Algumas horas atrás…

POV China ON

A fnac estava cheíssima e se não tivéssemos cuidado poderíamos perder-nos facilmente, para evitar isso agarrei na mão do meu Lys, ele aceitou de bom grado e até entrelaçou os nossos dedos.

Quando chegámos à seção dos livros reparei estávamos sozinhos, nem Aya nem Nathaniel estavam connosco. Decidi perguntar ao Lys, mas este disse que nem tinha reparado acrescentando que não valia a pena preocupar-me, pois eles já eram crescidos o suficiente para tomarem conta de si. Estranhei um pouco a sua reação, pensei que ele me aconselharia a telefonar-lhes para ter a certeza que estava tudo bem, no entanto ele não o fez.

Separámo-nos durante alguns minutos, já que o Lys queria ver alguns livros de poesia e eu estava a agarrar-me para não espreitar a seção de romances eróticos, na verdade eu sempre gostei deste tipo de livros, mas como tinha alguma vergonha nunca cheguei a dizer isto a ninguém, quem me conhecesse diria que leio literatura clássica, pois quando me perguntam só falo nesse género. Nunca falei a ninguém da minha preciosa coleção, que escondo com muito cuidado.

Como já não conseguia aguentar mais, decidi dar só uma pequena espreitadela. Grande erro, eu já devia saber que se eu me aproximasse desses livros o mais provável seria não conseguir separar-me deles. Comecei a ler diversas contracapas, cada livro parecia ser mais interessante que o outro e eu desejei poder tê-los a todos, mas infelizmente não podia comprar tantos de uma só vez.

Distraída acabei por me “desligar” do mundo e não me apercebi da aproximação de alguém, apenas denotei quando essa pessoa me sussurrou ao ouvido:

-Não sabia que gostavas desse tipo romances.

Gelei, tinha sido descoberta! Involuntariamente deixei o livro escorregar-me por entre os dedos, este estava prestes a embater no chão quando uma mão o agarra e o pousa delicadamente no solo, eu reconhecia aquela mão, sim eu nunca me enganava quando era ele.

-Ly… - Tentei dizer, mas a sua mão tapou-me a boca.

-Shh, não faças barulho. – Murmurou ao mesmo tempo que me virava de frente para ele.

Quando me deparei com os seus olhos não pude deixar de admirá-los, eu adorava fazê-lo, era como se eu me perdesse neles. Ainda perdida nos seus olhos, não reparei na sua aproximação gradual, Lys encarava-me seriamente, mas sustentava um sorriso malicioso. Quando os seus lábios encontraram os meus eu já não me lembrava de onde estávamos, quem nos rodeava ou qualquer outra coisa. Os meus pensamentos estavam virados para ele e só ele.

Eu queria mais, desejava poder beijá-lo para sempre, nunca desencostar os nossos lábios, no entanto eu também precisava de respirar. Separámo-nos só quando esse maldito ar tornou-se necessário, contudo eu não estava satisfeita, ainda não, aproximei-me e desta vez beijei-o eu, colocando também os meus braços em redor do seu pescoço, aproximando assim os nossos corpos, o gesto pareceu-me surpreendê-lo já que eram menores as vezes em que eu tomava a iniciativa, mas ele sabia perfeitamente como me deixar fora de mim, mesmo assim não importava, nós estávamos juntos e nada mais simples que isso.

Ficámos assim durante algum tempo, não sei dizer quanto. De repente oiço o meu telemóvel tocar, o meu lado racional dizia para eu atender, mas eu não queria. Antes que pudesse tomar alguma decisão o meu Lys pegou nele, viu de quem era a chamada e carregou no botão vermelho, de seguida desligou o meu telemóvel deixando-me incontactável.

-Quem era? – Perguntei.

-Ninguém importante. Agora vamos.

-Para onde?

-Qualquer sítio mais isolado está bom para mim.

-Hã?

-Sabes que eu sou homem e não de ferro. – Sussurrou ao meu ouvido fazendo-me corar.

-O-Os meus pais saíram e só devem voltar amanhã, mas não tenho a certeza, eles podem voltar mais cedo.

-Certo, então é melhor irmos para minha casa. Leigh disse-me que vai dormir hoje em casa da Rosalya.

Assenti. Lys deu-me novamente a mão e andamos calmamente até sua casa, não havia razões para pressa, nem eu, nem ele pretendíamos desaparecer, tínhamos todo o tempo do mundo, okay se calhar nem tanto. A mão dele continuava a ser morna, como da primeira vez em que demos as mãos, dava-me uma sensação de proteção, segurança. Nada, quer dizer quase nada tinha mudado desde que começamos a namorar, os sentimentos que eu nutria continuavam os mesmos, senão maiores e eu sabia que Lys também se sentia assim.

Chegámos a casa dele em pouco tempo, pois esta ficava mais ou menos próxima ao centro comercial, Lys deixou-me entrar primeiro e depois de fechar a porta encarou-me intensamente, já sem vergonha alguma retribui o olhar. Fui-me aproximando lentamente provocando-o, Lys sorriu e aproximou-se também encostando os nossos corpos. Beijei-o ardentemente sendo logo retribuída, o meu corpo reagia a todos os seus toques e o dele aos meus, uma espécie de corrente elétrica passava entre os nossos corpos. De repente ele pegou-me ao colo e levou-me para o seu quarto. Assim que entrámos Lys deixou-me cair em cima da cama subindo de seguida para cima de mim ao mesmo tempo que voltava a beijar-me com paixão e nessa noite “caímos nos braços um do outro”.

***

Acordei de madrugada, Lys ainda dormia ao meu lado profundamente. Esta não tinha sido a nossa primeira vez, mas era diferente, sentia que sim. Especial, contudo diferente, parecia que o nosso amor crescia de dia para dia. Eu precisava dele e ele de mim, pertencíamo-nos mutuamente. Nunca tínhamos sido um casal “normal”, pois sempre fomos tímidos e passámos algum tempo a conhecer-nos primeiro antes do primeiro “contacto físico”, simplesmente gostávamos de conversar. Nada poderia ser mais perfeito, nenhuma outra pessoa tinha-me feito tão feliz e também ninguém fora capaz de libertar o meu lado mais pervertido. O meu coração acelerava sempre que ele estava por perto e ainda mais quando ele me tocava, Lysandre era o primeiro, em tudo. Claro que tivemos algumas turbulências, mas nada que não se resolvesse. Voltei a dormir com um largo sorriso nos lábios e estes pensamentos.

***

Quando acordei novamente já era de manhã, no entanto o meu Lys ainda dormia. Dorminhoco, pensei com um sorriso. Lembrei-me da chamada de ontem e procurei o meu telemóvel, certamente estaria nas minhas calças, mas onde é que elas estavam? Peguei na camisa de Lys (que era a peça mais próxima) e vesti-a. Levantei-me e procurei as calças, encontrei-as num canto, vesti-as e retirei o telemóvel ligando-o. Vi duas chamadas não atendidas de Aya, para não a preocupar mais (o que era impossível) mandei-lhe uma mensagem dizendo-lhe que mais tarde passaria na sua casa e que depois falávamos melhor, acrescentei também um pedido de desculpas.

-Sabes que adoro quando vestes a minha roupa, fica tão sexy. – Disse uma voz rouca, que eu bem conhecia, atrás de mim.

-Bom dia senhor dorminhoco. – Respondi-lhe com um sorriso.

-Bom dia meu amor! – Retribuiu com um bocejo.

POV China OFF