POV' Percy Jackson

A maioria dos campistas tem medo de sair durante a noite: " As Harpias são perigosas...", é o que eu escuto da maioria, não que não sejam é só que comparado com tudo o que já passei, temê-las parece estúpido.

Nos anos passados, eram nesses momentos que eu costumava refletir sobre a minha vida, do que seria dela, e essa foi uma das coisas que de certa forma não mudou. Meus pensamentos hoje são divergentes, antigamente todas as minhas preocupações estavam envoltas da profecia e da guerra, agora só o que consigo pensar é em Annabeth, nas últimas semanas temos discutido demais, por todo o tipo de motivo. Há alguns minutos atrás tivemos mais uma, aparentemente eu sou imaturo demais para apoiar seus sonhos, como se ela apoiasse os meus...

Estava distraído demais com meus próprios pensamentos para perceber o que acontecia antes que fosse tarde demais, de onde eu estou é possível ouvir tudo com clareza e apesar de não querer me intrometer na vida de Clarisse, não posso me mexer, fazer isso significaria admitir que eu estou aqui para início de conversa.

— Não quero saber de mais desculpas, garotinha! Já te dei chances demais, chances que você desperdiçou... Você é uma vergonha. Eu tenho vergonha de ter te proclamado como minha filha. Sequer uma corrida de bigas você é capaz de vencer, como pode se denominar filha de Ares? Se nem isso consegue fazer... - Por ser o Deus da Guerra era normal que houvesse raiva dissipada no ar, contudo o que eu sinto está além do comum.

Apesar do nosso relacionamento ter melhorado nos últimos anos, não sou e nem nunca fui realmente amigo de Clarisse, mas por mais insuportável que ela seja, a morena não merece ouvir coisas como essas ainda mais do seu próprio pai. Se eu fosse ela preferiria mil vezes não ter sido proclamado a ter que ouvir esse tipo de crítica.

— Pai... - A voz de Clarisse é apenas um murmúrio, nunca antes a vi desse jeito, tão humilhada e envergonhada, sem dúvida essa não é a semideusa que conheço.

— Nada de pai... Não é a primeira vez que me decepciona, fui bem claro na sua última missão, que não queria que deixasse que o tal de Jackson te roubasse e essa é a única coisa que consegue fazer... Os eventos mudam, mas é sempre a mesma coisa. No fim sempre sobra eu sendo envergonhado por uma filha que nem desejei - Como queria me intrometer, defender Clarisse, porém sei que não posso. Uma coisa que aprendi convivendo com Annabeth foi a ser menos impulsivo. Agir por impulso agora só geraria mais problemas para a semideusa, a envergonharia na frente do seu pai e se a morena já não me odiasse, me odiaria agora.

— Desculpa... Eu vou-me esforçar mais. Prometo!- Eu ouço seus soluços de desespero, e sinto minha mente se dividir em duas, em dúvida entre bater em Ares ou abraçar Clarisse forte o suficiente para fazê-la esquecer.

— Você é patética, garota! Olha só pra você está chorando como uma criancinha só porque lhe dei uma liçãozinha de moral. Você me enoja - cerro meus punhos com o máximo de força que consigo, não posso-me intrometer, não ainda.

— Pai... Por favor... Pai!- Parado eu vejo Ares partir deixando para trás uma menina chorosa, que sem dúvida nenhuma não é a garota que eu conheci verões atrás. Com o máximo de silêncio que consigo me aproximo, e com zelo toco em seu braço, tentando não assustá-la, o que acontece do mesmo jeito.

— O quê... Faz... Aqui, Jackson?- disse a morena entre soluços compassados, enquanto imediatamente se afasta.