Reckless - Divergente escrita por Morgana Le Faye, Andiie


Capítulo 19
Realidade


Notas iniciais do capítulo

Heey ^^ Desculpa ter passado esse tempinho sem postar :// Agora eu faço críticas de fics, quem estiver interessado pode mandar uma MP.
Vamos ao cap... Espero que amem o Noah ahsuah



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Abro os olhos, apavorada, minhas mãos segurando os lençóis. Mas eu não estou correndo pelas ruas da cidade ou os corredores da sede da Audácia ou da Erudição. Eu estou em uma cama na sede da Amizade, e o cheiro de serragem está no ar.

Mexo na cama e sinto algo duro em minhas costas. Levo á mão até o local e sinto o metal frio da arma contra minha mão. Por um momento vejo minha irmã atirando na nuca do homem cinza. Minha mãe caindo no chão sem vida. Os olhos desfocados de meu pai. O sangue que escorre do ombro de Tris, onde eu atirei.

Levanto-me da cama e retiro a arma das minhas costas. Coloco-a entre o colchão e as grades de madeira da cama.

Olho pela janela. Está escuro ainda. Acordar enquanto ainda está escuro não é legal. Não mais. Olho para a porta. Um pedaço de papel esta sobre a porta. Pego as muletas que estão encostadas ao lado da minha cama; a enfermeira disse que eu deveria usa-las para não forçar a perna machucada.

Abaixo-me para ler. “Quando acordar, qualquer que seja a hora pode vir me procurar. Corredor M-18. Explicarei tudo. Noah.”.

Algo dentro de mim diz para ir até ele. Preciso saber. Odeio me sentir assim, confusa e assustada. Não posso ir desprotegida.

Prendo meus cabelos em um nó. Procuro um banheiro, mas o máximo que acho é um bebedouro no corredor. Sinto a agua pela minha boca e depois a cuspo fora.

Sorte que em cada corredor á um mapa colado em um quadro de vidro na parede.  Estou no corredor N e meu quarto é o 10.

Subo as escadas no final do corredor no escuro mesmo. Tendo cuidado para não fazer barulho ou errar os degraus. O corredor M. é como o N. Longo e largo. Com uma luz fraca pendurada á cima.

Há amplas janelas no final do corredor onde a luz deve entrar iluminando bem o corredor, mas agora de madrugada apenas me faz sentir medo.

Sempre tive medo do escuro. Mesmo morando no subterrâneo.

Tento não fazer o máximo de barulho com as minhas muletas, sinto que elas fazem um barulho extremamente alto sobre o piso de madeira escura, mas sei que isso é apenas coisa da minha imaginação. 16, 17, 18.

Quarto 18. Bato suavemente na porta. Uma vez. Ninguém faz nenhum barulho. Duas vezes. Ouço uma cama ranger. Três, escuto uma voz murmurar um “entre”.

Respiro fundo antes de abrir a porta. Não percebi que estava nervosa esse tempo todo.

Seu quarto é como o meu. Tirando que as paredes são vermelhas. Noah está sentado na cama. Quando ele me vê ele sorri.

 – Meu deus menina, são 4hrs da manhã!

 – Você disse que eu poderia vir aqui á qualquer hora – digo cruzando os braços.

 – Sim, claro. Sente-se. – ele me dá espaço em sua cama, mas não me sinto bem em sentar. Mas mesmo assim sento.  

Ele olha para minha coxa que esta enfaixada. Sinto-me constrangida pelo seu olhar.

 – Esta melhor? – ele pergunta.

 – Estou... Viva. – digo. Não quero mentir e dizer que estou bem, por que não estou. Estou apenas viva.

Ele assente, concordando.

 – Johanna me deixou responsável por você. Você tem sorte. Sua amiga, Neelie, tem um irmão transferido aqui. Ele pediu para cuidarmos de vocês.

– Neelie? Quem é Neelie?

 – Neelie Anilac, ela veio com você, lembra? – ele pergunta e parece preocupado. – Perdeu a memoria?

 – Não. Mas... Não conheço Neelie Anilac, você deve ter se confundido. Eu vim aqui com Drezza. – digo e paro por um momento. Quando eu perguntei ela disse que seu verdadeiro nome era Drezza; mas eu perguntei se ela já mentiu alguma vez e ela disse que sim. Não acho possível ela ter mentido sobre seu nome.

 – É ela mesma. Joshua disse que seu nome era Neelie, mas ela gosta de ser chamada de Drezza por que esse era o nome da “pessoa mais inteligente que ela conheceu”; ela morreu e era muito ligada a Drezza. – Sinto-me mal por estar ouvindo isso de um estranho ao invés de ouvir isso da minha melhor amiga.

 – Ahn...  – digo. – Em qual quarto ela esta?

 – F- 16. Mas... Não sei se será bom você ir lá agora. Não podemos acordar alguém que tomou o remédio para dormir. Eles devem acordar sozinhos.

 – Entendo. – Queria ter ido lá e acorda-la de qualquer jeito, mas é mais seguro não.

 – Engraçado você acordar agora. Á poucos minutos chegou um grupo de sobreviventes da Abnegação aqui. E três membros da Audácia e mais um da Erudição. – ao ouvir as palavras “Erudição e Audácia” saindo da sua boca sinto algo bom dentro de mim. Esperança. De que sejam meus pais e Andrew. Mas não acho muito possível, serem meus pais. Talvez minha irmã.

 – Quais os nomes?

 – Beatrice e Caleb Prior. – ele olha para cima como se tentasse se lembrar. – Peter e um nome estranho. Se eu escutei bem era Quatro.

 – Ahn...  – abaixo a cabeça. Estou desapontada. – Você... Hm... Você sabe o que esta acontecendo por lá?

 – Beatrice Prior destruiu a simulação. Foi isso que Johanna nos disse. – ele coça a nuca. – Acho que agora a Audácia vai ficar na sede da Erudição. Eu fugiria para a Franqueza.

Fugir para a Franqueza. Fugir para a Amizade. Fugir para a Erudição... Estou cansada de fugir. Parece que estou correndo pela minha vida, mas que nunca estou segura, em lugar nenhum.

Ele olha para mim, mas estou olhando para o chão. Mexo o pé da perna boa pelo piso. Mexer a perna ferida dói.

 – Você não é uma pessoa que fala muito de si, não é? – ele pergunta.

 – Não. – sorrio. Ele fala demais. – Os membros da Amizade já decidiram sobre o que fazer?

 – Não... Johanna disse que nos renuiremos ás 10h30min.

 – Nunca pensei que meu destino estaria nas mãos da Amizade. – murmuro baixinho.

 – Menosprezando minha facção, Victoria? – ele pergunta rindo. – Não somos tão fúteis quanto vocês da Audácia acham.

 – Audácia? Quem lhe disse que eu era da Audácia?

 – Eu era da Audácia, Incrível Ruthless. – ele diz revirando os olhos. Olho para ele tentando me lembrar.  Ahn, sim. Noah. Faz tanto tempo. Parece uma eternidade. Eu tinha dez anos, ele tinha doze. Um desafio. Quem lançava facas mais rápidas e acertava mais alvos. Eu perdi para ele. Fiquei com raiva por ter perdido e mais ainda por ele ter dito que me ensinaria.

- Você desistiu da Audácia sem me ensinar a jogar facas. – digo me fingindo de triste. Ele sorri.

- Você lembra. Bem... Atirar facas é como andar de bicicleta. Nunca se esquece. Um dia eu te ensino...

– Por que saiu da Audácia? – Ele olha para baixo.

 – Eu não me dava bem lá... Não gostava daquela vida de ter que arriscar sua vida apenas para ir para a escola. Meu irmão mais novo morreu pulando do trem. Não queria mais ficar lá. – Isso acontece sempre. Pessoas morrem todos os dias na Audácia. Nem mesmo os nascidos lá estão a salvo da sorte.

Ficamos em silencio. Não um silencio ruim, mas algo confortante. Ele toca levemente na minha perna ferida e uma mistura de dor e uma sensação boa me atravessam. Ele tira a gaze. Olho para seus dedos longos enquanto ele faz isso.

A gaze esta com o sangue seco. Afasto minha perna.

 – Precisa trocar isso. – ele diz enquanto se levanta e pega algo em sua cômoda. Não consigo ver o que é, mas quando ele se aproxima vejo que é álcool e outra gaze.

Ele coloca um pouco do álcool na gaze e passa sobre a ferida. Arde. Mas tento ignorar a dor e olhar para a ferida.

É a primeira vez que a vejo assim. Como ela realmente esta. Vejo que a bala fez um buraco extremamente feio e olha-la me da vontade de chorar, mas não irei chorar na frente dele.

Ele termina de limpar e recobre com uma gaze limpa.

 – Obrigado. – digo. – Hm. Onde é o banheiro?

Ele não esta olhando para mim quando diz. Saio do seu quarto e vou até o banheiro.

O banheiro das mulheres são duas portas. O piso é de ladrilho marrom escuro, e cada chuveiro tem paredes de madeira e uma cortina de plástico separando-o do corredor central. Uma placa na parede de trás diz “lembre-se: para conservar os recursos os chuveiros funcionam apenas cinco minutos.”.

O fluxo de água é frio, então eu não gostaria dos minutos extras, mesmo se eu pudesse tê-los. Sinto falta da agua quente da Erudição, mas é melhor isso do que nada.

Quando eu saio do chuveiro, uma pilha de roupas espera na minha cama. Ela contém um pouco de amarelo e vermelho, da Amizade. Diria que foi Noah que as colocou aqui.

Visto uma blusa tão grande da Amizade que cobre os shorts que vão até o meio da coxa. – antes da minha ferida. – e tenho que dobrar as mangas.

Ouço batidas na porta.

- Entre.

Noah entra segurando uma bandeja vermelha. Eu o acordei e agora ele esta pegando comida, trazendo roupas e respondendo minhas perguntas em plena madrugada. Sinto-me mal por ter acordado ele.

- Não precisa fazer isso. Pode voltar a dormir. – digo.

- Não. É legal isso. Um pouco de ação na Amizade. – ele diz entusiasmado. Ele deixa a bandeja na cama. - Sinto muito as roupas não caberem... São minhas e de Luna então tinha a certeza que não caberiam, mas podemos arranjar roupas melhores se a Amizade permitir você de ficar.

- Elas servem, obrigado.

- Luna fez um kit de costura para você e Neelie, ops, Drezza. – ele diz tirando uma caixinha do seu bolso e a colocando em minhas mãos. Nelas á duas linhas, uma vermelha e uma amarela e uma tesoura.

- Que horas são? – pergunto.

- Os caminhões já começaram. – Cedo. Os membros da Amizade já estão acordados, sua maioria. Então isso quer dizer que é cedo. Eles não gostam de horas, propriamente ditas.

- Obrigado. – ele acena com a cabeça enquanto sai pela porta.

- Hey, uma hora e meia até seu destino estar nas mãos dos membros da Amizade. – ele lembra dramaticamente. Giro os olhos, depois dizem que os membros da Amizade não gostam das horas, imagine se gostassem.

Olho para meu reflexo no espelho.

Meus olhos azuis continuam como sempre. Olho para meu cabelo longo escuro com as mechas roxas na ponta.  Ele permanece como era quando eu me transferi. Ele me lembra da Audácia.

 Levanto a blusa amarela para ver a tatuagem em meus quadris. “Nem todo ponto final indica fim de história, pode ser só o começo de um novo parágrafo.”

Torço para que a frase esteja correta. Respiro fundo. O que acontecer se a Amizade decidir que não quer se envolver de nenhum modo? Sem nem ao menos oferecer abrigo? Para onde iremos?


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Notas finais do capítulo

Realidade: Substantivo, feminino singular;Aquilo que condiz com o real, aquilo que é verdadeiro, as coisas como de fato o são.



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