Reckless - Divergente escrita por Morgana Le Faye, Andiie


Capítulo 15
Implacável


Notas iniciais do capítulo

Hey^^ Andiie me ajudou a escolher o nome do cap dnov ^^ Espero q gostem ^^
Uma pergunta...estou pensando em fazer um cap bônus com a visão de um outro personagem... Qual entre eles vocês gostariam de ler um bônus?
Drezza
D.
James
Josh
Caleb
Algum outro



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Pulo do vagão assim que as crianças saem. Drezza pula junto comigo e Max. Aterrisso de pé. Já voltei a pegar o jeito.

Drezza não se sai tão mal, contanto que ela só pulou umas três ou duas vezes na vida. Max me chama com o olhar.

— Fique aqui. – digo para Drezza. Ela olha ao redor confiante. Seu susto inicial passou. Ela esta determinada á ser corajosa. Eu gosto disso nela. Só espero que ela não saia atirando em qualquer um.

— O que foi Max? – digo quando estou á centímetros dele.

— Sabe que terá de matar alguns abnegados também né? – aceno que sim. Ele sorri. – É difícil pensar que essa erudita que esta á minha frente segurando essa arma um dia foi minha sobrinha audaciosa.

Max é irmão de minha mãe. Eles eram três... O mais velho foi para a Franqueza. Max escolheu a Audácia, sua facção de nascença, assim como minha mãe. Até hoje me pergunto por que meu pai se transferiu da erudição para a audácia.

— Onde... Onde estão eles? – pergunto me referindo á minha família.

— Ali. – ele aponta. A cena a seguir consegue me deixar sem palavras. Vejo—a. Bianca. Ela esta com os olhos desfocados. Forçando um homem da Abnegação á se ajoelhar no chão do seu próprio quintal. Eu o reconheço—ele é um membro do conselho. Minha irmã tira a arma do coldre e, sem piscar, atira contra a nuca do homem.

Minha irmã. Uma assassina. Não irei chorar, não irei chorar. Repito essa frase mentalmente para mim mesma e desvio o olhar.

— Vamos matar! – digo para Max. Ele sorri e nós batemos nossas armas uma na outra. Um comprimento de guerra.

Nós andamos até passar pela minha irmã e o homem caído. Drezza esta nos acompanhando. O corpo sem vida dele no chão esta á minha frente. Tenho que mostrar indiferença. Quando piso em sua mão, quase me desfaço em lágrimas. Tenho que ser forte e impedir que meus pais morram.

Outro tiro. Pelo canto esquerdo do meu olho, vejo um borrão cinza cair contra o chão. Toda a Abnegação vai morrer se isso continuar.

Os soldados da Audácia obedecem a ordens mudas sem hesitar ou questionar. Alguns dos membros adultos da Abnegação estão sendo conduzidos em grupo em direção a um dos prédios próximos, juntamente com as crianças da Abnegação. Um mar de soldados vestidos de preto guarda as portas. As únicas pessoas que eu não vejo são os membros do conselho da Abnegação. Talvez eles já estejam mortos.

— Vicky? – escuto a voz de Eric. Paramos ao lado de uma fila de soldados. Ele esta com a mão levantada para que eu o veja. Agradeço por estar de óculos.

— Eric?! – digo. Ele me abraça. Ele era um bom amigo. Cruel e me assustava, mas eu mostrei o caminho quando ele se perdeu quando foi seu primeiro dia na Audácia. Eu tinha quatorze e ele dezesseis. Um iniciado vindo da Erudição chamou minha atenção. Abraço-o, mas sem o mesmo entusiasmo. Sinto raiva dele agora. Ele concordou em controlar meus pais.

Começo a perguntar a ele sobre a simulação quando uma fila para diante de nós. Ele resolve me mostrar como funciona.

— Isso é loucura. – sussurra Drezza. Ela esta impressionada enquanto Eric vai até um rosto familiar. Tris Prior. Ele a cutuca na bochecha.

— Eles realmente não conseguem nos ver? Ou nos ouvir? – pergunto.

— Oh, eles podem ver e ouvir. Eles só não estão processando o que eles veem e ouvem do mesmo jeito— Eric diz. — Eles recebem comandos dos nossos computadores através dos transmissores que injetamos neles... Com isso ele pressiona o dedo no local onde a injeção foi aplicada para me mostrar onde é. Ele caminha até Quatro. O reconheço por que ele era da mesma turma de iniciados que Eric. E os executam sem problema. — Agora, essa é uma visão feliz. O lendário Quatro. Agora ninguém mais vai lembrar que eu fiquei em segundo lugar, vai? Ninguém vai me perguntar, Como foi treinar com o cara que só teve quatro medos? — Ele saca sua arma e aponta para a cabeça de Quatro. Meu coração bate tão forte que eu sinto minha cabeça latejar. Eric inclina a cabeça. — Será que alguém perceberia se ele fosse acidentalmente baleado?

— Vá em frente. – digo tentando soar entediada. Pelo canto dos olhos vejo meu pai em uma das filas. Ele esta bem. Agora ainda não vi minha mãe. Volto minha atenção á Eric. — Ele não é nada agora.

— Que pena você não ter aceitado a oferta de Max, Quatro. Bom, que pena para você, de qualquer forma — diz Eric calmamente enquanto carregava a arma.

Olhei para Drezza. Ela estava conversando com Max. Ele estava mostrando a ela como segurar a arma. Tudo normal, como se não estivessem matando pessoas á nossa volta. Quando retornei a olhar para Eric, ele estava com uma arma apontada para sua cabeça. Como eu disse, ela estava acordada... Por que ela estragou seu disfarce e não o deixou matar Quatro?

Seus olhos arregalaram-se, seu rosto fica inexpressivo e por um segundo ele parece como um dos soldados da Audácia. Eu mesma estou parada, em choque. Não posso levantar a arma para Tris, é capaz de ela me matar se o fizer.

O polegar de Tris paira sobre o gatilho.

— Tire sua arma da cabeça dele. — ela diz

— Você não vai atirar em mim. — ele replica.

— Teoria interessante. — ela diz e abaixa o braço. Atirando em seu pé. Ele grita e segura o pé com ambas as mãos. Por que ela não o matou? Ela teve a oportunidade. Quatro se vira e mira rapidamente em minha perna. Seu movimento foi brusco e eu o vi. Ele me deu tempo para desviar. Joguei- me ao lado, mas senti a bala cortando o tecido da calça. Arde demais. Caio no chão e o impacto faz doer ainda mais. Sinto algo quente escorrer na calça azul marinho.

Arrisco colocar a mão em cima. Quando olho para minha mão ela esta completamente vermelha. Estou sangrando. A dor sobe para meu corpo inteiro.

Drezza esta ao meu lado. Ela rasga sua manga da blusa azul bebê. Ela amarra forte em minha coxa. Minha visão esta turva. Escuto ela falar algo. Drezza me levanta e ia falar algo, mas Max olha para mim em alarme e eu corro atrás deles, com Drezza. A cada passo que dou, sinto minha coxa doer.

Tris e Quatro estão á duzentos metros dos prédios cinzentos. Se eles entrarem lá, desaparecerão e não conseguiremos acha—los. Max, Drezza e alguns membros correm ao meu lado. Carrego minha arma. Aponto para Tris. Não consigo mirar direito. Minha arma esta apontando para seu coração, mas minha visão não se foca. A dor esta me distraindo. Iria dizer que não queria ter feito isso, mas não tem essa. Quando fazemos algo é por que queremos.

Aperto o gatilho e a bala atinge seu ombro.

Ela cai e Quatro se ajoelha ao seu lado. Cercamos—los. Escuto ela murmurar um “Corra” em meio à dor.

— Não. – ele diz calmamente. Ele gosta dela. Ela gosta dele. Por isso ela estragou seu disfarce. Por isso ele esta aqui e não fugindo. Por isso eles irão morrer. Aponto minha arma para Tris. Drezza esta ao meu lado. Ela aponta sua arma para as costelas de Quatro.

— Rebeldes Divergentes. — Eric diz parado em um pé só. Seu rosto de um branco doentio. Imagino se o meu está assim também. —Entreguem suas armas.

Tris apoia pesadamente em Quatro. O cano da arma de Drezza pressionada contra suas costas a impulsiona para frente, através das portas de entrada do quartel general da Abnegação, um prédio cinza liso, de dois andares. Sangue escorre pelo lado do seu corpo.

O cano da arma a empurra em direção a uma porta guardada por dois soldados da Audácia. Quatro e Tris passam por ela e entramos em um escritório simples que contém apenas uma mesa, um computador e duas cadeiras vazias. Jeanine está sentada atrás da mesa, um telefone no ouvido.

— Bem, então mande alguns deles de volta no trem. — ela diz. — Ele precisa ser bem guardado, é a parte mais importante—eu não vou falar—preciso desligar agora. — Ela desliga o telefone e concentra seus olhos cinzentos em mim. Acho que estou encrencada. Ela olha para minha arma e depois para o ombro de Tris e sorri fracamente. Ela acena a cabeça esperando que eu fale.

— Rebeldes Divergentes. – minha voz sai confiante. Espero que ela não se importe de eu participar da guerra.

— Sim, eu consigo ver isso. Hm. Ruthless... Não conseguiu perder a mania da Audácia? — Ela tira os óculos e os coloca em cima da mesa. – Quanto mais soldados para a guerra melhor. Não irei injetar a simulação em você, mas peço que vá imediatamente á sede da Audácia. Depois lhe explico.

Aceno com a cabeça e saio da sala. Mas fico no corredor, sentada no chão. O que eu acabei de fazer? Eu atirei contra um membro da Audácia. Minha irmã matou um membro do conselho da Abnegação. Não irei chorar. Não irei chorar.

Isso virou um mantra para mim. Concentro—me nas palavras de Jeanine atrás da porta. Melhor do que pensar em mim mesma e na minha dor.

— Você, — ela diz — Eu esperava. Todos os problemas com o resultado do seu teste de aptidão levantou suspeitas. Mas você... Você, Tobias, ou devo chamá—lo de Quatro? – Eles são divergentes. Eles irão morrer. Se eles descobrirem que também sou, irei morrer. Ficou difícil respirar. — Conseguiu me iludir. Tudo sobre você estava certo: resultado dos testes, simulações de iniciação, tudo. Mas, contudo, aqui está você. Talvez você possa me explicar como isso é possível?

— Você é o gênio. — ele diz friamente. Olho para o tecido que Drezza prendeu á minha coxa. Ele esta encharcado de sangue. Olhar para ele dói. — Por que você não me explica?

— Minha teoria é de que você realmente pertence à Abnegação. Que sua divergência é fraca.

— Sua capacidade de raciocínio dedutivo é assombrosa. – a voz de Tobias é difícil de escutar pela porta pelo modo que ele diz baixo e controladamente. — Considere—me impressionado. Agora que sua inteligência foi comprovada, você deve querer prosseguir com isso de nos matar. Você tem muitos líderes da Abnegação para matar.

— Não seja bobo. Não tem por que ter pressa. — ela diz levemente. — Vocês dois estão aqui para um propósito extremamente importante. Veja só, me deixa perplexa que Divergentes sejam imunes ao soro que eu desenvolvi, então tenho trabalhado para corrigir isso. – Somos imunes aos soros também... Torço para que minha mãe seja divergente. Assim ela pode estar acordada diferente do meu ai e minha irmã. — Eu pensei que teria conseguido com o último lote, mas como vocês sabem, eu estava errada. Por sorte, eu tenho outro lote para testar.

— Por que se preocupar? – Tris diz. Também tenho essa duvida. Ela e os líderes não tiveram nenhum problema em matar Divergentes no passado. Por que agora isso seria diferente?

— Tenho me feito a mesma pergunta desde que o projeto Audácia começou... Por que a maioria dos Divergentes são os de vontade fraca, tementes a Deus da Abnegação, de todas as facções? – responde Jeanine.

Eu não sabia que a maioria dos Divergentes vinha da Abnegação, e eu não sei por que isso acontece. E provavelmente não viverei o bastante para descobrir.

— De vontade fraca. — Tobias zomba. — É preciso uma força de vontade muito grande para manipular as simulações, pelo menos da última vez que chequei. Fraqueza é ter que controlar as mentes de um exército porque é muito difícil para você treinar um.

— Eu não sou tola. — Jeanine diz. — Uma facção de intelectuais não é um exército. Nós estamos cansados de ser dominados por um monte de hipócritas que rejeitam todo tipo de riqueza e avanço, mas não poderíamos fazer nada por nós mesmos. E seus membros da Audácia ficaram todos mais do que felizes em me apoiar contanto que eu garantisse a eles um lugar em nosso novo e melhorado governo.

— Melhorado. — Tobias diz bufando.

— Sim, melhorado. — Jeanine diz. — Melhorado e trabalhando em direção a um mundo em que cada um poderá viver com riquezas, conforto e prosperidade.

Esse não é motivo para matar tantas pessoas.

— A que custo? – Tris pergunta. Sua voz esta fraca e lenta. — Toda essa riqueza... Não vem de lugar nenhum.

— Atualmente, os sem facção representam um buraco nos nossos recursos. — Jeanine responde. —Assim como a Abnegação. Tenho certeza de que assim que os últimos da sua antiga facção forem incorporados ao exército Audácia, Franqueza irá cooperar e nós finalmente seremos capazes de arrumar as coisas.

Incorporados ao exército Audácia. Eu sei o que isso quer dizer—ela quer controlá—los também. Ela quer que todos sejam flexíveis e fáceis de controlar. A facção de Drezza também estará na guerra.

— Arrumar as coisas. — Tobias repete amargamente. — Não se engane. Você estará morta antes que o dia...

— Talvez se você fosse capaz de controlar seu temperamento — Jeanine diz suas palavras cortando Tobias. — Você não estaria nessa situação, Tobias.

— Eu estou nessa situação porque você me colocou nela. No segundo em que você orquestrou um ataque contra pessoas inocentes.

— Pessoas inocentes. — Jeanine ri. — Eu acho isso um pouco engraçado, vindo de você. Eu esperaria que o filho de Marcus entendesse que nem todas as pessoas são inocentes. Você pode me dizer honestamente que você não ficaria feliz em saber que seu pai foi morto no ataque?

— Não. — Tobias diz entre dentes. — Mas a menos a maldade dele não envolvia manipular toda uma facção e sistematicamente matar cada líder político que nós temos.

Eles ficam em silencio por alguns segundos, tempo o bastante para me deixar tensa, e então Jeanine limpa sua garganta.

— O que eu estava dizendo... — ela diz. — É que em breve, será incumbida a mim a tarefa de manter sob controle dúzias de adultos e crianças da Abnegação, e não é bom para mim que grande parte deles possa ser Divergentes como vocês, incapazes de serem controlados pela simulação. Portanto, é preciso desenvolver uma nova forma de simulação a qual eles não sejam imunes. Tenho sido forçada a reavaliar minhas próprias suposições. E é aqui que vocês entram. Você está certo em dizer que vocês têm muita força de vontade. Eu não posso controlar suas vontades. Mas existem algumas coisas que eu posso controlar.

Divergência é só mais um problema que ela precisa resolver, e é isso o que a faz tão aterrorizante—porque ela é esperta o bastante para resolver qualquer coisa, mesmo o problema da nossa existência.

— Eu posso controlar o que você vê e ouve. — ela diz. — Então criei um novo soro que vai ajustar o seu entorno para manipular sua vontade. Aqueles que se recusam a aceitar nossa liderança devem ser monitorados de perto.

Monitorado ou ter seu livre arbítrio roubado. Ela tem um dom para palavras.

— Você vai ser a primeira cobaia, Tobias. Beatrice, entretanto... Você está muito ferida para ser útil para mim, sua execução vai acontecer assim que esta reunião for encerrada.

Tento controlar o arrepio que passa por mim com a palavra execução, ela será executada por minha causa. Pela minha bala em seu ombro.

—Não. — Tobias diz. Sua voz treme. — Eu prefiro morrer.

— Temo que você não tenha muita escolha. — Jeanine responde tranquilamente.

Ouço passos vindos do corredor. Max aparece em meu campo de visão.

— Você deve ir para a sede da Audácia. Precisamos de pessoas inteligentes para controlar os computadores. Sua amiga da erudição já esta no trem.


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Notas finais do capítulo

Detalhe: A tradução de Ruthless é Implacável.