Goddess of Sea escrita por Gaby Karol


Capítulo 3
Capítulo 3: Explicações


Notas iniciais do capítulo

Eu definitivamente demorei, mas eu voltei pessoas amadas *-* e espero que minha imaginação também.

Boa leitura



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Atena não conseguiu evitar que sua boca se abrir em um “O” perfeito.

Desta vez a deusa lançou um olhar de fúria para o deus encostado a base de seu trono. Ele a estava olhando do mesmo jeito de sempre. Frio e apático. Os olhos azuis esverdeados não mostrando nenhum remorso, o sorriso sarcástico havia desaparecido de seu rosto.

Ele, nada falou, apenas a observou.

Atena engoliu em seco. Poseidon continuava a encará-la, avaliando cuidadosamente cada reação da deusa. Ela sabia, era um jogo, e ela tinha que demonstrar menos sentimentos possível.

– Quero falar a sós com minha filha. – Zeus falou, a raiva ainda emanando de sua voz como uma fumaça de um incêndio, os olhos faiscando – Agora!

Poseidon riu maldosamente para a deusa, que continuava perplexa diante aos fatos apresentados. Ele desapareceu completamente numa nuvem azul, deixando ainda a marca do sorriso sádico. Hera acenou com a cabeça e sorriu, mostrando compaixão com a garota a frente, e ao contrário do irmão, caminhou lentamente para fora do Salão.

Atena guiou seu olhar ao seu pai. Zeus, aos seus olhos, parecia realmente cansado e sempre acontecia quando algo o deixava preocupado. As profundas e negras olheiras lhes diziam que ele não havia tido noites muito boas. Há quanto tempo Poseidon havia armado aquela armadilha? Hermes deveria saber desta história, por isso não estava com o humor habitual, pensou Atena, antes de morder o lábio inferior.

– Venha aqui, querida. – Zeus a chamou, o brilho faiscante de raiva já desaparecendo do olhar – Tenho que conversar algo... – ele parou.

– Sim, pai, pode falar. – comunicou Atena já caminhando para perto do trono de mármore.

– Há mais ou menos dois meses, Poseidon deixou Anfritite. – comentou ele, rolando os olhos para o chão e torcendo suavemente os dedos das mãos – Como sabes, não é sábio que um Rei permaneça sem ter uma Rainha.

Zeus não precisou dizer o motivo da separação de seu até então tio. Todos estavam bastante acostumados com as constantes discussões do casal bem antes dela sair, sem falar das várias traições vinda das duas partes. Vez ou outra Atena sempre encontrava os dois nos corredores, rostos vermelhos, vozes abafadas e quase sempre o mesmo motivo de briga: traições.

Hermes e Apolo sempre fizeram apostas para ver quem pedia o divórcio primeiro, e não faltava fofoca vinda das bocas das ninfas, que, não esperavam a hora deste fato acontecer, ora, ele iria ter de escolher uma nova rainha para Atlântida.

Para a deusa, pouco importava o que seu tio aprontava, por isso, sempre se distanciou das brigas, tampando os ouvidos com fones, e em épocas mais antigas, piano fora a solução. Nada do que uma boa música clássica para esquecer que um casamento estava sendo jogado pela janela.

Ela simplesmente fechava os olhos, e tudo bem.

– Nunca achei que ele iria escolhê-la – a voz de Zeus a trouxe de volta para o presente. Salão dos Tronos.

Atena piscou.

– O prometi que iria dar a deusa que ele pedisse desde que não fosse casada ou casta – comentou seu pai, suspirando – Nunca passou pela minha cabeça, que ele iria pedi-la como noiva. E não pude negá-lo, fiz uma promessa diante do Estige, e você... – a frase morreu.

Não é mais casta, a vozinha em sua mente completou a frase suspensa no ar.

Há quanto tempo ela não lembrava-se de sua castidade mesmo? Desde que havia se libertado do Olimpo e começara a viver sua vida como qualquer mortal, excerto pelo fato de que ela nunca seria uma mortal. Ela libertara-se do voto que a mantinha aprisionada, e agora, a desfeita deste, a estava prendendo com a pessoa que jamais imaginou pedindo-a em casamento.

Suspirou.

– Eu sei, pai. – fora tudo o que a deusa conseguiu dizer no estado atônito em que se encontrava – Eu sei.

Atena mordeu novamente o lábio inferior.

– Não há mesmo nada que possa fazer? – perguntou ela, a voz escapando de seus lábios em súplica – Não há tantas deusas, por que não convencê-lo de que eu sou uma péssima ideia? De que... – ele a interrompeu.

– Não existe “nenhuma”, segundo ele. – Zeus fechou as mãos e trincou os dentes – Estou a dias tentando persuadir-lo a pedir outra, que eu faria qualquer coisa para que ele não a revogasse como noiva – as palavras escaparam da boca de seu pai como uma sentença – Porém, sabes como ele é teimoso. Falou que não há outro modo, nenhum. E que eu havia feito um juramento, não poderia ser quebrado de forma alguma.

– Ele quer me atormentar... – ela franziu o cenho – Será por causa de Atenas ainda? Será que ele não esqueceu da perda? Ou pelo Castelo? Deuses! Nunca achei que ele fosse tão vingativo, papai. – a voz falhou e ela sabia que estava à beira das lágrimas – Ou por causa da morte daquele pégaso? Eu nunca iria adivinhar que haviam caçadores ali e...

– Atena, calma! – disse seu pai – Não vamos simplesmente dar alternativas equivocadas.

– Mas pai, por qual motivo ele iria me pedir em casamento tento todas as opções mais agradáveis do que eu? Por que eu entre todas as deusas disponíveis no Olimpo? – indagou ela, o pânico se mostrando na voz.

– Atena, por favor. – ele disse – Pode ser outro motivo que não seja vingança.

– Quais as chances dele estar apaixonado por mim? 1%? – zombou ela virando-se para seu pai e andando pela sala – De todas as deusas... eu é que fui escolhida. A garota que o humilhou diante de uma platéia gigante várias vezes. Eu. Não foi a Deméter, ou qualquer outra deusa... fui eu.

– Pode ser que ele apenas a queira para ocupar o cargo, já que ele tem conhecimento de sua postura culta. Não és como as outras deusas do Olimpo, filha, e ele sabe bem disso. – Atena quis acreditar nas palavras de seu pai, apenas ocupar o cargo – Talvez, não seja por vingança que ele pedira sua mão.

– Talvez? – Atena girou para encará-lo.

– Creio que ajam motivos para ele querer se vingar de você. Contudo Atena, vamos acreditar no melhor. – concluiu o deus dos céus.

Suspirou.

– Sim – ela fechou os olhos – Não há mais nada o que eu possa fazer?

– Presumo que não. – confessou ele.

– O que farei agora? – indagou.

Chorar, o pensamento veio rápido em sua mente. Parecia a única coisa que ela poderia fazer em uma situação como aquela.

– Imagino que deves voltar ao seu antigo quarto, pedirei para que as ninfas lhe arranjem suas roupas. E, infelizmente, amanhã falaremos do noivado, filha. – respondeu. Ele levantou-se devagar de seu trono – Quer que eu a acompanhe até lá?

– Não será necessário, pai. – disse acenando com a cabeça – Irei até lá sozinha.

– Você está o que? – gritou Lissa do outro lado da linha. Atena respirou fundo, talvez não tivesse sido a melhor das ideias contar o ocorrido para sua amiga naquele momento – Eu não escutei direito.

– Estou noiva. – confessou a deusa.

– Mas – a deusa podia imaginar a garota franzindo o cenho, fechando a cara e cerrando os punhos – Que coisa mais machista e... antifeminista! Como uma coisa assim pode acontecer em pleno século XXI? – berrou a garota, Atena teve de afastar o telefone dos ouvidos para não perder a audição – Casamento arranjado, quem já se viu? Meu Deus! Como... – ela suspirou – Eu poderia ir até ai e estapear a cara desse metidinho a garanhão.

– E ele te mataria com um estalar de dedos, Lissa. – a deusa sentou-se em sua velha cama e trocou o telefone de mãos – Ele é um dos três grandes e mesmo que não fosse, ainda poderia te matar mais rápido do que um guepardo quando está caçando.

– Mas como ele pode fazer isso? Simplesmente pede sua mão e tammm dammm estão noivos? – a impaciência e ceticismo era palpável – Não estamos mais no século XV, isso é tão... argh. Onde está o amor?

– Uma pena que os olimpianos não vejam o casamento da mesma forma que os mortais hoje em dia, “as tradicionais leis tem de continuar para perpetuar nosso reinado”. – zombou a deusa de uma frase que seu pai tanto falava, jogando-se na cama em seguida – Estou noiva de um cara que me odeia.

– Hmmm, foi aquele que você humilhou quando ganhou a cidade, não é? – perguntou Lissa – Pos...

– Poseidon. – Atena jogou o cabelo que caíra no rosto para o lado – Meu tio.

– Seu tio? – a voz de Lissa agora era de zombaria – Ainda por cima, isto é um incesto.

– Como se ligassem para isso. – Atena torceu o cabelo com a ponta do dedo indicador e suspirou irritada – São olimpianos, tem a cabeça mais dura que uma rocha gigante!

– E, particularmente, você é tão parecida com eles quanto gêmeos univitelinos, Soph... Atena, Atena. – a garota do outro lado da linha gargalhou – Eu sei que está terrivelmente encrencada com essa história do casamento mas... – Lissa suspirou – Desculpe! Rir em uma hora com esta.

– Tudo bem, Lissa. – Atena fechou os olhos – Qualquer coisa para me alegrar agora.

– Precisa que eu conte uma história antes de dormir, mocinha? – pergunta ela zombando – Sobre princesas e príncipes encantados, talvez sobre um dragão que quer casar com uma pobre princesa indefesa e então um príncipe se dispõe a salvá-la.

– E quem seria este honrado senhor, madame? – perguntou.

– Oras, eu posso me vestir como homem pra te salvar. – então as duas riam, porém Atena sentiu o enorme bolo se formar na garganta e as lágrimas teimaram novamente em escapar. Fungou. – Oh. Está chorando, princesa?

– Não, eu... – não havia como mentir, uma lágrima solitária já havia rolado pelo rosto e, em breve, deixando sua solidão para ser acompanhada por outras que rolavam suavemente – Estou. Droga!

– Ok. Você pode vir aqui? Conversar? – Atena levantou-se da cama.

– Eu não sei, mas seria ótimo. Estou morta de tédio, não acredito que fiquei aqui por tanto tempo e nunca reclamei. Está tudo tão quieto, é como se houvesse um funeral e eu não estivesse sabendo. – comentou guiando-se até a porta. Os olimpianos deveriam ser um pouco mais agitados. – Vou procurar meu pai agora, irei perguntar se poderei ir até ai.

– Sim, espero que possa. – a deusa abriu a porta, fechando-a atrás de si com um clique abafado. – Tchau, loirinha.

–Também espero, tchau. – desligou.


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Notas finais do capítulo

Prometo não demorar tanto, e já estou a escrever o próximo *-* e que a minha imaginação não desapareça em uma hora como estas.

Até o próximo, babys



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