- Você me ama? – Perguntou meu namorado que mantinha o olhar fixo na rua e com as mãos no volante do carro, mesmo estando desligado.

- É claro que eu amo Roberto. Acha que não estaria aqui com você se não te amasse? Vamos ficar juntos para sempre – respondi a ele.

- Adoro quando você diz que me ama Cindy.

- Eu te amo – repeti a ele, antes de enlaçar meu braço em seu ombro e lhe dar um beijo.

- Nunca havia me sentido tão feliz sabia? Você me completa Cindy, nunca fui tão amado em toda minha vida – declarou-se Roberto. Ele tocou em uma mexa de meus cabelos loiros brancos que estava em meu rosto, e levou-a atrás de minha orelha.

- Então demonstre seu amor – respondi.

Roberto largou o volante e segurou em meu rosto delicado com suas mãos calejadas, aproximou e me deu um amoroso beijo. Roberto me fazia sentir amada e protegida. Ele era um verdadeiro cavaleiro de armadura reluzente, como nos contos infantes. Sempre me entendia, sempre me ouvia e sempre apoiava minhas decisões. “Eu te amo Roberto”. Durante o beijo minhas mãos dançavam por seu corpo, por cima de suas vestes, sentindo cada curva pela última vez, enquanto eu sentia o gosto de seu amor através do beijo. Quando a troca de afetos terminou, ambos sorrimos um para o outro. Retirei um batom do porta-luvas e retoquei minha maquiagem, olhando no espelho do retrovisor. Roberto retirou um maço de cigarros, acendeu com um isqueiro de prata e deu uma tragada enquanto olhava para o fim do horizonte em nossa frente.

- Está com medo? – ele perguntou.

- Quando estou ao teu lado, eu nunca tenho medo Roberto.

- É hora do show – anunciou meu namorado, em seguida atirou o cigarro ainda aceso pela janela, enquanto eu tratei de depositar meu batom novamente no porta-luvas.

Roberto deu partida no carro, fez o motor soltar alguns roncos propositais, e por fim, pisou no acelerador. O carro partiu em uma velocidade violenta na direção da barreira de policiais a nossa frente, armados com artilharia pesada. Havia até mesmo helicópteros dançando pelo ar. Começamos a ser recebidos com a chuva de tiros. Levei as mãos à cabeça e me abaixei. Tiros, holofotes, avisos da policia dizendo para parar o carro... A adrenalina era intensa. Nosso carro bateu contra um dos carros da policia, vidros quebraram, e um dos policiais rodopiou por cima de nosso carro. Ainda em alta velocidade, olhei para Roberto e o vi ensangüentado. Morto. Não pude me conter e chorei em silêncio. Desgovernado o carro bateu contra um poste fazendo o corpo de Roberto voar para fora. Olhei para trás e vi os policiais armados partindo em nossa direção. No banco de trás algumas bolsas com nossos milhões de dólares que havíamos roubado; resultado de um plano insano que criamos. No banco do motorista estava a metralhadora de mão de Roberto. Não pensei duas vezes, ajeitei rapidamente meu rabo de cavalo e agarrei a arma, sai pela janela e subi em cima do teto do carro. Enchi meus pulmões com ar daquela noite deliciosa e descarreguei o pente da metralhadora na direção dos policiais. Alguns foram atingidos, outros se cobriam atrás de postes e latas de lixo. Uma onda de tiros veio em minha direção e tudo que senti fora a força das balas me fazendo cair. Rolei por cima do carro e cai no asfalto. Juntei minhas forças e me arrastei para perto de Roberto. Quando olhei em seus olhos ele sorriu para mim, ainda estava vivo. Retribui o sorriso da mesma forma. Levei minha mão em sua cintura e ele levou uma de suas mãos em meus cabelos quase prateados. Eu morreria ali, naquela rua desconhecida, tentando fugir com milhares de dólares que havia conseguido com um plano mal arquitetado... Mas não tinha problema, eu amava Roberto, e estando ao lado dele, nada mais importava para mim.

- Eu te amo – disse Roberto antes de partir.

- Eu te amo – respondi a ele.

Então fechamos nossos olhos e partimos, finalizando nossas histórias na Terra.