P.O.V – Rose

Eu não acreditava naquilo que eu tinha acabado de ouvir. Era uma brincadeira. Um pesadelo. Um sonho ruim. Aquilo não podia ser verdade. Senti minha visão ficar embaçada mais eu não iria dar esse gostinho a ela. Eu não iria chorar. Não aqui e nem agora.

Nunca fui de agir por impulso. Mas também nunca fui de agir pelo coração, deixar a emoção mais alto. Eu tinha esse defeito. Ou talvez não seja um defeito. Talvez seja um defesa. Eu sempre agia pela razão. E por mais que meu coração estivesse aos pedaços no momento que a Anderson disse isso, eu não iria gritar, fazer um escândalo. Algo bem lá no fundo me dizia que tudo aquilo era mentira.

Fui despertada dos meus pensamentos pela voz do Scorpius.

– Como é garota? – perguntou chocado. Levantei o rosto que só agora eu tinha percebido que tinha abaixado para olhar o rosto dele. Ele estava chocado. Sua expressão era de completo choque. Ninguém ali estava diferente.

– Isso mesmo que você ouviu Scorp.. – começou calmamente. – Eu estou gravida e o filho é seu. – a minha vontade era de dar uma surra nessa garota. Uma surra que ela nunca mais iria esquecer. Esfregar a cara dela no asfalto até não sobra mais nenhum pedacinho. Mas não podia fazer isso. Ela estava gravida. E pior ainda, gravida do Scorpius.

– Isso não é verdade.. – ele começou incrédula. – Você tá mentindo garota. ESSE FILHO NÃO É MEU! NÃO PODE SER! – ele berrou com ela que não se abalou. Apenas jogou o envelope que ela estava nas mãos em cima dele.

O loiro pegou o envelope e o abriu. Antes disso ele lançou a ela um olhar de desprezo. Ele começou a ler o que estava escrito e vi sua expressão passar de raiva para completo choque. Enquanto eu, a idiota aqui ficava parada. Estática no lugar. Sem conseguir pronunciar uma palavra. Sem mover um dedinho.

– Você está gravida de um mês. – ele disse com a voz fraca. – Um mês. – murmurou novamente.

– Exatamente Scorpius. – a vadia voltou a falar novamente. Ela me olha com um olhar que dizia claramente “ Eu venci”. – E quando foi a nossa ultima relação? – perguntou tentando esconder um sorriso de vitória na qual ela queria abrir. Olhei de relance para os meus amigos e vi que eles olhavam tudo incrédulos.

– Exatamente a um mês. – Scorpius disse baixinho mas de um jeito que deu para todo mundo escutar.

– Ainda vai insistir que esse filho não é seu Scorpius? – perguntou retoricamente . – Ou você não vai assumir, vai me deixar sozinha com um filho para criar? – perguntei fingindo tristeza na voz. Cobra peçonhenta. Fingida. Falsa. Era isso que ela era.

– Rose, vem. – a loira disse me puxando pela mão. – Vamos jantar! Scorp e essa buldogue precisam conversa. – não disse nada. Apenas deixei que ela me guiasse. Abaixei a cabeça e deixei meu cabelo cair sobre meu rosto.

Senti a mão do Scorpius no meu pulso. Me soltei dele e continuei a andar em direção ao salão principal. Querendo ou não, eles precisavam conversar.

Passei o jantar todo em silêncio. Não comi, nem bebi nada. Meus amigos tentaram uma hora outra puxar assunto comigo, mas eu apenas respondia com um aceno de cabeça e eles logo desistiram.

Todos eles me olhavam com pena. Menos é claro, a Isabelle. Ela me olhava com carinho, como se dissesse que eu podia contar com ela para tudo. E eu tinha certeza disso, afinal ela era minha melhor amiga.

Eu não entendia o porque que isso tinha que acontecer justo agora. Justo agora que eu e Scorpius estávamos tão bem. Eu sabia que a Lisa estava quieta demais pro meu gosto. Quando eu digo quieta demais, é que ela é uma sonserina. E sonserino nunca desistam daquilo que querem e também não medem esforços.

Depois de algum tempo, olhei em direção a porta do salão principal e vi que Scorpius e a buldogue entravam. Scorpius tinha a cabeça baixa, enquanto a vadia da buldogue tinha um sorriso vitorioso. Que nojo dessa garota. Era tudo isso que eu sentia. Nojo.

– Gente, eu vou pro salão comunal ta? – falei me levantando da mesa. Eu não tinha comido nada.. Não conseguia. Não descia nada.

– Quer que eu vá com você? – a loira perguntou sorrindo de leve para mim. Neguei com a cabeça e sai em direção as portas.

Eu não iria de fato para o salão comunal da Grifinória. Eu iria para o lugar que sempre me trazia paz nos meus (poucos) momentos de angustia.

Torre de Astronomia.

Chega a ser até engraçado como a vida gosta de pregar peças na gente. Uma hora está tudo bem. Na mesma hora ela chega e destrói tudo. Tudo.

Quando cheguei na torre de astronomia, fui observar as estrelas e com isso eu permitir que as lágrimas que até agora eu segurava, saíssem. Lágrimas de puro desespero, tristeza e acima de tudo dor.

Dor por saber que nada agora seria como antes. Nossos planos que já tínhamos juntos, nada seria igual. Nada seria como antes.

Um filho. Um filho muda tudo, principalmente quando esse filho é de uma garota que te odeia mais que tudo na vida. É, dessa vez a Anderson merecia palmas.. Ela enfim tinha vencido.

Eu sei que muitas pessoas poderia achar que eu sou egoísta, mas não é egoísmo. É que amo Scorpius de um jeito que eu nunca pensei em amar alguém. Principalmente esse alguém ser ele. Justo ele.

Anos e anos de brigas, provocações, discussões.. Foi tão difícil aceitar que eu tinha me apaixonado por Scorpius Malfoy, um sonserino. O filho de Draco Malfoy, um ex comensal da morte. O pegador de Hogwarts.

Uma jorrada de lembranças invadiram a minha mente.

– Pois eu vou te dizer uma coisa Weasley.. – começou me prensando na parede e colando seu corpo com o meu.. Arregalei os olhos. – Você pode namorar com seu amiguinho a vontade.. – parou para dar uma mordida no lóbulo da minha orelha. Prende um gemido. – Não me importo.. até porque como você mesmo disso.. isso não é da minha conta. – falou agora com um sorriso sem humor nenhum.. – Mas só quero lhe dizer uma coisa Weasley.. – puxou meu lábio com os dentes e os desceu para meu pescoço, depositando ali um beijo quente e molhado. Um arrepio correu meu corpo.. seus lábios subiram até meu ouvido e sussurrou em uma voz lenta e bastante sensual. – Ele e nem outro cara nenhum, causa o mínimo do efeito que eu causa em você. – completou se afastando de mim.

E mais uma vez ele tinha razão. Ninguém tinha o efeito que ele tinha sobre mim. E nunca terá, pois ele é o único.

Flash invadiram novamente a minha mente.

– Você me tira do sério garota.. – começou e eu ia interromper mais ele me calou. – Cala essa boca que agora é eu que vou falar aqui.. Você fica ai andando por esse corredores cheia de si, se sentindo o máximo, enquanto o idiota aqui fica pensando em jeitos de fazer você sair comigo.. você me esnoba, e eu vou confessar eu gosto de te irritar, porque você é criativa para dar respostas, principalmente quando se trata de mim.. Ai do nada quando eu penso que eu vou conseguir te ter para mim você chega para todo mundo e diz que está namorando com o Fisher? Justo com o cara que eu tenho rixa desde o dia que entrei aqui? Completamente irônico não acha? Você é a certinha Weasley, a irritante sabe tudo que sabe ser absurdamente sexy, enquanto eu sou o Scorpius Malfoy, o pegador da Sonserina, já ouviu aquela historia em que os oposto se atraem? Esse é nosso caso , você é fogo e eu sou gelo, você é verão e eu sou inverno, você é Grifinória e eu sou Sonserino.. você é uma Weasley e eu sou um Malfoy.. – completou me olhando atentamente. Como se esperasse pela minha reação.

Erámos o oposto um do outro. A gente se completava. Assim como peças de um quebra cabeça.

– Scorp.. você sabe..– tentei dizer mas ele não me deixou continuar. Ele colocou um dedo sobre minha boca me pedindo silêncio. Eu estava com um pouquinho de medo. Não vou negar. Eu tinha um trauma sobre essas coisas. Um trauma que eu achei que não iria superar tão cedo. E para ajudar o “amiguinho” dele não era nada pequeno.

– É a nossa primeira vez. –ele disse me olhando intensamente. Um sorriso bobo se abriu nos meus lábios. – Eu te amo. – a voz dele não estava sexy e nem provocante. Estava doce. Doce como ele era.

– Eu te amo mais. – respondi em um sussurro.

Lembranças de quando ele disse as três palavrinhas que toda garota sonha em ouvir vieram com tudo em minha mente. Assim como as lágrimas que desciam molhando todo meu rosto. Elas vieram com tudo.

– Ruiva. – ouvi a voz dele me chamar. Me recusei a encara-lo. Eu estava perdida em meus pensamentos. Assim como meu coração estava perdido em meio de tantas tristezas. Ele se aproximou a passos calmos até mim e se sentou ao meu lado. Olhei de relance para ele e vi sinais de lágrimas pelo seu lindo rosto. Ele havia chorado.

– Vai embora. – pedi com a voz fraca enquanto colocava minha cabeça entre joelhos.

– Ruiva por favor.. – ele tentou mais eu o encarei. Vi toda a angustia. A tristeza naqueles olhos cinzas.

– É verdade? – perguntei entre soluços. Ele não disse nada. Quem cala consente. – Me diga Scorpius, é verdade? – perguntei novamente.

– Sim, é verdade. – respondeu abaixando a cabeça. Vi que ele estava chorando. Me levantei do chão rapidamente tentando controlar a mim mesma. – Aonde você vai? – ele perguntou se levantando também.

– Aonde eu vou? – perguntei retoricamente. – Eu vou embora Scorpius, mas não só daqui. Eu vou embora da sua vida. – falei entre os soluços de choro.

– O que eu você tá querendo dizer com isso? – perguntou com uma expressão confusa no rosto.

– Jura que você não entendeu? – perguntei ironicamente. Quando eu estou com raiva, triste, chateada com alguma coisa, sempre a minha ironia vai a mil. Pareci que é um jeito que eu arrumo de me defender. É uma arma.

– Não, eu não entendi. – respondeu balançando a cabeça negativamente.

– Que tudo entre nós Scorpius, acaba aqui. – falei com um aperto no coração. Nunca pensei que fosse doer não. Mas estava doendo. Mas que tudo.

– Você não tá falando sério não é ruiva? – perguntou e eu me mante firme. – Olha eu sei que você está chateada, zangada comigo.. Mas isso não é motivo da gente terminar, a gente pode manter o namoro.. – ele ia dizendo mais eu o cortei rapidamente.

– Não, não podemos. – respondi negando com a cabeça. – Sabe porque? Porque Scorpius, tem uma mulher esperando um filho seu, mulher essa que é a pessoa que mais me odeia na face da terra. Você acha mesmo que ela ia aceitar isso assim? Ela te conta que está esperando um filho seu e você continua seu namorado comigo, como ela sempre diz, a rata da biblioteca. Não Scorpius, mas cedo ou mais tarde ela vai dar um jeito de tirar você de mim. Quer dizer, ela já conseguiu fazer isso não é? Ela conseguiu acabar com nosso namoro. Mas saiba de uma coisa, o amor que eu sinto por você ela não vai conseguir destruir. E é exatamente por isso Scorpius, por te amar tanto que eu estou terminando nosso namoro..

– Não faz.. – ele me interrompeu mais eu o calei novamente.

– Você agora vai ser pai Scorpius, pai! Acho que seu filho merece um pai presente, um pai que faça tudo por ele. Há coisas Scorpius, que foram feitas para se gostar, mas não para ficarem juntas. Infelizmente, esse é no caso. – dizendo isso sai daquele lugar. O deixando parado no lugar.

Era melhor assim. Tanto eu quanto ele sabíamos disso.

Tudo que é para ser nosso. Um dia volta. E senão voltar, é porque não era para ser.