– Claro, eu com certeza irei surpreendê-la com a beleza de nossas rosas. Só mais uma pergunta, jovem Phantomhive. Você disse que não gosta de usar apelidos... Mas como se sente sabendo que o próprio Louise que você tanto usa é um apelido? Louise vem de Alouisya, você fica normal mesmo sabendo que todas as pessoas só a conhecem pelo seu nome de “mentirinha”?

– Co-como você sabe disso?! – perguntei assustada, os únicos que sabiam meu verdadeiro nome eram poucos... Quem era aquele sujeito?

– Todos temos segredos, não é Phantomhive? Você bem que sabe disso. – o homem andava lentamente em minha direção, enquanto eu recuava, tentando entender o quê acontecia – Ei, eu não mordo. – ele sorriu – Fico triste que não se lembra de mim. – aquele sujeito passou a mão direita pelo meu rosto, não pude deixar de perceber suas unhas negras – Ah, aonde estávamos? Sim... A rosa que a senhorita pediu.

Sentei em um banco que estava próximo de mim, não conseguia entender como aquele homem sabia meu verdadeiro nome, um nome que eu tanto odiava. Está ai a razão para eu deixá-lo de lado. Alouisya... Decidi tentar começar tudo de novo, apagar o passado, começando pelo nome. Mas isso nunca foi possível.

– Essa rosa... É a mais bonita em minha opinião.

O homem voltou para onde eu estava, segurando uma pequena rosa entre as duas mãos, como se aquela fosse de cristal. Porém, a mesma era tão pequena, nem havia desabrochado direito. Com certeza, aquele projeto de rosa nunca chamaria atenção de alguém. O único aspecto que a tornava especial era a sua cor negra, como a escuridão.

– Você deve estar se perguntando por que é a mais bonita. Eu penso que ela pode ter algo especial, um poder de cura. Mesmo usando essas roupas pesadas, consigo ver que o seu ombro está ferido. – aquele sujeito se aproximou de mim e passou a rosa levemente pelo meu ombro.

– Isso é idiotice. – falei por fim – Mas você ainda não respondeu a minha pergunta. Como sabe o meu nom... – Fui interrompida quando um vulto percorreu o cômodo.

Sebastian?

Infelizmente, me enganei. Era um demônio, porém não era Sebastian.

– Arthuro... Espero que tenha conseguido a rosa que lhe pedi. – Claude falou, fechando as cortinas do estabelecimento. Espera... Então é A de Arthuro? Esse nome não me é estranho... – Como sente se reencontrado com o seu passado, Alouisya?

– Claude Faustus, o quê significa isso?! – perguntei, me levantando.

– Você fica, Louise. – Claude segurou o meu braço com força, me fitando e arrumando os seus óculos. Logo percebi que precisava sair dali, pois notei que o tal de Arthuro também era um demônio – Realmente, sua alma parece deliciosa... Pena que nenhum de nós poderá tê-la.

– Me solte! Isso é uma ordem! – gritei para Claude, me sacudindo freneticamente.

– É melhor calar a boca pirralha. – Claude falou, após me dar um tapa no rosto tão forte que me fez cair. Essa frase... Esse olhar... Como pude não me lembrar?!

– Você?! – me arrastei para trás, com dificuldade.

– Sabia que assim você iria se lembrar. – disse, após um sorriso maléfico.

– Co-como ousa?! Como ousa aparecer assim?! Você me vendeu, como se eu fosse uma mercadoria! Eu te odeio Claude, odeio! Você com certeza irá morrer! – me levantei e tentei sair, mas as portas estavam trancadas.

– E eu não fiz isso sozinho... – ele puxou Arthuro para o seu lado, arrancando o lenço que o mesmo usava para esconder o cabelo.

Aquele tom de azul, o nome Arthuro... Fui tomada por uma onda de choque, não consegui me mexer, nem falar nenhuma palavra. Na minha frente estava o homem que eu sempre tive ódio, vontade de matá-lo. O homem de cabelos azuis estava bem em minha frente, mas eu não pude fazer nada, apenas ficar parada. Eu estava em choque... Ele estava bem na minha frente, mas eu continuo fraca para fazer algo...

– Acho que você se lembra bem que eram três, mas o terceiro foi fraco de mais. Ele mencionava um tal “mestre”, a encontrou em um baile e tinha alguns capangas. Vamos refrescar sua memória, cabelos longos. Sebastian conseguiu matá-lo. Ainda não se lembra? Um homem elegante.

– O quê vo-vocês querem co-comigo? – perguntei, tremendo.

– Deixe-me explicar... – foi a vez de Arthuro falar. Senti vontade de vomitar ao olhar para o mesmo – Há muitos anos atrás, eu, Claude e Jeremy a sequestramos pelo pedido de sua mãe. Sua mãe biológica, que tanto a odeia. Ela mesma pediu que a vendêssemos e que a fizéssemos sofrer muito. Tudo o que ocorreu com você foi a pedido dela. Não acharia estranho se a mesma tentasse te matar. Primeiro a sua época de trabalho, aquele seu amiguinho não estava nos planos, muito menos o poço; mas isso foi suficiente para traumatizá-la. Não satisfeita, sua mãe veio me procurar novamente, pedindo um favor, o qual você já sabe do que se trata. – ele sorriu – Sua mãe... Tão cruel, e nem é um demônio como nós. Mas aquela época... Foi divertida.

– Vocês são monstros! Sebastian, com certeza virá e ent...

– Sebastian?! – Claude riu – Pensa que não ouvi ele te fodendo ontem? – o mesmo ria cada vez mais alto – Olha... Não quero cortar o seu barato, mas ele é um demônio também. Vou contar um segredo... – Claude sussurrou – Ele só está interessado na sua alma. Só! Hahahaha. E você ainda caiu na dele. Demônios são ótimos atores. Se ele realmente se importasse com você, com certeza estaria entrando por aquela porta nesse momento. Nem deixaria que viesse sozinha. A verdade é que: dane-se você, ele só anseia por sua alma. Demônios não têm sentimentos. Sou a prova disso, afinal sou um demônio.

– Nã-não pode ser verdade... – fechei os olhos fortemente, não querendo acreditar.

– Ele a enganou Louise, quero dizer, Alouisya.

– PARE DE ME CHAMAR ASSIM!

– Ah, mas que ignorância... Eu não queria ter que fazer isso, mas é a verdade. O seu amor, Sebastian, sempre foi fluente em seu passado. Sempre. Isso porque o mesmo sempre desejou a sua alma. Quer dar uma relembrada? O homem que a salvou daquele poço, foi Sebastian. Ele mentiu em não saber seu passado, o mesmo sabe até mesmo o seu verdadeiro nome. Aposto que ele veio com aquelas de: Você não é obrigada a contar o seu passado. Claro! Ninguém gosta de ouvir uma história da qual já se sabe o final.

– Isso não passa de uma mentira sua, Claude.

O mordomo de Aaron fechou os olhos, impaciente e então murmurou algo. Logo eu estava viajando em minhas memórias mais profundas. E Sebastian estava em todas elas, escondido na escuridão. Aquilo abriu uma ferida enorme. Então... Novamente fui enganada por alguém que amei?