Impugna escrita por Juno Wolf


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

AYE! Estou retornando de férias antes do planejado, visto que este capítulo estava para sair só na primeira semana de Fevereiro! Espero que gostem, e eu quero agradecer ás meninas que recomendaram Impugna! Obrigada pelo carinho!
Eu não revisei, portanto perdoem-me pelos erros.
segue o capítulo!



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O sol bate em minha pele acalmando-me, enquanto eu abraço minhas próprias pernas buscando o calor daquele fim de dia. Eram quase cinco da tarde, e logo seríamos levados para dentro novamente. Eu realmente queria aproveitar cada segundo daquele tempo livre enquanto eu ainda o tinha.

Suspirei.

Por um segundo, enquanto os raios luminosos atingiam a pele fina do meu rosto, eu havia esquecido que minha vida estava virada no avesso.

Antes, o banho de sol era feito no jardim – quando ainda tínhamos um. Depois que tudo foi cimentado por causa dos imbecis que tentaram escapar, nós tomamos sol no jardim de inverno – que é na parte de dentro do Instituto Saika, e grande o suficiente para receber um dormitório por vez.

Shikamaru estava à alguns centímetros de mim, deitado de costas na grama, com o antebraço sobre o rosto. Eu poderia acordá-lo, mas não o farei. Ele merece descanso, e eu também.

Deito a cabeça sobre os braços, olhando para o céu azul acima de mim. Pássaros voam entre as nuvens, e eu me questiono o quanto são livres. Uma brisa fresca balança meus cabelos, e eu sorrio minimamente, quase implorando para que o vento leve minhas preocupações junto dele.

É apenas o começo” a voz de Shikamaru sussurra novamente em minha cabeça. Eu estou tão perdida... Minha vida deu um salto do dia para noite.

Eu dia eu era Sakura: A garota órfã por parte de pai, com uma mãe covarde e um padrinho idiota, presa no Instituto Saika contra a própria vontade, e sem motivo.

Hoje, eu sou Sakura: A pessoa que desafiou o triângulo duas vezes, que tem uma alma gêmea que caiu de pára-quedas, um melhor amigo que é alguma espécie de anjo da guarda, e o mundo está desabando ao meu redor sem que eu possa fazer nada.

Suspiro outra vez, e me pergunto quando tudo isso irá se acertar, pedindo à todos os deuses gregos para que tudo acabe logo – e tão fácil quanto adormecer.

***

Acordo com o sinal.

Seis da tarde; Banho de sol do inverno.

Eu esfrego meus olhos, sonolenta, e Shikamaru, que surpreendentemente já estava acordado quando o sinal tocou, me ajuda a levantar.

Eu deito a cabeça em seu ombro, com o corpo mole pelo cochilo, este que havia sido o melhor que eu tivera em dias. Ele ri e sussurra um “preguiçosa”.

— Você é uma pessoa que não pode chamar ninguém de preguiçoso, Shikamaru. – Eu sussurro de volta, e ele resmunga. – Logo vai ser ano novo. O que a gente faz nesse tempo?

— Normalmente eles nos liberam para irmos embora. – Ele morde o lábio, pensativo.

— Argh. – Eu resmungo. – Mais dois dias com aquele babaca. – Digo, segurando minha raiva ao lembrar-me me Danzou, e o quanto ele me atormenta durante o tempo em que fico naquela casa.

— Acho melhor você não ir para casa nesse ferido, Sakura. – Shikamaru me fala com cuidado excessivo, enquanto franzo as sobrancelhas.

— Por quê? – Questiono, mais curiosa do que indignada.

Eu não quero voltar para casa, nunca quis. Mas também não gosto de ficar aqui.

— Orochimaru já deve ter consciência de que você sabe de tudo. Talvez tente te atacar. Eu posso te proteger melhor daqui.

Então eu me lembro de minha mãe, e até mesmo de meu irmão. Ele passa o ano novo em casa, e de acordo com Shikamaru, é lá que Orochimaru irá me procurar. Da última vez eu perdi meu pai.

— Shikamaru, eu não posso! Se eu não estiver lá, eles irão atacar minha família! – Digo, um tanto trêmula com a ideia de perder mais alguém.

— Mas eu tenho que cuidar de você! É minha missão!

— Mas e eles?! – Eu digo, revoltada, com a voz três oitavas mais alta que o normal. – Quem protege eles?!

Eu tenho o silêncio como resposta.

***

No jantar eu não digo uma palavra.

Enquanto encaro a sopa de abóbora em meu prato, penso nas possibilidades que Shikamaru me apresentou.

Eu posso ir para casa sozinha e encarar a possibilidade de morrer, ou posso ficar no Instituto Saika, onde terei proteção, muito embora deixe minha família a mercê de Orochimaru.

Nenhuma delas me parece uma boa alternativa.

Antes, enquanto nós voltávamos para os quartos, eu perguntei a Shikamaru por que eu deveria temer, sendo que ele deixou claro que o terceiro componente do triângulo não pode me tocar.

Ele apenas suspirou.

— Isso era antes, Sakura. – Ele diz, com o olhar distante – Quando Tsunade era quem te protegia, e não nós.

Não importa onde eu estivesse: Eu seria uma ameaça a eles.

Isso está tirando minha sanidade, visto que, uma vez que eu estou convivendo com gente que tem ela em falta, esta já está bem escassa.

A sopa já está quase fria quando eu começo a comê-la.

Shikamaru parece compartilhar minhas confusões, então não puxa nenhum assunto durante este tempo.

Minutos antes o Inverno havia adentrado o dormitório, e eu faço o máximo de esforço para não deixar a presença dele me abalar. Eu mantenho o olhar fixo na comida, quando tenho certeza que Sasuke está com os olhos grudados em mim.

É estressante, e eu me sinto completamente presa dentro de uma realidade sobrenatural, dentro de uma caixa que eu nem sabia que existia.

É quase como um peixe em um aquário: Só se torna angustiante quando você descobre que existem paredes.

Não que minha vida fosse muito melhor antes: Longe disso. Porém, antes eu não corria risco de vida e uma eternidade toda apodrecendo no inferno.

Outra coisa que vem me incomodando é a rotina estar tão diferente, mesmo que os horários continuem os mesmos. As almas não me visitam mais, e embora não sinta falta alguma, é estranho, como se a qualquer momento algo fosse me atacar.

Além disso, ainda existem os segundos graus que eu ainda não conheço, a estranha mensagem para Sasuke, e o curioso motivo pelo qual ele está envolvido em todas as minhas mortes anteriores.

Esse é o mistério que mais me atormenta.

Eu tenho tido visões de minhas outras vidas e desde Iwaly conheci outras duas. Quando fui Aime eu tive raízes japonesas, ao contrário de Madeleine e Iwaly, que eram francesa e americana, nessa mesma ordem. As três viveram em épocas de grandes guerras mundiais, e sentir na pele o que isso representou me dá arrepios.

Aime – a pessoa da qual não consigo dizer que divido a mesma alma, pelo simples fato de que ela era uma... Tudo bem que os costumes japoneses na época dela eram completamente diferentes de agora, porém eu nunca imaginei que seria uma gueixa.

Sim, acredite se quiser.

Eu sei bem que gueixa não se aplica exatamente a isso, mas em palavras atuais e realistas, eu era uma prostituta.

Conheci Ichigo – vulgo Sasuke – em um desses “programas”, uma legítima historinha clichê de um nobre que se apaixona por uma mulher da vida.

E assim, eu morri sendo pisoteada por cavalos enquanto nós fugíamos para viver nossa historia de amor – e a fuga fora ideia dele.

Madeleine vem logo depois disso. Eu era filha de um fotógrafo francês e vivi na época da segunda guerra mundial – coincidentemente Sasuke, agora chamado de Paul, era um soldado americano servindo seu país contra a Alemanha.

Eu morro nas explosões.

Estava na casa de Paul quando isso aconteceu.

Minhas mãos se fecham com força em torno da colher que leva a sopa fria até meus lábios.

Eu não estou com fome, mas se não comer agora ficarei de estômago vazio até amanhã, e eu não estou disposta à passar fome.

Com esse pensamento eu engulo o líquido até a ultima gota, antes que as filas sejam formadas e eu seja trancada dentro do meu quarto até o amanhecer do dia seguinte.

Acordo com as sirenes. Ao contrário dos dias anteriores, em vez me virar e me esforçar para ter mais trinta minutos de sono, eu me levanto. Tomo meu banho, visto o uniforme, prendo os cabelos em um coque desarrumado por que estou preguiçosa demais para penteá-los.

Não dormi direito.

Parece que meu corpo só está ainda mais cansado depois da noite de pesadelos com meu irmão e minha mãe voando pelos ares. Perdê-los é inadmissível, e eu farei de tudo para que isso não ocorra.

Sento-me na cama, olhando fixamente para a fechadura da porta. Preciso falar com Shikamaru. Não posso deixá-los sozinhos e não posso me arriscar a ficar sem proteção também, visto que não estaria arriscando só a mim, mas a eles também.

— Um de nós vai ter que ir contigo à sua casa. – Tenten diz como se fosse a coisa mais fácil do planeta.

Eu bufo, e posso ver Shikamaru massagear as têmporas.

— É claro Tenten, até por que meu padrasto é super compreensivo e não vai se importar se eu levar um amigo do manicômio para casa. – Digo com a paciência curta, e ela está pronta para me retrucar quando ouço uma voz rouca entrar de adrupto na conversa.

— Eu vou com ela.

Meus olhos se prendem nos orbes negros e eu tenho vontade de rir.

— Ótimo. Você me protege. – Eu solto uma curta risada sarcástica. – E quem protege você, corvo? – Ele arregala minimamente os olhos, então eu me lembro que ainda não falei com ele sobre a charada.

— Como é que você...

Ele é abruptamente cortado.

— De jeito nenhum – Shikamaru é direto, é encara Sasuke como se o quisesse bem longe de mim.

— Shika, não temos escolha. – Tentem comenta, tocando uma das mãos de meu amigo, e ele suspira.

Quero entender por que ele fora agressivo com Sasuke daquela maneira, mas permaneço em silêncio.

— Não temos como colocar você dentro da casa da Sakura, sete. – Shikamaru, embora sempre preguiçoso, dessa vez parece realmente cansado. – Além disso, ela está certa. Você também é procurado. Quem protege você?

— Eu tenho minhas armas, Shikamaru. – Ele diz com firmeza. – Além disso, Danzou tem uma dívida antiga com minha família. Duvido que ele não vá estender a mão para o filho do homem que salvou os negócios dele.

Eu arregalo os olhos, surpresa, com a maçã do café da manhã engasgando em minha garganta.

É verdade, não sei como havia me esquecido...

A Hokage aviações, empresa de meu padrasto, havia entrado em crise anos antes, e foi uma parceria com a Sharingan Corporation que conseguiu mantê-la em pé.

Novamente, estamos ligados... Nos mínimos detalhes, nas mínimas ações. Como em todas nossas vidas anteriores.

— Pois bem. – Shikamaru suspira. – Vai ser assim, então. Você irá com a Sakura no feriado, e eu e Tenten mantemos a retaguarda à distância, enquanto Naruto mantém as pontas por aqui. Estou confiando em você, Sasuke.

Eu o olho, e ele não expressa reação nenhuma enquanto come suas panquecas.

Termino meu desjejum lutando contra a agitação que cresce dentro de mim.


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Notas finais do capítulo

P.s: o "erro" sobre gueixas serem prostitutas tem um propósito. O "erro" foi proposital!
Espero que tenham gostado!