Destino Esquecido escrita por Laura Marie


Capítulo 3
Verdades sejam ditas




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Um susto. Trata-se de um grande susto o que Remy sentiu quando ouviu tal revelação. Ele até pôde sentir as suas pupilas se dilatando, um ligeiro calafrio pelo corpo e o seu coração acelerar bruscamente. Se ele já não estivesse sentado, com certeza não teria agüentado a ficar de pé. Realmente era uma informação inesperada e inacreditável.

- O que... O que você disse?

- É isso mesmo o que você acabou de ouvir, Remy LeBeau. Você tem uma filha! – Disse Mercy.

Remy, ao ouvir a confirmação, ainda permaneceu em estado de choque. Ele definitivamente não sabia como reagir. Mas ele não poderia ficar ali parado e sentado, parecendo um animal assustado.

- Mas como assim? Eu tenho uma filha? – Disse ele, assim que se levantou bruscamente.

- Será que eu preciso dizer a mesma coisa de novo? – Mercy já começava a ficar impaciente com o nervosismo do cunhado.

- Mas como? E com... Quem?

- Não estou surpresa com esta sua pergunta. Aliás, você mesmo já até perdeu as contas de quantas mulheres já teve!

- Por favor, Mercy! Vamos direto ao ponto!

- Você tem uma filha com Belladonna Boudreaux. Com quem mais poderia ser?

Ao ouvir as últimas palavras de Mercy, Remy se paralisou novamente. Mas, de repente, um flashback dos últimos acontecimentos passou pela sua cabeça.

- Isso é impossível! – Disse ele enquanto andava pelos lados – Se fosse verdade, ela já teria me contado!

- Eu soube da confusão que aconteceu aqui e em Nova Orleans há dois anos...

- E ela devia ter me falado nesta ocasião. Ou melhor, não! Ao invés de ter feito aquela loucura, ela devia ter me contado muito antes disso! – Remy ficava cada vez mais nervoso.

- Remy, seu idiota! Será que você não consegue conectar as coisas?

- Do que você está falando? – Remy não conseguia entender mais nada – Mas, espere um pouco! Quem mais sabia disto?

- Todo mundo! Você é o último a saber sobre a existência de sua própria filha!

- Todo mundo como o Henri, o Emil e o Etienne?

- Ouí!

- Miseráveis! – Disse Remy furiosamente – Eu mantive contato com o Henri por todo este tempo, e ele jamais me disse uma palavra sobre isso! E quando estive em Nova Orleans ninguém me disse nada também! Eu não posso acreditar nisso!

- Remy, você quer fazer o favor de se acalmar?

- Como eu posso me acalmar? Depois de todos esses anos, eu descubro que tenho uma filha com Belladonna! Eu acho melhor você me explicar esta história direito desde o começo, Mercy!

Ao ver o desespero do cunhado, Mercy finalmente concordou com ele. Primeiramente, após soltar um suspiro para se aliviar do stress da situação, ela pediu para que ele se sentasse novamente.

- Está bem! Assim que você fugiu de Nova Orleans há 20 anos, Belladonna descobriu que estava grávida. Mas para a sua própria segurança e a do bebê, ela manteve isso em segredo.

- Para minha própria segurança? – Remy não pôde deixar de interrompê-la.

- Ouí! Belladonna imaginou que se você soubesse da gravidez, você voltaria para a cidade, e logo estaria quebrando a sua sentença do exílio.

- Isso é verdade... Se eu soubesse que ela estava grávida, eu jamais teria partido...

- Além disso, ela ficou com medo de que o próprio clã ficasse contra ela. Você sabe o que um filho de um ladrão com uma assassina quer dizer, não é? 

- Ouí! – Remy finalmente começou a entender as coisas – Significa a união dos clãs.

- Exato! Aquele que possui o sangue dos dois clãs tem poderes inimagináveis!

- Como, por exemplo, dissolver ambos os clãs – Disse Remy.

- Sim. A sua filha poderia fazer o que quiser com os clãs, possuindo o direito de plena liderança. Mas esse era o medo de Belladonna – Mercy continuou – Se alguns membros dos clãs não aceitaram a idéia de união pelo casamento, então o que diriam de um filho de vocês?

Tudo começou a clarear na mente de Remy. No entanto, muitas coisas ainda não faziam sentido.

- Belladonna me pediu ajuda. Na verdade, ela pediu ajuda ao clã dos Ladrões, pois ela mesma sabia do radicalismo de seu próprio clã – Mercy prosseguiu.

- Então não é à toa que ela decretou a coexistência pacífica entre os clãs e me deu a anistia assim que assumiu a liderança!

- Parabéns, Remy! Finalmente estamos falando a mesma língua! – Disse Mercy sarcasticamente.

- Mas espere um pouco! – Disse Remy ao se lembrar de alguns detalhes – Como você explica o meu seqüestro, e onde estava a garota quando fui à Nova Orleans?

- A menina cresceu em um colégio interno no interior da França, para a sua própria segurança. Eram raríssimas as suas vindas à Louisiana. Eu e Belladonna costumávamos visitá-la.

- Ok, e sobre a atitude maluca de Belladonna?

- Exatamente dois anos atrás, a sua filha completou 18 anos. Belladonna tinha me enviado para buscá-la na França.

- Espere! Agora comecei a entender tudo! – Remy se levantou bruscamente – Você está me dizendo que o que Belladonna queria era me apresentar à minha filha, e juntos formamos uma família?

- Creio que seja basicamente isso...

- Mas não teria sido mais fácil ter conversado comigo ao invés de fazer toda aquela loucura? Até meteram os X-Men nisso! E o pior: reiniciou a rivalidade dos clãs!

- Ela tentou conversar! – Disse Mercy – Mas você sabe como é o temperamento de Belladonna... Quando ela soube que você estava envolvido com aquela mutante, o seu plano diplomático foi para água abaixo.

- Mas independente da situação, vocês deveriam ter me contado!

- Eu sei, Remy! Todos nós erramos, inclusive a Belladonna! Eu nunca fui a favor de esconder isso, mas foi para a segurança de todos, principalmente de sua filha!

Remy finalmente se convenceu da situação. Ele se sentou novamente, e abaixou a cabeça. Ele jamais se viu como um pai, muito menos descobrir que teoricamente já é um pai.

- Você não quer saber sobre a sua filha agora? – Disse Mercy.

- Claro! No meio de toda essa confusão até me esqueci disso – Disse ele após levantar a cabeça – Qual é o nome dela?

- O nome dela é Melissa Boudreaux. Eu trouxe uma foto para você. Gostaria de ver?

- Claro! – Remy não se hesitou com a proposta.

Mercy foi até a sua bolsa, e retirou uma fotografia. Assim que a entregou ao Remy, ele imediatamente se encantou. Era uma bela e jovem garota loira e de grandes olhos azuis. 

- Ela é linda! – Disse ele enquanto observava a fotografia – Ela se parece muito com a Belladonna.

- Ouí! Ela puxou muito a mãe – Mercy se sentiu feliz ao ver que Remy tinha gostado da garota – Mas ela também se parece muito com você. Quero dizer, geneticamente falando...

- Ela é uma mutante? – Remy tirou os seus olhos da fotografia, e encarou seriamente a mulher.

- Ouí... 

- E... O que ela faz?

- Bem, eu não entendo muito sobre mutações, mas eu a considero uma médium.

- Você quer dizer que ela é uma telepata?

- Podemos dizer que sim – Disse Mercy enquanto caminhava pelo quarto – E como você era nesta idade, ela ainda não tem um total controle sobre os poderes.

- O que quer dizer? – Remy se preocupou.

- Ás vezes ela lê a mente das pessoas sem querer... Na verdade, ela descobriu todos os segredos de sua própria vida desta forma...

- Então acredito que ela seja uma garota meio... “instável”.

- Ouí. Mas a Melissa também tem um bom coração.

- Mas há mais um coisa que eu ainda não entendi – Disse Remy – Por que você decidiu me contar sobre isso justo agora?

- Melissa voltou definitivamente para Nova Orleans. Na verdade, ela descobriu os incidentes de dois anos atrás.

- Então quer dizer...

- Sim! Ela sabe sobre você e de seus amigos X-Men! – Mercy o interrompeu.

Remy ficou em silêncio. Melissa sabia da existência do pai, mas, mesmo assim, não o procurou por conta própria. Apesar de não a conhecer, ele se sentiu um pouco chateado com isso. Talvez fosse o seu instinto paternal se aflorando dentro de si. Além disso, ele também sentiu muito por ela ter descoberto aquela confusão.

- E quanto à Belladonna? – Disse ele, quebrando o seu próprio silêncio – Como ela está?

- Ainda em coma.

- O quê? – Remy se assustou com a resposta.

- A sua namorada deve ser uma mutante muito poderosa. Desde àquela luta, Belladonna ainda está inconsciente. E este é um dos motivos do retorno de Melissa. Ela quer cuidar da mãe.

- E qual seria o outro motivo?

- Como eu acabei de dizer, Belladonna ainda está em coma, e quem está no comando do clã é o seu primo Gaspar Decaux, e ele reacendeu a chama do ódio entre os clãs.

- Gaspar... Ele sempre desejou a liderança do clã dos Assassinos e sempre foi contra a união – Disse Remy.

- Ouí! Melissa está lá justamente por isso – Mercy continuou – Ela completará 20 anos em breve, e já que ela é uma LeBeau e uma Boudreaux, ela tem o pleno direito de liderança. E, claro, tendo um bom senso, ela poderá apaziguar esta carnificina.

- Não acredito que vocês estão envolvendo a garota nisso! – Disse Remy furiosamente – Será que vocês não se cansam de usar as pessoas?

- Isso não foi escolha nossa, Remy! – Mercy também subiu o seu tom de voz - Melissa decidiu fazer isso por livre e espontânea vontade!

- O que está dizendo?

- Ela conhece muito bem a família que tem. Belladonna pode está correndo risco de vida nas mãos dos próprios assassinos. Pois se um dia ela acordar, Gaspar perderá o que tanto almejou. Mas agora ela está indefesa, e então ele tem todas as chances de acabar com ela. O que a Melissa quer é apenas proteger a mãe.

- Mas você não vê que Melissa também pode está em perigo? – Remy ficava cada vez mais preocupado – Gaspar perderá a liderança para ela agora!

– Nós estamos protegendo a sua filha, e sabemos que o objetivo principal dela é proteger Belladonna. Mas se conseguirmos um acordo de paz definitivo, mais vidas serão poupadas, e Melissa viverá em eterna segurança!

Remy não queria admitir, mas Mercy estava completamente certa. Ele tinha que tomar uma decisão rápida, e foi o que exatamente fez naquele momento. Imediatamente, ele se dirigiu para a porta do quarto.

- Aonde você vai? – Disse Mercy ao ver o cunhado indo embora do quarto. 

- Eu não deixarei que a minha filha seja usada para qualquer plano! – Disse ele já do lado de fora.

- Que assim seja! O meu vôo sai hoje às sete horas da manhã.

- Te vejo mais tarde! – Em seguida, Remy foi embora apressadamente do hotel.

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Assim que chegou ao Instituto Xavier, Remy começou a arrumar a sua mala. Obviamente, ele estava agindo por impulso, sendo que nem ele mesmo sabia explicar a sua atitude. Aliás, ele tinha prometido para si mesmo que jamais voltaria à Nova Orleans. Apesar de ser uma garota desconhecida, a tal Melissa era a sua filha, e ele não poderia deixá-la correndo perigo.

De repente, assim que terminou de arrumar a sua mala, ele olhou para um porta-retrato em cima de sua cômoda. Nele havia uma foto com a Vampira. Finalmente ele se lembrou de sua Vampira naquela noite. Ele não queria partir, mas era praticamente a sua vida que estava em jogo. Mas ele sabia que não seria uma partida definitiva. Pois, mesmo conhecendo a sua filha, Remy jamais conseguiria viver sem a Vampira.

Não demorou muito para que Remy fosse ao quarto de Vampira. Ela parecia dormir profundamente, e Remy apenas a encarava com um olhar melancólico pelo fato de ter que partir. Além disso, ele ainda não sabia como iria explicar à sua namorada que ele tinha uma filha com a sua ex. No fundo, ele tinha medo que Vampira o deixasse quando soubesse da verdade. No entanto, ele tinha que cumprir a sua decisão. Ele respirou fundo e foi acordar a sua namorada para se despedir. Porém, antes que ele pudesse fazer isso, repentinos e confusos pensamentos passaram pela sua cabeça.

Vampira sempre dizia que estava sonhando com uma garota loira de olhos azuis em várias fases da vida. Remy instantaneamente deduziu que tal garota era a Melissa, e que Vampira tinha esses sonhos porque tinha absorvido as memórias de Belladonna durante a luta. Será que Vampira sabia por todo este tempo que Remy tinha uma filha? Ela estava escondendo isto dele? Ela seria egoísta a este ponto?

As dúvidas começaram a permear a mente de Remy. Ele nunca tinha desconfiado dela, mas recentemente, ela tinha escondido a suspeita de gravidez dele. Então, o que mais ela poderia esconder? Ele não queria considerar tal hipótese, mas ele estava tão confuso e assustado, que não sabia o que pensar. Sendo assim, ele preferiu não acordá-la. Logo, ele preferiu não se despedir. Mas antes de partir, ele deixou cair a fotografia de sua filha sem perceber.

Remy partiu. Mas independente das dúvidas, ele já estava se sentindo dividido entre as duas mulheres mais importantes de sua vida. 


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