ICO - O Castelo das Sombras escrita por Kampos


Capítulo 1
Capítulo I - O Garoto Amaldiçoado




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O castelo era enorme. Ele se erguia sobre uma imensa rocha no mar e não havia ponte alguma, não tinha como chegar lá. Eu pensei em perguntar como atravessaríamos, mas Lorde Arten falara seriamente enquanto selava o cavalo para não dizer uma palavra sequer durante a viagem. A cavalgada foi muito longa até ali, talvez tivesse passado horas desde quando deixamos a vila, mas eu perdi a noção do tempo, ficar sobre a sela junto com Lorde Arten já estava desconfortável demais.

Senhor, é por aqui. — falou um dos soldados para o xamã, apontando para uma ladeira que descia a montanha até a margem.

A descida fora bem longa, e qualquer passo falso dos cavalos seria uma queda livre direto para as pedras no fim do penhasco. Àquela hora já dava para sentir o calor do dia esquentando as correntes em meus pulsos, a maior parte da viagem foi embaixo das sombras das árvores na floresta, e agora ali não havia sombra alguma, só a luz do sol e nenhuma nuvem acima no céu.

Chegando à margem havia um pequeno barco à nossa espera. Um dos soldados desceu de seu cavalo e desamarrou a corda que o impedia de ser levado pela correnteza. Eu não lembro o nome dele, assim como não lembro o do outro, mas acho que um deles tinha o nome começando com a letra “J”, mas não importa, eu nunca saberia.

A partir dali o resto da viagem foi de barco. O provável “J Alguma Coisa” nos guiou à remo até a montanha em que o castelo se erguia. Ao nos aproximarmos da grande pedra, o Senhor “J” rodeou-a até aparecer uma segunda, menor, mas igualmente alta. Quando olhei pra cima percebi que as duas rochas eram ligadas por uma estreita ponte rachada e alguns canos que provavelmente transportavam água a vários metros acima de nós. Na nossa frente se erguia um portão de madeira que era uma espécie de entrada para a caverna no interior da montanha. O outro guarda saiu do barco e subiu à terra firme, desaparecendo por trás de algumas pedras. Apesar de Lorde Arten estar com o rosto todo escondido por trás de um estranho véu, eu sentia que ele estava olhando diretamente para mim, ou melhor, para meus chifres.

O portão começou a descer e do outro lado estava o soldado que havia sumido há pouco tempo. “J” entrou com o barco, aproximando-o o suficiente do outro guarda para que ele entrasse a bordo novamente. Chegando ao fim da caverna descemos todos do barco. À nossa esquerda havia uma pequena porta de madeira.

Pegue a espada. — Arten disse para um dos soldados, que agora eu não saberia dizer se era o Senhor “J” ou não. As armaduras deles eram idênticas e ambos os seus capacetes com chifres de ferro cobriam-lhes os rostos.

O outro guarda abriu a porta e entramos em uma sala redonda não muito larga com uma imensa pilastra no centro. Ela parecia ter uma entrada, mas havia dois estranhos totens bloqueando a passagem, então o segundo guarda voltou com uma grande espada embainhada às mãos e seus passos ecoando por toda a sala. Ao desembainhar a espada perto dos totens ela se mostrou iluminada e saíam pequenos raios dela. Os olhos das duas esculturas de pedra brilharam e elas se afastaram para os lados, libertando a passagem para dentro da coluna.

Lorde Arten deu-me um empurrão para entrar lá. Quando uma alavanca foi puxada, o chão estranhamente começou a subir até que chegamos ao topo da coluna onde havia uma saída também com dois totens impedindo a passagem, mas isso não foi problema para o... Soldado da Espada. Saindo pela passagem, à nossa frente, alto na parede, havia uma porta de ferro que eu me perguntei como entraríamos nela, mas ao invés disso, subimos por uma das duas escadas que estavam ao lado, bem abaixo da porta. As escadas faziam um semicírculo e levavam a uma elevação que existia atrás de nós quando entramos no salão.

O lugar era imenso. Bem à frente havia escadas que, não sei por que, terminavam direto em uma parede. Já nas laterais do salão encontravam-se dois níveis de corredores repletos de casulos de ferro, onde provavelmente um deles seria o que eles me prenderiam. Atrás de nós tinha outra escada que levava diretamente para o segundo nível de corredores.

Aproximamo-nos de um dos casulos e, assim como os totens, ele brilhou com a aproximação da espada. Nesse momento ele começou a abrir, e então me tiraram as correntes e me colocaram dentro do objeto de ferro que acabara de abrir, prendendo meus pulsos nos dois buracos de madeira que havia ali.

Não fique com raiva da gente. Isso é para o bem da vila. — ouvi Lorde Arten dizer.

E então o casulo se fechou por cima de mim e tudo escureceu, tendo apenas um feixe de luz entrando por uma viseira que havia atrás da minha cabeça. Eu estava começando a sentir lágrimas nos olhos até que o chão começou a estremecer. Tentei me virar para trás pra ver o que estava acontecendo pela viseira, mas meus pulsos estavam bem apertados na madeira. Sacudi-me com violência para tentar me soltar, mas então senti o casulo virar. Eu o vi se abrindo com o estrondo do impacto no degrau, vi a madeira em volta dos meus pulsos partindo-se em vários pedaços, me vi caindo para fora daquele frio objeto de ferro, e, então, eu vi o chão se aproximando.


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Notas finais do capítulo

Art by sumi
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