Pov' Percy Jackson

Continuo perdido, não faço a menor ideia do que aconteceu nos últimos dias, e a única coisa que me move é uma raiva. Pela primeira vez entendo as atitudes raivosas de Clarisse, a ira que sinto se parece muito com a dela.

Os Deuses não podem fazer de nossas vidas uma espécie de jogo de tabuleiro. Olho nos olhos de Annabeth bem ao meu lado e vejo o mesmo. Nenhum de nós três aguenta mais ser tratado como um brinquedo.

Clarisse está na nossa frente, o que me impede de ver seu rosto, mas sei bem o que veria se pudesse. É como se eu a conhecesse melhor do que me lembro.

Não demora muito para que cheguemos ao templo de Ares, contudo Clarisse não abre a porta de primeira. A morena inspira fundo diversas vezes, sem sequer olhar para nós. A semideusa parece preocupada demais com o que virá, como se estivesse se preparando para uma guerra e pra ela talvez fosse. Quando eu menos espero Clarisse entra e eu a sigo. Por um momento esqueço que Annabeth está conosco, só quero me vingar de Ares.

— Pensei que vocês não fossem chegar nunca….—Diz Ares com uma tranquilidade tão irônica que me irrita.

— Não entendo…. Como sabia que viríamos?—Pergunta Annabeth, a loira parece ser a única racional de nós.

— Como? Ao contrário do que você pensa, corujinha. Eu não sou burro. Sabia que era apenas questão de tempo para que Afrodite me deletasse.

— Como se atreve? —Sussurra Clarisse, enquanto acirra seus punhos com uma força que eu nunca vi antes.

— Desculpa, filhinha. Não entendi o que disse.

— COMO…. SE …. ATREVE?- Diz Clarisse enquanto se aproxima ainda mais de Ares.

— Como não me atreveria? Você é uma filha de Ares. Não podia permitir que ficasse por aí de amorzinho com alguém como ele.- Fala o Deus da guerra apontando pra mim com desprezo.

— E precisava apagar a memória dele pra isso?- Diz Annabeth demonstrando sua raiva, eu quero dizer algo, porém não consigo. Algo me impede.

— Ao contrário do que pensam a ideia não foi minha. Só ajudei a pô-la em prática.- Diz ele com um sorrisinho no rosto enquanto olha pra mim.

— Me desculpe... Por um momento esqueci da amnésia do menino. Deixe-me explicar a vocês, foi mais fácil do que eu imaginei, pensei que o moreno poderia perceber a diferença do meu tratamento, mas não ele foi burro como sempre….

— NÃO ME CHAME DE BURRO!

— Agora você fala,né? De qualquer forma eu dei uma xícara de chá com a poção do esquecimento e depois disso foi apenas questão de tempo.

— Quem você ajudou? Atena?—Digo lembrando-me do pequeno flash back que tive hoje mais cedo. A Deusa da sabedoria me ameaçou.

— É um menino esperto, Percy. Se não fosse filho de quem é, talvez eu permitisse que você namorasse a minha filha.

— Eu não preciso da sua permissão. Já disse, você não merece ser meu pai, não é meu pai.

— Bem que eu gostaria, Clarisse. Bem que eu gostaria. Uma menina nunca foi o que eu esperava, mas as suas ações por um tempo me fizeram acreditar que talvez, apenas talvez, você pudesse se tornar uma guerreira um dia, mas eu estava enganado.

— Tem certeza disso? Eu matei um Drakon por você, sem mim sabe se lá onde você estaria.

— É muita inocência sua pensar que por matar um Drakon eu daria a você uma espécie de tratamento especial.

— Foi muita inocência minha mesmo. Burrice na verdade.

— Que bom que sabe.

— Não pode ser…. Está mentindo, Ares? Minha mãe nunca faria isso. Atena não faria isso com Percy.- Diz Annabeth como se só agora tivesse assimilado as palavras de Ares.

— Tanto faria, como fiz.- Fala Atena, entrando de supetão no templo. Observo Clarisse bem, todos os olhares estão na Deusa da sabedoria, menos o dela. A morena observa Ares como se o mesmo fosse uma presa. Quando menos espera Clarisse entra em uma espécie de luta com Ares.

— Mãe?- Diz Annabeth surpresa com a presença de Atena.

— Desculpa se isso é uma espécie de decepção pra você. Eu simplesmente não podia deixar de me envolver, um filho de Poseidon não pode se aproveitar de uma filha de Atena dessa maneira.

— O problema era meu, você não tinha o direito de se envolver.

— Minha querida, é óbvio que eu tinha. Você é minha filha, minha função é te proteger de idiotas como ele.

— O Percy não é idiota….

— Olhe só a criatura já fez uma lavagem cerebral. Não se lembra do que ele fez?

— Você não se lembra do que ele fez? Das vezes que ele me salvou, me defendeu, sim ele me traiu, me machucou, porém quantas foram as vezes que Percy me salvou?

— Não importa….

— Claro que importa. —A discussão se transforma cada vez em algo mais vívido. E eu me divido sobre o que deveria fazer, a luta entre Clarisse e Ares continua. A todo momento se escuta os trocares de farpas dos dois, a morena joga toda sua raiva nele com palavras e atos.

Vejo não longe de mim uma lança curta, feita obviamente de bronze celestial, e com ela entro na luta, por mais que não me lembre sei que devo proteger Clarisse.