Os Filhos Dos Três Grandes escrita por Little Stranger Girl


Capítulo 1
"Fui atacada em um banheiro publico"




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-Anne-

    Bem...Vou me apresentar. Meu nome é Anne Mc Lin, tenho 15 anos e sou uma semideusa. Mas acho que para você entender um pouco mais sobre mim, preciso contar o início da minha história...

    Eu tinha dois anos e meio, quando minha mãe abandonou eu e minha irmã mais velha Jessie, em um orfanato. Eu tinha só dois anos era uma bebezinha... E minha irmã Jessie tinha cinco.

Não me lembro muito bem do dia em que fui abandonada. Mas minha irmã me contou tudo em detalhes. Nossa mãe nunca nos amou. Na frente de outras pessoas ela fingia ser carinhosa e amorosa, mas era só estar sozinha conosco que virava um ser cruel e nojento. Ela nos deixava dias sem comer e sem água. Sempre que eu chorava ela me trancava em um armário minúsculo, e me deixava até uma semana sem tomar banho. Jessie foi importante para mim. Ela que me dava banho e que roubava comida de barraquinhas de cachorro quente para conseguir me alimentar. Além do mais nossa mãe (Kelly) era bêbada. Ficava dias sem aparecer em casa, e as vezes até ia presa, claro que ela não permanecia muito tempo na cadeia, no máximo duas semanas. Então um dia ela simplesmente disse que nós éramos aberrações, filhas de aberração e que não nos queria mais perto dela. Ela dopou nós duas, e quando acordamos estávamos deitadas em macas dentro de um orfanato.

     Minha irmã não gostava de explicar essa história. Ela sempre caía no choro até dormir. E quase toda noite acordava tremendo dizendo que havia tido pesadelos com ‘Kelly’ nossa mãe. Quando eu tinha aproximadamente 9 anos, um homem de cadeira de rodas a adotou. Eu fiquei triste, mas Jessie me prometeu que todo sábado iria me visitar, e que sempre ia ligar para o orfanato para que pudéssemos conversar. Mas isso não aconteceu. Eu nunca mais ouvi a vós da Jessie. Muito menos vi ela.

Ás vezes me lembrava da história que ela contava. A de nossa mãe ter nos abandonado. Algo nessa história me perturbava. O fato dela ter dito “Filhas de aberração!”. Eu me perguntava se ela se referia ao meu pai...Jessie também me contou que ela tinha muita raiva dele. E também me perturbava o fato dela ter dito que éramos aberrações. Ela era uma mulher bêbada, podia estar delirando quando disse isso. Mas o fato dela ter chamado meu pai, minha irmã e eu de aberrações me incomodava muito. Algo naquela história...Algo estava sendo escondido. Alguma coisa sobre nossa origem. E eu sabia muito bem disso.

    Hoje eu já tenho 15 anos e continuo no orfanato (que eu gosto de chamar de filme de terror na realidade). Todos os inspetores e nosso diretor, eram tremendamente cruéis. Viviam nos dando castigos por sermos ‘delinquentes’ e ‘crianças pulguentas’. É claro que ouvir eles nos xingando e nos dando castigo só fazia eu ter mais vontade ainda de aprontar naquele lugar. Eu nunca havia sido adotada, de acordo com Bob Jack (um garoto asqueroso que gostava de me provocar) eu era estranha e ‘defeituosa’ (aposto que ele estava falando sobre minha dislexia quando falava ‘defeituosa’!) e por isso ninguém gostava de mim. A única pessoa que eu confiava e que tinha certeza que me considerava uma irmã era Entoni. Ele era o monitor do meu corredor do orfanato. Tinha cabelos escuros cacheados na altura do ombro, parecia ter uns 19 anos mas dizia ter 14, uma pele branca e lisa igual pele de bebe, além disso usava muletas pois tinha dificuldade para andar. Pelo menos acho que ele tinha dificuldade, porque sempre que o lanche era servido ele corria mais rápido do que qualquer pessoa que eu já havia visto, até mesmo aqueles homens que correm na maratona anual da cidade. Apesar que eu também confiava completamente no professor Charles, um senhor de cabelos mais ou menos grisalhos que andava de cadeiras de rodas. Bom, mas tudo realmente mudou no dia em que o orfanato levou os adolescentes a uma excursão ao cinema do Shopping Dourado. Mas acho que devo contar isso em mais detalhes certo?

    Bom, lá estava eu em mais um dia idiota no orfanato idiota. O ônibus da excursão chegou as dez horas da manhã em ponto. Todos os adolescentes do orfanato estavam animados, não paravam de rir, conversar e fazer pegadinhas com a senhorita Julliet, uma das inspetoras mais chatas (e com certeza a que mais me odiava) do mundo inteiro! Nós íamos ao shopping uma vez por ano (que era exatamente o número de vezes em que saímos do orfanato), e as vezes eles nos levavam ao orfanato para assistir algum filme legendado (O que me incomodava já que tenho dislexia não entendo nada das legendas). Entrei no ônibus e como sempre todos me encararam e davam algumas risadinhas maldosas. Eu não tinha nenhum amigo além de Entoni. Nós éramos os dois ‘estranhos’ do orfanato. Mas nem ligava para isso. Quem disse que eu queria ser amiga daquelas pessoas? Preferia ficar ao lado de Entoni do que daquelas patricinhas e daqueles garotos que se achavam “pegadores”. Me sentei no banco, abri minha mochila e tirei uma maça para comer no caminho. O ônibus começou a andar e todos bateram palmas. Logo depois do motorista dar a partida começamos a ouvir um barulho vindo do lado de fora do ônibus. No começo era como uma criança gritando “Me depenem, me depenem!!!!” mas quando foi chegando mais perto soava mais como “Me esperem, me espereeeem!!!!!!!”. Todos colocaram a cabeça para fora da janela para ver o que estava acontecendo.

-Ei, olhem! Que otário! –Disse um garoto em quanto ria

Como todos estavam rindo muito, decidi olhar o que era. Ao colocar a cabeça do lado de fora da janela vi Entoni, correndo tentando alcançar o ônibus.

-Motorista, pare o ônibus! –Eu gritei o mais alto possível

Ele parou e então Entoni subiu. Em quanto ele chegava ao meu acento, Charlotte Beulfont colocou seu pé na frente dele. Entoni se desequilibrou e acabou caindo de cara no chão! Todos apontavam para ele dando risadas maldosas em quanto ele não conseguia se levantar. Eu saí do meu acento para ajudá-lo a levantar.

-Está tudo bem Entoni...Venha, vamos nos sentar. –Eu disse em quanto o ajudava

Nós nos sentamos, Entoni me deu um sorriso e eu esperava que ele fosse dizer “Obrigada por ter guardado o meu lugar no ônibus. E Pedido para o motorista parar o ônibus. E ter me ajudado a levantar.”. Mas ele apenas olhou para minhas mãos e disse:

-Você vai comer essa maça?

-Ham? Ah. Não, pode pegar. –Eu entreguei a maça- Foi a Charlotte Beulfont.

-O que?

-Foi ela quem te derrubou.

-Ah, eu sei. –Ele disse em quanto dava uma big mordida no seu (a alguns segundos antes meu) lanche.

-Eu queria dar um soco na cara daquela mocreia! –Eu disse com raiva

-Não se preocupe com ela Anne... E além do mais você já se meteu em brigas de mais esse mês. Quer ficar no castigo todas as tardes de novo?

-Mas eu ganhei todas! –Disse tentando mostrar o lado bom

-Eu sei disso... Mas não quero mais que brigue o.k.?

-Não prometo nada. –Cruzei os braços e olhei pela janela.

    Chegando no shopping o professor Charles nos explicou as regras. Nada de guerra de comida (isso incluía a pipoca), sem brigas e nada de sair do shopping. Começamos a andar em direção ao cinema. O senhor Charles me procurou depois de explicar as regras e disse:

-Conto com você Anne. Uma das minha melhores alunas!

Não entendia muito bem o prof. Charles. Eu era péssima em todas as matérias, não sabia nem ler direito por causa da dislexia... Mas de uma certa forma o professor Charles adorava conversar comigo e Entoni. Em todos os finais de suas aulas ele nos chamava para perguntar se ele ‘estava indo bem’. Era um sujeito estranho mas era isso que eu mais adorava nele!

Fomos caminhando até o cinema. O prof. Charles entregou nossos ingressos. Tentei ler o nome do filme mas a única coisa que entendia era “Guc fecl nmey coz”.

-O.k., o que significa isso? –Eu perguntei para Entoni

- “Carros perigosamente perigosos”. Parece ser ação! Bééééé! Odeio filmes de ação!

-E é legendado?

-Sim.

-“Béééé” digo eu! Porcaria! Não vou entender nada! Porque não podemos ver um filme dublado?! –Eu disse irritada

Entramos no cinema e o filme começou. É claro que eu não entendia nada da legenda. Todas as palavras eram ilegíveis para mim! Eu tinha que ficar toda hora pergunta para Entoni o que é que estava acontecendo, pois só via carros explodindo e o cinema todo batendo palmas e assobiando a cada ‘explodida’.

-Silêncio! –Falou a senhorita Julliet.

-Mas eu só estou perguntando o que está acontecendo senhora! –Eu disse

Mas um minuto se passou e eu perguntei novamente para Entoni o que é que estava acontecendo naquele lixo de filme!

-Senhorita McLin, já que não quer assistir o filme acho melhor irmos até o banheiro.

-Mas eu não quero fazer nada!

-Eu quero dizer ir ao banheiro para termos uma conversa! Não usar o banheiro!

Ela me olhava como se quisesse atirar em mim com uma arma gigante.

-Es...Está bem senhora. Já volto Entoni.

-Eu vou junto! –Falou Entoni

-Não! Essa é uma conversa em particular senhor Entoni!

-Mas eu... –Ele ia completar a frase quando a senhorita Viollet (que não tinha nada de senhorita, afinal devia ter uns 80 anos pela aparência) o interrompeu

-Eu disse NÃO!

Me levantei e fui seguindo a senhorita Viollet até o banheiro, em quanto Entoni suava e tremia nos seguindo com seus olhos. O estranho é que de todos os banheiros do shopping ela escolheu bem o do estacionamento que era o mais longe do cinema! Aquela mulher (Perdão, cadáver) já estava me irritando fazia tempo, ela pegava no pé de todos mas o meu ela pegava em especial!

Chegando lá, o banheiro estava completamente vazio. Ela olhou furiosamente para mim, do mesmo jeito que minha irmã descrevia o olhar de minha mãe quando eu chorava. “Bom, ela já tem 80 anos, não vai conseguir me bater...Eu acho.” eu pensei.

-Você achava mesmo que não íamos te encontrar Anne Mc Lin?

-Ham?

-Não se faça de idiota. Sabe muito bem do que eu estou falando!

-Senhorita Viollet, sinto muito mas eu não estou entendo o que a senhora quer dizer.

-Muito bem. Tempo esgotado.

Então uma coisa do tipo que só acontece em filmes de terror aconteceu. Os olhos dela começaram a brilhar como dois carvões. Seus dedos foram de esticando até se transformarem em terríveis garras. Seu casaco caiu deixando a mostra asas como de um morcego presas as suas costas, e seus dentes (que eu jurava que era uma dentadura) ficaram pontudos e amarelados.

Foi uma questão de segundos até ela dar o bote para cima de mim.

Ela segurava meus ombros contra a parede, usando suas garras horríveis, em quanto eu é claro tentava dar um chute em sua barriga.

A porta do banheiro se abriu. Era Entoni.

A sra. Viollet olhou para a porta para ver quem havia entrado. Aproveitei que ela estava distraída e dei um chute na barriga o que fez com que ela desse um gritinho/gemido/berro.

-Rápido Anne! –Disse Entoni em quanto saía correndo do banheiro comigo

Nós corríamos pelo estacionamento aberto do shopping em quanto tentávamos conversar.

-O que é aquilo????

-É uma Benevolente! E ela não vai ficar dentro daquele banheiro por muito tempo!

-Precisamos chamar a polícia! E por que ela...?O que...?Mas...Eu estou confusa de mais!

-O Prof. Charles vai dar um jeito nela por enquanto! E nem pense em chamar a polícia!

-Você vai deixar o nosso professor lutar contra aquilo sozinho????

Antes que ele pudesse responder, uma coisa muito estranha aconteceu. Uma enorme sombra passou por cima de nós. Quando me virei para trás mal acreditava no que via. Mas o mais bizarro era que Entoni não tinha mais muletas. Ou sapatos. Ou pernas. Ele tinha cascos.


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