Os túneis subterrâneos da imaginação e da criatividade não estão no poder e liderança do Ser Humano. Não somos as formigas rainhas deste temeroso e pouco liderado Mundo. Mais desconhecido que os Seres do Oceano e mais infinito que o Universo.

Assim, o pobre escritor não pode tentar traçar um mapa mental desses mesmos túneis. Não pode tentar controlar porque quando reparar o seu discurso estará cheio de palavras fracassadas, numa tentativa negada, de descobrir de onde vem a imaginação. Palavras como “tentar”, como eu disse, tentativas frustradas.

Folhas amaçadas, caligrafia quase ilegível, tudo para tentar captar o fluxo de ideias que nos escorre pelos dedos. Nunca conseguiremos captar tudo. Algo nos fugirá dando oportunidade a outros escritores de escreverem o que a nossa alma vazia ainda não tem experiência para escrever.

E quando reparamos a escrita acaba por fazer desmoronar a nossa vida social. Falámos de livros que ninguém conhece, de algo que andámos a escrever, de bloqueios criativos, de factos históricos que foram precisos estudar para tornar o texto mais convincente, palavras desconhecidas, e acima de tudo: o poder da divagação típica de um escritor. Por mais que tentemos resistir iremos trazer a nossa carga para o nosso discurso. Um tema leva a outro e depois descrevemos e falámos de um conflito de sentimentos que um não leitornão consegue perceber.

Paixão: Aquela que faz com que as ideias iniciais de matar algumas personagens sejam transformadas em cinzas.

Apaixonámo-nos pela nossa criação, que mesma cheia de defeitos, julgámos ser a nossa obra-prima. E os leitores? Por mais que não queiram uma história linear e simplificada, acabam por chorar por elas e sofrer. Mas só se eles conseguem ver aquilo que nós vimos na corrente de ideias que nos passou como uma ave rasteira pela mente. E só se nós formos suficientemente bons.

O escritor contamina mentes com palavras. O escritor estraga estabilidades mentais, só porque sim.Só porque ama.

Porque é um despertarpara algo que escapou-lhes, que não foi o suficiente para captar a atenção das outras pessoas.

Mas o escritor consegue.

Porque ele ama demasiado a sua mente poluída de anormalidades e da corrente de ideias que vagamente lhe passa, que lhe sussurra no ouvido, como um cântico secreto que não é digno dos outros ouvidos.

Suspiros. Pausas. Pontos. Medos. Incoerências. Mas sempre reticências quanto à próxima vez que esta mulher incompreendida irá pegar na sua caneta e num simples pedaço de papel.

Entretanto, escreve sobre banalidades da sua própria falta de coerência, falta de sentido de oportunidade e dinamismo horrível. A sua má escrita. A sua boa verdade.

Algo que nunca será lido, exceto pelas mentes tão estragadas, controversas como a minha.

A Escritora,

03 de Setembro de 2013