A Herdeira de Ravenclaw escrita por Bruna Gioia


Capítulo 22
Em casa




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Onde minha mãe está? Pensei.

Já estava esperando há quinze minutos. Isaac já tinha partido, Victoria já tinha partido, Charlie já tinha partido. E eu ainda estava aqui, quase mofando.

Os trouxas me olhavam como se eu fosse louca. É claro, não é? Carregando uma gaiola com uma coruja que piava assustadoramente (Não sei bem o por que. Ezylpro está meio irritado.)

Uma coisa que me incomodava neles: O fato de olharem sempre de lado. Como se fosse um olhar de puro nojo. Não que eles fizessem isso sempre, mas me deixava nervosa. Aqueles não/bruxos sempre tinham uma primeira impressão ruim, dependendo da pessoa. E, para falar a verdade, eles não sabem o que estão perdendo. Lamentando da vida e sempre mal–humorados.

Fazer o quê.

Mãe? Onde você está?

Esperei, esperei e esperei.

Mas, só depois de ver uma sombra de cabelos escuros e curtos, que minha inquietação acabou.

Corri em direção a minha mãe. Como uma criança depois de uma viagem, pensei.

Mas, eu sinceramente não me importava. Não fazia diferença.

–Ally! Você cresceu tanto! Senti tantas saudades! –Falou ela, me abraçando.

–Também, mãe, eu também.

–Como foi em Hogwarts? Gostou de lá? –Ela baixou a voz. –O Diadema está seguro?

–Foi maravilhoso, mãe. Adorei. E... Sim, o Diadema está seguro. –Respondi, apontando para a águia.

–Ainda bem. Senti tanta falta! Pena que você vai ficar só uma semana. –Falou ela.

Minha mãe tentava não transparecer a tristeza, porém, estava mais do que claro. Ela parou de sorrir e encarou o chão. Me senti culpada por isso.

–Eu... eu sei. Mas, pense pelo lado bom: Vou passar uma semana com vocês! –Disse.

–Ah, e conte-me mais sobre esse Isaac. Falei com a mãe dele, ela é uma pessoa muito simpática e...

E assim, ela começou a falar bastante, como de costume. E eu só fiquei ouvindo, pensando em coisas completamente diferentes, como o fato de eu não ter contado para meus amigos ou até Dumbledore, que Mirella Barner invadiu o corpo de uma aluna inocente, para me mandar uma mensagem.

Enfim, muito normal.

...

Sabe a sensação de chegar em casa? De não querer estar em qualquer outro lugar?

Se você não conhece essa sensação, você não tem vida. Definitivamente, não há nada nesse mundo, seja mágico ou trouxa, do que chegar em casa e se sentar em sua cama. Na sua cama.

Meus pais conversavam na sala (depois do meu querido pai me esmagar com um abraço, é claro.) E eu estava sentada no chão frio do meu quarto, apreciando nada mais, nada menos, do que o teto.

Eu sentia tanta falta daquilo tudo que não consigo expressar bem em palavras.

Só me sentei de barriga para cima, encarando o ventilador branquinho que estava desligado.

A propósito, quer que eu descreva meu quarto? Mesmo que você não queira ou não se importe, vou explicar.

Ele é todo branco, na verdade. E tem uma vista muito bonita de Londres. Do outro lado do cômodo, minha escrivaninha jazia feliz do lado da janela. Em cima dela, eu coloquei uma luminária rosa, onde eu prendi uns clips de papel com ímãs bem pequenos. Um porta-lápis amarelo, (mais clips!) uma Torre Eiffel em miniatura de cristal, que minha mãe havia trago para mim de Paris. E, na minha opinião, o objeto mais bonito de todos:

Não era nada de mais, mas eu gostava muito dele. Era uma concha em espiral, que cabia na palma da minha mão, com alguns “espetos” e de cor salmão e branco.

Eu tinha achado ela em uma praia, há muito tempo. Não sei explicar muito bem por que ela estava na minha mesa, mas eu gostava dela.

Fora isso, meu quarto não tinha nada de mais. Apenas uma cômoda de madeira do outro lado do quarto, e minha cama. Só.

Eu ainda estava deitada no chão, quando minha mãe bateu na porta e entrou:

–Er... oi. Por que você está deitada no chão? Ah, não vou nem perguntar. Esses adolescentes...

Eu ri.

–Enfim, adivinha quem está aqui? –Ela perguntou.

–Não faço a mínima ideia. Merlin? –Indaguei.

–É claro que não. – Ela riu. E, depois de uma pausa. -Sua irmã, Ally!

Ah, sim.

Legal.

Antes que você vá pensar que eu não gosto da minha irmã, me deixe explicar.

Eu amo ela, é sério. Como toda pessoa ama um irmão.

É só que, ás vezes ela se comporta como uma adolescente. E, também, por que, quando ela vem para a nossa casa, meus pais simplesmente me ignoram, e eu odeio, odeio mesmo, ser ignorada. Na verdade, pior de tudo, era que eu não podia interromper ou falar qualquer outra coisa com eles, enquanto estavam conversando com ela, que minha irmã ficava irritada. Logo ela começava a falar coisas do tipo: “Você não tem educação?” ou “Não vê que eles estão conversando?”

E, nesse dia não foi diferente. Meu pai logo começou a perguntar:

–Então, Lizy? ( Esse era o apelido da minha irmã. Seu nome, na verdade, era Elizabeth. ) Como você vai indo?

Minha irmã era o contrário de mim, na minha opinião. Ela era dez anos mais velha. Ela tinha olhos castanhos e pele mais morena (sou muito branca.) seu cabelo era curto e negro e ela sempre estava com a cabeça levantada, meio decidida, não sei explicar. Ela não tinha herdado os olhos claros da família, e acho que aquilo a irritava.

–Bom, pai – Começou ela. – Eu vou bem. Daqui a um ano, mais ou menos, eu concluo o curso. E depois, vou te acompanhar no seu trabalho de auror.

Meu pai sorriu.

–Estou tão orgulhoso... –Ele falou.

–Bem, e você, Alicia? –Disse Elizabeth –Anda aprontando muito em Hogwarts?

Olhei para minha mãe. Ela gelou. Não tinham contado ainda para minha irmã sobre... O Diadema de Ravenclaw. Agora, eu, meu pai e minha mãe encarávamos uns aos outros, completamente culpados e assustados. Mas, acho que eu consigo enrolar muito bem as pessoas.

–Acho que não. Tirando o fato de que eu...

–Ela enfrentou Severo Snape. –Completou meu pai, meio orgulhoso.

Minha mãe me olhou com pesar.

–Pois é, Alicia. Você não pode fazer mais isso. Imagine! Enfrentar um superior!

Ela falou a palavra “superior” dando muita ênfase.

O resto da noite foi a briga que me aguardava e as discussões sobre política; por isso, fui para o meu quarto.

Sentei na cama e comecei a folhear os livros de Hogwarts, me perguntando o que meus amigos estariam fazendo nesse momen...

“Creck.”

Parecia um galho estalando na janela. De novo:

“Creck.”

Olhei para a janela.

Pela Barbas de Merlin. Havia uma coruja de penas castanhas do outro lado do vidro.

Levantei, tropeçando no tapete. Caminhei até a janela e abri-a.

A coruja piou. Em seu bico, havia um envelope pardo, com o emblema de Hogwarts. As notas, pensei.

Tirei o envelope do bico da ave, que voou para o céu. Fechei a janela e sentei novamente na cama. Senti um calafrio na barriga.

Abri o papel pardo, confirmando minhas suspeitas. As notas dos exames.

Mas, acho que fui bem. “Excede as expectativas” em Defesa contra a Arte das Trevas, Transfiguração e Feitiços. “Ótimo” em Herbologia e Trato das Criaturas Mágicas. “Aceitável” em Poções, (eu esperava menos, acredite.) e História da Magia. No geral, acho que não vou levar bronca. No geral.

Descansei o envelope aberto em cima da escrivaninha e me deitei na cama. Apaguei a luz e tentei adormecer.

Tentei.

Demorei pelo menos uma hora para conseguir esse feito tão fácil para alguns. E, quando adormeci, meus sonhos não poderiam ser piores, ou melhor, meus pesadelos.

Já falei que odeio pesadelos, certo? Então, esse foi decididamente o pior. Sabe aqueles sonhos que você acha que vão ser bons, mas, na verdade, se transformam em terríveis pesadelos?

Sonhei que estava em uma sala aconchegante e confortável, com uma lareira no canto, envolta por poltronas e uma mesinha de centro.

Sentados nas poltronas, estavam eu, Isaac , uma mulher de cabelos dourados e lisos, e um homem também de cabelos louros.

Eles conversavam, riam e tomavam uma bebida que eu não consegui distinguir.

Era tão estranho... Como se eu fosse uma outra pessoa, observando a mim mesma e aos outros, presentes na sala.

O meu outro “eu” começou a mexer os lábios, mas não emitia som. A mesma coisa acontecia com os outros. Porém, eles continuavam rindo, como se aquilo fosse a coisa mais comum.

A cena continuou por alguns minutos.

Mas, de repente uma luz muito forte saiu de dentro da lareira. Ela era vermelha e ofuscante, o que me obrigou a olhar para o lado.

A única coisa que consegui ouvir foi uma risada... Mas, como sempre, não era uma risada qualquer, e você já deve saber de quem era.

A última coisa que consegui pensar antes de acordar (minha mãe me sacolejando e falando coisas inaudíveis ) foi até quando aquela mulher assustadora iria me assombrar.

Até por que, pelo que eu tinha percebido, nem nos sonhos eu estava a salvo.


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Notas finais do capítulo

Mais uma capítulo! Quero agradecer a todos os que estão comentando, ~vocês são mais que divos~ e a todos os outros que estão apenas lendo, mas estão acompanhando.

próximo capítulo promete. :D



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