Além Da Escuridão escrita por HawthorneMark


Capítulo 13
Capítulo 13 - Duras despedidas




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Quando avistaram o Labirinto de longe, já dava pra ter ideia de como ele era. Todos estavam parados na rua que dava para a entrada do Labirinto. Bjorn, Justin, Luke, Alicia, Professor Dimas e Gale ficaram encarando, abismados, o tamanho dos muros. Eram gigantescos, com aproximadamente quinze metros de altura. Era feito de concreto, as paredes bolorentas, com trepadeiras crescendo da base do muro chegando até a metade dele. A entrada era um grande portão de ferro que estava abaixado, impedindo que eles entrassem.
— Mas a merda do portão está fechado! - Bjorn cuspiu. - Quem diabos faz um labirinto para ficar fechado? Quero dizer, nós não podemos entrar nele e tentar sair desse lugar?
Alicia riu com desdém. Ela aparentava estar extremamente cansada. Depois que saíram do prédio, eles tiveram que correr para escapar dos tornados e isso deixou todos exauridos de energia.
— Você acha realmente que eles querem que escapemos? Professor Dimas soltou um suspiro e caiu no chão e se permitiu deitar por algum momento.
Todos encaram-no com as sobrancelhas arqueadas.
— Estamos sendo caçados e você se deita aí no meio do chão esperando que uma bomba caía na sua cabeça, ou sei lá o quê?! - Bjorn parecia ultrajado com a atitude do professor.
Gale logo interveio.
— Chega Bjorn! - Ele encarou o soldado de forma firme e séria. - O portão do labirinto está fechado e não temos muito o que fazer a não ser observar pra saber quando e se ele vai abrir.
— Podemos montar acampamento em algum prédio próximo e ficar de vigia em turnos. - Justin sugeriu. - Posso ficar vigiando primeiro.
— Boa ideia! - Luke disse, concordando com o companheiro.
— Todo mundo, vamos encontrar abrigo em algum prédio próximo. - Ordenou Gale.
Varreram o cenário rapidamente com o olhar e encontraram uma pequena quitanda que estava com as janelas quebradas. O balcão de madeira onde ficavam exibidas as frutas ainda estava intacto. Seguido pelo capitão, todos adentraram o lugar e fizeram uma rápida varredura para saber se não estavam indo direto para algum tipo de armadilha. Justin assumiu rapidamente uma posição próxima a janela da onde ficava o balcão de madeira. Ele se sentou em um pequeno banco que estava jogado por ali, segurando o lança míssil de Bjorn, caso algo acontecesse e ele precisasse de alguma arma para defender a todos que ali estavam.
— Vão descansar, assim que eu ficar cansado eu passo a vez para quem quiser. - Justin disse.
Apesar de faltar horas para o anoitecer, todos que estavam ali estavam exaustos e então sem pensar duas vezes, cada um procurou o seu canto e se deitou, caindo no sono quase que imediatamente. Apesar do cansaço que estava sentindo, Justin não queria dormir. A adrenalina corria por seu corpo e ele sentia que se fechasse os olhos por alguns segundos o mundo ali dentro desmoronaria e ele não queria morrer, não ali, não naquele lugar que ele nem sabia a língua. Estava tudo silencioso. Dava pra ouvir apenas o som da leve brisa que soprava. O portão de ferro do labirinto parecia que não iria se mexer nunca. De repente um farfalhar vindo logo atrás de Justin fez com que ele virasse o lança míssil instantaneamente. Mesmo que aquilo significasse explodir ele, pelo menos daria alguma chance aos amigos de fugir caso tudo não desmoronasse. Luke estava parado, com as mãos para cima, os olhos arregalados.
— Desculpe, cara. - Ele disse com um tom de voz baixa, como se não quisesse acordar e alarmar os outros. Justin respirou aliviado e abaixou a arma.
— Porra, Luke, quase que eu atirei e matei todo mundo aqui!
Luke apenas o encarou por alguns segundos, sem conseguir evitar que um enorme sorriso aparecesse nos seus lábios. Ele se aproximou calmamente de Justin, que agora estava de pé, e o segurou pela cintura, trazendo o corpo do homem contra o seu. Sem nenhum tipo de hesitação, Luke envolveu seus lábios nos de Justin e os dois começaram um beijo caloroso. Luke o beijava com vontade, sugando e mordendo os lábios de Justin como se fosse a última vez que se beijavam.
— Luke... - Justin tentou dizer entre o beijo, mas não conseguia. Ele subia as mãos pelas costas do homem, sentindo cada músculo do corpo dele se contorcendo conforme se movimentava um pouco. - Luke... - Seus lábios não conseguiam escapar, mas com certa insistência ele acabou fazendo com que Luke parasse o beijo. - Não se esqueceu que estamos sendo filmados?
Luke o encarou por alguns momentos sem o sorriso deixar o seu rosto.
— Foda-se, se eu for morrer nessa bosta de Jogo, quero pelo menos ter aproveitado o máximo possível com o meu namorado.
Aquela palavra soava um pouco estranha para Justin. Ele e Luke haviam começado a sair fazia pelo menos seis meses. Os dois foram juntos para uma festa em uma casa noturna depois do serviço e beberam todas. Conforme bebiam as palavras saíam desenfreadas de suas bocas, a dança rolava solta e quando estavam próximos o suficiente, acabou rolando um beijo entre os dois. Luke acabou confessando, logo depois que saíram da festa, que ele sempre teve sentimentos por Justin. Os dois começaram a se ver mais depois do horário de serviço e começaram a sair mais juntos. Todo lugar eles iam juntos. Justin havia sentido algumas vezes o interesse em ficar com outros homens, porém nunca havia levado pra frente a vontade, mas quando Luke tomou a iniciativa de beijá-lo na festa, ele acabou deixando rolar. Três meses depois já estavam namorando, porém escondidos. Não queriam que as pessoas soubessem do que estava acontecendo, que estavam namorando. Eles tinham medo de que isso viesse a atrapalhar a carreira militar que estavam tentanto construir. Agora que suas vidas estavam em risco, agora que a morte era iminente e estava a espreita em cada esquina, Justin simplesmente deu de ombro e sussurrou:
— Foda-se.
O beijo se tornou mais intenso do que antes. Luke deslizou a mão pelo cós da calça do namorado e então sua mão deslizou ainda mais, adentrando a calça e até mesmo a cueca, alcançando o membro de Justin. Luke apertou delicadamente seu pênis e começou a masturbá-lo lentamente. Justin soltou um gemido baixo, deslizando suas mãos pelas costas de Luke até chegar nas suas nádegas, agarrando-as com força e apertando-as.
CREC.
O barulho fez com que os dois se separassem imediatamente. Justin virou apontando o lança míssil e Luke tirou a faca que estava presa na bainha na sua cintura. Do lado de fora da quitanda havia um grupo de pelo menos dez pessoas e todas armadas. Algumas portavam facões, machados e outras portavam armas de fogo. Eles não haviam visto Justin e Luke, mas estavam vindo bem em direção ao local.
— Droga. - Justin sussurrou e logo se abaixou, fazendo com que Luke se abaixasse também. - Vamos avisar os outros, depressa.
Agaixados os dois foram até um comodo cheio de caixas e coisas velhas amontoadas, onde todos estavam deitados, adormecidos. Justin se aproximou rapidamente do capitão Gale que dormia com a sua besta já engatilhada ao lado do corpo.
— Capitão, acorda! - Justin tentou não soar de forma alarmante, mas acabou não conseguindo, pois ouvia os passos das pessoas do lado de fora. Gale abriu os olhos e, de forma instintiva, agarrou a besta já pronto para atirar. Luke e Justin o alertaram imediatamente para não falar em tom alto.
— Dez sujeitos do lado de fora da quitanda. - Luke sussurrou - Estão todos armados.
Todos os instintos do capitão pareceram acordar de repente. Ele pegou sua besta e rapidamente ficou em posição alerta enquanto acordava o resto do pessoal. Alicia rapidamente já estava em posição de ataque, com sua pistola em mãos.
— Vamos atacar enquanto estão distraídos. - Alicia sugeriu.
Gale queria que fosse fácil assim, mas matar inocentes ainda o incomodava, mesmo que isso significasse sua vida.
— Permaneçam em silêncio, podemos passar despercebidos. - Gale sussurrou.
— Mas capitão ... - Bjorn começou a contra argumentar, mas parou quando ouviram um barulho de algo se espatifando no chão. O coração de Gale gelou e quando ele olhou para trás, Dimas estava vermelho, parecendo um pimentão e uma espécie de jarro de barro jazia em pedaços ao lado do seu pé direito.
— Desculpem. - Ele disse, sem saber onde enfiar a cara.
A resposta foi imediata, as pessoas que estavam lá fora gritaram. - Ouvi algo ali dentro, vamos pegar esses desgraçados.
— Vamos nessa.
O coração de Gale batia forte contra o peito. Conseguia sentir o sangue fluir com velocidade e a adrenalina tomar conta.
— Não queremos lutar, saiam daqui ! - Ele gritou e então os passos que ouviam pararam de repente.
— Acham que eles vão embora? - A voz de Alicia já não era mais um sussurro.
Como resposta eles ouviram o som alto de tiros. Parecia uma metralhadora. Estavam atirando para todos os lados. O som de vidros se estilhaçando, de madeira desmoronando ecoou por todos os lados. Gale já estava com sua besta empunhada e em posição de ataque. Aquilo definitivamente era uma confirmação de que eles não sairiam dali sem matar ninguém. Gale levantou a mão e deu sinal para que seus batedores atacassem. Era matar ou ser morto. A ideia de que essa seria a última luta dos Jogos da Morte pulsava dentro de Gale e bombeava seu sangue de forma rápida, fazendo seu coração acelerar e fazer com que seus ouvidos sentissem o torpor dos seus batimentos cardíaco.
— Vamos nessa. - Sussurrou pra si mesmo e em seguida, empunhando sua besta, saiu do seu lugar de segurança para a batalha que se desenrolava do lado de fora.
A rua tinha virado uma zona de guerra, tudo estava destruído, as janelas dos prédios ao redor estavam estilhaçadas e o que se encontrava do lado de fora estava destruído. A equipe de Gale se encontrava em posições táticas. Alguns estava usando algumas muretas de concreto como escuro. Gale percebeu alguns corpos caídos na rua, corpos que ele não reconhecia. Justin estava abaixado contra uma amurada de concreto, segurando o lança míssil. O capitão se aproximou do soldado e se agaixou bem a tempo de evitar uma bala que vinha em sua direção.
—Tenho apenas duas munições, capitão, não quero desperdiçar.
— Temos que arrumar uma forma de unir todos eles e lançar isso de uma vez.
O som dos tiros abafava a voz do restante da equipe, que gritava de todos os lados tentando se comunicar. Gale empunhou a besta e rapidamente levantou, mirando dos dois lados. O tempo pareceu desacelerar e parecia que tudo estava em camera lenta. Ao mesmo tempo que ele levantou com a besta empunhada, ele viu um dos jogadores levantar com uma granada em mãos. O capitão apertou o gatilho e a flecha zuniu, mas não vou rápida o suficiente. A flecha se enterrou no coração do rapaz, mas a granada vôou de sua mão.
— Justin, corra agora!
Gale puxou o companheiro e os dois começaram a correr sem direção exata, apenas tentando fugir da explosão. O som de tiros tomou conta do ouvido de Gale novamente e sem olhar para trás, Gale se jogou contra a primeira janela que encontrou e então o som da explosão da granada ecoou pela rua.
— Droga. - Gale gritou.
Havia cacos de vidro por toda sua roupa e por todo o chão. Gale varreu o local com o olhar em busca de Justin, mas não o encontrou. Seu coração gelou e um enjoo tomou conta do seu estomago. O capitão então se encostou na parede logo abaixo da janela e levantou a cabeça lentamente, tentando avistar o lado de fora. Justin estava caido na rua, a cara contra o chão, o lança míssil caído ao lado do corpo sem vida. Gale olhou para todos os lados em busca dos outros companheiros de equipe e avistou Alicia do lado de dentro de um edifício do outro lado da rua. Ela olhava para o corpo de Justin no meio da rua.
— Alicia ! - Gale gritou - Me cubra, preciso pegar o lança míssil.
— Minha munição já era! Ela gritou de volta.
Nesse momento, Luke apareceu correndo e Gale não conseguiu identificar de onde ele tinha vindo. Ele correu em direção ao corpo de Justin e se agaixou ao lado dele, virando o corpo e agarrando o rosto do rapaz e apertando contra o peito. Gale sabia que os dois eram bem próximos e principalmente sobre o relacionamento dos dois , pois as conversas maldosas circulavam, mas era estupido da parte dele se arriscar tanto assim.
— Luke, saia daí agora, é uma ordem! - Gale gritou.
O rapaz virou a cabeça e encontrou o olhar de Gale. Os outros jogadores agora estavam reúnidos no centro da rua, com as armas empunhadas. A equipe de Gale havia ficado sem munição e agora os outros avançavam contra eles. Luke avistou o lança míssil do lado do corpo de Justin e o pegou. Tiros ecoaram. Gale viu o corpo de Luke chacoalhar com o impacto das balas contra as costas. Luke estava em um torpor enorme que parecia não ter sentido os tiros. Ele levantou e em uma fração de segundo o míssil deslizou contra os atacantes e tudo ao redor explodiu.
— Luke! - O grito de Alicia cortou o ar e ela pulou pela janela em direção ao irmão. O coração de Gale parecia que iria saltar pela boca. Seus cabelos estavam empapados de suor e uma fina película cobria sua testa. Ele pulou janela afora e correu na direção de Alicia. Conforme corria na direção dela, uma sirene alta começou a tocar. O barulho era ensurdecedor.
— Alicia! - Disse Gale. - Vamos, não há nada que possamos fazer. Ele tentou puxar ela de cima do corpo do irmão. Bjorn e Dimas apareceram. Seus rostos estavam cheio de fuligem e escoriações.
— Dimas, pegue o lança míssil, ainda resta um na arma. - Gale ordenou.
— Capitão, temos que ir agora, a sirene está tocando porque a porta do labirinto está aberta!
Bjorn apontava e mesmo com bastante fumaça no ar, Gale conseguiu avistar a porta aberta.
— Alicia, temos que ir agora!
O tom urgente na voz de Gale fez com que ela acordasse finalmente. Ela se levantou e juntos todos eles começaram a correr em direção a porta. A rua havia ficado completamente destruída e haviam vários corpos caídos. Gale, Alicia, Bjorn e o professor Dimas ficaram parados em frente a grande porta do labirinto. O corredor logo a frente levava em direção a várias outras entradas, não teria como ficarem parados para sempre do lado de fora e tentar decidir qual caminho tomar.
— Temos que entrar. - Bjorn disse. - Não podemos ficar parados pra sempre, uma porque a porta pode se fechar a qualquer momento e outra porque acho que não sobreviveríamos até a próxima vez dela abrir.
Foi quando Bjorn disse isso que todo o restante viu do que se tratava. No horizonte uma enorme nuvem negra trazia uma tempestade feroz. Raios e tornados começavam a se formar.
— Então acho que esse é o último teste. - Disse Gale, levando seu olhar para os demais companheiros de equipe. Ficaram em silêncio por alguns segundos, até que o som de uma arma disparando ecoou. Um dos jogadores não havia morrido na explosão do míssil, ele estava caído na rua, há alguns metros deles, com a arma apontada. Antes que pudesse dar outro tiro, Gale pontou a besta e atirou. A flecha cravou bem entre os olhos do atirador.
— Todo mundo bem? - Ele se virou para os amigos, olhando todos. Alicia segurava a barriga com força e sangue escorria por entre as mãos. O coração de Gale pareceu parar. Antes que a mulher caísse no chão, Gale a amparou e evitou que ela se entregasse.
— Não, não, não, por favor Alicia, aguenta firme. - Gale sussurrou, olhando-a nos olhos. O corpo de Gale tremia e seu estômago estava se revirando, mas não queria demonstrar fraqueza diante dela. Não agora, não quando ela precisava que ele fosse forte. Quando todos precisavam que ele fosse forte.
— Eu tentei, mas não consegui. - Ela sussurrou. Uma fina linha de sangue escorria pelo lado da boca. - Desculpe, capitão.
Alicia estendeu a mão ensanguentada até o rosto dele e o acariciou. Sentiu a barba grande pinicar seus dedos e deixou um sorriso escapar.
— Fica melhor com barba.
— Alicia, por favor, não me deixa agora. - O Capitão sussurrou.
Ele não conseguiu evitar e seus olhos se encheram de lágrimas. Lutou tanto para que elas não escapassem, mas não teve jeito. Desceram seu rosto, fazendo caminho pela pele empoeirada da sua bochecha. Bjorn e Dimas agora estavam parados ao lado dele. Gale gentilmente deitou Alicia no chão e deixou sua cabeça aninhada em seu colo.
— Continue forte, continue lutando...
A voz dela estava enfraquecendo, o brilho estava abandonando seus olhos. Gale se inclinou e tocou os lábios dela com os seus, dando um último beijo de despedida em Alicia. O Capitão afastou um poucos os lábios dos dela, agora soluçando e as lágrimas descendo desenfreadamente.
— Queria que o nosso final fosse feliz. - Ele disse, deixando escapar uma risadinha histérica. - Quem vai me salvar quando eu precisar?
Não houve resposta. Alicia tinha partido.
A sirene começou a tocar novamente e dessa vez o portão começou a abaixar.
— Temos que ir capitão, temos que ir agora! - Disse Bjorn, pegando Gale pelo braço e o arrastando para dentro do labirinto.
A porta se abaixou lentamente enquanto eles adentravam. Sem um único ruído, a porta de aço se fechou, selando-os dentro do enorme labirinto da morte. A última prova dos Jogos da Morte estava prestes a começar.


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Notas finais do capítulo

Soundtrack que me ajudou a ter inspiração pra terminar este capítulo.

Fleurie - Hurts like hell
Beyoncé - Save the hero



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