Depois de alguns minutos ali sentada, me levanto e vou para o quarto de Sophia. Coloco o buquê numa mesinha que estava ali, e vou até a cama de Sophia.
Ela abre os braços para mim, e eu a abraço apertado, depois ela me puxa para a cama e eu me deito na cama com ela, tentando ao máximo não machucá-la.
Os meninos, no meio de tudo isso, foram para fora para nós dar um tempo sozinhas.
– O que está passando nessa cabeça? Ou melhor, nesse coração? - Pergunta Soph.
– Não tem nada no meu coração, Soph. - Eu respondo, olhando para o teto.
– Não minta para mim, Nat. Passamos um tempo separadas, mas ainda conheço você melhor que você mesma. Eu sei que você está confusa, sei que não sente nada por Miguel, a não ser amizade, e que não quer feri-lo e que está começando a sentir algo pelo Leo.
– Nada a ver, Soph. Confesso que estou confusa em relação a Miguel, que não sei direito o que sinto por ele, mas não tem nada de Leonardo nessa história. - Respondo.
– Por favor, Natalie! Você precisa abrir os olhos! - Soph começa, já se exaltando. - Você não ama ou gosta do Miguel! E daqui a pouco, você e o Leonardo vão começar a fazer as cenas com beijos, e aí vai dar problema! Sabe porque vai dar merda? - Ela não espera a minha resposta. - Porque Miguel vai ficar puto de ciúmes, vocês vão começar a brigar, vai começar a crescer essa "sementinha" de sentimento que você sente pelo Leo e daí, minha querida, você vai acabar fazendo besteira com o Leonardo, e você sabe do que eu estou falando, aí com certeza você vai magoar o Miguel.
Ela para e respira, enquanto eu ainda estou aqui boiando nas palavras dela.
– Você não quer magoar o Miguel, mas é melhor magoar ele agora terminando tudo, do que mais pra frente quando você começar a beijar o Leonardo naquele estúdio. E você é uma das melhores pessoas que eu conheço, mas muitas pessoas boas, mesmo assim já traíram alguém.
– Ta bom, Soph. Eu vou pensar em tudo o que você disse. - Falo, me levantando da cama e indo para a porta. - Agora, eu vou dar uma volta. Provavelmente, vou para casa me trocar e vou dar uma corrida, faz tempo que não faço isso. Avise os meninos para mim.
Não espero ela responder e saio do quarto, e vou direto para a saída do hospital.
Minha casa não é tão longe do hospital, então vou a pé para casa.
Entro em casa, sem nem olhar para ninguém, nem sei se tem alguém em casa. Vou direto para o meu quarto e coloco minhas roupas de ginástica, depois pego meu celular, os fones de ouvido e meu iPod, e saio de casa.
No estacionamento, coloco meus fones, coloco meu celular e iPod no bolso da minha calça de ginástica, que por um milagre tem um bolso, ligo o iPod e então começo a correr.
* * *
Depois de quase duas horas correndo, paro em um McDonalds,daqueles que é só de sorvete, e compro uma água e um sorvete. Me sento em uma das mesas do McDonalds e fico ali, ouvindo música e comendo meu sorvete.
Então, alguém coloca a mão no meu ombro e eu me viro assustada, para encontrar Leo olhando para mim com um sorriso.
– Então quer dizer que ao invés de estar com a sua irmã no hospital, você está parada em um McDonalds tomando sorvete? É isso mesmo, produção? - Ele pergunta, fazendo graça.
– Só um minuto, vou ligar para a graça para ela te fazer uma visitinha. - Faço um telefone com a mão e coloco na orelha. - É, ela não atende, por isso sua piada foi sem graça.
Leo ri.
– Parece que alguém não está de bom humor. - Ele fala. - Posso sentar? - Pergunta apontando para a cadeira vazia na minha frente.
– Claro, senta aí.
Ele senta, fica me olhando, depois levanta, vai até o balcão e depois volta com alguma coisa na mão.
Quando ele senta de novo, mostra uma colher branca na mão e depois começa a comer o meu sorvete.
– Ei! - Eu reclamo.
– Ah, qual é? Você estava com esse sorvete aí um tempão sem nem tocar, deixa eu comer um pouco, vai. - Ele responde.
– Ta bom, mas só porque você levou todas aquelas flores para a minha irmã. - Falo empurrando o sorvete para o meio da mesa.
– E não se esqueça do buquê que eu levei para você. - Ele lembra, apontando a colher para mim.
Continuamos comendo por um tempo, até acabar o sorvete.
– Você estava correndo? - Ele pergunta.
– Estava, porque?
– Porque eu também estava, aí pensei da gente queimar as calorias desse sorvete correndo juntos, que tal?
– Eu não sei, eu tenho que ir para casa e depois para o hospital.
– Podemos ir correndo para o hospital. Aproveito e já fico um pouco com Soph. Eu adorei aquela menina!
– Soph? Que intimidade toda é essa, senhor Leonardo? - Pergunto, brincando. - Que bom que gostou dela, ela é uma das melhores pessoas que eu conheço.
– Bom, então vamos? - Ele fala, se levantando e estendendo a mão para me ajudar a levantar.
Olho desconfiada para a mão dele, mas depois decido aceitar. Pego a mão dele, ele me ajuda a levantar e vamos correndo para o hospital, falando bobagens e rindo igual dois idiotas.