Trovão Do Leste escrita por T I Wright


Capítulo 6
Pömnuria Shur'tugal Raudhr


Notas iniciais do capítulo

Título: Meu Cavaleiro Rubro*

*Não sou muito boa em traduzir para a língua antiga, então me desculpe por qualquer erro.
Um cap um pouquinho diferente, porque eu acho que não sou a única pessoa insatisfeita com o fim de A Herança e, principalmente, como as coisas terminaram entre os personagens principais...

Boa leitura!



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O dia não havia sido fácil para Nasuada.

Primeiro, o porta-voz do rei Orrin veio importuná-la de manhã, tentando fazer um acordo para aumentar as terras de seu reino. Veio com um papo de "desvantagem numérica e populacional", e "além do mais você tem um cavaleiro em suas mãos...".

Até explicar que a Ordem dos Cavaleiros era uma raça com a união de todas as demais para manter a paz e restaurar os dragões selvagens e, que, por serem tão poderosos, tinham que se manter imparciais, já havia passado do meio do dia, e o emissário insistiu que almoçassem juntos para terminar de discutir os tratados de novas terras.

Depois de educadamente chutar o mensageiro para fora de sua sala de reuniões, Nasuada recebeu a mensagem pelo espelho de Eragon sobre a tal de Fell Arget, nova residência dos dragões, e como planejavam construir lá a Ordem dos Cavaleiros do Leste. Até Eragon a pôr à parte dos acontecimentos no Leste, já se foi mais uma hora de conversa e discussão sobre como poderiam mandar as quatro raças da Alagaësia para as terras além dos elfos para construir o novo lar para os cavaleiros. Então, Nasuada prometeu contatar Orik e Naz Garzvogh para os detalhes do plano que o Cavaleiro e Arya haviam composto.

Logo em seguida, a rainha de Illiera teria que comparecer ao Conselho de Jogos para estabelecer novas regras para os Jogos da Alagaësia. Para apaziguar as discordâncias de opiniões, já se foi outra hora.

Depois ficaram discutindo coisas banais como se haveria ou não a pausa para o almoço até a promoção de certas modalidades e a proibição de magia entre as raças.

Mais uma hora se foi.

Então, sua aia, Farica, a guiou para uma sala à parte da acalorada dissipação da reunião dos Jogos, onde ficou até o anoitecer lendo tratados de terras de lordes e pequenas propriedades a serem distribuídas entre os nobres da região.

Banal, mas que poderiam evitar que os lordes se levantassem contra ela, alegando imparcialidade por parte da Rainha.

Quando o sol tocou o chão, Nasuada pousou um pergaminho sobre uma desavença entre dois lordes sobre a posse de um segmento de rio na mesa e disse:

– Chega. Já chega para mim hoje. Eu preciso de um banho e uma boa noite de sono. Farica, prepare para mim um banho cheio de espuma.

– Sim, senhora.

E saiu para andar lentamente pelos corredores do castelo de Illiera, até chegar a seu quarto, onde seu banho a esperava, quente e cheio de bolhas.

Logo pós seu banho, Nasuada pôs uma camisola comprida e sem mangas de seda bege, molhada nas costas por seu cabelo lavado, e se deitou. Não tinha ânimo nem mesmo para jantar de tão exaustivo que seu dia fora, mas, assim que pousou a cabeça no travesseiro, percebeu que não conseguiria dormir de jeito nenhum.

Virou-se na cama espaçosa e macia tantas vezes quanto pôde contar, ajeitou o travesseiro debaixo da cabeça, tomou um copo d'água de sua mesinha de cabeceira, e ainda sim permaneceu completamente desperta.

Foi então que se levantou e andou até a varanda de seu quarto. Abriu as portas de vidro e apreciou a brisa primaveril que passou por seu rosto. Abraçou seus próprios braços, mas não sentia frio.

Nasuada nunca se sentira tão sozinha antes. Nem quando passara noites em claro preocupada em derrotar Galbatorix, ou quando seu pai morreu.

Sem aviso algum, uma lágrima apareceu no canto do seu olho e rolou por sua face.

Como ele fazia falta...

Ela andou de volta para o quarto e deitou-se, mas deixou a varanda aberta, aproveitando a brisa refrescante pelo quarto. Um raio de luar passava pelas portas da pequena sacada, tocando-a de leve no rosto e fazendo suas lágrimas brilharem.

Quando cansou de chorar, virou-se de costas para a varanda e se encolheu debaixo dos lençóis brancos de sua cama. A brisa continuava soprando gentilmente pelas portas, até que uma lufada mais forte a fez se retesar sob o lençol, juntamente com o desaparecimento repentino e momentâneo da lua.

Nasuada agarrou o cabo de sua adaga com força, que mantinha escondida debaixo dos travesseiros, e aguardou pelo barulho de um intruso. Nada.

Quando se permitiu relaxar, algo cobriu a luz da lua e sentiu uma mão lhe tocar o ombro. Em um só movimento, Nasuada sacou a faca dos travesseiros, agarrou o pulso do intruso e meteu a faca em seu coração.

Olhou para cima e não acredito no que viu.

Ele estava mais cansado e esfarrapado do que se lembrava. Seu rosto estava manchado de o que parecia ser lama, poeira e sangue, seus cabelos já haviam quase dobrado de comprimento e seus olhos azuis estampavam surpresa.

Nasuada largou a faca, atordoada, e encarou Murtagh em pura incredulidade, tanto por ele estar vivo quanto por ele estar ali, e mais ainda por ter sobrevivido a seu ataque-surpresa.

Olhou para baixo e viu que a faca havia sido desviada pelas defesas do Cavaleiro.

Sua primeira reação foi um pouco mais explosiva do que esperava. Levou um segundo para reagir, mas assim que o fez, desferiu um tapa na cara do Cavaleiro, fazendo sua cabeça virar para o lado.

– Ai! Por que fez isso? Eu...

A segunda foi ainda mais inesperada. Nasuada se jogou em seus braços e o apertou tão forte que o deixou sem ar. Levou um segundo, mas Murtagh retribuiu o abraço com a mesma intensidade.

Ela deixou escapar uma risada de prazer e deu mais uma apertada antes de soltá-lo para encará-lo de frente.

– O que está fazendo aqui?

– Bom, eu estava passando por Bullridge e pensei em fazer um pequeno desvio para ver como estão as coisas aqui em baixo.

– Um desvio de setecentos quilômetros? - perguntou ela, em incredulidade.

– Bem... É.

Ela levantou uma sobrancelha.

– É, e, bom, Thorn pode ter ficado com saudades...

O que?, uma voz mental grave se exaltou de repente, Não me meta nisso, Murtagh!

Nasuada ergueu uma sobrancelha em incredulidade.

– Ah, é? Thorn estava com saudades de mim?

Murtagh, parecendo um pouco retraído, deu de ombros.

– É, e ele disse que me arrastaria até Illiera se eu não concordasse em ir.

Ela tentou reprimir um riso.

– Nossa, parece que Thorn realmente me adora...

Ai, meus espinhos..., suspirou o dragão vermelho, Vocês não têm jeito mesmo, não é?

Nasuada riu novamente. Então voltou sua atenção para seu rosto.

– O que é isso? Você se machucou? – estendeu uma mão para tocar seu rosto, mas ele recuou.

Nasuada andou até sua mesa de cabeceira e apanhou um lenço, molhando-o em seu copo d’água. Sentou-se em sua cama e o sentou para que pudesse limpar o sangue.

– Na verdade, isso é suco de uma frutinha vermelha que achamos por aí...

Eu falei para você não comer aquela coisa, mas adianta? Nãããão! Quem liga para a opinião do dragão vermelho de cinco metros de altura? Depois quase morre engasgado e fica pedindo para que eu bata nas suas costas! Hum!, bem feito. Voou bem longe...

Então o dragão vermelho transmitiu uma imagem de Murtagh sendo acudido pela maciça cauda de Thorn, fazendo-o voar uns bons três metros e aterrissar numa poça de lama.

Ela riu novamente e começou a limpar o suco das frutinhas de seu rosto.

Devagar, seu rosto foi aparecendo por baixo de seu lenço. O maxilar forte, o nariz reto, a testa, as bochechas, enfim estava limpo - pelo menos o rosto - e ela pôde contemplar suas feições mais uma vez.

Seus olhos estavam um pouco vermelhos de cansaço, as olheiras um pouco mais amplas do que se lembrava, os lábios secos do clima árido das planícies.

Algo naquele momento fez o resto parecer menos importante, como se tudo estivesse congelado e somente os dois pudessem se mover.

E foi o que fizeram.

Murtagh puxou seu rosto para perto e seus lábios se tocaram, ardendo como as chamas de um dragão. Seu coração batia tão rápido que Nasuada achou que ele iria parar e ela morreria no calor do beijo. E ela não se importou. Ela retribuiu com todo o fogo dentro dela e, por um momento, eles eram só um, uma chama vermelha como sangue. Murtagh prolongou-se por mais um segundo e se afastou dela.

Os olhos dela ainda estavam fechados quando Murtagh e Nasuada se separaram. Naquele momento, não menos especial, os dois se olharam e entenderam tudo o que havia se passado desde que se encontraram pela primeira vez naquela cela em Farthen Dûr.

Nasuada entendeu tudo, suas palavras, seus gestos, suas ações... O toque da mão dele...

Mas entendeu também que as profundezas daqueles olhos guardavam muita culpa e dor.

Por mais que seu coração sussurrasse fique, sua mente dizia, como sempre, o que era certo. Sim.

– Você sabe o porquê - ele sussurrou.

Ela sacudiu a cabeça - Não - murmurou, suprimindo o verbo ir no futuro.

Ele tomou suas mãos entre as suas, segurando-as por muito tempo, enquanto lágrimas frias rolavam da face dela. Uma delas rolou até metade de sua bochecha, amparada por um dedo de Murtagh.

Depois de mais um olhar compreensivo, azul dentro de castanho, ele se levantou e fez uma reverência formal para Nasuada.

– Adeus, minha Rainha - disse o Cavaleiro.

– Adeus, Cavaleiro - disse a Rainha.

– Espero vê-la em breve.

– Estarei esperando.

Thorn apareceu na varanda e pousou na amurada enquanto Murtagh andava até as portas corrediças.

E era isso o que eles eram, a Rainha majestosa em seu castelo, o Cavaleiro imponente em seu dragão.

– Murtagh!

Antes que Murtagh montasse, ela correu para ele e deu-lhe mais um beijo. Depois do doce contato, ela se aproximou de sua orelha.

– Adeus, meu Cavaleiro rubro - ela sussurrou.

Ele sorriu para ela e sussurrou de volta em seu ouvido.

No segundo seguinte ele estava voando contra a lua, um rubi muito longe para ser alcançado. Sua voz ainda ecoava em seus ouvidos.

Iet hjart er medh ono.

Meu coração está com você.


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Notas finais do capítulo

Já peço desculpas de antemão por qualquer descrição do nosso querido Murtagh; eu nunca descobri se os olhos dele são castanhos, negros ou azuis. Mas, como uma das heranças do pai dele, deixei ele com olhos azuis, mesmo que Morzan só tivesse um olho claro O.o Qualquer informação mais precisa não exitem em me avisar, nem em dizer o que acharam do cap!

Até a próxima,

— T. I. Wright



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