“E todas as estradas pelas quais temos que caminhar

são sinuosas

E todas as luzes que nos conduzem até lá

estão nos cegando

Existem muitas coisas que eu gostaria

de dizer para você

Mas eu não sei como...”

Mandy

– Sara, acorda Sara!

Ela havia desmaiado, coloquei a mão em sua testa e percebi que ela estava ardendo em febre.

– Jared... - começou a delirar.

– SOCORRO! AGUÉM ME AJUDE! SARA ESTÁ PASSANDO MAL...

Tomara que alguém me ouça.

– SOCORRO!

Eu gritei e comecei a bater na porta até que finalmente alguém veio.

– O que está acontecendo aqui?

– Sara está passando mal, está com muita febre! Ela precisa de ajuda.

– Vou avisar o chefe.

– Por favor, vá rápido!

Quinze minutos depois, que pareceram horas, o cara voltou com Daniel e mais dois homens.

- Ela está com muita febre! – eu disse, assim que entraram.

Daniel colocou a mão na testa de Sara e eu me segurei pra não dar um tapa e jogá-la longe.

– Ela é fraquinha né? Dois dias sem comer e já adoece...

Eu tinha vontade de pular no pescoço do desgraçado, mas Sara estava fraca e precisava de mim, me controlei.

– Paraíso... – ela murmurou.

– Ela está delirando, a febre está muito alta. – Expliquei.

– Está bem. Tirem elas daqui. – Daniel mandou e um dos homens a pegou nos braços. Outro estava vindo me ajudar.

– Não precisa! - eu disse, mas assim que levantei, minhas pernas fraquejaram e eu iria cair se o cara não tivesse me segurado rápido.

– Pensando melhor, vou aceitar a ajuda.

Eu fui obrigada a me apoiar no cara e ir me arrastando. Ainda bem que tínhamos que descer, ao invés de subir.

Ela continuou murmurando palavras desconexas por todo o caminho. Chegamos até nosso quarto, ainda devia ser cedo, pois Rose e Jess estavam lá.

– Mandy! – Rose gritou e veio correndo até mim. Aproveitei para me soltar do homem e me apoiar em Rose.

– Preciso de ajuda Rose.

Rose me olhou confusa, mas me ajudou a chegar até a cama e me sentou.

– O que aconteceu com... – Jess começou a perguntar, mas parou assim que o outro homem irrompeu no quarto carregando Sara desacordada.

Ele a deitou na cama e saiu.

– Jess, precisamos fazer compressas com água fria nela, está ardendo em febre! – eu pedi.

– Lindo...

– Meu Deus ela está delirando! – Rose também estava apavorada.

Jess abriu a porta para sair do quarto e deu de cara com Emerson.

– O que está... Mandy! – ele veio correndo até mim.

– Eu estou bem. Quem precisa de ajuda é a Sara, ela está com muita febre.

– Deus...

Jess chegou trazendo as compressas.

– Eu vou avisar os outros que vocês estão aqui. Pedro já estava morrendo de preocupação! – Emerson disse e saiu.

Jess começou a fazer as compressas em Sara. Cinco minutos depois, Pedro entrava correndo no quarto.

– Sara!

Ele se ajoelhou ao lado da cabeceira dela e começou a chorar.

– Sara, acorda querida!

– Pedro...

*

Pedro

Quando entrei no quarto e vi o estado em que a Sara se encontrava, fiquei apavorado. Fiquei com medo de perdê-la...

As lágrimas vieram e eu as deixei cair.

– Mandy!

Jacson entrou no quarto amparado por Emerson.

– Ele ficou me enchendo pra ver a Mandy e eu tive que trazê-lo. – explicou Emerson.

– Daniel nos prendeu e nos deixou sem comida e bebida... – Mandy começou a contar, mas parou assim que viu Jacson. – O que houve com você?

– Mandy, é melhor eu te levar para comer algo, depois ele te conta tudo. – disse Rosane.

– Eu vou junto.

– Não Jacson, você mal para de pé. Precisa voltar pra cama... – repreendeu Rose.

– Eu não vou mais me separar um minuto dela...

– Eu também não... – Mandy de repente saiu de onde estava e se atirou pra cima do Jacson tacando-lhe um beijo. Ele fez uma careta de dor, mas retribuiu o beijo.

– Então ela fica lá com você enquanto eu e Emerson buscamos comida pra vocês.

Rosane suspirou se dando por vencida, eu também não teria coragem de separar os dois depois de tudo que haviam passado.

A essa altura eu já havia tirado as compressas de Jessica e estava eu mesmo aplicando-as em Sara.

– Jess, acho que ela vai precisar de soro. Veja se consegue alguma coisa na enfermaria. – pediu Mandy depois de se certificar que Jacson estava inteiro.

Soro! Como eu não me lembrei antes!

– Pedro... – ela sussurrou meu nome.

– Eu estou aqui. Vou ficar com você! – prometi.

Agora nós estávamos sozinhos e ela continuava delirando. Jessica voltou com o soro e nós o colocamos nela. Ainda bem que Jessica havia feito um curso de enfermagem, era voluntária num hospital e sabia como fazer isso.

Eu fiquei a noite toda cuidando dela. Na metade da noite a febre cedeu e eu fiquei aliviado.

Deitei ao lado dela e acabei pegando no sono.

– Pedro!

Era Sara. Ela havia acordado e me olhava confusa.

– Então você realmente está aqui? Achei que era só um sonho...

– Eu estive aqui o tempo todo. Eu prometi que cuidaria de você e te protegeria.

– Que bom que está aqui. Eu tive tanto medo de morrer e não te ver mais...

– Está tudo bem. Nós vamos sair daqui logo, eu prometo.

– Eu só queria ir pra casa, ver minha mãe, estou com saudades dela.

Eu não podia dizer o mesmo, apesar de tudo me sentia melhor na escola com meus amigos do que em casa.

– Isso vai acabar logo e todos iremos pra casa sãos e salvos.

– Estou com fome.

– Vou pegar algo pra você comer.

Eu fui buscar algo para ela e encontrei Jessica no caminho.

– Sara já acordou, fique com ela.

– Ok, eu estou indo.

*

Sara

Acordei no meu quarto e Pedro estava deitado ao meu lado, havia uma agulha com soro em meu braço. Só me lembrava de estar com a Mandy e depois num lugar com girassóis e Jared e ...

– Pedro. – chamei.

Ele acordou e me olhou.

– Então você realmente está aqui? – perguntei. - Achei que era só um sonho...

– Eu estive aqui o tempo todo. Eu prometi que cuidaria de você e te protegeria.

– Que bom que está aqui. Eu tive tanto medo de morrer e não te ver mais...

– Está tudo bem. Nós vamos sair daqui logo, eu prometo.

– Eu só queria ir pra casa, ver minha mãe, estou com saudades dela.

– Isso vai acabar logo e todos iremos pra casa sãos e salvos.

Senti meu estômago roncar.

– Estou com fome.

– Vou pegar algo pra você comer.

Ele saiu e logo depois veio Jess.

– Como está a Mandy? – perguntei.

– Está bem, ao que parece ela suportou melhor o jejum.

– Nem me fale Jess, foi horrível!

– Passou. E Pedro foi um anjo! Cuidou de você o tempo todo...

– É, ele é mesmo um anjo. Depois que Jared... se foi, ele cuidou de mim.

– Vocês formam um belo casal.

– Onde está a Mandy? – fiquei vermelha e resolvi desviar do assunto

– Está cuidando do Jacson.

– Cuidando? O que houve? Ele está bem?

– Sim, está um pouco machucado, mas não é nada grave. Daniel tentou arrancar dele onde eram as saídas da escola e ele se negou a contar, por isso levou uma surra.

– Ele foi corajoso. Se tivesse contado, nosso plano de sair daqui iria pelos ares.

– É verdade, temos que agradecê-lo por isso. Ainda bem que ele tem um físico resistente, caso contrário não teria agüentado... Acho que já dá pra tirar esse soro. – disse mudando de assunto.

Ela tirou a agulha do meu braço. Pedro entrou carregando um prato de... sopa.

– É melhor você comer algo leve, ficou muito tempo sem nada no estômago.

Eu estava com tanta fome que comi tudo.

Á tarde eu me sentia bem e resolvi levantar um pouco. Fui ver Jacson que Mandy insistia que ainda devia ficar na cama.

– Ele ainda sente dores – explicou.

Ele estava com um lado do face roxa e Mandy ficava fazendo carinho nele com uma adoração estampada no rosto. Que bonitinho!

– Obrigada por não falar nada Jacson. Você foi muito corajoso. – agradeci.

– Isso não foi nada perto da chance que temos de sair daqui. Não esqueçam que hoje será a nossa primeira reunião. Eu e os meninos já estamos com algumas idéias.

Com tudo que havia acontecido já tinha esquecido a tal reunião. À noite fizemos tudo normalmente e fomos cada um para seu dormitório. Rosane não tinha me perdoado, mas parecia estar feliz com o castigo que eu tinha levado. Embora ela frisasse o tempo todo que o que eu tinha passado não era nada perto do que aconteceu com ela.