Destino Esquecido escrita por Laura Marie
Eram quase três horas da tarde quando Melissa, enfim, chegou à porta da Mansão dos Assassinos. Ela estava sozinha, mas não tinha medo. O seu olhar era firme e determinado, enquanto encarava os dois seguranças que estavam na porta da fortaleza. Sendo assim, após uma breve observação hostil, a garota subiu a escadaria.
– O meu primo Gaspar Decaux está me esperando – Disse Melissa a um dos seguranças.
Os homens não disseram nada. Um deles apenas balançou a cabeça, indicando que ela podia entrar. Em seguida, o segurança guiou a garota até o escritório de Gaspar. Chegando lá, o homem deixou Melissa em frente à porta da sala, e ela, imediatamente, bateu levemente na porta.
– Oui, s'il vous plaît! - Disse uma voz masculina do outro lado da porta.
Melissa não perdeu tempo para entrar, e assim que entrou, ela se deparou com um homem sentando em sua mesa, concentrado em alguns papéis.
– Oh, mon petit! Onde você estava? – Disse desmascaradamente Gaspar que, em seguida, se levantou e foi em direção à garota com seus braços abertos.
– Caí fora, Gaspar! Você sabe muito bem porque eu estou aqui!
– Mas eu fiquei preocupado – Disse ele com um sorriso dissimulado – A sua mãe sentiu a sua falta...
– Muito engraçado! E onde está ela?
– Ela está no mesmo lugar onde você a deixou. Minha prima está em seus aposentos, dormindo como um anjo!
O olhar de Melissa era de puro ódio. Ela mesma não se lembrava qual era a última vez em que sentira tanta raiva.
– Se você fez algum mal a ela, seu idiota, eu juro que eu vou acabar com a sua raça!
– Wow! Mas pra quê tanta hostilidade, mon petit ? Belladonna está bem, e está na companhia de seus médicos. Eu lhe dou a minha palavra!
– Eu espero que sim, pois eu vou vê-la agora mesmo!
– Espere mais um pouco, mon chérie Melissa! – Disse ele ao segurá-la pelo braço – Temos um assunto mais delicado para tratarmos.
– E que assunto seria mais importante do que a minha mãe?
– Sente-se, s'il vous plaît!
Gaspar puxou uma cadeira em frente à sua mesa, e Melissa, com os seus grandes olhos azuis desconfiados, aceitou o convite. Logo, sem dizer uma palavra, Gaspar entregou a ela alguns papéis. Sem hesitar, Melissa os aceitou e começou a ler. No entanto, assim que passou os seus olhos sobre os documentos, ela teve uma surpresa.
– O que é isso ?!
– Ouí! É exatamente o que você acabou de ler.
– Você...Você está me passando o poder do Clã dos Assassinos?
– Ouí!
Melissa não sabia o que dizer. Aparentemente, ela não esperava por isso.
– Mas por que você está fazendo isso agora?
– Você ainda não entendeu, chérie? Você é a líder dos Assassinos por direito. Você completará 20 anos em breve, então considere isso como um presente de aniversário.
– Você não é o tipo de homem que desiste das coisas tão facilmente, Gaspar!
– Eu estou fazendo apenas o meu dever, mon petit. Eu estava apenas preenchendo o seu lugar por todo este tempo, e vejo que já está na hora de você assumir a liderança.
– O que você quer, Gaspar?
– Eu quero que a mademoiselle assine estes papéis. Assim a liderança será toda a sua!
Melissa ainda estava encabulada. Ela encarava os papéis com um olhar confuso e distante.
– Pense direito, chérie. A sua mãe ficaria orgulhosa de você!
– Está bem...
Melissa colocou os papéis sobre a mesa e começou a assiná-los. Gaspar havia sido esperto. Ele tocou no assunto mais delicado para Melissa, deixando-a, assim, sem escolhas.
– Pronto – Disse ela assim que acabou de assinar.
– Meus parabéns, mademoiselle! Você é a nova líder do Clã dos Assassinos!
– Que seja! – Melissa disse com um tom de insatisfação e, em seguida, se levantou.
– Vá com calma, chérie!
– Como assim? Pensei que eu iria ver a minha mãe agora!
– Ouí, e você vai, chérie! Mas primeiro você precisa fazer mais uma coisa...
– E o que é desta vez?
Gaspar não a respondeu. Ele se levantou e foi até ela, segurando-a em seus ombros, e a encarando seriamente.
– Você tem que dar um fim aos Ladrões!
– O quê !?
– É isso mesmo que você ouviu, Melissa! – O tom debochado de Gaspar simplesmente desapareceu de uma hora para outra – Agora, como líder dos Assassinos, você tem a obrigação de exterminá-los, mesmo que o sangue deles corra em suas veias!
– Você ficou louco! – Gritou Melissa que, no mesmo instante, se afastou do primo.
– Non, chérie. Eu não fiquei louco. Já está mais do que hora de você aprender sobre quem é a sua verdadeira família. E agora que você é definitivamente uma de nós, é a sua obrigação acabar com aqueles ratos malditos!
– E se eu recusar a fazer isso?
– Então você não me deixará outra escolha, chérie... – Gaspar, em seguida, pegou um controle remoto de cima da mesa e ligou uma televisão. Na tela apareceu Belladonna adormecida, mas com uma estranha máscara de oxigênio em seu rosto.
– MAMÃE! – Gritou Melissa ao ver Belladonna indefesa na TV.
– É isso mesmo, chérie. Se você não fizer o que eu te mandei, aquela máscara irá liberar um gás altamente venenoso daqui a 10 minutos.
– Seu homem perverso!
Melissa, por um impulso, foi para cima de Gaspar, atacando-o com tapas e socos. Mas nada surtia efeito nele. Sendo assim, Gaspar conseguiu a segurar fortemente com facilidade.
– A decisão é sua, Melissa! É a sua mãe ou os Ladrões!
– Então eu renuncio a liderança! Eu não quero ser a líder do clã!
– Tarde demais, chérie! Você acabou de assinar os documentos, você acabou de fazer um pacto eterno ao clã!
– Eu não assinei os documentos!
– Como assim não os assinou? Você os assinou bem na minha frente!
– Mas você deveria ter lido depois que eu assinei! – Melissa dizia com um sorriso maléfico em seu rosto.
Confuso com a insinuação da garota, Gaspar a soltou e pegou os papéis de cima da mesa. Assim que leu a assinatura da Melissa, os seus olhos arregalaram.
– Não pode ser!
– É isso mesmo! Eu assinei Melissa LeBeau, mas o meu nome de cartório é apenas Melissa Boudreaux. Então estes documentos não valem nada, já que a pessoa que os assinou não existe! Você se esqueceu de quem eu sou! Eu sou uma mutante! Eu li a sua mente e já sabia de seus planos desde o primeiro passo que eu dei dentro desta sala, seu idiota!
A expressão confusa e assustada de Gaspar deu lugar a uma expressão de ódio e fúria. Ele voltou a se aproximar de Melissa e, de repente, deu um forte tapa em seu rosto, fazendo-a cair no chão.
– Sua pirralha maldita!
No entanto, antes que ele pudesse fazer outra coisa com ela, Gambit surgiu pela janela, estilhaçando o vitral em diversos pedaços.
– VOCÊ !? – Disse Gaspar após ser surpreendido por aquele repentino visitante.
– Ouí! Sentiu saudades, mon ami?
Gaspar, rapidamente, tirou uma pistola de seu bolso, mas Gambit foi mais rápido. Usando apenas o seu cajado, ele arrancou a arma da mão do inimigo. Sendo assim, Gaspar também foi rápido, se atirando para cima de Gambit. Os dois começaram a lutar corpo-a-corpo, enquanto Melissa se levantava, limpando o sangue que tinha escorrido do canto de sua boca. Ela olhava assustada para os dois rolando pelo chão.
Em um momento, Gambit conseguiu ficar em cima de Gaspar, e quando ele estava prestes a dar um soco em seu rosto, Gaspar conseguiu retirar discretamente um punhal que estava em seu bolso.
– REMY, CUIDADO! – Gritou Melissa ao ver a arma na mão do primo.
Se não fosse pelo alarme da filha, Gambit poderia ter sido gravemente ferido. Rapidamente, ele segurou a mão de Gaspar, arrancando a faca de sua mão.
– Nunca mais encoste um dedo na minha filha, seu merde!
Gambit possuía um olhar demoníaco, e por um impulso, ele travou o punhal no peito de Gaspar. Melissa gritou quando viu aquela terrível cena. Gaspar soltou um suspiro, mas não demorou para que ele se paralisasse, morrendo de olhos abertos, enquanto o sangue escorria pelo seu peito.
Ao ver o inimigo morto, Gambit se levantou, mas ainda possuía o olhar de um demônio. Ele se virou para Melissa, e finalmente se deu conta do que acabara de fazer. A garota estava muito assustada, a sua pele estava mais pálida do que já era, e suas lágrimas estavam prestes a serem derramadas. Após ver a sua filha indefesa e assustada, Gambit finalmente se acalmou.
– Melissa... Você está bem?
– Não toque em mim!
– Melissa! – Gambit se assustou com a reação da filha – Pardon, chérie! Eu não queria ter te assustado!
– Não é isso, Remy! Você matou um homem! Você matou um homem na minha frente!
– Eu não queria fazer isso! Mas quando eu vi aquele maldito te machucando, eu, eu, eu perdi a cabeça! Olha só o que ele fez em você! – Remy, em seguida, tentou tocar no rosto de Melissa, mas ela recuou novamente.
– Eu disse pra você não me tocar!
– Por favor, me entenda, chérie! Nenhum pai aceitaria um cretino machucando a sua filha!
– VOCÊ NÃO É O MEU PAI! – Gritou Melissa com as lágrimas já escorrendo pelo seu rosto – Você é...Você é um MONSTRO!
Remy sentiu o seu corpo gelar quando ouviu tais duras palavras. De repente, um flash back passou pela sua cabeça. Ele se lembrou do dia em que a doce Genevieve foi brutalmente morta pelo Tigre-Dentes-de-Sabre; o dia em que matou seu cunhado Julian; e o mais terrível de todos: o dia em que Vampira descobriu o seu passado – ela havia lhe dito as mesmas palavras que Melissa acabara de dizer. Remy não sabia mais o que dizer; ele não poderia consertar o que acabara de fazer.
– Eu sinto muito, chérie...
Melissa não disse nada. Ela abaixou a cabeça e começou a chorar. O que Remy mais queria era poder abraçá-la e protegê-la. Mas ele decidiu respeitar as ordens dela. De repente, ao se lembrar de algo, Melissa parou de chorar e levantou a cabeça.
– Essa não!
– O que foi, Melissa?
A garota, sem responder o pai, saiu correndo às pressas. Sem entender o que havia acontecido, Remy seguiu a filha apressadamente.
Melissa tinha ido até o quarto de Belladonna. Esta era a primeira vez que Remy a viu após o incidente de dois anos atrás. Ele definitivamente ficou perplexo ao ver a sua ex-mulher naquele estado.
Assim que entrou no quarto, Melissa abraçou fortemente a mãe. Mas era tarde demais: 10 minutos haviam se passado, e o veneno tinha sido liberado.
– NÃO! – Gritou Melissa ao perceber que Belladonna havia inalado o veneno – Mamãe, por favor, reaja! Mamãe!
– O que aconteceu?
– Ela... Ela...Ela...Está Morta!!!
– O quê !?
Melissa ignorou o pai novamente. Mas desta vez, ela abraçou o corpo da mãe e começou a chorar incansavelmente. Enquanto isso, Remy não conseguia compreender o que havia acontecido.
– Melissa, s'il vous plaît! O que aconteceu?
– Gaspar... Aquele maldito a envenenou! – Disse Melissa entre os soluços do choro.
Remy não podia acreditar no que acabara de ouvir. Ele se aproximou da cama, e colocou a sua mão no pescoço de Belladonna.
– Non!
– Acabou tudo, Remy! A minha vida acabou!
– Non, chérie! A sua mãe ainda está viva!
– O quê? – Melissa levantou bruscamente a sua cabeça.
– Ouí! Ela está viva, mas seus batidos cardíacos estão cada vez mais fracos. Ainda podemos salvá-la – Disse Remy que, em seguida, começou a carregar o corpo de Belladonna.
– Mas ...Como? O Gaspar tinha me dito que o gás era letal!
– Temos que ser rápidos. Eu sei de alguém que pode salvá-la.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!