente molhada ao pensar em você comigo e dentro de mim!?!”

Fodeu. Pensei ajeitando o meu corpo e puxando mais a minha cadeira pra perto da mesa se continuasse assim eu iria me excitar, porque eu sempre tive a droga de uma imaginação fértil e eu também sempre fui a droga de um tarado. Ela soltava outros gemidinhos e fazia perguntas como “ Você sente o meu prazer David? Sente o meu corpo? Ele te quer!”. Eu estava ao ponto de sair correndo dali e ir até a casa dela, mas eu não podia, tentava não escuta-la, mantinha meus olhos fixos no monitor que a essa altura já tinha entrado no descanso de tela.

-“ Me diz Dante, como você está?”

-Feliz! – eu respondi instantaneamente escutando ela dar uma risada gostosa. Não pude resistir, eu levei minha mão superficialmente até minhas calças tentando sentir o meu “companheiro” pra ver se ele não tinha me traído ainda, mas ele parecia começar a se animar e isso acabaria ficando perigoso.

-“Eu vou te ligar no seu celular David! Saí daí!” – ela falou antes de desligar na minha cara e eu não pensei muito, aliais quem pensaria em alguma coisa? Eu me levantei colocando o telefone de qualquer jeito no gancho enquanto pegava meu celular e saia da divisória tropeçando em tudo o que tinha na frente. Nem notei que Marcela me olhava um pouco assustada, mas eu continuei meu caminho me enfiando dentro do banheiro como se tivesse me dado algum tipo de dor de barriga instantânea.

Eu agradecia pelo fato da minha empresa não ser lá muito grande e o banheiro ser pequeno, ou seja, não era separado por Box, era um único banheiro mesmo. Tinha esse e outro no segundo andar. Sorte que ainda era de manhã então nenhum funcionário de depois do almoço tinha se trancado ali pra se aliviar. Foi no momento em que eu me tranquei no banheiro que eu já escutava o meu celular vibrar.

-Alo!?!

-“Oi gatinho!” – eu já escutei a voz dela toda sexy. – “Achou um cantinho pra gente?” – ela continuou a falar enquanto eu caminhava em direção ao sanitário fechando a tampa do mesmo e me sentando sobre ele, me encostei na parede tentando ficar o mais confortável possível.

-“Me diz David, o que você quer que eu faça?”

-Eu quero que você se toque! – respondi quase sussurrando, não podia ainda me dar ao luxo de falar em voz alta, mas isso fazia com que minha voz ficasse mais sexy. –Que se toque inteira pensando em mim, que me sinta dentro de você! – eu respondia pra ela abrindo um sorrisinho safado, deixei minha outra mão deslizar pelas minhas calças e quase não me dei contra quando eu já abria o botão da própria calça e enfim o zíper, passei a roçar a mão por cima da cueca como se “acariciasse” o meu membro já meio desperto.

Ela voltou a soltar um gemido me fazendo quase me revirar ali.

-“O que mais?? Eu sinto você...” – ela falava entre os sussurros.

-Sente a minha língua quente pelo seu corpo? Chupando seu seio lentamente? – foi a vez dela de me responder com um “hum”. – Eu vou penetrar você agora! – respondi mordendo a própria boca.

-“Agora??” – ela me perguntou e eu soltei um “uhum”.

-“Eu te sinto em mim David..” –ela me respondeu entre um gemido, eu já tinha fechado os olhos e minha mão agora já envolvia o meu dito cujo totalmente viril e começava os movimentos lentos.

- Mais rápido! – eu sussurrei e no instante seguinte conseguia escutar a respiração dela aumentar e juntamente seu gemido, era um gemido de prazer eu sabia que era, Chris era daquelas garotas que gemiam com vontade quando gostavam de alguma coisa, faziam questão de demonstrar o prazer que sentiam ao estar com você.

-“Mais forte David!” – ela me pedia e eu como em transe movimentava minha mão mais rapidamente.

Eu sei é deprimente, mas aquela mulher me tirava do sério. Aliais as quatro mulheres que até agora eu descrevi como presente na minha vida me tiravam do sério, cada uma delas. Quem nunca fez ou quis fazer uma safadeza no trabalho em? E ela pedia por mais, fazendo seus gemidos aumentarem Eu tentei abafar o meu gemido, eu estava me saindo bem até.

-“Assim David!!” – ela falou.

-Assim? – respondi enquanto minha imaginação continuava tão fértil que eu já me imaginava virando ela do avesso.

-“Eu estou quase!!” – ela falou novamente pra mim me fazendo sentir um arrepio enorme pelo corpo. Os gemidos dela, como esquecer aqueles gemidos?

-Eu também! Vai! – eu falava ainda sussurrando enquanto ela respirava mais forte. – Vai! – eu disse mais uma vez, eu podia sentir aquele misto de prazer invadir o meu corpo inteiro, enquanto eu curtia aquele momento com ela. –Vai! – eu disse uma última vez um poço mais forte ao mesmo tempo que chegava lá sentindo meu corpo mergulhar num prazer absoluto e ela parecia tão extasiada como eu porque ela ainda gemia como se sentisse nas nuvens.

-Dante!?!!? – eu escutei uma batida na porta que me vez ficar assustado, acabei derrubando o celular no chão que acabou soltando toda a bateria e a minha ligação acabou se perdendo. – Você ta bem?? –a pessoa voltou a bater na porta e eu já reconhecia a voz dela. Era Mah.

-Eu to bem! – gritei pra ela do lado de fora me levantando rapidamente segurando as calças e enfim olhei pra parede. Sim meus amigos, sim, se você não tem um estomago forte não leia o que vêm a seguir.

Lá estava, escorrendo lentamente pelo azulejo da parede, aquele azulejo branco e limpinho onde o meu “liquido” fértil havia se impregnado. A primeira coisa que eu pensei foi. “Papel higiênico” claro, todo pensariam isso. Me virei colocando a mão abaixo do lugar onde deveria estar o rolo, mas cadê o papel higiênico? Cadê?? Porque tudo tinha que acontecer comigo?? Que merda.

-Merda!! – eu falei escutando Mah bater mais uma vez na porta.

-Dante?? – ela chamou me fazendo ficar um pouco mais desesperado, eu tive que segurar mais uma vez as calças tentando pensar rápido.

-Eu já vou sair! – falei pra ela olhando pra pia e abrindo-a em seguida deixando a água cair, eu tentei me limpar primeiro molhando a cueca. Como eu me amaldiçoava intensamente por não ter notado a falta de papel higiênico antes. Logo fiz uma pequena conchinha nas mãos e joguei contra a parede fazendo uma meleca ainda maior. Porque agora aquele meu “liquido” branco começou a escorrer com mais velocidade pro chão.Peguei a toalha ao lado da pia, era uma linda toalha branca de pano felpuda, olhei pra ela com a maior pena do mundo mas não tinha jeito, nessas horas nunca dá tempo de se pensar com tranqüilidade, quando vi já estava passando a toalha pela parede, de olhos fechados e joguei a toalha no lixo. Exatamente, no lixo, melhor o lixo do que deixar mais alguém usar aquela toalha certo?

Terminei de ajeitar as calças e em seguida peguei o meu celular no chão montando-o de qualquer jeito, abri a porta rapidamente terminando de lavar as mãos na pia e encarnado Marcela com um leve sorrisinho forçado. Eu esperava mesmo que não tivesse deixado nenhum rastro do meu momento na parede porque ela parecia querer olhar dentro do banheiro de qualquer jeito.

- Ta tudo bem?? – ela me perguntou como se suspeitasse de mim.

-Tá tudo ótimo, porque teria alguma coisa errada?

-Você saiu correndo pro banheiro do nada, a gente achou que você estava passando mal! – ela olhou pra trás, mais uns dois ou três colegas de trabalho olhavam pra mim como se estivessem preocupados. Eu apenas neguei com a cabeça.

-Eu to legal! – comentei enquanto saia do banheiro fechando a porta do mesmo. – Eu acho que acabou o papel higiênico! – comentei enquanto desviava das pessoas a minha frente e voltava a caminhar até a minha divisória. Eu não estava com vergonha exatamente, eu estava talvez constrangido, apesar de saber que ninguém ali sabia de nada eu ainda estava bastante constrangido.

Eu me sentei na frente do meu computador e movi o mouse vendo minha tela voltar ao desktop. Soltei um suspiro e logo olhei pro meu celular ligando-o novamente, ela não tinha ligado de volta, ou tinha escutado o grito de Marcela que havia me assustado, ou tinha ficado brava, ou estava terminando de se “divertir” sozinha. Preferi ligar pra Chris depois eu não queria cair na tentação de novo.

-Você ta bem mesmo? – eu ouvi Marcela atrás de mim, eu me virei vendo a cara dela de quem suspeitava alguma coisa.

-Eu estou sim Mah!- concluí devolvendo a ela um sorriso. – Foi só um momento pessoal e digestão! – comentei fazendo uma careta em seguida.

Ela riu divertida sentando-se na cadeira dela a minha frente.

-Você é realmente muito estranho Dante!

-Você não faz idéia! – respondi divertido – Mas é por isso que você me ama! – eu me virei pro meu computador.

-Deixa só o Rodrigo ouvir isso!

-Ui, que medinho dele! – falei em tom de deboche e olhei pra ela, só que ao mesmo tempo ela olhou pra mim fazendo nossos olhos se encontrarem mais uma vez.

-Idiota! – ela disse me xingando como se estivesse sem graça.

-Eu sei... – respondi da mesma forma.

Enfim desviamos os olhos um do outro e mergulhamos no que tínhamos de fazer. O dia passava rápido, cada um fazia o próprio trabalho, almoçávamos todos juntos em um restaurante ao lado da empresa e assim ia até as 17 horas.

Piadas sem graça, momentos de descontração, eu gostava do meu trabalho, gostava dos meus colegas eu estava realmente satisfeito. Tentei muitas vezes naquela tarde conseguir uns minutos a sós com Marcela, só pra que ela pudesse desabafar um pouco sobre o que estava sentindo sobre o relacionamento dela, mas eu não consegui, ou ela desconversava ou quando finalmente ela ia dizer alguma coisa alguém atrapalhava, até que então eu desisti e nós deixamos a empresa juntos. Notei que aquela noite Rodrigo não havia ido busca-la como de costume. Eu tentei oferecer a ela uma carona de moto, mas medrosa como ela sempre foi ela recusou, apesar de que eu suspeitava que ela estava com um pouco de medo da idéia de eu chegar na casa dela e Rodrigo estar esperando por ela na porta e pegar nós dois juntos. Eu tinha quase certeza disso.

Me despedi de minha amiga com um leve suspiro e voltei pra casa, tomaria um banho pra relaxar e talvez tentasse ligar para Chris, explicar a ela o que aconteceu, talvez distorcendo um pouco a cena do banheiro e talvez marcar um encontro com ela, quem sabe? Eu precisava mesmo pensar no que fazer. Mas naquele instante quando cheguei em casa, eu preferi relaxar. Só alguns minutinhos.

 


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