Reckless - Divergente escrita por Morgana Le Faye, Andiie


Capítulo 3
Erudição


Notas iniciais do capítulo

Heeey ^^ Leitores fantasmas que não mandam reviews façam um favor. Parem com isso! Isso magoa e fere os sentimentos da Sra. Açucar aqui.Aqui esta a continuação. Por favor divulguem a fic. Eu sei que muitas pessoas não leem Divergente mas, tentem pfvr.



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Fecho meus olhos com força. Quando os abro novamente sei oque devo fazer. Estico minha mão em direção á agua, vejo–a se tornar vermelha por conta do meu sangue.

Sou inteligente, sou uma traidora.

Olho para meus pais. Meu pai sorri. O olhar acusatório de minha mãe queima sobre mim, minha irmã esta com a cabeça baixa. Sei que ela esta triste, mas ela é da audácia demais para chorar. Enquanto caminho, encaro os membros da Audácia. Uriah sorri, mas Lynn e Zeke me olham tristes. Nós da Audácia não temos tanto problema com a Erudição, mas deixar minha família e amigos para trás assusta.

Sei que minha ausência perseguirá os corredores e serei um espaço que eles não poderão preencher. E então o tempo vai passar e o espaço vai ter sumido como quando um órgão é retirado e os fluidos do corpo preenchem o espaço que ele deixou. Humanos não conseguem tolerar o vazio por muito tempo.

Posiciono–me atrás daqueles iniciados que nasceram na Erudição e de mais alguns transferidos. Eles sorriem para mim de modo prepotente. Marcus continua.

– Caleb Prior– ele chama.

Vejo as mãos dele seguras quando ele aceita a faca de Marcus, são hábeis enquanto ele pressiona a faca na outra mão. Seus olhos são verdes e seus cabelos escuros fazem uma bela combinação com seu nariz anguloso, se não fosse da Abnegação até que eu poderia considera–lo pagável. Então ele fica em pé com sangue escorrendo pela palma e seus lábios se juntam.

Ele expira. E respira. E então ele sustenta a mão no pote da Erudição e seu sangue cai na água, tornando–a de um tom profundamente vermelho.

Eu escuto murmúrios que se estendem em gritos indignados. Ora, o altruísta da Abnegação, um Erudito? A multidão faz muito barulho.

– Com licença – falou Marcus, mas a multidão não o ouviu. Ele gritou. –Silêncio, por favor!

A sala fica em silêncio. Caleb caminha e se posiciona atrás de mim. Encaro a menina á minha frente. Ela veste roupas pretas e brancas, da franqueza.

– Beatrice Prior– Marcus chama a segunda Prior.

Ela pega a faca e se dirige aos potes. Sei que ela será a filha que fica. Seus cabelos louros e seu jeito de careta a prende na Abnegação... Mas meus cabelos selvagens e escuros e meu jeito de corajosa, forte e destemida me faziam parecer ser o tipo de membro perfeito da Audácia.

Perco–me em pensamentos, olho para minha família. Minha mãe não esta mais na sala, ela deve ter ficado muito desapontada. Minha irmã continua com a cabeça baixa. Um menino, nascido na audácia que eu reconheço ser o irmão de Lynn toca em seu ombro e fala algo que a faz levantar a cabeça e me encarar. Tento sorrir, mas apenas aceno. Ela virá me ver daqui á algumas semanas. Tenho quase certeza, ali poderei dizer para ela para ela escolher a facção que deseja, sem ter medo. Ali poderei apoia–la e me desculpar. Se eu não tiver me tornado uma sem– facção antes.

Quando olho novamente para a Prior, ela abre os olhos e lança sua mão em direção ao fogo. Audácia.

E assim, a família perdeu dois filhos de uma só vez. Um deles para seus próprios inimigos, para minha nova facção. E outro, para minha antiga.

Observo os iniciados e nascidos na Audácia andando, eles são os primeiros a sair. Vejo o rosto de Uriah, ele sorri para mim, como Marlene. Lynn acena com a cabeça. Depois minha irmã passa depois de muitas pessoas ela vem junto com os membros. Seus olhos estão molhados, mas ela mantem a postura forte ao passar por mim. Eu a escuto sussurrar

– Seja forte. – meu pai apenas sorri. Vejo–os se afastando e os imagino correndo pelas escadas em direção ao trem.

Então os nascidos da Erudição começam a apertar as mãos e sorrir simplesmente para os iniciados. Depois todos nós estamos apertando as mãos em comprimentos simples. A menina da Franqueza se vira e aperta minha mão sorrindo.

– Drezza. – ela diz sorrindo simplesmente. Imagino que isso seja um apelido, apenas poucos mantem seus verdadeiros nomes aos se transferirem de facção. Na Audácia eu era conhecida como Vick mas a Erudição é mais seria...

– Victoria. – digo e largo sua mão, encontrando a mão do Prior.

– Caleb. – ele diz

–Com C de Careta. – digo brincando, vejo se isso o magoou, mas ao que parece não. –Hel.

Vejo o ultimo membro de a Audácia passar pela saída e consigo imagina–los correndo. Escuto os gritos e risadas que me acompanharam por dezesseis anos e dezenas de pés trovejantes movendo–se em diferentes ritmos. Não é um ato de altruísmo para a Audácia usar as escadas. É um ato selvagem.

Somos a segunda facção á sair. Todos se dirigem em fila organizada ao elevador. É estranho não correr. Estranho ouvir as conversas dos membros da Erudição, eles usam palavras complicadas e falam sobre informações.

Somos divididos em quatro grupos. Um para os membros. Eles vão primeiro enquanto nós esperamos. Estou em silencio, mas vejo que a menina da Franqueza, Drezza, já esta se enturmando. Vejo James, ele esta conversando com ela. Ele se aproxima de mim inseguro.

– Hey, Vicky? – ele pergunta coçando a nuca

– Aqui é Victoria. – olho diretamente para ele. Nunca tinha reparado o quanto ele é parecido com sua irmã mais velha. Os mesmo olhos verdes, mas os dele são frios enquanto os dela estão sempre atentos, a procura de diversão.

–Nunca imaginei que logo você, a incrível Ruthless, trocaria de facção. – ele parece estar um pouco mais confortável.

– Incrível Ruthless? – pergunto rindo um pouco. – Da onde saiu isso?

– Dos corredores. Você era sempre a mais corajosa, a que com quatro anos saltou do trem em movimento. A que com nove já escalava saia livremente pelo fosso e pela cidade, a primeira da turma que pintou totalmente o cabelo. – ele olha para minhas pontas roxas. Desde os quatorzes nunca mais pintei, apenas fui cortando as pontinhas e agora o roxo esta somente em uns cinco ou seis dedos. – Vejo que ainda mantem hábitos. Você foi a primeira que eu conheço, a primeira que com dez anos enfrentou a passagem do medo.

Sinto um leve arrepio. Aquilo ainda me assombra. Foram, ao todo, oito. Oito medos, mas eu queria saber logo. Sempre fui curiosa.

– Bobagens. E você... Não sou da Franqueza, mas eu sempre achei que você não continuaria. – digo sem medo de lhe magoar.

– Éer, a Audácia nunca foi como um lar para mim. – enfim o barulho do elevador o faz parar de falar. O segundo grupo é com os iniciados nascidos em outras facções.

Entro no elevador espelhado e fico ao fundo. Não tem muitos, apenas oito, dois da Audácia, um da Abnegação, quatro da Franqueza e um da Amizade. O elevador é totalmente espelhado então encaro meu reflexo.

Não sou tão alta, meus cabelos são bonitos, ondulados e chegam até a cintura, escuros. Sou muito pálida, culpa de viver no subterrâneo que é a sede da Audácia. Tenho algumas cicatrizes, uma em baixo do queixo de quando tinha dois anos e tentei escalar. Meus olhos azuis amendoados encontram os olhos verdes de Caleb Prior se encarando também. Esta nítida a enorme diferença de altura entre nós.

– Nunca se viu Prior? – pergunto caçoando.

– Na Abnegação é proibido espelhos. Apenas me vejo durante menos de três segundos, uma vez por mês, a cada três meses. – ele diz apenas isso e depois se vira para frente. Olhando para todas as pessoas, menos para si mesmo.

A menina ao meu lado estava arrumando seu cabelo. Ele era engraçado, como se ela própria o tivesse cortado. O que é normal na Audácia, mas não na Franqueza. Ele era médio, ia até o começo dos seios, mas a parte da frente dele estava cortada muito curta e reta, então presumi que não era uma franja. A cor dele também era diferente para alguém da Franqueza. Era de um caramelo bonito, mas com outras misturas de tons de loiro, desde finas mechas em platinado até umas em loiro escuro.

Ela olhou e sorriu para mim e então começa a falar... Eu realmente desejava poder voltar no tempo e não ter olhado para ela.

– Hey, você era da Audácia, certo? – ela pergunta e eu apenas aceno. – Sempre quis saber como é lá. Você já quebrou algum osso?

– Isso é o mais comum lá. – respondo simplesmente e me lembro de todos os machucados que já vi, dos mais feios até os mais comuns na Audácia.

– Nossa. – ela exclama surpresa. – Como você acha que chegaremos lá?

– Eu realmente não sei, mas não será nada muito perigoso. Na Audácia costumamos falar que os Eruditos são preguiçosos.

– Engraçado o modo como ainda se refere a “nós” quando fala da Audácia e “eles” quando fala da Erudição. – foi apenas um comentário, mas de algum modo fez com que o elevador parecesse pequeno e lento. Pensei em minha mãe e na cadeira vazia. Pensei na minha irmã segurando o choro e foi como se alguém riscasse um fósforo e todo o oxigênio fosse queimando.

Finalmente, a porta se abriu. Nós saímos e nos deparamos com a rua cheia de carros pretos e lustrosos com tetos solares, os carros da Erudição. Soltei uma risada de desprezo. Na Audácia pulamos de trens em movimento por diversão, corremos e escalamos. Aqui eles andam de carros, seguros e parados. Por isso alguns dos membros são acima do peso.

Fomos divididos em grupo de quatro para cada carro, ou seja, dois carros levaram os iniciados de outras facções.

Drezza foi a primeira a entrar, seguida de Caleb. Os outros iniciados já haviam entrado, mas eu fiquei do lado de fora com um menino. Ele era alto, sua pele escura contrastava com a blusa laranja que ele usava, era da Amizade. O que me chamou a atenção nele foram seus olhos, verdes. Ele era forte também. Não tinha oque chamávamos de “perfil da Amizade”.

– Não vai entrar? – sua voz era grossa, mas ele falou educadamente.

– Irei sentar ao lado da janela então, entre primeiro.

– Você é pequena, ficara melhor no meio do que eu. – ele diz, estava começando a me irritar já.

– Não adianta você discutir, eu sempre irei sentar do lado da janela. – esse era o bom de já ter pertencido á Audácia. A Amizade sente certo medo de nós. Ele me obedeceu, sentou–se um pouco desconfortável ao lado de James que riu. Sentei–me logo em seguida fechando a porta.

Fechei os olhos enquanto sentia o vendo pelos meus cabelos. Eles me lembravam das viagens de trem – que apenas a Audácia usa. Lembrar–se da Audácia não foi algo bom a se fazer, por que logo veio os rostos familiares á mim. Desde Tori, a mulher que fez minha tatuagem, até minha família.

Naquele momento fiz uma promessa para mim mesma. Não chorar. Não aqui, não hoje. Abro os olhos para ver os pequenos prédios crescendo entre grandes prédios. Os membros da Erudição vivem em grandes prédios de pedra com vista para o pântano.


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Notas finais do capítulo

Tentarei postar diariamente