Para Sempre. escrita por BiancaViglioni, Lucca Americano


Capítulo 11
Domingo.




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POV.: Violetta
O que aconteceu ontem foi estranho. Não entendi o que deu em mim, mas parece que Noah tem algum feitiço feito sob medida para mim. Pouco tempo antes de ele falar comigo, nada nem ninguém tirava da minha cabeça que eu deveria ignorá-lo. Mas quando ele pediu desculpas e quis ser meu amigo, meu coração amoleceu. Bem, começar sendo apenas amiga é uma ótima ideia. Sei que ele está com Angelline e quer apenas ser meu amigo, mas ele deve estar tendo um problema sério com ela agora por causa de ontem. Eu não gostaria de estar na pele dele. Mas, fazer o quê. A vida é feita de escolhas e devemos aceitar as consequências de cada uma. É claro que ainda não estou totalmente feliz com ele, pois a cena em seu quarto e nossa discussão na livraria pairam na minha cabeça. Preciso de uma penseira. Quanto mais o vejo e converso com ele, mais acabo gostando dele. Ás vezes penso se eu realmente não deveria esquecê-lo e tê-lo ignorado na biblioteca quando ele me pediu desculpas e tentou reatar a amizade comigo. Mas finalmente cheguei a conclusão de que não consigo, não vou resistir. Infelizmente deu tudo errado e agora tenho que me contentar com o fato de que ele está ficando com a garota que eu odeio. Ninguém disse que a vida é justa, não é?
Não fiz nada de extraordinário no domingo. Martt foi lá em casa, como sempre, para me distrair um pouco. Minha mãe o adora, mas meu pai fica com o pé atrás, achando que Martt finge ser gay só para poder me pegar no meu quarto. Que ridículo. Nunca vi ninguém mais gay que o Martt.
- Oi, minha flor. - disse ele, me abraçando quando abri a porta para ele entrar. - Como vai?
- Ah, tô bem e você?
- Tudo ótimo. - disse, virando-se para minha mãe que chegava com as mãos sujas de frango. - Ei, Sra. Clearwater!
- Se me chamar de senhora mais uma vez, vou te apresentar a que mora lá em cima. - disse minha mãe, rindo e apontando para o céu.
- Hahahaha, está bem, posso te chamar de tia? - perguntou ele, a abraçando.
- Pode. Estou fazendo strogonoff de frango, você gosta? - perguntou ela.
- Amo. Tem milho? Se não tiver milho eu não como. - disse, rindo.
- Tem sim, folgado. - falou minha mãe.
- Ok, galera. Mãe, quando estiver pronto, você dá o grito? - perguntei, puxando Martt pela mão.
- Dou sim. - disse ela, piscando. - Tô de olho em vocês.
- Ah, qual é, mãe! - reclamei.
- Estou brincando, gente. Podem ir lá. - disse ela, sorrindo.
Levei Martt pro meu quarto, que já foi abrindo a porta e se jogando na minha cama.
- Nossa, isso que dá ter intimidade. - falei, sentando-me ao seu lado.
- Agora me conta, e o Noah? - indagou, Martt.
Contei a ele sobre ontem, como mudei de ideia rapidamente e sobre Angelline quase nos ter atropelado na rua.
- Um dia aquela louca mata você.
- Deixe ela tentar. -respondi. - Noah deve ter escutado demais ontem.
- Tem razão. Ela é um pé no saco. Ele não vai aguentá-la por muito tempo, escuta o que te digo. O último namorado dela a largou com dois meses de namoro.
Pensei que dois meses era muito tempo para aturar Noah e Angelline juntos.
- Quem foi mesmo o namorado dela? - perguntei.
- Foi Tyler.
- Tyler? Mas, ele não está namorando Jess? - indaguei. - Eles ficaram juntos quando?
- É, ele mesmo. Foi no primeiro ano. Depois disso, Tyler conheceu Jess. Começaram a namorar ano passado.
- Ah sim. - respondi.
- Além disso, soube que enquanto Angelline namorava Tyler, no primeiro mês deles juntos, ela foi em uma festa na casa de Lauren e abriu as pernas para o Charlie.
- Meu Deus! - falei, arregalando os olhos. - Ela traiu Tyler? Com Charlie? Que garota escrota. Coitado do Tyler.
- E tem mais: dizem que depois que Tyler a deixou e começou a ficar com Jess, Angelline encheu-se de ciúme e no aniversário de 16 anos de Jess, ela invadiu a festa e fez algo terrível com Jess.
- O que ela fez? - perguntei, interessada.
- Bem, ninguém mais toca nesse assunto a pedido de Jess, então, eu não sei. Você pode tentar convencê-la a lhe contar, já que agora é amiguinha dela. - disse Martt, fazendo bico.
Fiquei curiosa. O que Angelline poderia ter feito a ela? Agora entendi porquê Jess a evita tanto.
Meia hora depois de muita fofoca, minha mãe gritou lá da cozinha.
- O RANGO TÁ PRONTO, CRIANÇAS!!!!!!!!!
- Nossa. - comentei. - Ela é tão meiga.
Descemos e sentamos na mesa com minha mãe.
- Mãe, cadê o papai? - perguntei.
- Ele disse que ia trabalhar, filha. Que precisavam dele hoje de qualquer jeito. - disse minha mãe, com a voz triste.
- Nossa, em pleno domingo? - perguntei.
- Pois é. - disse ela.
Martt prestava atenção na comida, querendo não se intrometer. Minha mãe comeu calada, o que era incomum. Senti que algo estava errado.
Depois do almoço, ajudamos minha mãe lavar louça e fomos dar uma volta. Decidimos tomar sorvete. O tempo estava fresco.
- Vai tomar de quê? - perguntou ele. - Dessa vez eu pago.
- Chocomenta.
- Eca! Por que não toma de coco, é bem melhor. - falou ele.
- Não. Gosto mais de chocomenta.
Enchi meu sorvete de balinhas, canudinhos de biscoito e muita cobertura de morango. Sentamos do lado de fora vendo as pessoas se arrastarem pela rua. Típico de domingo. Quando olhei para o lado, quem vinha? Ah, leitor, se você acertar te dou um prêmio! Vamos lá, tem três chances...
Sim, acertou. Eles dois mesmo. Angelline e Noah.
Estavam andando de mãos dadas, vindo em direção à sorveteria.
- Oi. - disse Noah, olhando para mim e em seguida para Martt, que no mínimo devia estar olhando para onde não deveria.
Angelline tinha uma cara de nojo que quase me fez vomitar meu sorvete de chocomenta na sainha branca dela.
- Oi. - respondi, sorrindo e olhando para Noah e Angelline.- Tudo bem com vocês? Espero não ter causado nenhuma discussão por causa de ontem.
- De jeito nenhum, docinho. Sei que meu lindinho é apenas seu colega. - disse Angelline, amarga, ressaltando bem a palavra "colega".
Na hora em que ela disse isso, soube que ela deu um chilique enorme por Noah ter estado comigo.
- E está tudo ótimo, Vi. E com vocês? - disse Noah. Reparei que Angelline o olhou friamente quando me chamou de "Vi". Sorri internamente.
- Tudo bem também. - respondi. Martt não falava, muito menos respirava, fiquei com medo de ter que chamar uma ambulância para ele.
- Vamos? - falou Angelline, puxando Noah pelo braço para dentro da sorveteria.
- Ok, vamos sentar com vocês! - falou Noah, lá de dento.
Martt arqueou a sobrancelha:- uh, calor hein! - disse, abanando a camisa justa no corpo.
Martt é bonito. Tem os ombros largos, é moreno, cabelos lisos e espetados em um topete muito grande e apesar dos esforços para ficar fina, sua voz era grossa e atraente. Como muitas garotas dizem, ele é um desperdício.
Pouco tempo depois, Noah e Angelline voltaram com os sorvetes nas mãos.
- Err, a Angelline precisa passar em casa para fazer um favor pra sua mãe, então..nós temos que ir. Desculpem. - falou Noah, desconcertado.- Até mais, gente.
Angelline apenas sorriu falsamente e os dois foram embora.
- Hum, tenho certeza que ela inventou essa desculpa pra não ficar aqui com a gente. - falou, Martt.
- Ah, mas o Noah parece até que não sabe que não nos damos bem, não adianta forçar a barra. - falei.
- Verdade. A diferença é que nós temos educação, né meu amor?
Saímos da sorveteria e ficamos andando pela rua, lamentando por ser domingo e amanhã ter aula.
Martt foi pra casa comigo, entramos e minha mãe não estava lá.
- Vi, achei um recado. - falou Martt, me entregando o pedaço de papel que estava sob a mesa.
Oi, filha.
Saí um pouco para distrair, esvaziar a cabeça.
Se seu pai chegar, peça para me ligar, por favor.
Não demoro. Peça também, para o Martt ficar aí com você, já está de noite e não quero você sozinha em casa. O bairro anda muito perigoso ultimamente.
Beijo.

- Já que vamos ficar aqui sozinhos. - disse Martt, maliciosamente. - Já sei o que vou fazer com você.
Eu ri:- Sua cara não engana, Martt. Nem que você queira você vira homem de novo.
- Ah. - disse, fazendo beicinho. - Se eu fosse homem, eu te pegava, Violetta. Você é muito gostosa. - disse ele, me abraçando.
- Para com isso, seu gay. Você não está ficando com o Mike? - perguntei.
- Ah, estou. - disse, sentando na cadeira. - Mas ele anda tão distante. Acho que gosta de outro.
- Sério? - falei, sentando ao lado dele. - Que pena. Você é tão bonito, Martt. Consegue um melhor que o Mike para passar o tempo.
- Credo, Violetta. Parece até que estou fazendo outras coisas. Além disso, é muito difícil achar um gay bonitão e que não transvista.
- Tem razão. É difícil mesmo. - falei.
- Vamos ver um filme? - mudou de assunto.
- Vamos. Qual?
- Quero ver Romeu e Julieta.
- Ah, não! Pra você chorar de novo, não! Titanic também não. - disse, antes que ele falasse.
- Aaaaaaaah, Violetta. Por favor? - disse, tentando fazer a carinha do gatinho do Shrek.
- Nem pensar. Não quero romance na minha vida. Vamos ver filme de terror. - sugeri.
- Tá bom. - disse Martt.- Que tal O exorcista?
- Nunca vi, mas todo mundo fala que dá medo. - falei.
- Dá muito medo, eu gritei igual uma louca quando assisti.
- Imagino.- disse eu, imaginando a cena.
Fizemos pipoca de microondas, pegamos um cobertor e nos jogamos no sofá pra ver o filme. O melhor de seu melhor amigo ser gay é que você pode ser você mesma. Ele irá te aceitar. É sincero e dá ótimos conselhos, também. Não conheço amigo ou amiga melhor do que o Martt. Sem falar que não há constrangimentos. Pois quando se tem um amigo, ele sempre pode acabar gostando de você, gerando uma situação chata na amizade. Com o Martt não tenho problema algum com isso, ainda fazemos piada.
Quando eram 17:00hs, minha mãe chega com várias sacolas.
- Ei, sumida. Foi fazer compras e nem me chamou né? - falei.
- Ah, eu não tinha planos, mas acabei passando no shopping para tomar um sorvete e as lojas me puxaram.
- Bom, já que sua mãe chegou, meu expediente acabou e eu vou indo. - disse Martt.
- Como se eu precisasse de babá, né? - fiz careta pra ele.
Martt se levantou, agradeceu minha mãe, a chamando de senhora de novo, despediu-se de mim e foi embora.
- Seu pai não chegou ainda? - perguntou minha mãe.
- Não. - nem estava me lembrando do meu pai.
- Vou ligar para ele. Seu pai disse que sairia de lá uma hora da tarde e até agora não veio para casa. Ele está achando o quê? - disse ela, brava.
Ela tentou ligar três vezes consecutivas, mas só dava caixa postal.
- Merda, ele desligou o telefone. - disse ela, batendo o celular na mesa.
- Calma mãe, às vezes descarregou. - Por que as mães sempre acham que desligamos os celulares para não falar com ela quando não conseguem falar com a gente?
- Pode ser. Vou ficar esperando ele chegar.
- Vou para o meu quarto. - Ih, hoje vai ter, pensei.
Fiquei lendo e mexendo no Facebook a noite inteira. Quando deu 22:00hs, fui tomar banho e ouvi o barulho do carro do meu pai estacionando na garagem. Já sabia que hoje não dormiria tão cedo.
Enquanto tomava banho, ouvi minha mãe gritar com meu pai. Era sempre assim. Quando meu pai vacilava com ela, minha mãe dava o maior show do século, e ele ficava calado, escutando.
Quando desliguei o chuveiro, a voz da minha mãe ficou ainda mais alta. Queria ir lá e pedir para que parasse e deixasse meu pai em paz, pois queria dormir. Mas senti que não deveria me intrometer ou sobraria para mim depois.
Peguei meu livro novamente para ler, mas não conseguia me concentrar.
Você só sabe trabalhar! A Violetta fica em casa sozinha. Tenho que pedir os amigos dela para ficar com ela enquanto vou atrás de você! Você é irresponsável! Além de tudo não avisa onde está, chega atrasado! Que horas você disse que estaria aqui? Uma hora, não foi? Por que está chegando só agora? O que de tão importante tem lá naquela porra daquela empresa para você ter que trabalhar no domingo?
Minha mãe fazia perguntas gritando e meu pai não respondia. Não gostava quando minha mãe discutia com ele, pois ele ficava sem reação e eu também.
Dez minutos depois que minha mãe obrigou meu pai a prometer que ele não faria isso de novo, ela decidiu parar, resmungando palavras soltas.
Finalmente, adormeci.


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Notas finais do capítulo

Espero que estejam gostando da fic.
Quero a opinião de vocês sobre o pai da Vi.