Novos Horizontes escrita por lunaletras


Capítulo 5
Quando Estranhar se Torna Normal


Notas iniciais do capítulo

Gente, esse capítulo,como já é normal em dias de semana, está indo praticamente sem revisão, desculpem os erros. Ele está com bastante informação, espero não ter ficado muito confuso. A cena final do capítulo não aconteceu na novela, mas eu tentei colocar nela qual pensamento teria levado Giane a tirar aquelas fotos do Fabinho (assunto que vou falar no cap.6). Obrigada muito, muito mesmo pelos comentários, eles me fazem ter uma vontade louca de continuar escrevendo,mesmo com a falta de tempo. Ah, acho que de todos, esse capítulo é o que ficou menos dramalhão, rs.



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Giane tinha ficado absurdamente tocada quando o menino, ah... aquele menino... recebeu a visita da mãe adotiva. Ela tinha visto nos olhos dele uma carência tão grande. Ela nem podia acreditar, Fabinho tinha dito que queria morar com a mãe. Fabinho tinha pedido para a mãe cuidar dele. Era incrível que aquele moleque que sempre se encaixara tão bem no papel de mau caráter tivesse admitido que precisava de cuidados.

Giane ficou feliz também por Margot. O olhar daquela mulher demonstrava amor e devoção por aquele menino. Um menino que nunca tinha correspondido todo esse extremado amor de sua mãe. Um menino que pela primeira vez, parecia ser capaz demonstrar algum tipo de sentimento que não fosse ódio e desprezo.

Fabinho continuava muito confuso, sua perna ainda doía, mas estava começando a sentir-se melhor. A febre tinha passado, ele estava sendo medicado, ele estava começando a ficar bem fisicamente. A sua cabeça, de alguma forma que ele não entendia, estava começando a melhorar também.

Era difícil, muito difícil, estar ali na casa daquelas pessoas, saber que aquelas pessoas estavam sendo bondosas com ele sem exigir nada em troca. Era difícil finalmente conseguir demonstrar que amava sua mãe adotiva, suas palavras e expressões nem conseguiam ainda externar direito esse amor. Quantas injustiças tinha cometido com ela, quantas vezes ele tinha feito aquela mulher sofrer. E a troco de quê? De uma busca alucinada pelo dinheiro de um pai que nem era dele. Um homem que simplesmente o desprezou amargamente, mesmo enquanto ainda achava que era seu pai. Um homem que nunca nem mesmo por um minuto achou que ele pudesse um dia se tornar uma pessoa melhor.

Não que Fabinho se achasse santo, ele tinha consciência de que, naquela época, estava mesmo era interessado no dinheiro de Plínio, ele não estava nem aí para aquele homem e nem mesmo para Irene, a mulher que ele julgava  ter o abandonado. Ele queria mesmo era todo o dinheiro que tinha sido tirado dele quando ela o abandonou.

Hum... de que valeu tudo isso? Nem fora ele o abandonado por ela, no final das contas tinha sido Bento. Ele nem sabia quem eram seus pais, deviam ser dois pés rapados que não tinham condições de cuidar dele, nunca deviam, nem por um segundo, ter hesitado em abandoná-lo nos braços de um homem qualquer. Ah, mas ele não queria pensar nisso, isso não tinha mais importância, sabia, que por menos que ele merecesse, tinha Margot. Não estava tão sozinho...

Além de tudo isso, tinha agora aquela menina maluca que estava cuidando dele, mesmo que ela o detestasse, ela estava cuidando dele, somente dele naquele momento.

Giane entrou no quarto em que o menino estava, pegou um algodão esterilizado e tocou na perna do dele para cuidar da ferida. Apesar de esse contato ter gerado alguma dor em sua ferida, ele não pode deixar de reparar o quanto o toque da menina era delicado. No fundo, ele quase achava graça no fato de uma criatura fisicamente tão delicada conseguir ser uma marrenta, cabeça dura e enfezada que nem ela.

Os dois começaram a conversar despreocupadamente e, sem que pudessem se dar conta, aqueles dois pareciam mais do que nunca amigos. Eles falavam sobre Bento e Amora e, provavelmente, pela primeira vez na vida, eles concordaram em alguma coisa. Bento tinha feito uma péssima escolha.

Giane aproveitou que o menino estava se sentindo melhor e que eles,estranhamente, estavam conseguindo conviver civilizadamente por alguns minutos, e perguntou a Fabinho o que tinha acontecido de fato naquela maldita noite na Toca do Saci.

____ Eu não tenho nada a ver com isso!___ ele respondeu evasivo.

____ O Bento falou que te viu lá, que ele desmaiou, mas que ele te pegou no flagra___ ela prontamente retrucou.

Fabinho baixou os olhos por alguns instantes, respirou fundo e disse a verdade, apenas a verdade:

____ É, eu estava lá, eu ia colocar fogo, mas aí eu desisti e fui embora. Eu NÃO coloquei fogo na toca!___ sua voz era séria e seu tom tão sincero como nunca tinha sido antes.

Ao falar a última frase, o menino olhou profundamente nos olhos de Giane. Ela sentiu todo o poder daquele olhar, ela tinha certeza, Fabinho estava sendo sincero.

O menino, por mais que seu mundo ainda estivesse confuso, por mais que sentir algum tipo de afeto por aquela garota fosse uma possibilidade ainda distante para ele, também não ficou indiferente ao belo olhar de Giane. Ele sentiu um aperto estranho em seu coração, uma sensação que seu cérebro ainda não tinha capacidade de processar. Ele sustentou seu olhar nos olhos dela. Por alguns instantes, ele não conseguiu deixar de olhá-la.

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Giane contou sobre a conversa que tivera com Fabinho para Malu. Malu... Giane começava a sentir um afeto muito sincero por aquela menina. Durante muito tempo implicou com ela, sentia ciúmes dela com Bento. Porém agora, tudo isso parecia uma grande besteira. Malu era uma menina incrível e, assim como ela, tinha certeza de que Amora fora a verdadeira responsável pelo incêndio.

As duas falaram sobre Fabinho e Malu pareceu muito feliz por Giane estar cuidando do menino. Giane encantou-se com a bondade da outra, mesmo contrariando a opinião de todos, Malu estava sendo justa. Malu também se preocupava com Bento, mesmo tendo passado por tudo que passou ao descobrir que era irmã dele, irmã do homem que ela amava.

As duas meninas levaram Plínio e Irene para falar com Fabinho, ele confirmou a história daquela noite. Fabinho contou exatamente o que tinha escrito na mensagem que Malu tinha visto no celular de Bento. Malu teve a certeza de que realmente Amora tinha interceptado essa mensagem.

Mesmo com toda sua arrogância e desconfiança, Plínio foi abrigado a concordar que a culpada pelo incêndio era Amora. Irene, que por anos julgou ser mãe de Fabinho, ficou extasiada de felicidade ao ter a confirmação daquilo que já sabia, aquele menino, por quem ela ainda tinha tanto carinho, não era um assassino em potencial.

Fabinho olhou daquelas três pessoas, pessoas que durante um tempo ele tinha achado que eram a sua família biológica, e sentiu sensações diversas. Desprezo profundo por Plínio, e uma outra sensação, estranha e boa por aquelas duas mulheres.

Malu olhava sinceramente em seus olhos enquanto afirmava que foi a Amora a botar foco na sua querida ONG.

Fabinho calou-se, olhando para ela. Sentiu algo tão próximo de afeição por aquela menina, assim como Giane, ela também acreditou nele desde o princípio. Sentiu, também, uma certa compaixão inconsciente, pobre Malu, descobrir que era irmã de seu amado não devia ser nada fácil. Quanto à Amora, sinceramente, Fabinho queria que aquela metida se explodisse e bem longe dele. Ter tentado bater de frente com Amora só tinha contribuído mais para que a vida dele chegasse ao ponto que chegou. De Amora, o garoto queria distância, ele não estava nem aí se foi ela ou não que colocou foca na Toca. Tudo que ele queria é que as pessoas soubessem que não foi ele.

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Quando a família Campana saiu do quarto, Giane foi ver o menino. O olhar de Fabinho estava distante, perdido em seus pensamentos. Porém, ao perceber a presença dela, ele fixou de forma instintiva seu olhar naquela menina. O garoto esboçou um leve sorriso. Ah... que coisa mais estranha, era impossível não ter vontade de sorrir ao ver aquela marrentinha.

Giane também olhou para ele. Os olhares dos jovens se cruzaram, e eles se detiveram assim por alguns instantes... olhando-se profundamente.

A menina baixou a cabeça assustada com seus próprios pensamentos. Giane começou a achar Fabinho bonito! Esse pensamento a deixou extremamente assustada. De fato, ele era muito bonito, tinha um ar infantil encantador, ele poderia até mesmo ser um modelo, mas antes, com toda aquela arrogância, ela jamais teria sido capaz de reparar isso. Contudo, agora que ele parecia tão desarmado, quase mudado, ela reparava espantadíssima, no quanto ele era belo. Pensamentos estranhos e assustadores a respeito daquele menino já estavam virando rotina na cabeça dela. Já era quase parte do seu dia-a-dia se surpreender tendo algum tipo de ideia agradável sobre aquele menino. Isso, porém, a desconcertava tanto que lhe despertava___ como também já era praticamente uma rotina___ uma enorme vontade de ser grosseira com ele.

____ Por que você está me olhando com essa cara de idiota, garoto?____ ela falou de supetão.

____ Ora, você entrou aqui não foi?Olhei pra porta, porque você chegou pela porta! Quer que eu olhe pra onde, maluca? Pra janela?____ ele falou num tom quase divertido.

Giane se irritou bastante com esse tom meio debochado do garoto.

____ Afff... eu vim aqui só para saber se você estava bem depois da conversa que teve com aqueles três, mas já percebi que está ótimo. Aliás deve estar até curado, por que já está voltando a ser o babaca de sempre!____ a menina saiu batendo a porta, obviamente, irritadíssima.

Ao ver que a garota já tinha saído, o meio sorriso no rosto de Fabinho abriu-se completamente. Como era maluca essa menina, como era irritadiça.

Era estranhíssimo (na verdade não conseguia se lembrar de algum dia sentir nada mais estranho). Mesmo estando ainda muito embolado e angustiado com seu sentir e seu pensar, o menino estava começando a se afeiçoar às irritações daquela maluquinha.



















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