Mayumi:

   Que droga.

   Ir para outra cidade é realmente chato, apesar de que às vezes é legal.

   Não sei explicar direito, sempre fui atrapalhada (Falando nisso preciso comprar um novo ‘ Crysalis’ para minha mãe, já que quebrei o dela quando estava no aeroporto...).

   É esquisito ter colocado um salto para viajar, mas eu sempre me sinto mais segura.

   Apesar de que, claro, as pessoas estranharam e até perguntaram se eu tinha quebrado o pé. Minha habilidade em andar de salto é a mesma que o interesse de uma patricinha em ver um documentário sobre antílopes (Alias o que é um antílope?)

   Parei de pensar no que poderia pensar quando meu pai enclinou-se para mim no carro. Dei uma cabeçada barulhenta no capô. Isso é, se aquele teto forrado da parte de dentro do carro é o capô.

   - Essa é a sua nova escola – disse ele com entusiasmo de quem esta comendo mingau.

   - Eu preferia à antiga, aaai... – Gemi, enquanto mostrava discretamente a língua para aqueles muros fixados.

   Eu não queria ter me mudado, estava meio brava. Ta certa que queria ir para algum lugar, mas aquele era muito longe de Shiname, minha terra natal de onde nunca deveria ter saído. Eu gostava dos meus amigos...

   E assim iniciou-se minha nova vida feliz (Vida feliz? Eu estou sendo irônica? Eu nem sei ser irônica.).

OBS: Perguntar para minha mãe o que é um antílope. 

Hiatari:

   Minha vida é uma desordem, um caos, uma doença. 

   Em casa é tudo silencioso. Eu gosto do silencio, mas o problema é que a única coisa que quebra minha paz de espírito inabalável são os gritos irritantes do besta do meu irmão (Particularmente, parece uma menina quando vê barata!).

   Agora que nossos pais separaram-se, ele pensa que pode mandar em mim.

   Mas com a minha inteligência preciosa e acima da média, não caio nas artimanhas de ninguém. 

   Só estou desabafando com um caderno porque percebi que é um local bom para as garotas (e eu) mostrarmos nossa verdadeira face.

   As vezes é chato ter meninas te perseguindo para todos os lados. Mas quem é que não gosta de ter escolhas. (Assim pego somente as bonitas e bem populares.).

   Mas não sou cafajeste, essa palavra nem combina comigo. Eu só tenho bastante amor-próprio.

   Meus pais não parecem estar nem ai para o que eu faço ou deixo de fazer. Se estou feliz, triste, angustiado, louco ou me suicidando, eles não percebem.

   Não demonstro, mas mesmo assim!

   Acho que deveriam ser um pouco mais rígidos. A única coisa que já me disseram sobre o futuro é que eu deveria ser um ‘bom homem’.

   Bom homem?! Como se isso esclarecesse alguma coisa.

   Tudo o que eu quero é ficar no meu canto e pegar garotas (Felizmente sei que elas gostam de um ‘Bad Boy’ como eu!)

   Só que não tenho mais tempo de falar sobre as meninas e seus pontos fracos, pois não tem tomates em casa, e logo vão preparar o jantar.

   Não existe jantar sem tomates.

   Se eu não comer tomates sou capaz de... Sei La, morrer?

   O pneu da minha bicicleta estava murcho, então rumei para a esquina próxima, sentindo o frio queimar minha pele alva (Frase ótima não acha?). 

   Os tomates estavam frescos e enchi uma cesta com o Maximo que pude.

   Só que (Isso foi trágico, merecia um violino ao fundo.) todos ele esparramaram-se no meu rosto e no chão quando vi uma menina louca, de olhos fechados numa bicicleta, vindo em minha direção.

PLOFT!