“ Querida Atena,

   Eu realmente não entendo o porquê de estar escrevendo essa carta para você, bem, o motivo eu sei, mas o que não consigo entender é de onde está saindo essa coragem para expressar meus sentimentos. Talvez você não acredite, e apareça aqui no meu palácio para tentar bater em mim, apesar de suas mãos não me ferirem e sim as suas palavras, assim que você aparecer, é provável que eu me mate rindo da sua cara vermelha, e seus olhos cinzas faiscando de ódio, mas quando chegar a noite, será como todos os outros dias, que eu fico inquieto pensando em você, tentando entender o porque de nunca ter admitido que eu preciso de você.

    Talvez corujas e algas não se deem bem jamais, e Percy e Annabeth sejam uma exceção, mas o que custa tentar, não é mesmo? Mas pelo visto custa muito, custa o nosso orgulho, há um mês, eu jamais daria meu braço a torcer, jamais admitiria que um dia a amei, e que nunca deixei de amá-la, gostaria que você pudesse dizer o mesmo para mim, mas a conheço e sei que não mente.

   Você deve estar lendo e pensando: o que esse acéfalo, tarado e cretino pensa quem é? Isto é, caso você esteja realmente lendo e não tenha estraçalhado o papel. Me desculpe se não fui entregar essa carta pessoalmente, mas ou você a devolveria assim que eu parasse em frente a sua porta, ou talvez nem a pegasse na mão, por isso considerei a opção de entregá-la a Hermes a mais correta, apesar de que assim que eu o chamar ele ficará assustado quando ler o destinatário.

   Sabe qual foi a maior burrada da minha vida? Casar-me com Anfitrite . E sabe qual foi a maior decepção da minha vida? Ver seus olhos no casamento, não demonstrando nenhuma irritação, esbanjando naturalidade, como se nós dois nunca tivéssemos vivenciado algo juntos.

   Então, Atena, quero que eu saiba que a amo, e que talvez eu nunca mais consiga olhar para você, então se eu desaparecer do Olimpo por alguns milênios, você sabe porque, e talvez você nunca tenha reparado na minha paixão por você.

   Porque corujas, certamente não são as mais sábias, quando o assunto é amor.

                                                                                                                                                                                                 Com Carinho,

                                                                                                                   Poseidon”

   Atena ria e chorava ao mesmo tempo, acabara de ler a carta que seu amor secreto mandara, ela confessa que havia ficado MUITO irritada quando Hermes chegara com a carta em mãos, achara que era mais uma pegadinha de Poseidon. Mas assim que se acalmou, e não se aguentando de curiosidade, abriu a carta, e é claro, não podia deixar de respondê-la.

“Caro Poseidon,

   Sempre soube que você era um acéfalo, cretino, galinha e todos os outros adjetivos ruins que existem, mas como você foi tão burro, e nunca percebeu o meu amor por você? Todas as vezes que você vinha ao Olimpo, e começávamos discussões intermináveis, você não sabe o quando doía no meu coração, como eu ficava magoada com as suas medíocres palavras. Aliás, eu te odeio seu peixe medíocre.

   Odeio o modo como você me chama de loira.

   Odeio o fato de você ter a auto estima tão alta.

   Odeio não poder te ganhar em uma luta.

   Odeio o fato de ter de o respeitar por ser um dos Três Grandes.

   Odeio esse seu cabelo (maravilhosamente) bagunçado.

   Odeio esses seus olhos verdes, que me atordoam, e que de tempos em tempos eu os agredia com as minhas tolas palavras, e os transformava em verdes escuros tempestuosos como um terremoto.

   Odeio esse seu sorriso de escárnio.

   Odeio as suas palavras de deboche.

   Odeio ter de aturar o seu filho como genro.

   Odeio a sua ex-mulher Anfitrite(você ganhou meu respeito quando a colocou para fora do reino).

   Enfim, eu o odeio com todas as minhas forças, e é claro, odeio o fato de você fazer eu me apaixonar por você cada dia mais e mais, e obrigada por essas rosas vermelhas que apareceram enquanto eu escrevia essa carta.

   Porque algas, certamente não conseguem decifrar os olhos da Sabedoria.

                                                                                                   Com carinho,

                                                                                                                                                                                                                   Atena”

   Poseidon recebeu a carta de resposta, e não consegue se lembra de ter aberto um sorriso tão grande como o daquele momento, ah, é claro, e um ainda maior no dia do seu casamento com Atena, que havia anulado seu voto com a ajuda de Afrodite.