- Já vamos tou-san!

- Se vocês me esperarem só um pouquinho, podemos ir juntos!

- Não precisa, o Missuki está vindo...

- O Missuki chegou, Ryou! Tchau, papai!

- Tchau! Vão com cuidado! Vemos-nos na escola!

- Certo! – os quatro rapazes responderam e saíram rapidamente.

Com a saída dos filhos mais velhos, Naruto Uchiha deixou um suspiro desanimado sair. Era sempre assim, Ryou, Minato, Fugako e Daichi não queriam ser vistos com ele na escola, simplesmente porque o loiro era o professor de educação física. Durante as aulas, nem chegavam perto e quando retribuíam um aceno, era discretamente. Pelo menos seus três caçulas ainda demonstravam seu amor abertamente.

Vocês devem estar se perguntando como ele tem tantos filhos? Simples.

Seu casamento, não é o que se pode chamar de convencional... realmente, não passa nem perto! Ele tinha um marido e duas esposas! Isso mesmo! O loirinho era casado com Sasuke Uchiha, Sakura Haruno e Ino Yamanaka, embora, as duas últimas, assim como o loiro, mudaram o sobrenome para Uchiha.

O marido é um grande empresário, as empresas Uchiha era uma das mais prosperas do país e, até mesmo, do exterior, para ser mais exata. A esposa Sakura era uma das médicas mais bem sucedidas do país. E sua outra esposa Ino era dona e presidente de uma editora de sucesso.

Por serem tão bem sucedidos, vez ou outra soltavam uma pérola sobre o trabalho de Naruto, tal como: “Amor, se quer correr, podemos comprar uma esteira.” Ou “Se quer treinar um time de basquete, temos crianças suficientes e uma quadra no quintal!”

Eles não percebiam que as brincadeiras machucavam o loirinho, que apenas revirava os olhos e fingia não escutar, mas, lá no fundo se perguntava o porquê de as pessoas que deveriam lhe apoiar a fazer aquilo que tanto amava, estavam tirando sarro dele.

- Vamos papai ou iremos chegar atrasados! – seu pequeno furacão rosa entrou na biblioteca, onde Naruto havia ido para pegar sua mochila. Não gostava de andar com pastas, como os outros professores.

- Já estou indo! – disse com um sorriso cansado. Sua filha percebeu, mas, não comentou.

Ao chegar ao carro, um velociraptor SUV preto, que poderia acomodar perfeitamente todos os seus filhos, isso se os mais velhos quisessem sair com ele, percebeu que Tsuki e Yui já estavam sentados na fileira de bancos do meio e com os cintos no lugar. Também entrou, colocando o cinto.

- Coloque o cinto, Harumi! – disse quando a filha entrou ao seu lado, na frente e deu mais atenção ao rádio do que a segurança. Quando estava satisfeito ligou o carro e saiu rumo ao trabalho.

No caminho enquanto os filhos conversavam entre si, o loiro começou a pensar na vida. Lembrou-se de quando conheceu seus conjugues na faculdade.

***flash back on***

“Eu to’ tão atrasado!” pensou angustiado correndo pelos corredores da faculdade. Sentiu um dos livros escorregando do montante em seus braços, e sem abrandar os passos, desviou o olhar do caminho para reajustá-los. Um momento depois estava no chão e seus livros estavam todos espalhados ao seu redor!

- Está cego garoto?

Quando o loiro ergueu a vista para encontrar a dona do tom ríspido percebeu que deu um encontrão não só nela, mas, em outras duas pessoas.

- Desc...desculpe-me, não estava prestando atenção... – tentou desculpar-se com a rosada e os amigos dela.

- Isso deu para perceber! – a outra garota, uma loira, disse com um bufo, enquanto ajudava o rapaz a recolher os livros caídos.

- Obrigado! Desculpe-me novamente, mas, realmente estou com pressa! – falou pegando o último livro do chão, levantando-se e voltando a correr pelo corredor.

***flash back off***

Depois disso voltou a procurar os três jovens pela faculdade para desculpar-se adequadamente, descobriu que o moreno e a loira faziam administração e a rosada fazia medicina. Também descobriu que as duas garotas ficavam, às vezes, entre si e também com o rapaz moreno. Naruto nunca tinha ficado com uma garota antes e sua experiência com garotos se limitava a apenas um namorado na adolescência quando morou em Suna.

Nossa, fazia o quê? Quinze anos que estava casado? Casara-se assim que terminará a faculdade, por insistência dos outros três, pois se dependesse de si, primeiro arrumaria um bom emprego, uma casa aconchegante e ai sim pensariam em casamento, mas, como seus conjugues cresceram em uma família rica, cada um, não entendiam esse pensamento. Já estava com trinta e sete anos, como o tempo passa!

“Já faz vinte e um anos que não vira mais o Gaara!”

De onde viera aquele pensamento? Sacudiu a cabeça como que para espantá-lo.

- O senhor está bem, papai? – Tsuki perguntou preocupado. Ele tinha os cabelos negros do Sasuke, mas, os olhos esmeraldas da Sakura. Enquanto sua gêmea, Harumi, era uma versão menor da mãe rosada. Yui, por outro lado, apesar de ter a mesma idade dos irmãos, era loirinha e tinha olhos verde-azulados. Era o mini-clone de Ino.

- Sim, querido, foi apenas algo em que pensei, nada mais! – disse dando um sorriso tranqüilizador ao filho, pelo espelho retrovisor.

O resto do caminho foi feito normalmente e logo chegaram ao Konoha High School, popularmente citado pelos estudantes como KHS.

- Tchau, papai! – disseram os três juntos. Fazendo o pai sorrir. Sentia falta disso com os outros filhos. Mas, ele tinha de entender, não é? Eles já estavam com 14 anos, e nenhum adolescente nessa idade quer ter qualquer dos pais por perto. Tinha que aproveitar enquanto os seus filhos caçulas ainda tinham apenas 10 anos.

Estava perdido em seus pensamentos quando esbarrou em alguém que saia da sala do diretor, que ficava ao lado da sala dos professores.

- Oh, descul...

- Naruto?! – parou de falar quando seu nome foi pronunciado com uma mistura de espanto e prazer, ergueu a cabeça para ver quem falara e seu olhos se arregalaram quando reconheceu o ruivo a sua frente.

- Gaara!

- Em carne e osso! – brincou, fazendo o loiro rir. Antes de se dar conta, foi puxado para um abraço de urso, o ruivo sempre foi mais alto do que ele, uns vinte centímetro e era mais muscular também, embora parece que com o passar do tempo ficou mais ainda. O tempo realmente foi amigo de Gaara. Separaram-se com um sorriso.

- Por onde você tem andado? O que tem feito? – perguntou empolgado por rever o amigo depois de tantos anos.

- Desacelera, loirinho! – disse usando o apelido da adolescência deles. Naruto corou. – E respondendo as suas perguntas, eu passei um tempo morando no País da Terra, em Iwagakure no Sato para ser mais exato, mas, mudei-me recentemente para cá. Sou um empresário, meu ramo é...

- Hotéis!

- Como você sabe? – perguntou surpreso.

- Simples, meu caro, você sempre falou que iria ser o maior empresário no ramo hoteleiro! – disse com um sorriso sincero para o velho amigo.

- E eu consegui!

- Sim! Assim como eu consegui o trabalho que sempre quis!

- Verdade? Você se tornou professor e treina um time de basquete?

- Pode apostar seus hotéis nisso, meu amigo!

- Sempre! Nunca duvidei de sua capacidade, Naru, por isso me esforcei até o limite e consegui realizar o meu sonho, pois sabia que isso te deixaria orgulhoso.

- Mas, e como vai à vida? – perguntou dando um passo para trás, um pouco sem graça com as palavras do amigo.

- Estou divorciado há cinco anos, tenho um filho de dez anos. Vim matriculá-lo aqui, para ser sincero. Ele mora comigo!

- Oh, deve ser duro ser pai solteiro. E a mãe dele?

- Uma vadiazinha que só queria status, me casei com ela só porque engravidou, mas, na primeira oportunidade aceitou um xeque polpudo e sumiu de vista! – disse desgostoso.

- Sinto muito, Gaara! – disse pondo uma mão reconfortante no braço do amigo.

- Não sinta. Meu filho e eu estamos melhor sem ela por perto. Mas, e você, Naru?

- Bem, meu casamento é... complicado! – disse evasivo, desviando o olhar.

- Complicado como? – perguntou franzindo o cenho.

- Bem...hum... eu tenho um marido e duas esposas e juntos temos sete filhos! – soltou tudo de uma vez. Coçou a nuca e deu um sorriso nervoso ao ver os olhos arregalados do amigo e a boca aberta.

- Você realmente mudou, loirinho! – disse, depois de clarear a garganta. – Nunca pensei que fosse ficar com uma garota, que dirá duas!

- Pois é! Nossa história é um pouco complicada e...

- Bem, você terá aula agora?

- Hum, não, só no terceiro tempo. Por quê? – indagou confuso.

- Podemos tomar um café enquanto colocamos nossa conversa em dia e você me conta sobre esse casamento nada convencional! – disse com um sorriso de lado.

Naruto pensou um pouco, mas, resolveu aceitar. Afinal estava precisando ter alguém em sua vida que não estivesse envolvido com seu trabalho ou sua família, e Gaara, graças a Kami-sama, não estava em nenhuma dessas categorias.

Eles entraram na sala reservada aos professores. O loiro cumprimentou a todos animadamente e apresentou o amigo. Notou que seu amigo Deidara, professor de química, corou quando o ruivo apertara sua mão em cumprimento e saiu da sala rapidamente. Gaara nem percebera. Naruto revirou os olhos, Homens!

Ele e o ruivo se sentaram em um sofá, bebericando suas xícaras de café, jogando conversa fora, até que o último professor saíra para sua aula, ficando apenas os dois.

- Fale!

- Bem, desde que terminamos, eu não havia ficado com mais ninguém, primeiro porque ninguém me interessava e segundo porque não tinha tempo. Sendo bolsista na faculdade não podia me dar ao luxo de relaxar e agir como um irresponsável! Ainda mais depois que meus pais morreram! – disse e o amigo acenou com a cabeça dizendo silenciosamente que estava acompanhando a conversa. Infelizmente, não pôde comparecer ao enterro, pois, já estava morando em Iwagakure e o dinheiro na época era curto, mas, escrevera uma carta com suas condolências. – No meu último ano, eu conheci Sasuke, Sakura e Ino! Não que nunca os tivesse visto antes, na faculdade, sabe, eles eram os populares. – Explicou quando viu o amigo erguer uma sobrancelha questionadora. – Mas, então, um dia eu acabei esbarrando neles, literalmente! – disse rindo. – Eu estava correndo pelo corredor da faculdade, estava atrasado para apresentar um trabalho valendo a nota do bimestre a um grupo de professores, quando esbarrei neles, nem tive tempo de me constranger levantei e sai correndo. Depois os procurei para me desculpar adequadamente. Foi quando tudo começou! – disse corando.

- Começou o quê?

- Hum, sabe, o Sasuke disse que teria de sair com eles uma noite para me desculpar adequadamente, e entre uma saída e outra, percebi que estava me apaixonando não só pelo Sasuke, mas, pela Sakura e Ino, também. Eles já tinham um envolvimento entre si, então... – deu de ombros como se dissesse que o resto era óbvio.

- Vocês decidiram todos oficializar!

- Sim! – disse com um suspiro.

- Nossa, com um pouco mais de empolgação e você virará um coelhinho saltitante. – disse irônico.

- Acho que o meu casamento está para acabar! – disse com um fio de voz.

- Explique! – exigiu, depositando sua xícara, meia com o liquido escuro, na mesinha em frente a eles. Naruto apenas encarou a sua, como se nela pudesse encontrar a coragem necessária para falar. Respirou profundamente e desabafou.

- Não nos entendemos mais. Sasuke vive para as empresas dele, Ino para a editora e Sakura para o hospital! Eles nem respeitam a carreira que escolhi! – disse enxugando uma lágrima que teimou em descer. Gaara não disse ou fez nada, esperando o amigo continuar o desabafo. – E isso se reflete no modo como os nossos quatro filhos mais velhos agem comigo em público. Eu sou professor deles e eles fingem que nem me conhecem! – disse magoado. – Só os pequenos ficam comigo, mas, não sei até quando, realmente. Estou com medo de perder toda a minha família, Gaara, e não sei o que fazer para evitar isso! – concluiu não segurando mais os soluços e o choro que estava segurando dentro de si há tanto tempo.

O ruivo se aproximou e trouxe o loiro para repousar a cabeça em seu tórax. Deixando-o chorar.

Depois de alguns minutos, o choro cessou. Naruto endireitou a coluna e percebeu que estava muito próximo do amigo, afastou-se corando.

- Sinto muito, Gaara!

- Pelo quê?

- Acabei te usando como travesseiro! – disse sem graça.

- Estarei aqui sempre que precisar!

- Obrigado!

- Eu tenho que ir agora, loirinho! – Naruto concordou e sorriu novamente para o amigo. Ambos se levantaram.

- Certo. Obrigado novamente, Gaara! – antes de o amigo sair, o menor o segurou pelo braço. – Você não gostaria de ir jantar lá em casa na sexta?

- Será um prazer! – respondeu com um sorriso. Naruto entregou o endereço de sua casa e acertou a hora do jantar.

- Leve o Kurama-kun, estou louco para conhecê-lo e quem sabe ele e os meus filhos não se tornam bons amigos?

- Com certeza! – disse dando um abraço de urso no menor e saindo em seguida.