Novos Horizontes escrita por lunaletras


Capítulo 9
E contra todos... a amizade – Parte 1


Notas iniciais do capítulo

O capítulo 9 e o 10 ( e talvez o 11) na verdade terão o mesmo título e serão um resumo de tudo que aconteceu antes da cena do quase beijo. Eles não seguirão exatamente o que aconteceu na novela porque as cenas estão espalhadas em vários trechos e se eu fosse rever todas, acabaria escrevendo um capítulo para cada uma. E essa não é a intenção, porque quero postar o quase beijo antes de sábado. Afinal depois do beijo de verdade, falar do quase beijo não teria a mesma graça. Os diálogos não estão fiéis aos da novela, por que não estou revendo cena por cena (como fiz anteriormente), esses capítulos serão recortes do que me lembro que aconteceu, serão um pouco do que mais me marcou, nesse começo de amizade entre o Fabinho e a Giane. Espero que gostem.
Desculpe sempre pelos erros. E muito obrigada,sempre sempre, de todo o coração pelos comentários. Eles me deixam muito feliz e animada, adoro lê-los, são uma alegria especial para o meu dia.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/413398/chapter/9

Enquanto o universo girava, a perna de Fabinho, graças aos cuidados de Giane, melhorava a cada dia. Era hora, portanto, dela dedicar-se mais à Acácia Amarela, precisava cuidar da loja, mas era difícil fazer isso sozinha sem a ajuda de Bento e com todos os compromissos de sua nova carreira.

Ouvindo a menina comentar sobre essa dificuldade, Fabinho tomou uma decisão que deixou Giane e o pai muito surpresos. O garoto se ofereceu para trabalhar com ela na floricultura.

Ela ficou espantada com a mudança dele, ele querer ajudar, ainda por cima na loja do Bento. Mas ele afirmou que não tinha mudado em nada, que apenas tinha uma dívida com ela e queria pagar com trabalho.

Giane quase achou graça na forma com que persistia em manter seu ar antipático. Ela já sabia que por trás de toda aquela empáfia, existia uma certa doçura.

Como seria sair com Fabinho? Qual seria a reação das pessoas? Até aquele momento a estada do garoto em sua casa tinha sido tranquila. Ela e Fabinho estavam até se dando bem,tirando, é claro, as implicâncias de sempre.

Fabinho também se preocupava um pouco com isso. Naqueles últimos dias, porém tinha tido tempo para pensar na sua vida,tinha ficado ali, isolado de todos. Poderia enfrentá-los, sabia que poderia.

Na verdade ele ficou isolado de quase todos, por que tinha acontecido aqueles pequeno episódio com Caio. Aff, Fabinho não sabia exatamente se tinha sentido raiva ou pena do garoto. Estava na cara, que Giane não sentia da por ele.

No fundo, Fabinho sentira, porém, uma certa sensação estranha, será que Caio não teria razão? Será que ele não estaria mesmo prejudicando Giane ficando tão próximo dela?

Ah... não queria pensar nisso, ele ia se manter longe de problemas... e estando longe de problemas, que mal poderia fazer a ela? Não iria fazer nenhum mal a ela. Não iria se afastar dela por causa dessas encanações. Ele precisava estar perto daquela menina, essa necessidade era mais forte que ele, era mais forte que todos...

Giane e Fabinho saíram rindo e brincando da casa dela. Estavam juntos, se sentiam amigos, esse era um fato já inquestionável. E essa inusitada amizade fazia bem para ambos.

*********************************************************************

Sair com Fabinho de casa, como já era previsível, não foi tarefa fácil. Parecia que todo o bairro da Casa Verde tinha se reunido para julgar o menino. Mas ela estava decidida, e ela acreditava realmente nele.

Ele também, com seu jeito nada simpático, acabou se saindo bem nesse caminho, enfrentou a todos e reafirmou sua inocência quanto ao incêndio. Apenas não conseguiu pedir desculpas por tudo que tinha feito antes. Pedir desculpas, nossa, como isso parecia impossível para ele. Tinha orgulho, um orgulho quase infantil que tornava impossível que ele demonstrasse arrependimento diante de toda aquela gente. Fabinho sabia que estava mudando, mas admitir isso de forma assim tão clara, era impossível para sua personalidade.

***********************************************************************

Na acácia Amarela Giane começou a ensinar o trabalho ao menino, fazer arranjos, fazer embrulhos. Ele se mostrava atento, porém extremamente mal humorado.

Giane, é claro, reclamou dessa má vontade. A resposta do garoto, mostrou que ele, apesar de querer fazer tudo certo agora, guardaria pra sempre os traços marcantes de sua personalidade.

____ Eu ofereci trabalho, e não sorrisos. Se você acha que eu vou ficar conversando com a florzinha você pode esquecer. Esse é o Bento, não sou eu.

Giane afastou-se e deixou que ele terminasse, então, o trabalho sozinho. Irritante, ele e esse dom natural de ser irritante que lhe caia tão bem. Irritante, mal humorado, grosseiro, irônico... tão carente... tão lindo... É, ela não podia mais deixar de ter pensamentos agradáveis sobre o menino, sobre seu mais novo e inesperado amigo... Era assustador, absurdo e... inevitável.

Giane olhava para Fabinho concentrado em arrumar as flores, era incrível como ele tinha jeito para o trabalho. Mal humorado, de cara amarrada, mas estava fazendo um ótimo trabalho.

Aborrecido, com o que tivera que enfrentar na rua do bairro, e preocupado com o rumo que daria a sua vida. Fabinho nem reparou que estava sendo observado pelo olhar carinhoso de Giane.

O dia seguiu entre mau humores e brincadeiras. A vida deles, agora parecia tão natural assim, implicando-se, divertindo-se, sempre um ao lado do outro. Unidos, alheios ao universo que girava lá fora. Era estranho, inusitado e adorável o mundo novo daqueles dois.

*********************************************************************

Nem tudo, porém, naquela convivência, em meio das flores era florido. O passado de Fabinho guardava episódios terríveis. Por mais que Giane se encantasse com o menino, esse passado não podia ficar totalmente alheio a ela.

Por mais que Fabinho, também quisesse uma vida totalmente nova, que quisesse ficar na dele e em paz. As marcas de suas atitudes passadas, não podiam ser apagadas como se existisse uma borracha mágica. Uma marca... foi exatamente isso que Giane viu na mão dele durante o dia de trabalho. Uma cicatriz.

Ao ver aquela cicatriz o coração da jovem se apertou, ela pode deduzir exatamente em qual situação ele tinha adquirido aquela marca. Giane também pode adivinhar quem lhe causara tal cicatriz. Fora ela, ela tinha machucado a mão de Fabinho no dia em que a estufa de Bento foi destruída. Então, todas as suspeitas estavam corretas, era mesmo ele o mascarado que ela expulsara da estufa naquela noite.

___ Essa cicatriz... foi você! Foi você que destruiu a estufa do Bento. Por quê? ___ ela falou com um tom assustado de reprovação na voz.

Lembrar que aquele garoto que ela já sentia como seu amigo, por quem ela estava adquirindo tanto carinho, tinha sido uma pessoa terrível, a deixava profundamente triste.

Fabinho foi pego de surpresa por aquela pergunta. Droga, estava tão calmo,tão distraído se permitindo ser feliz. Pela primeira vez na vida, feliz com a simplicidade das coisas. Com a alegria dos pequenos momentos ao lado de Giane, que nem se deu conta de que a sua mão poderia ser capaz de trazer a tona aquela nota cruel de seu passado recente.

O que responder para aquela já tão querida menina, que lhe perguntava, com o olhar tão aflito que chegava a doer nele, sobre aquele dia?

De nada adiantaria mentir, e além do mais, ele não queria mais que sua vida fosse feitas de mentiras. Fabinho prendeu a respiração, e seu rosto tingiu-se de uma expressão contrariada e angustiada quando respondeu... “sim, fui eu”.

O jovem abaixou a cabeça, não queria ver a alteração que aquelas palavras provocariam no rosto daquela menina... daquela menina, que nos momentos de brincadeiras entre os dois, lhe parecia tão sua...

Giane perdeu as palavras por alguns momentos, no fundo, ela sempre soube que fora ele, mas aquela confirmação. Justo agora que eles estavam tão próximos era terrível.

Diante do silêncio de Giane, Fabinho resolveu tentar, sem saber muito bem como, explicar que ele estava revoltado, com raiva, que ele sentia uma enorme raiva do Bento e de todos naquela época...

___ Mas você não se arrepende de ter feito isso? Você prejudicou muito o Bento.___ ela o interrompeu com a voz firme e sentida.

Fabinho não sabia como responder... O que era arrependimento? Nunca em sua vida ele tinha sequer lembrado da existência desse sentimento. Arrependimento... Ele estava arrependido? Ele tinha mesmo tirado toda a raiva de seu coração? Eram perguntas difíceis demais para serem respondidas naquele momento. A pergunta da menina era difícil demais ...

Fabinho respirou profundamente, não queria fazer número e fingir ter respostas que ele não tinha. Não ia representar mais, muito menos para Giane, não queria e nem conseguiria fingir alguma coisa para ela.

Ele pensou no que realmente sentia, no que ele sabia. O que ele sabia era que não queria mais causar problemas, não queria mais se meter em problemas. Apenas queria reconstruir sua vida sem ser movido por toda aquela raiva.

E então, Fabinho pode responder àquela menina de olhos angustiados a sua frente. Giane, a menina que pela força assustadora e inexplicável do destino, agora lhe era tão querida. Ele queria, ele precisava ser totalmente sincero com ela.

___Se você quer saber se eu faria isso de novo? Não eu não faria! Todas as coisas que fiz acabaram prejudicando principalmente a mim mesmo. Eu não faria de novo!___ sua voz saiu emocionada.

Ele tinha problemas enormes com suas emoções, mas aquelas palavras saíram realmente emocionadas. Fabinho assustou-se com o tom de sua própria voz, queria que aquela conversa acabasse, não queria falar daquilo,não queria explicar mais nada.

Giane falou que ele tinha que se desculpar com Bento.

Desculpas ao Bento, será que ela já não tinha percebido, o quanto essa palavra o perturbava? Pedir desculpas, ele ainda não tinha aprendido a fazer isso...

Nesse momento, os jovens foram interrompidos pela chegada de Irene. A mulher queria passar um tempo com Fabinho, seu filho de coração.

Giane aproveitou a chegada dela para sair, estava desconcertada com a confirmação que tivera, estava confusa, aborrecida com Fabinho, mas ao mesmo tinha sentido a sinceridade das suas palavras.

Ah... ela tinha milhões de compromissos, sua vida agora não girava somente em torno da Acácia Amarela, tinha que sair, o final daquela conversa ficaria para depois...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!