As Estrelas Da Esperança escrita por Vaskevicius


Capítulo 54
Capitulo 54 – Ventos do Norte




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Arredores do Castelo

Aqueles que lutavam na vanguarda estavam mais próximos do castelo e cada vez mais longe de sua deusa que tentava arduamente os proteger, mas eles percebiam que a névoa pestilenta se aproximava cada vez mais deles e por maior que fosse o desejo de protege-los, Athena não conseguiria manter a maldição da morte longe de todos seus amados soldados por muito tempo.
Ainda assim, com toda a desvantagem que possuíam, cada guerreiro continuava ferozmente, os guerreiros da vanguarda conseguiam ouvir ao longe o som característico de cavalos correndo para sua direção, porém a névoa que insistia em avançar, os cegava para seus arredores, o que apenas dificultava a batalha já que os subordinados do deus do submundo, pareciam não se importar com o nevoeiro cheio de maus agouros. A temperatura do campo de batalha esfriava cada vez mais, os corpos caídos por todos os lados já começavam a apodrecer, o odor tomava conta dos arredores, o sangue penetrava a terra ferida e infértil que parecia saborear as vítimas da guerra que ali pereciam. O frio cortante tomava conta de todo o ambiente, um pouco mais recuado, o cavaleiro de Aquário, observava atentamente a brusca mudança de temperatura e seu efeito sobre todos durante a batalha, os movimentos inimigos e aliados, diminuíam cada vez mais, a névoa parecia ficar ainda mais densa quando todos puderam ouvir como se uma cavalaria se aproximasse rapidamente, então o solo tornou-se branco por quase toda a extensão do campo de batalha, os corpos caídos congelaram e por um tempo pareceu parar o processo de decomposição, logo em seguida, um forte vento moveu com ferocidade a névoa contaminada com a peste, Elys se posicionou lateralmente à Steph com seu escudo pronto para defende-la do que estivesse vindo, por sua vez Athena cedeu ao ar gélido com um leve sorriso no rosto e começou instintivamente a queimar seu cosmos divino chamando a atenção para si momentaneamente, a ventania feroz transformou cada gota da água contaminada presente na névoa em pequenos cristais de gelo, a temperatura caiu ainda mais e todas essas partículas de doença e morte se afastaram com velocidade para o sul deixando o campo congelado, por um momento todos que guerreavam passaram seus olhos pela deusa de cabelos claros para o que havia se revelado pela colina ao norte, um brilho azulado intenso, um exército de guerreiros em armaduras azuis comandados por um conhecido, seu rei avançava com velocidade contra os guerreiros em vestes negras, o primeiro impacto entre os exércitos já começou a diminuir a legião de Hades, imediatamente os guerreiros de Athena pareciam revigorados e agora avançavam com sua vontade reabastecida.

— Enfim chegaram. – Disse Athena com uma voz terna e baixa acenando com a cabeça para o Rei dos Cavaleiros Azuis.

Artur avançava ao lado de dois homens, um vestia uma armadura muito semelhante a sua, mas o outro possuía uma armadura azul escura com dourado e adornos que se assemelhavam à asas, dentro da armadura, era claro que havia pele de animal para protege-lo do frio, como o povo de localidades onde o frio é extremo costuma usar, o exército azul se deslocava para o Leste do castelo onde combatiam os inimigos mais distantes das tropas gregas, rapidamente ambos chegam ao centro do conflito, o rei azul e o guerreiro excêntrico.

—Tem certeza que isso funcionará? – O cavaleiro de Boieiro perguntava.

— Absolutamente. – Disse o outro guerreiro ao seu lado levantando a lamina da espada que carregava, os dois seguraram a lâmina com uma das mãos e com a outra, o guerreiro puxava com velocidade pela bainha banhando a lamina no sangue dos dois, com um movimento rápido ele atravessa a espada pela neve recém criada e toca o solo apodrecido, uma luz branca e azul jogou cerca de cinquenta guerreiros de Hades, que estavam mais próximos, ao ar. – “Yr!” – Gritou o guerreiro que empunhava a espada, a luz emitida dos dois no meio da multidão de ébano sincronizava com uma luz que vinha da direção de Athena, ao perceberem tal luz, em meio ao campo escuro, a deusa, a amazona de libra e o grande mestre do Santuário se voltam para o foco de toda a luz, estupefatos de tão surpresos, um homem caminhava com a espada erguida em direção aos céus, ele parecia ser jovem, cabelos cor de mel e olhos verdes brilhavam no meio de toda aquela luz, ele vestia uma armadura que transitava entre o azul claro e prata, uma capa branca voava com o vento que corria ao redor do rapaz.

— Ouçam meu chamado e desçam de Valhalla em meu auxílio, eu lhes comando! – Com um movimento descendente da espada, trezes pequenas luzes descem do céu cercando Artur e o outro guerreiro, ao tocarem o solo congelado, uma pequena explosão acontece, e treze mulheres em vestes simples, cobertas por uma armadura avermelhada que cobriam quase tudo de seus corpos, o elmo se assemelhava a um diadema, das costas, asas eram projetadas de suas armaduras, e todas empunhavam uma lança maior que sua própria altura, as nuvens se abrem sob as guerreiras revelando um tom alaranjado e indicando o entardecer, neste exato momento uma grande explosão abre um imenso buraco revelando a terra sob a grossa camada de neve, de dentro da fumaça que ainda saia da cratera, vinte guerreiros caminhavam para fora, todos com armaduras singulares e vestes semelhantes ao estranho guerreiro que acompanhava Artur, os soldados em vestes negras recuavam conforme eles avançavam, alguns carregavam armas consigo, outros apenas um sorriso sarcástico no rosto e punhos cerrados, a intensidade da energia que eles queimavam era o suficiente para pressionar parte da legião das trevas.

— Mas quem são...?! – Questionava Wes sem saber exatamente para quem perguntar, Elys balançava a cabeça negativamente enquanto caminhava para ficar entre Athena e o estranho guerreiro que se aproximava vagarosamente.

— São Valquírias, são guerreiras estupendas que vem ao auxilio no momento da união entre um guerreiro de Athena e um guerreiro de Odin, e aqueles ao sul são meus Guerreiros Deuses. – O rapaz se curva diante de Athena e logo se levanta. – Sou o atual representante de Odin na Terra, é bom vê-la pessoalmente, sem corvos e corujas intercedendo para nos comunicarmos, vim para dar uma ajuda e acabar com essa guerra de uma vez por todas.

— Só gostaria que não fosse preciso uma guerra para isso, Kazys. – O rapaz abaixa a cabeça por um segundo e volta sua atenção para a deusa. – Sascha me contou o que planejava antes de partir do Santuário.

— Então, agora que tem os guerreiros deuses a seu favor, deve saber o que farei. – Steph abaixa a cabeça, o jovem se aproxima um pouco mais, com uma feição séria olhando para todo o campo de batalha como se procurasse algo. – Não o sinto aqui... Onde ele está?! – Wes se aproxima, ficando lado a lado de sua deusa e aponta em direção ao castelo e os templos flutuantes ao seu redor, a barreira que obscurecia tudo, estava novamente transparente, parecendo retroceder em reação aos poucos raios de sol que passavam pela brecha no céu deixada pela chegada das Valquírias. Brandindo sua espada ele se aproxima da borda do penhasco onde se encontravam e se depara com um cavaleiro, em uma armadura dourada, muito próximo a ele, o cavaleiro indica um ponto especifico da barreira que tentava se tingir de preto novamente, Kazys percebe a brecha na barreira. - “Sascha” – Sussurra para si mesmo e acena em agradecimento ao cavaleiro que continuava caminhando em direção ao trio que estava sob o penhasco. – O encontrarei e voltaremos... Juntos. – Afirmou o rapaz.

— Farei o possível para que isso aconteça. – Respondeu Steph, mas antes que a última palavra cruzasse seus lábios, o governante de Asgard já havia se jogado sobre o mar de ébano brandindo sua espada e dilacerando tudo o que tinha pela frente.

Escadaria dos Templos Flutuantes

—Ei... Acorda... Você está bem?

A voz chegava a seus ouvidos, mas suas reações corporais ainda estavam lentas, tentava mover seu corpo, sem muito sucesso, estava completamente entorpecido, a iluminação do local era baixíssima, a luz vinha de dois lados diferentes, porém um era claramente mais intenso, até se acostumar com a luz, demorou alguns instantes, o suficiente para sentir alguém virando seu corpo sobre uma superfície irregular, inclinada e dura, como uma escada, a rocha era áspera, mas não quebradiça.

— O quê...? – Parecia um pouco confuso ainda ao recobrar aos poucos seus sentidos.

— Parece que ficamos inconscientes e um pouco atordoados com o efeito da passagem. – A voz era relativamente jovem, ao voltar a si, se encontrava sentado sob uma escada com largos degraus, em uma espécie de espiral, visto de perto, as curvas na escadaria eram sutis, mas ainda assim perceptíveis, ao olhar para baixo, apenas o que parecia ser um abismo, chamas esverdeadas eram cuspidas de dentro das rachaduras no chão, as escadas não estavam apoiadas em nada, mas ainda assim não tocavam o chão, estavam a muitos metros de distância de conseguir alcança-lo. – Não há mais volta. – Continuou o rapaz.

— Mas não viemos aqui para simplesmente voltar. – Respondeu o jovem garoto que parecia olhar ao redor como se procurasse algo.

— Quando percebi que tínhamos passado pela fenda deixada por Sascha, não tinha ninguém aqui ali de nós, mas consigo sentir seus cosmos...

— Em contrapartida, não consigo sentir os que ficaram para trás... Será que...

— Provavelmente também não conseguem nos sentir de lá, já sabíamos que alguns eventos inesperados pudessem acontecer durante todo o processo, só temos que cumprir nossa missão, estamos em guerra... – Seu olhar fica ainda mais sério, estava sem foco, olhos apontados para baixo como se ele recordasse de algo, fechou seus punhos com força. – Não podemos deixá-los lutar sozinhos, vamos terminar aqui o mais rápido possível e depois acabamos com o exército de Hades!

— Vamos! – Concordou o cavaleiro de prata.

Os dois então iniciaram sua subida pelas escadas dismórficas, eles podiam ouvir como se uma melodia fosse tocada ao longe, sua origem não podia ser encontrada, mas não pareciam se importar com isso, pouco tempo depois os dois irmãos já conseguiam avistar uma pequena construção, com certeza era a segunda fonte de luz que enxergaram quando passaram pela barreira, fracas chamas de tochas ornamentais, um pequeno templo, se assemelhava com um dos doze templo zodiacais, mas muito menor e ele era todos segurado por finos fios negros, cada estrutura era mantida em sua posição com estes fios, mas ao chegarem mais perto, perceberam que até mesmo as colunas eram constituídas por centenas de milhares de fios, assim como o portão de entrada, ao toque, os fios moviam-se e criavam um som único, nunca ouvido antes pelos irmãos. Ao abrir o grande portão, o templo, visto de dentro, era enorme, por alguns segundos, os dois ficaram deslumbrados com a beleza interna do ambiente, assim como o espaço, ainda era muito semelhante às construções gregas mais antigas, branco cobria grande parte do lugar o que destacava ainda mais o milhares de fios negros que se enrolavam nas colunas e dançavam pelas paredes, como algumas plantas trepadeiras, e todas, apesar de realizarem caminhos bem diferentes, no final pareciam se encontrar em um único lugar ao fundo do templo, uma esfera escura, como uma pérola negra, era mantida erguida pelas cordas, ela tinha o tamanho de uma cabeça de um humano adulto. O portão se fecha atrás dos dois guerreiros de Athena que desviam o olhar da esfera por um momento, a melodia que ouviam durante todo o caminho, parecia não ceder, não ter fim e ainda assim, ali dentro, parecia ter aumentado, mas sem se importar muito com isso eles já entendiam o que precisavam fazer, um dos núcleos a serem destruídos eram aquela esfera, e pretendiam fazer isso o mais rápido possível, por isso começaram a atravessar rapidamente o templo.

— Vejam só... Se não são meus dois cocheiros particulares que vieram se entregar a mim! – A voz ecoava pelo templo, os dois rapazes ficaram estáticos por alguns momentos até ouvirem a gargalhada aguda que parecia vir de todos os lados. A respiração de Gutto tinha ficado mais curto e mais frequente, ele tremia, sentia como se seu coração fosse explodir, ao olharem para eu objetivo, um pequeno arco branco se abria sobre a esfera, o arco move-se e se revela como uma arcada dentária como um sorriso muito longo, os dentes afiados fora a única parte a ser revelada, mas antes que os cavaleiros pudessem se mover, dois olhos grandes e roxeados se abrem sobre o sorriso, a pupila era fendada e parecia olhar além de seus corpos, o cavaleiro de prata avança dois passos, é parado por seu irmão que parecia estar furioso.

— Saia da frente, vamos destruir essa coisa e você nos mostrará o caminho para sair daqui! – Sua voz era forte como um trovão.

— Isso depende muito do lugar que você quer ir.

— Não me importa para onde, apenas quero avançar.

— Então não importa que caminho tome! – O sorriso pareceu aumentar ainda mais, revelando mais dentes afiados.

— Contanto que eu chegue a algum lugar... – Disse Erick um pouco mais baixo.

— Mas você definitivamente chegará a algum lugar! – O rosto começava a se revelar, pele pálida como se estivesse morrido, o sorriso mal se encaixava na face que se distanciava da esfera negra, parecendo flutuar mais alto ainda. – Isso, desde que você ande durante algum tempo, chegará sim ao seu destino... – Num instante o corpo inteiro se revelou em meio as sombras, uma figura esguia, vestindo uma armadura negra com detalhes roxos, uma abertura centralizada no tórax e abdome, cabelos que caiam na lateral de seu rosto, negros e desgrenhados, finos fios, a face era completamente insana, ele então vira a cabeça lateralmente como se estivesse confuso e pensando em algo, nesse instante os dois rapazes se encontram com uma figura do passado que desaparece como fumaça diante de seus olhos, e antes que pudessem reagir, um impacto jogou cada um para um lado do templo, seguido de uma risada aguda e insana, o ser se revela no mesmo local onde os dois estavam parados juntos, anteriormente. – Chegarão sim... No mundo dos mortos!


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