Dia De Tanabata escrita por Lakali


Capítulo 2
Sakuras e Bentôs, Lembranças e Lágrimas


Notas iniciais do capítulo

"Obentô" ou Bentô: marmita de refeição única dentro de um potinho ou separada em diversos tamanhos de embalagens, geralmente usam um recipiente em forma de caixa onde todas as embalagens são acondicionadas. O tradicional contém arroz, peixe ou carne, e um ou mais tipos de conservas, além de legumes cozidos.



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As pessoas andavam lentamente pela rua, observando as cerejeiras e admirando a linda paisagem que as flores proporcionavam. O clima contribuía para o ambiente agradável, e além dos moradores era possível encontrar muitos turistas nas ruas.

Um palco não muito alto e em formato octogonal foi montado em um parque da cidade, uma área onde tem muitas sakuras e já é própria para realizar este tipo de evento. O parque tem espaço suficiente para todos fazerem os piqueniques, apreciarem as cerejeiras e assistirem as apresentações de teatro e dança que serão realizadas. Do lado esquerdo do palco foi montada uma tenda, onde os artistas e dançarinos poderiam se preparar.

Kenshin, Sano e Yahiko haviam se encontrado com Megumi, e juntos procuraram um lugar para se acomodarem. Eles acharam um lugar próximo do palco, do lado oposto ao que estava a tenda. Dali eles tinham uma visão perfeita de todo o palco.

Megumi havia levado uma toalha vermelha para estender na grama. Ela era grande o suficiente para que todos pudessem se sentar nela, e grossa o bastante para que a grama não incomodasse. Ela também preparou alguns bentôs para que pudessem realizar um piquenique.

Como estavam longe do lugar que combinaram com Kaoru de a encontrarem, após se instalarem Kenshin sugeriu que seria mais prático voltar ao dojo para acompanhar Kaoru, e assim o fez.

Megumi estendeu a toalha, se sentou e colocou a sacola com os bentôs do lado. Yahiko e Sano seguiram seu exemplo e também se sentaram. Enquanto esperavam Kenshin retornar com Kaoru, eles ficaram admirando o cenário, e observando as pessoas que chegavam.

Passado algum tempo Sano já estava totalmente impaciente: com a demora de Kaoru e Kenshin, com a demora de iniciar os eventos, com a... bom, com qualquer coisa.

– Eles estão demorando tanto! O que será que estão fazendo. Kenshin deve estar aprontando alguma.

– Deve ser a Kaoru, ela deve estar tentando fazer um milagre e ficar bonita, e isso leva muito tempo, responde Yahiko entre risos.

– Sano, Não faz tanto tempo assim que Kenshin foi buscar a Kaoru, diz Megumi.

– Pois pra mim parece uma eternidade.. Eu odeio esperar. Além disso estou começando a ficar com fome, e essas apresentações também estão demorando a começar! Acho que vou comer um bentô enquanto espero, diz Sano, eles estão com um cheiro delicioso, fala já levando sua mão em direção à sacola.

– Nem pense nisso Sano. Vamos esperar os outros chegarem, diz Megumi dando um leve tapa na mão de Sano. Tire sua mão da sacola!

– Mas que droga, eu não posso nem comer!

– Deixe de ser rabugento Sano. Você já não tem muitos atrativos, e se continuar rabugento assim nenhuma mulher vai se interessar por você! Conclui Megumi já em gargalhadas.

– Ora sua folgada, diz isso como se existisse alguém em sã consciência interessado em você.

– Vocês querem parar com isso! As pessoas estão olhando, diz Yahiko.

– Mas foi ela quem começou..., Sano responde enquanto aponta para Megumi.

– Bebê chorão, Megumi fala só para provocar Sano. Ela adora fazer isso.

– Hoje é um dia muito legal e vocês dois bem que podiam tentar parar de ficarem implicando um com o outro.

– Quem te ouve falar assim pensa que você nunca implica com ninguém, não é mesmo Yahiko?! Se a Kaoru estivesse aqui pra ouvir você falar assim ela acharia muito engraçada a ironia.

– Não seja idiota Sano.

– Está vendo Sano, não sou só eu que acha você um idiota.

– Escutem aqui vocês dois e...

Enquanto eles discutiam, o Doutor Oguni que estava passeando pelo parque se aproxima deles.

– Olá a todos! Que bom encontrar vocês!

– Oh! Boa tarde Dr. Oguni. É uma surpresa encontrar você por aqui, pensei que tivesse dito que não fecharia a clínica hoje, responde Megumi.

– Na verdade eu tive que sair para comprar algumas coisas, e como vi vocês passei ver se estava tudo bem. Mas já estou voltando para a clínica. Kenshin e Kaoru não estão com vocês? Achei que iriam assistir aos eventos.

– Kenshin foi até o dojo buscar a Kaoru, que ficou dando aula, diz Sano. Mas eles já devem estar chegando. Então o senhor não vai ficar?

– Não, hoje não. Como somos somente eu e Megumi, não podemos ausentar os dois da clínica. Ela já havia me pedido para sair mais cedo para poder vir hoje, então vou deixar para vir outro dia.

– Entendo, Sano responde. É uma pena que não possa ficar conosco.

– Ossos do ofício. Bem eu vou indo. Vi vocês de longe e passei apenas para cumprimentar. Também vi a Sekihara e a Sanjou do outro lado, mas elas me disseram que não devem ficar hoje.

Ao ouvir o nome de Sanjou, Yahiko parece levar um choque de eletricidade. Ele começa a olhar de um lado para outro enquanto fala:

– O Senhor viu a Sanjou? Onde? De que lado? Cadê?

– Calma Yahiko. Não precisa ficar desesperado só porque sua namoradinha está andando por ai, diz Sano enquanto coloca sua mão na cabeça de Yahiko, e afunda a mesma.

– Tira a mão de mim Sano. E ela não é minha namoradinha.

– Tem razão, deve ser por isso que ela não veio com você. Deve estar procurando alguém mais interessante.

– Ora, seu idiota!

– Você está se tornando redundante garoto.

– Eu não sou garoto!

– Vocês dois já chega, interrompe Megumi. Parem de arrumar confusão!

Ainda rindo um pouco da cena, Dr. Oguni responde a pergunta de Yahiko:

– Yahiko, eu vi a Sanjo há uns 15 minutos atrás, e elas já estavam indo embora, então provavelmente não estão mais lá. Agora eu tenho mesmo que ir. Até mais.

Todos se despediram do Dr. Oguni. Yahiko se levanta dizendo:

– Acho que vou dar uma volta por ai pra ver se acho a Sanjou, disse enquanto olhava de um lado para outro, tentando avistá-la. Posso convidar ela pra ficar com a gente, e depois eu a levo em casa.

– Ha! Garoto esperto hein! Não perde tempo! Só que nem pense em dar um perdido depois, você está muito novo pra isso viu.

– Não enche Sano. Só quero ser educado.

– Educado é, pois quanta educação... Estou até estranhando tanta gentileza. Ha mas é claro, esse ai só é educado quando se trata de mulheres.

– E você não é nem quando se trata disso.

– Ele tem um ponto Sano, disse Megumi enquanto tentava sem muito esforço disfarçar o riso.

– Ora, calem a boca vocês dois.

Yahiko se vira e começa a sair quando sente que está sendo segurado. Ele olha e vê a mão de Sano o segurando.

– Espera ai. Você não vai não.

– Como assim não vou. Me solta Sano.

– Pensa um pouco. Primeiro, o Dr. Oguni falou que elas não iam ficar, aliás, que já estavam indo embora. A chance delas já estarem no restaurante ou em casa é muito grande, sem contar que do jeito que está cheio é bem capaz de você acabar se perdendo da gente ou demorar um bom tempo pra conseguir voltar. Você vai acabar sem lugar, sem ver o espetáculo direito, e sem sua querida Sanjou, finaliza Sano.

– Ele tem razão Yahiko, completa Megumi.

Porque não passa no restaurante amanhã e convida ela pra vir ao festival? Sano sugere, enquanto retira sua mão do braço de Yahiko. Nem que seja pra dar uma volta. É muito mais prático. Além disso, você tem outra coisa pra fazer agora.

– Ele tem?

– Eu Tenho?

Falam Megumi e Yahiko ao mesmo tempo, olhando para Sano.

– Sim, você tem. Você vai atrás do Kenshin e da Kaoru. Porque não tem lógica eles estarem demorando tanto. E se for por causa da Kaoru, bom, é só você tirar ela do sério, que ela sai correndo atrás de você e os três chegam aqui rapidinho, diz Sano entre risos.

Megumi ficou encarando Sano, que perguntou:

– O que foi?

– Estou surpresa por ter tido uma boa ideia, só isso. É um acontecimento tão raro que não soube como reagir.

– Há há, muito engraçado doutora.

– E o que eu ganho indo até lá? Por que não vai você?

– Bom, se eu for vou espalhar pra todo mundo que você tem um encontro romântico amanhã, além de contar pra Sanjou alguns segredinhos seus que você sabe que eu s...

– Está bem, Yahiko falou enquanto já saia correndo.

Megumi olhou intrigada para Sano.

– Que coisas você sabe sobre o Yahiko pra ele sair correndo assim?

– Eu não sei nada, só joguei verde. Talvez ele saiu correndo assim pelo que eu disse primeiro, sobre o encontro. Embora não faça mal investigar se tem mais alguma coisa. Ao menos me pareceu que ele acha que eu sei de alguma coisa...

***

Ao abrir o portão do dojo Kamiya, Kenshin nota como este se encontra silencioso. “Kaoru deve ter encerrado a aula mais cedo e dispensado os alunos” pensa. Ele fecha o portão e começa a entrar no dojo quando percebe Kaoru na varanda, encostada em uma das pilastras.

Ao observar seu rosto ele percebe que seus pensamentos estão longe, e que por isso não o viu chegar. Também nota certo ar de melancolia e tristeza. Ele se pergunta o que será que está acontecendo com Kaoru. Essa não é a primeira vez que a vê desse jeito, e não consegue entender o porquê disso. “Todos no dojo estão bem. Não estamos em batalha, ninguém está em perigo, Sano até consegui emprego! Posso com certeza afirmar que todos nós estamos felizes. todos, menos você!”

Em nenhum momento Kaoru nota a presença de Kenshin. Distraída em seus pensamentos, ela não percebe que esta sendo observada.

Kenshin estava preocupado com ela, mas não pode deixar de admirá-la. “Tão bonita”, pensa. “Apesar de seu gênio forte ela também tem uma doçura que o fazia querer sempre protegê-la”. Após alguns minutos, saindo a contragosto do seu estado de contemplação, Kenshin se aproxima de Kaoru.

– Senhorita Kaoru? Está tudo bem?

Um pouco sobressaltada Kaoru finalmente volta à realidade e percebe que ficou ali parada por um bom tempo. Ela então olha para Kenshin.

– Oh, olá Kenshin, não percebi você chegar.

– Notei que você estava distraída.

– É verdade, estava mesmo. Mas o que você faz aqui? Não combinamos que vocês iriam mais cedo para escolher um lugar, e depois eu me encontraria com um de vocês próximo ao restaurante da Sekihara?

– Não precisa se preocupar, nós já achamos um bom lugar. De lá dá para ver todo o palco onde acontecerão as apresentações.

– Que bom!

– Foi uma boa ideia termos ido mais cedo. A cada momento chegam mais pessoas para participar do festival, e se tivéssemos deixado para ir mais tarde não conseguiríamos assistir as apresentações de perto.

– Mas não entendo porque você voltou.

– Eu pensei e cheguei à conclusão de que seria melhor voltar para poder te acompanhar até lá. Não queria que fosse sozinha senhorita Kaoru.

– Kenshin.

Após alguns instantes Kaoru percebe que o está encarando e seu rosto fica levemente corado.

– Er... Obrigada, diz meio sem graça.

– Não precisa agradecer, será um prazer te acompanhar. Tenho certeza que você vai adorar o festival, as cerejeiras este ano estão realmente muito bonitas.

– Essa época é realmente linda, não é mesmo? É uma das minhas favoritas. Bom, eu vou me arrumar e já volto, não irei demorar.

Kaoru se vira e começa a andar, indo em direção a seu quarto. Ela então sente uma mão segurando seu pulso, impedindo que ela continue andando, ao mesmo tempo em que ouve Kenshin pedir para ela esperar.

Kenshin percebe o leve tremor na mão de Kaoru e seu pulso acelerando. Mas essa sensação é muito rápida, pois logo em seguida Kaoru rompe o contato e se vira para ele.

– Sim Kenshin, o que houve?

– Não quero ser intrometido, mas gostaria de saber por que estava triste quando cheguei.

“Então ele notou”, pensa Kaoru. “É por sua causa Kenshin, por sua indiferença e distanciamento. Por ter desistido de mim.” Ela suspira e responde:

– Não era nada Kenshin. Quando você chegou estava lembrando os tempos de batalha. Deve ser por isso que parecia estar triste. Foi apenas um momento, nada mais que isso.

– Tem certeza?

– Claro! Às vezes lembro por tudo que passamos, e alguns desses momentos são muito tristes. Mas são apenas isso, algumas lembranças. Agora tudo está em paz, então não se preocupe, não tenho nada me afligindo.

– Está bem, se você diz. Mas quero que saiba que se precisar de alguma coisa, eu estou aqui.

Um sorriso triste se forma nos lábios de Kaoru, enquanto seus pensamentos gritam a resposta que ela gostaria de dar: "Você até pode estar aqui, mas seu coração não está mais aqui pra mim. Não do jeito que eu gostaria".

– Bom, agora realmente preciso ir me trocar, não podemos demorar mais ou perderemos o início das atrações.

– Sim, tem razão. Vou esperar aqui enquanto você se arruma.

Kaoru então entra na casa e vai para seu quarto. Ao fechar a porta ela segura as lágrimas... "Kenshin... porque não percebe? Será que não sente mesmo mais nada por mim? Talvez tenha conhecido outra pessoa...”.

Kaoru balança a cabeça. "não! pare! não fique sentindo pena de você! agora não é hora para isso! preciso me arrumar!" Ela então enxuga a única lágrima que não conseguiu segurar, e começa a se arrumar.


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Notas finais do capítulo

Olás!

Primeiro, desculpem a demora em postar, mas tive uns imprevistos ai não deu pra postar antes. E também queria postar um capítulo maior e bem escrito (espero que esteja).

Segundo, muito obrigada pelos reviews!! fiquei muito feliz, muito mesmo!! Realmente espero que tenham gostado desse segundo capítulo!

no mais, sem mais
Aguardo comentários, sugestões, críticas, favoritos, e tudo que quiserem mandar!

Beijos!
Kel



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