Como a vida humana é frágil, em um momento ele estava lá, muito bem, sorrindo como nunca junto ao seu irmão e no outro estava em seus braços sem nenhuma esperança de continuar vivo, apenas esperando o seu momento de “descansar”.

Entrar em um sono profundo e nunca mais acordar, libertar-se de todos os horrores que vivera, de todo o ódio que lhe fora lançado, era aquilo que ele sempre quisera, mas naquele momento... Por que isso parecia tão ruim?

Segundos antes de morrer, finalmente encontrara a vontade de continuar vivo que procurara sua vida inteira, mais do que nunca, tudo que queria era ver o amanhã mais uma vez.

Ver seu pai, seus amigos e seu irmão arriscando sua vida por ele lhe aquecia o coração, alguém o queria vivo.

“Se Gold Roger tivesse um filho? Não é óbvio? Ele seria humilhado, sem duvidas!”

“Não, só humilhar não seria o bastante! Que tal espetar uma agulha nele por cada pessoa que tivesse algo contra o Roger?”

“Que tal se o queimássemos até ficar meio morto antes? Assim poderíamos ter certeza que todos os criminosos o viram antes de morre!”

“E todos diriam ‘Bem feito’, Háháháhá”

“Háháhá! Suas últimas palavras seriam algo como: ‘Me desculpe por ter nascido, eu sou um lixo’”

As palavras e risadas cruéis de todas as pessoas quem havia feito aquela infeliz pergunta – “E se Gold Roger tivesse um filho?”- ecoavam em sua cabeça, mas então mudam para as imagens de seu irmão correndo para a plataforma onde até poucos minutos atrás encontrava-se “EU SOU SEU IRMÃO! VOU TE SALVAR MESMO QUE EU MORRA!”.

“Eu fui um bom pai?”

Uma lágrima solitária parece rolar por seu rosto de modo que quase nunca acontecera, sempre fora forte e tentava não demonstrar sua tristeza, mas dessa vez não se segurara...

Não. Não era isso. Todos os sentimentos que guardara até ali pareciam querer sair antes que sua vida acabasse, esses eram seus últimos segundos, queria viver, mas... De alguma forma, estava contente de finalmente descobrir porque nascera...

“Escute Luffy, temos que viver uma vida sem arrependimentos” suas próprias palavras lhe vinham a cabeça naquele momento, Dandan, Luffy, Sabo, seu pai... Certamente não tinha nenhum arrependimento... Não. Tinha um.

Ace queria ver seu irmão realizar seu sonho, mas era o Luffy, sabia que conseguiria, ele certamente seria o rei dos piratas.

Era isso, esse era seu fim, sua voz parecia não querer mais sair, seu corpo nem mesmo doía, já não sentia mais nada, apenas seus olhos fechando lentamente enquanto ficava cada vez mais leve.

Fez questão de manter um sorriso estampado em seu rosto até mesmo em último segundo de vida.

(...)

Seu corpo sem vida finalmente tocava o chão, agora era apenas um cadáver no meio de tantos que se sacrificaram para ajudá-lo. Ace estava morto.

As lágrimas do chapéu de palha que já estavam a cair multiplicam-se enquanto fita suas mãos sujas com sangue, mas não era apenas sangue, era o sangue de seu irmão, era o sangue do Ace.

“Ace... Ace... Ace...” Era tudo que conseguia repetir, seu cérebro entrava em combustão, aquilo não poderia estar acontecendo, seu querido irmão... Não, ele não poderia estar morto.

Agora seu corpo não respondia também, nada mais importava, Ace estava morto. Luffy sentia-se sozinho, não tinha mais nada, não ligava de morrer ali mesmo, naquele momento.

Tudo que queria era que seu irmão se levantasse, lhe desse um soco e dissesse “Pare de chorar, idiota, eu estou vivo.”...

Mas isso não aconteceu... Não dessa vez.