“You're all that matters to me

Yeah yeah, ain't worried about nobody else

If it ain't you, I ain't myself

You make me complete

You're all that matters to me”

–All That Matters, Justin Bieber.

P.O.V Natalie

“-Promete que vai pensar sobre a proposta que te fiz?

–Prometo – ela disse se virando e subiu para o seu quarto.”

Nat subiu as escadas do hotel correndo e não conseguiu conter um sorriso. Talvez passar um pouco de tempo com os outros Cahill realmente fosse uma boa ideia. Ela e Ian ficaram muito afastados dos primos da sua idade porque eram Lucian, vistos pelos outros como “os maus”, ou seja, isolados dos outros clãs que se tornaram unidos desde o final da caça às pistas.

Apertou o botão 9 do elevador e subiu para o apartamento. Ao destrancar a porta e entrar, viu Ian sentado no sofá jogando vídeo game. Ultimamente, desde que papai lhe deu uma bofetada no rosto é isso que ele faz a maior parte do tempo.

Mas Natalie estava indignada. Como podia alguém com QI tão alto e o mesmo sangue que corre em suas veias jogar vídeo game o dia todo? Era patético. Nat jogou as chaves de casa na mesa ao lado da porta e colocou-se na frente da televisão. Mas tudo o que Ian fez foi mover-se um pouco para o lado no sofá e continuar jogando.

Natalie bufou e foi em direção a TV. O plano dela era desliga-la, só que Ian religaria no controle remoto. Resolveu então tirar o fio do vídeo game da tomada. Mas, como vocês já devem saber Nat não é eletricista e não tinha ideia de que cabo tirar.

Suspirou e olhou para o vídeo game. Um fio branco. Ela foi seguindo esse fio pelo emaranhado de cordas coloridas até chegar à tomada. Bingo! Pensou, logo antes de puxar o fio com força. Mas não foi só o vídeo game que desligou.

A casa inteira virou um breu. Droga! Natalie se repreendeu. Puxei o outro fio branco. Ela se virou e Ian estava olhando para ela com uma cara de qual é o seu problema? Nat fez uma careta para ele e se sentou. Bem, afinal de contas, ela tinha conseguido desligar o vídeo game.

–Sorte sua que eu salvei tudo logo antes de você entrar em casa – disse Ian, quebrando o gelo. Nat não se segurou; ela não queria falar isso sem nem ao menos conseguir ver o rosto de seu irmão direito.

–Ian, você não pode mais continuar assim. Perdoe o papai, ele perdeu o controle, e...

–Perdeu o controle? Você chama bater em seu próprio filho “perder o controle”? – ele perguntou, provavelmente com uma cara de incrédulo, mas ela não conseguia enxergar nada já que estava escurecendo lá fora. Nat teve certeza de que enrubesceu e deu graças a Deus por ter tirado o fio da energia.

–Sim, mas é que... - ela tentou se concertar, porque na hora em que disse se arrependeu.

–Sair com o carro para o acostamento é perder o controle. Comprar mais do que pode pagar é perder o controle. Bater em seu filho é agressão. Você não entende? Quando eu te defendia ele me batia em dobro; quando você fazia algo de errado ele me batia. Ele dizia que você era muito jovem e que eu merecia mais mesmo assim.

Natalie olhou para o irmão, mas não conseguia acreditar. Todos esses anos ela nunca soube que isso acontecia. Ela sempre achou que só tinha sido aquela vez, que o seu pai, o pai que ela conhecia, nunca faria uma coisa dessas.

–Ian... Ian eu não fazia ideia; eu nunca soube que isso acontecia com você... Eu... – Nat não se segurou e deu um abraço no irmão, que foi (surpreendentemente) correspondido.

–Chega desse lenga-lenga. Mas e você, hein? Eu vi que um carro te deixou aqui; quem era? Tinha um carro bonito, realmente... – Natalie sabia que na hora em que falasse dele, o sorriso se Ian se fecharia em uma fração de segundo. Mas mesmo assim ela não fugiria dessa resposta, com esse jeito protetor de Ian, então era melhor falar agora.

–Ian, olha. – Nat começou olhando nos olhos do irmão. – Foi o Dan. – soltar a verdade é como tirar um band-aid: se fizer rápido, nem dói; se ficar enrolando, é uma tortura. E foi exatamente como Natalie tinha previsto: o sorriso de Ian foi se fechando até seu rosto virar uma carranca e ele se levantou. Foi até a janela e riu. Riu.

–Como, no meio de tanta gente, você foi cruzar com Daniel? É muita coincidência, não? – ele riu-se e voltou para o sofá. – Você estava perdida e simplesmente cruzou com ele?

Ian pode até ter ficado de bom humor, mas se ela falasse que combinaram de se encontrar e se falavam anonimamente, ele iria ficar muito irritado.

–É – disse Nat, sorrindo – Pois é eu estava cruzando a rua, meio perdida daí ele quase me atropelou, foi um sufoco. Ele ficava pedindo desculpas, e como eu não me machuquei, falava que estava tudo bem, mas ele insistiu em me trazer até aqui. – Natalie, você é uma ótima mentirosa.

Ian parecia estar acreditando, porque não franziu a testa nem fez perguntas. Isso!

–Ah, ele até nos chamou para ficar lá na casa deles depois do aniversário da Amy, alguns outros parentes também vão ficar lá. Achei que seria bom, nós estamos muito afastados da nossa família, né?!

–É. Eu acho que devemos ir. – o queixo de Nat foi ao chão. Nunca pensou que ele concordaria. Hoje é meu dia de sorte. – Agora com licença, eu vou tomar um banho para ir dormir. Eu odeio tomar banhos frios, Natalie. Devia ter pensado em apertar o botão “on/off” em vez de tirar o fio da energia.

Agora que ele falou, teria sido uma boa ideia. Mas ninguém tirava o bom humor de Nat agora, nem mesmo um banho frio. Nat foi correndo para seu quarto e se jogou na cama, já pegando seu telefone pra mandar uma mensagem para Dan.

Nat: Hey, Dan! Meu irmão ficou de boa quando soube que foi você que me trouxe para casa. Tem alguma coisa estranha aí. Mas enfim, ele também disse que podemos ficar aí depois do niver da Amy. Te vejo lá!

Kisses,

A resposta não demorou mais que uns dez segundos e Nat de tão animada deixou o telefone cair do outro lado do quarto.

–NÃO! – gritou quando achou que tinha quebrado a tela. Mas, chegando lá, tudo continuava intacto. Se virou para voltar pra cama quando viu Ian entrar em seu quarto feito um furacão, só com a toalha amarrada na cintura, segurando uma arma gigantesca. Nat gritou de susto e quase caiu em cima de sua penteadeira importada. – O que é isso Ian?

–Pare de gritar, eu achei que fosse um ataque Vesper! Deixe de ser desesperada. – ele revirou os olhos e voltou para o banho do qual havia sido “brutalmente” tirado, e Nat voltou para a sua cama com travesseiros de pena.

Clicou no ícone da notificação de mensagem e leu:

Dan: Ooi princesinha! Definitivamente tem coisa errada aí; eu achei que ele surtaria! Que ótimo! Então vejo vocês aqui daqui a alguns dias. Já estou contando.

Paz,

D.

Nat ficou animadíssima, porque também estava contando os dias; um sorriso se estampou em seu rosto. Ela se aninhou no travesseiro e pensou nela e Dan. Até que faziam um casal lindo. Nat pegou seu telefone e colocou a música “All That Matters” pra tocar. Escutando Justin Bieber e imaginando Dan, ela caiu nu sono profundo, não acordando nenhuma vez à noite, somente com um pensamento na cabeça: “Dan, you’re all that matters to me.”.