Narrando: Camila 

O taxi parou na frente de um apartamento grande, na porta principal havia meus pais que estavam parados me esperando. Senti a sensação de voltar para casa e fiquei feliz quando abracei-os mostrando minha imensa saudade.
- Eu senti tanto a falta de vocês - eu disse
- Não tanto quando nós - Minha mãe me abraçava - vamos entrando.
Entrei em casa a beira de enlouquecer com as perguntas da minha mãe. "Como foi a viagem?" "Está com fome?" "Está com sono?". A viagem de volta foi ainda melhor do que a da ida. Nos divertimos muito. Cantamos, rimos, zoamos. Obviamente o 9° ano estava bem mais unido do que nunca. Dali a uma semana começariam as aulas, e eu estava pronta para rever todos os meus amigos. Peguei meu celular e vi uma mensagem não lida
Nicholas: Amor, como foi a viagem? 
Eu: Foi bem tranquila e divertida também
Nicholas: Estou com saudades
Eu: Eu também. Pega um avião pro Rio de Janeiro e vem me ver?
Nicholas: Se eu pudesse já estaria aí.
Eu: Como está o clima aí em Santa Catarina?
Nicholas: Está bem calor.
Eu: Eu te amo
Nicholas: Te amo mais 

Nicholas morava numa cidadezinha no centro de Santa Catarina. Ele estava também numa viagem de férias de verão e a escola dele escolheu o mesmo lugar do que a minha escola. Eu estava com tantas saudades, será que eu iria conseguir ter um relacionamento a distância? Só sei que meu amor por ele era capaz de vencer tudo isto. Só tinha medo que ele conhecesse outra menina na escola dele e me esquecesse...
Resolvi esquecer tudo aquilo e curtir mais minha família. Fomos almoçar num restaurante comum aqui no Grajaú. Mas aquele restaurante era mais especial do que parecia, foi onde meu pai pediu a minha mãe em casamento a 15 anos atrás... E sempre que íamos lá eles tinham orgulho de contar essa história

- Eu estava com um vestido rodado amarelo - minha mãe começava a contar - e seu pai estava com um terno muito bem passado.
- Eu estava pronto para ir pra entrevista do meu trabalho e precisava ficar bem arrumado - meu pai terminou de contar - e ela derrubou sua sopa de ervilhas em cima do meu terno.
- E então nós rimos muito e ele explicou a situação - ela contava com os olhos brilhando - e então ele não pode ir para a entrevista e ficamos lá conversando por horas.
- Depois eu fui quase assassinado pelo pai de sua mãe que não sabia onde ela estava - eu sorri, a história era muito linda - mas ele cedeu e eu pedi ela em namoro.

Eu adorava o fato que meus pais, mesmo depois de 15 anos estavam ainda um apaixonado pelo outro. Eu, quando crescer queria ter um casamento perfeito como o de meus pais. Claro que eles tinham as suas discussões de relação, todo casal tem, mas mesmo assim o amor nunca desandava. 
Depois do almoço maravilhoso com meus pais voltamos para casa. No caminho de carro passamos pela frente da casa de Rodrigo que estava jogando futebol em seu quintal com os amigos de rua. Buzinamos e ele acenou sorrindo. Passamos também pela casa de Lara e eu resolvi fazer uma visita. Despedi-me dos meus pais e bati em sua porta. A mãe de Lara foi quem atendeu a porta e me deixou entrar. Subi para o seu quarto que estava bem arrumado. E lá estava ela na internet.

- Amiga! - Ela me cumprimentou com um abraço 
- Oi, eu passei e resolvi dar um oi. - Percebi que ela estava arrumando seu armário - já desfez as malas?
- Sim, ordens da minha mãe. Fazer o que. - Ela disse, eu ri. Lara não curtia arrumação
- E aí? Sua volta pra casa foi animada como a minha? 
- Foi, minha mãe não parava de me agarrar. - Ela disse sem olhar pra mim. Quando ela parou e sentou-se ao meu lado - Como está seu relacionamento com o Nicholas? Namoro a distância?
- Sim.. Não sei se isso vai dar certo, mas eu amo muito ele - Eu disse - mas também tenho receio se ele vai conhecer outra menina lá em Santa Catarina
- Eu acho que pro amor não tem limites. Se ele realmente te ama ele não vai te trocar por nenhuma menina lá de Santa Catarina.
- Ai eu sei, mas... Sempre tem aquela insegurança.
- Nada vai acontecer com vocês. Vocês nasceram um pro outro.
- Obrigada, amiga. - Eu disse - mas agora vou indo tá?
- Tá bom, manda um beijo pra sua mãe. 
- Mando sim, tchau!

Saí do quarto de Lara, me despedi de sua mãe e fui seguindo pra casa a pé. No caminho eu passei pela casa de Bruna mas não quis incomodar. Ela já havia me mandado uma mensagem dizendo que estava bem e que estava jogando vôlei com o pai. Voltei pra casa, ainda preocupada com Nicholas. Então eu resolvi ligar pra ele.
- Amor... - Eu disse
- Oi amor, tá fazendo o que?
- Eu to na rua, visitei Lara e agora to voltando pra casa.
- Ah sim. Eu to voltando do curso de inglês agora. Fui fazer minha matrícula.
- Que bom... Nicholas, eu estou sentindo muito a sua falta
- Eu também meu amor, você sabe que se eu pudesse eu iria morar ai no Rio com você né?
- Sei sim. Mas eu tenho medo que você encontre outra menina aí
- Nenhuma menina aqui em Santa Catarina se iguala a um fio de cabelo que você tem. Fique tranquila. eu não vou te deixar. Nunca 

Sorri satisfeita, e quando cheguei em casa resolvi desligar. Fui ver um filme, fiz pipoca e fiquei deitada no sofá. Depois de meia hora, estava na metade do filme, pausei-o e fui fazer mais pipoca pois já havia acabado. Quando fui para a cozinha ouvi o interfone tocando. Estranhei, meus pais estavam em casa.
- Quem é? - Perguntei
- Adivinha? - Ouvi uma voz muito familiar.
- Daniel? 
- O mesmo. Abre aí - apertei o botão - abriu !
Fiquei esperando ele na porta do meu apartamento e quando ele chegou eu o assustei garantindo um grito bem alto
- Idiota - ele disse me dando um soco fraco no ombro. ignorei e o abracei
- O que faz aqui?
- Vim te perturbar. E tinha que ir pra outro lugar exceto minha casa, minha mãe estava enchendo o saco. 
- Ai, entra. Eu tava indo fazer pipoca. To vendo um filme
- Que filme? 
- Nicholas Sparks . Um amor pra recordar
- Tá com saudade do namorado né? Isso explica tudo
- Idiota. 
- Sério, a Camila que eu conheço detesta romance.
- Eu to com saudade dele.
- Relaxa, a Lara me contou que você tava com medo dele te trocar. Se ele fizer isso, eu deformo a cara dele.

- Eu te amo, você é meu melhor amigo
- Te amo mais poxa - Ele me abraçou. Depois que me soltou ficamos ainda abraçados. Ele foi se aproximando - aquilo estava mesmo acontecendo? Ele ia me beijar - ele foi se aproximando mais ainda. Eu o empurrei antes que ele fizesse mais alguma coisa.
- Desculpa - ele disse apenas isso e saiu pela porta do meu apartamento me deixando sozinha.
- Daniel, espera - tentei o alcançar. Mas ele já havia entrado no elevador. Resolvi descer de escada mesmo. Quando cheguei lá embaixo, só pude ver ele no final da rua indo embora apressado. Subi de volta para minha casa sem entender o que estava acontecendo. Ele ia mesmo me beijar? Não, ele era só meu amigo. Não podia estar acontecendo aquilo. Não é possível