A loura olhou com os olhos vazios para o fundo do copo que estava quase lá, ela talvez nunca tivesse se sentindo tão perdida, tão sozinha como naquele momento. Emma sentia como se cada passo, cada pensamento, cada batida que seu coração dava fosse simplesmente inútil e desnecessária.

E isso doía, doía mesmo.

Não é fácil crescer sozinha nesse mundo, não é fácil sobreviver sozinha nesse mundo.

O restante da tequila descera por sua garganta, já não sentia mais arder, já não sentia mais dor, sentia-se amortecida, sentia-se estranhamente forte para o que vinha sentindo no que vinha nos últimos dias.

Sentia-se humana e imbatível ao mesmo tempo, então fizera a única coisa que poderia fazer nesse estado: Batera na porta de Regina, que lhe atendera com aquele sorriso cínico, maldoso e apaixonante que a mulher possuía.

               -Henry não está.

               -Eu não vim por Henry.

               -O que diabos você quer na minha porta a essa hora da noite, Srta. Swan?

               -Eu vim por você.

               -Você está bêbada... Eu... Não vou lutar com você assim.

               -Estou indo embora, Regina. Eu cansei de brigar com você, de disputar o nosso filho. Eu só vim aqui para te pedir uma coisa.

               -Emma. Você não pode ir embora. Você é o destino...

               -Para com essa bobeira de contos de fadas. Não me importo se você é a Rainha má e a minha mãe a Branca de Neve... Estou cheia disso.

               -Eu nunca soube... Que você não estava destinada a salvá-los da minha maldição, Emma. Você estava destinada a salvá-los de mim.

               -Eu não... Você não sabe o que está dizendo.

               -Você estava destinada a salvá-los de mim, estava destinada a me salvar de mim mesma. O que eu quero dizer é...

               -Regina, não. Não me peça para mata-la, ou sumir com você. Eu não vou fazer isso. Eu não posso...

               -Não. Emma. Eu não vou te pedir mais nada. Eu só quero que me escute, não é fácil pra mim.

A loura assentira e a morena aproximara-se dela, tocando sua mão de forma lenta. Emma pode sentir o corpo todo se arrepiar com aquele toque, aquela sensação de que tudo ficaria bem.

               -Você me salvou de mim mesma ao me ensinar a amar novamente. Ao me mostrar que o amor não é egoísta. Eu te amo, Emma. Eu sei que é loucura, que não deve ser... Mas eu já não me importo mais. Eu me apaixonei por você desde o momento em que você apareceu na porta da minha casa, com o nosso filho. Eu só não quis permitir que isso acontecesse, eu não podia me permitir que isso acontecesse.

               -Você não...

               -Fique quieta, me deixe terminar. Eu não espero nada de você, não espero que fique por mim, ou que fique comigo. Eu não...

Emma simplesmente interrompeu sua Rainha de continuar a falar e beijou-a intensamente, segurando-a pela nuca para que ela não fugisse. No começo Regina simplesmente sentira aquilo, embasbacada, mas não demorou muito para se tocar do que acontecia e entrelaçar os dedos em seus cabelos, começando a beijá-la também.

Assim que se separaram, apenas mantiveram os olhos fechados, as testas coladas e as respirações cruzadas, como se não pudessem acreditar naquilo. Como se fosse só um sonho bom.

               -Você está errada, Regina. Eu estava tão perdida que não podia encontrar meus próprios passos no chão. Você me salvou.

               -É só a bebida falando.

               -Posso repetir isso pela manhã, quando eu acordar enrolada no seu corpo depois de horas incontáveis nos amando.

               -Hãn... Definiviamente, a bebida.

               -Eu te amo, e isso é mais forte que qualquer álcool desse mundo. Me coloque pra dentro e me salve novamente.

               -Só se me prometer uma coisa, Emma.

               -Oh, querida. Eu não te deixarei.