Two Pieces escrita por Olavih


Capítulo 12
Kiss you


Notas iniciais do capítulo

HEY! Aposto que não me esperavam não é? KK, então, é que é o seguinte: como vocês são leitoras maravilhosas, ou maravilhosos (tem algum menino lendo minha fic??). Enfim, como eu estava dizendo, eu resolvi postar mais cedo, graças a vocês divos. Esse capítulo tá muito calmo e cheio de beijos. Espero não ter ficado tão meloso e chato quanto eu to achando que ficou, mas eu só to adoçando a boca de vocês. Toda essa calma não vai durar mais do que dois capítulos, fiquem calmos. Coisas estão por vir HÁHÁ kkk. Enfim, boa leitura, desculpe os erros.



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Rafael e a garota continuaram abraçados. Franzi o cenho. Então, que coisa estava acontecendo aqui? Quer dizer, primeiro me beija, e aí me leva pra conhecer a família e agora fica de agarração com outra?

—Eles são lindos, não são? — ouvi a voz de a Tia Hilda perguntar. Quis gritar com ela. Como ela era capaz de dizer aquilo? Lindos? Onde? Cerrei os punhos. Não podia gritar com os parentes de Rafael. Ele me mataria. Então, o jeito era contar mentalmente até dez na cabeça.

—Sim, são. — continuou a avó de Rafael agora. Tudo bem, talvez até vinte? Sem segurar minha língua mais, deixei as palavras saírem da minha boca.

—Desculpa, mas quem é ela?

—Oh querida, o Rafa não te contou? — disse Hilda. — essa é sua irmã, Juliana. — sorri com alívio. Irmã. Ela é apenas irmã dele. Quis cantar essas palavras com satisfação. Conti meus sentimentos no exato momento que Rafael se aproximou.

—Milla, esta é Juliana. Minha irmã. Ju, esta é Kamilla, minha amiga. Foi dela a ideia de virmos aqui. — ela se aproximou com um sorriso encantador nos lábios e me abraçou. Não foi um abraço fresco, foi um abraço de verdade, de alívio. Franzi o cenho e retribuí o aperto.

—Obrigada. Muito, muito obrigada. — ela sussurrou em meus ouvidos.

—Então, essa pamonha saí ou não saí?

***

Era mais ou menos nove e meia quando voltamos. Tanto Rafael quanto eu estávamos exaustos. Todos os parentes de Rafael me abraçaram e agradeceram por trazer seu “menino de volta.” Não pude deixar de gostar. Era tão simples e simpáticos. Passar uma tarde em família me deixou animada e triste. Animada porque eu nunca havia estado em família de verdade. E triste por eu não ter tido o que Rafael teve.

Estávamos esparramados no sofá da sala, ambos descansando, pois a viagem era muito cansativa. Depois de alguns minutos, Rafael se levantou e se sentou ao meu lado. Ele passou o braço ao redor dos meus ombros e me trouxe para junto dele. Aconcheguei melhor naquele aperto, sentindo o perfume dele que, por milagre, ainda estava lá. Senti um beijo no topo da minha testa.

—Obrigado. — ele falou com uma sinceridade enorme na voz. Fiquei alguns segundos em silêncio.

—Eu tenho inveja de você. — disse por fim.

—Por quê?

—Porque você tem uma família. Alguém que se importa com você. Alguém com quem passar o natal e alguém pra te encher o saco quando você está namorando. — ele ficou em silêncio.

—Não devia. Aqui vocês são como uma família, só que sem laços de sangue. E vai por mim, é melhor. Eu queria que alguns dos meus parentes não tivessem o meu sangue. — ele riu. Manteve o tom divertido e aquilo me tranquilizou. Ele era tão bom com as palavras quanto era bom em ler as pessoas. Podia sentir isso dele. Levantei meu olhar para encará-lo e ele abaixou o seu. Nossos olhos se encontraram. Seus olhos eram infinitamente azuis, como o céu limpo em um dia lindo. Não eram tempestuosos ou misteriosos. Eram olhos calmos, porém com uma inquietação definida. Aquela inquietação nervosa de uma criança de dois anos. Nossos lábios se alcançaram antes que eu ao menos percebesse.

Era um beijo calmo, apenas uma onda sutil de sentimentos, uma brisa a beira mar. Era como suspirar, algo leve e calmo. Seus lábios acariciavam os meus de modo leve e ágil. Meu coração não acelerou como geralmente faz, e nem minhas mãos ficaram suadas. Porém eu sabia que, silenciosamente, tudo aquilo poderia me provocar um ataque cardíaco. Era um beijo romântico, algo que eu só via acontecer nas novelas.

Sorri quando o beijo terminou. Mantive os olhos fechados, ainda sentindo aquela melancolia que me levava a um sonho. Rafael era como um sonho. Um sonho alto, intenso e inebriante. Eu provavelmente mataria quem ousasse me acordar.

—Em que está pensando? — ele perguntou tirando uma mecha do meu cabelo. Corei.

—Em você. — ele levantou a sobrancelha.

—Me ama de mais essa criatura. — ele riu.

—Vai sonhando. — comecei a levantar do sofá, mas ele esticou a mão e segurou meu braço, puxando-me de volta para seu lado. Caí sentada, inclinada de modo que ficava fitando seus olhos.

—Onde pensa que vai? — ele se inclinou e me beijou, sem deixar que eu respondesse. Não me importei. Adorava aqueles lábios nos meus.

Depois de algum tempo nos beijando, fomos para nossos quartos. Rafael me deixou no meu com um beijo de boa noite e seguiu para o seu. Entrei e fiz minhas higienes. Geovanna não estava no quarto. Estranhei. Não a havia visto o dia inteiro e aquilo era estranho. Ela não ficava muito tempo fora do quarto, sempre procurou dormir oito horas por dia para não atrapalhar nos estudos. Um bando de bobagem em minha opinião. Porém discutir com Geovanna era como discutir com a parede. Ela não mudava, apenas ficava com a mesma cara de: “você tá errado. Porque insiste em discutir comigo que sou mais inteligente e estou certa?”. Era paia.

Começou a chover. Começou forte, porém foi piorando. Relâmpagos e trovões fortes balançavam a janela do meu quarto e as árvores lá fora balançavam fortemente. Fiquei com medo de algumas caírem. As sombras projetadas por elas eram estranhamente sombrias. Ficar nesse quarto sozinha com sombras sombrias era, no mínimo assustador. Daqui a pouco com um homem com machado me atacar. Eu hein.

Voei para a cama. Meus pensamentos foram para o passado. Meu pai amava chuva. Mesmo estas, agitadas. Adorava o cheiro de terra molhada, dizia. Lembrava de casa. E pensar em todas as coisas erradas que ele fez. Senti um calafrio percorrer minha espinha. Não é hora de pensar nisso Kamilla. O passado é passado, ouvi minha mente me repreender. Ela estava certa. Mesmo assim não pude deixar de pensar nos olhos frios dos homens que odiavam meu pai. Na voz do meu pai contando sobre seus erros do passado. Fechei os olhos. Não queria pensar, não devia. Prometi a mim mesma. Assim que acalmei meus nervos, abri os olhos. E gritei.

Estava lá, eu tinha certeza. Os mesmos olhos frios, o sorriso cruel, a cabeça careca e tatuada, as maçãs do rosto altas. Tudo. Estava lá tão certo quanto o ar que eu respiro. Saltei da cama com um terror tremendo. Não me importei em reprimir o medo. Não devia. Era ele que me faria agir agora, querendo ou não. Sem me importar com as vestimentas parti do quarto o mais rápido que consegui. Cheguei ao corredor com a respiração arfando, os olhos cheios de lágrimas. Minha mente murmurava palavras calmas, mas meus nervos não obedeciam. Tentei respirar fundo, para acalmar. Depois de alguns minutos deu certo. Não me atrevi a voltar para o quarto. Em vez disso, segui para a sala de computação.

A sala de computação era uma sala cheia de computadores um pouco velhos, a maioria funcionava, mas havia os que passavam mais tempo no conserto do que servindo para alguma coisa. Geralmente havia um fiscal, e você não poderia acessar um dos computadores sem alguém supervisionando ou sabendo que você estava lá. Não me importava. Apenas escorreguei meu corpo pra uma cadeira e liguei a máquina. Ela zumbiu e logo o letreiro “bem vindo” apareceu na tela, letras brancas em um fundo azul. Minhas vistas arderam.

Acessei o navegador e fui até a página de favoritos. Cliquei assim que vi qual era a página que queria. Era uma reportagem online de uma revista qual eu não sabia o nome. Já havia lido o mesmo artigo um milhão de vezes, mas não me cansava de ver. Só pra garantir, eu dizia a mim mesma. Só pra garantir. Li o título da reportagem:

Família Villagio morta em acidente

Continuei lendo o corpo da reportagem. Assim que terminei, li de novo. A lista de mortos confirmava. Ele estava de fato morto. Eu deveria apenas estar delirando. O medo agindo em minha mente novamente, só pode. Suspirei aliviada e desliguei o computador. Eu estava salva.

Ainda não querendo ir pro quarto, fui até a sala de estar. Não estava com fome. Assim que cheguei à sala vi que não estava sozinha. Rafael estava lá também, o rosto cansado. Não estava com camisa, apenas uma bermuda leve e descalço. Aquele corpo... Controle-se Kamilla.

Aproximei com um sorriso de canto. Ele me viu e riu também.

—Não consegue dormir? — perguntou. Pelo contrário, quis dizer. Estou com medo de um assassino que assombra meus sonhos quase todas as noites.

—Não. E você? — foi tudo que eu disse.

—Também não. Além do mais, Geovanna e Marcelo estão lá no quarto “assistindo filme”. — ele fez aspas em “assistindo filme”. Ri.

—Então é lá que essa danadinha está? Muito bom saber.

—Tá uma meleira mega nojenta. — ele fez uma careta. Há essa hora eu estava sentada do seu lado, obrigando meus olhos a focarem em seu rosto. Ele não parecia perceber minha dificuldade de concentração. Continuava com os olhos focados no nada, o rosto sem sorriso. Mesmo assim, os olhos brilhavam e pareciam sorrir. Como se isso fosse possível.

—Sinto muito. Acho que agora vamos ser vela. — ele abriu um sorriso safado e se aproximou de mim, me encarando.

—Ah não, baby. Você não precisa ser vela. — era muita tentação pra um coração fraco como o meu. Pensando muito bem no que estava fazendo, puxei-o pelo pescoço para sentir seus lábios nos meus.

Ao contrário do beijo de algumas horas atrás, esse não foi calmo. Foi rápido, desesperado. Era como estar se afogando há poucos segundos e então sentir que o ar entrando nos pulmões. Dolorosamente bom. Uma sensação de nostalgia me atingiu. Nostalgia e algo mais. Fogo. Era isso que eu sentia. Fogo. Uma ardência, como se minha pele estivesse pegando fogo, porém um fogo bom. Ele não queima de verdade, apenas provoca calor, e prazer.

Minhas mãos começaram a explorar seu corpo. Passavam por seus músculos definidos do abdômen e pelas suas costas, segurando seus ombros. Ele pôs sua mão em minha cintura e lentamente eu estava deitada, ele sob mim. Era extremamente estranho e se eu estivesse pensando até poderia tirá-lo dali. Mas eu não estava pensando. E não queria pensar. Beijá-lo era tão bom, ele era tão bom. Queria simplesmente esquecer que existia razão e continuar a beijá-lo, como se isso não houvesse consequências.

Ele não moveu suas mãos da minha cintura. As minhas posicionaram em suas costelas, movendo-se algumas vezes só pra suas costas, nada mais perigoso. Essa era nossa situação. Estávamos nos beijando perigosamente. Ambos sabendo aonde isso poderia parar. E ambos ignorando os avisos.

Seus lábios desgrudaram dos meus. Em vez disso foram para a minha fraqueza, o pescoço. Beijos e mordidas leves eram depositados ali traçando um rastro de fogo que deveria ser demonstrado. Mas eu me recusava a pronunciar qualquer barulho que fosse. Seria no mínimo constrangedor. Quase tão constrangedor quanto essa situação.

—Rafael. — sussurrei.

—Hum? — ele perguntou não parando de me beijar. Respirei fundo.

—Para. — pedi com dificuldade. — para, por favor. — disse.

—Por quê? — ele levantou os olhos e me olhou com irritação. — você não quer?

—Eu quero. — a verdade saiu sem que eu pudesse conter. — mas não posso. Não aqui, não agora. Não hoje, não nesse momento. É errado.

—E quando é certo?

—Não sei. Mas você não acha cedo de mais. — ele suspirou e saiu de cima de mim. Não sentou no sofá, em vez disso se levantou e sem me olhar respondeu:

—Tem razão. Eu vou dormir boa noite. — e saiu apressado sem me dar chance de responder. Continuei sentada com cara de tacho imaginando até onde iríamos se eu não tivesse falado.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Comentem e quem sabe eu não posto outra capítulo essa semana? O que vocês acham que o pai da Kamilla fez no passado?? Deixem sua opinião, ou, se não tiverem nada pra dizer, me responda então: qual é a música preferida de vocês? A minha atualmente é pink champagne - Ariana Grande. Um beijo pra vocês *---*