Monomania escrita por Fubazinhamirim, Karol Cavalcanti


Capítulo 1
Oitavo Andar


Notas iniciais do capítulo

Presente para uma amiga.
Não vai ser nada grande , seis capítulos



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Eram mais ou menos três da tarde,eu estava fazendo companhia a minha irmã menor Hanabi. Estávamos sentadas no extenso e felpudo tapete da sala,ela tinha me convencido a jogar o jogo favorito dela,Banco Mobiliário(Versão Bob Esponja,claro).Com uma felicidade impressionante ela armava o tabuleiro, distribuía as peças e se ocupava em organizar o jogo, Enquanto eu só observava com um leve sorriso.Nossos pais quase nunca paravam em casa,eram Empresários importantes, então era só eu e ela boa parte do tempo.Minha linha de raciocínio foi quebrada quando escutei a campainha tocar,ecoando rapidamente pela casa,pedi licença e me direcionei para a porta,dei uma rápida olhadela pelo olho de vidro.Naruto?,senti todo o meu corpo mudar de cor.O que ele queria aqui na minha casa?.Abri a porta sem demora e encarei ele em silêncio.

-Hina-chan.- ele falou logo entrando em minha casa,sem permissão.

-Ohayo.-falei com uma voz meio trêmula

-Você estava certa.-começou -A Sakura-chan só estava ficando comigo por abstinência do Sasuke.-Não pude evitar de da umas leves tapas nas costas dele.-Obrigada por ter me convencido a não aceitar o pedido.-Ele sorriu

Eu não pude evitar dar um leve sorriso, vi que continuamos sorrindo igual a dois bobos por um tempo,até o seu sorriso desmanchar e levar o meu junto.

-N-Não é por isso que você está aqui,c-certo N-naruto-Kun?.-Meus dedos se entrelaçaram entre si e pude perceber que ele olhou para baixo distribuindo leves chutes no ar.

-Se Lembra que eu te disse que...eu estava doente?

Eu assenti com a cabeça, e ele permanecia olhando para o chão.

-Eu só tenho seis dias de vida.

Chão onde está você?

Aquelas palavras perfuraram meu coração como uma espada.Com uma força tirada de só Deus sabe, lutei com as lagrimas que teimavam em descer,algumas conseguiram escapar mas nada comparado a quanto eu queria derramar naquele momento.Ele se aproximou de mim em silencio e com o calor seus polegares esquentou meu rosto,em uma tentativa de me acalmar.

-Todo mundo vai te decepcionar, sabia? Sua mãe, seu pai, seu marido, sua amiga, seu vizinho. Todo mundo um dia vai fazer uma merda federal e ferrar com tudo que você sonhou. A gente tem tantos sonhos. Como eu queria uma realidade mais doce. Mas não. A vida é meio amarga, azeda, meio de verdade. Isso assusta, mas a gente precisa ser forte,não quero ver você derramar uma lagrima por mim,entendeu?

Eu assenti,não consigo emitir uma palavra.
Ele fixou seus olhos nos meus e eu pude sentir sua respiração junto a minha, em uma sintonia quase que perfeita .Ele fechou os olhos e encostou o seu nariz contra o meu,todos os pelos do meu corpo eriçaram quando senti seu calor,provavelmente eu devo estar da coloração de um tomate.Não foi planejado, nem premeditado. Foi só um querer estar perto e cuidar, tomar todas as dores e lágrimas como se fossem suas. A vontade e o desejo vieram depois, bem depois. Não foi um lance de corpo, foi um lance de alma. Foram as palavras. Uma saudade e uma urgência daquilo que nunca se teve, mas era como se já tivesse tido antes. Senti os seus lábios depositarem um beijo em minha testa,fechei os olhos enquanto retornávamos a nossa posição normal e encarei ele mais uma vez.

-Só continue sendo forte. Não se preocupe, essa angustia que você está sentindo vai passar, a saudade vai acabar. Eu sei que agora parece que o mundo conspira contra você, mas ele gira e em um giro desses tudo pode mudar. Então não desiste, sorria. Você é mais forte do que pensa e será mais feliz do que imagina, e eu sei disso como ninguém ,pequena.-Ele colocou as mãos no bolso do casaco e só agora pude perceber que estava chovendo.Voltei toda a minha atenção a janela 

Bem, nós éramos melhores amigos(mesmo eu querendo que fossemos mais) e ultimamente ele vinha muito aqui em casa.Hanabi adorava a sua companhia.Ele sorriu de leve para mim mais uma vez e desapareceu na chuva,meu coração apertou um pouco quando escutei o barulho da porta ecoando pela casa.Deixando essa cena de filme romântico clichê de lado me dirigi mais uma vez minha atenção para Hanabi

-Onii..se quiser a gente pode brincar depois.-Ela falou apertando os minúsculos bonecos que eram o Bob esponja e a Sandy

Já comentei como a fofura da minha pequena é incontestável?

-Vamos jogar.-Abri um caloroso sorriso e logo me sentei ao seu lado

(...)

-Chibi-chan, o que vai querer para o jantar?

-Pizza!.-Eu dei uma risada baixa com sua resposta

-Mamãe não vai gostar nada disso! Mas vai ser nosso segredo.-Eu coloquei ela no meu colo e fiz leves cócegas em sua barriga

-Eu sou quase uma adulta !.- Ela falou entre risos 

Já falei que a risada dela é linda? Parece aqueles bebezinhos manhosos.

Ela passou um tempo mostrando que é forte e eu logo me dirigi a cozinha para fazer o pedido.Acabei ficando um tempo por lá perdida nos meus pensamentos.

Minha cabeça ainda girava em torno de uma única orbita que era Naruto.O problema é conviver com o depois. Como será depois? Sei que eu penso demais, minha cabeça dá voltas, imaginação fica a cem por hora. Mas queria saber como será depois. Mesmo. Como vou viver depois que, finalmente, você for para o lugar distante? Como vou me sentir depois que eu tiver que forçar a memória pra me lembrar das nossas brigas, nossas conversas? Eu não sei. Simplesmente não sei. O que machuca é saber que esse dia chegará. E o que me dói é saber que eu nunca mais serei a mesma, ninguém vai permanecer o mesmo. E dói mas ainda saber que todos esses anos tentando conquistar ele vão ser reduzidos a pó.
O.k tenho que para com essa depressão, o mundo não vai acabar 
Ou vai?
Tá eu parei.
Sinto a vibração na mesa e logo observo o visor do meu celular,era o naruto,logo atendi.

"Desculpa sair de repente.."

"Tudo Bem.."

"Cade a menina que sempre me faz rir?"

"Quer que eu diga algo do tipo, Quando eu te vi fechar a porta eu pensei em me atirar pela janela do 8º andar?"

"Onde a Dona maria mora?"

Soltei uma pequena risada.

"Eu acho que sempre posso entrar.."

"Você cairia em cima de mim que nem uma bigorna!"

Pera, as idéias estão começando a florar.

"Naru. Jà retorno a ligação!"

Eu me apressei até o meu quarto, e tirei meu violão da caixa e comecei a testar notas,criando novas sintonia, até que surgiu uma canção.Tirei um papel, escrevi a numeração de um a seis e a primeira recebeu o nome de "oitavo andar".Com uma letra rápida escrevi a primeira parte.

"Quando eu te vi fechar a porta eu pensei em me atirar pela janela do 8º andar,
Onde a Dona Maria Mora, porque ela me adora e eu sempre posso entrar,
Era bem o tempo de você chegar no T, olhar no espelho o seu cabelo, falar com o seu Zé,
E me ver caindo em cima de você como uma bigorna cai em cima de um cartoon qualquer."


Cambaleando meus dedos entre notas mais idéias iam surgindo, e com elas a dança do lápis no papel

"E ai, só nos dois no chão frio,De conchinha bem no meio fio,No asfalto riscados de giz,Imagina que cena feliz,"

Eu dei um leve sorriso e continuei.

"Quando os paramédicos chegassem e os bombeiros retirassem nossos corpos do Leblon,
A gente ia para o necrotério ficar brincando de sério deitadinhos no bem-bom.
Cada um feito um picolé,Com a mesma etiqueta no pé,Na autópsia daria pra ver,Como eu só morri por você,Quando eu te vi fechar a porta eu pensei em me atirar pela janela do 8° andar,
Invés disso eu dei meia volta e comi uma pizza inteira de queijo no jantar."


Olhei para o papel e ri
De Hinata para compositora tem uma distância muito grande.
Com meu celular em mãos eu fiz uma chamada para o loiro e cantei toda a canção para ele.
Convidei ele para vir pela manhã, ele por sua vez aceitou o convite.


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Notas finais do capítulo

A Música é de Clarice falcão, foi bem curtinho
perdon