Percy POV

Eu estava em um estúdio, na frente de um fundo branco e com uma luz muito forte no rosto. Já estou acostumado com isso tudo, mas continua sendo chato.

– Percy, coloque as mãos atrás da cabeça e abre a camiseta - a fotógrafa disse, e eu fiz - Isso!

Depois de um milhão de flashs, ela decidiu que já tinha fotos o bastante e que a sessão havia terminado. Suspirei aliviado e me sentei em uma cadeira que ficava de frente para o espelho.

– O motorista já chegou - Apolo disse atrás de mim - Vamos?

Assenti e me levantei, seguindo Apolo. Enquanto andava, senti meu telefone tremer no bolso.

Cara, você vai no boliche hoje? - Nico

Continuei andando enquanto respondia a mensagem, e Apolo levantou o capuz do meu moletom, já que estávamos na saída do estúdio. Apolo falava com alguém ao telefone e dois seguranças andavam junto de nós. Não prestei muita atenção, já que isso é normal.

Vou sim, por quê?

Enviei a mensagem assim que entrei no carro e o motorista bateu a porta. Apolo sentou-se ao meu lado e continuava conversando com alguém ao telefone. Os seguranças estavam em outro carro. Outra mensagem.

Percy! Dá para você atender a essa droga de telefone? Eu chego hoje e pedi que viesse me ver no aeroporto, lembra? - Calypso

– Droga - murmurei - Apolo, podemos ir ao aeroporto?

– O quê? - ele olhou para mim - Espera aí você, só um segundo - ele tapou o telefone com a mão - Aeroporto? Para quê?

Levantei o celular, lhe mostrando a mensagem e ele revirou os olhos.

– Vai ter paparazzi em tudo que é canto - ele reclamou - Você pode nos levar ao aeroporto, por favor? - ele perguntou ao motorista, que assentiu.

Vamos nos encontrar no shopping daqui meia hora, pode ser? - Nico

Já fazia duas semanas que eu havia entrado para a Goode, e não havia saído com o pessoal uma única vez por conta de vários compromissos.

Acabei de sair de uma sessão de fotos e estou indo para o aeroporto, porque Calypso pediu para buscá-la. Acha mesmo que chegou aí em meia hora?

Assim que enviei a mensagem, o carro freou e minha cara foi de encontro ao chão. Apolo começou a gritar, perguntando o que aconteceu e o motorista gritava de volta, desesperado.

– Desculpem! - ele disse - O carro da frente parou de repente e eu não vi, desculpem!

Levantei meio desorientado e pude sentir gosto de sangue. Passei a mão pelos cabelos e balancei a cabeça, tentando fazer o mundo parar de girar.

– Você está bem? - Apolo perguntou.

Balancei a cabeça afirmando e ele suspirou aliviado. O motorista continuou pedindo desculpas e se explicando, mas Apolo disse que estava tudo bem e pediu para que ele continuasse a dirigir.

Em uma hora chegamos ao aeroporto. Coloquei o capuz, abri a porta do carro e saí. No carro de trás, os seguranças saíram e vieram em minha direção, me acompanhando, cada um ao meu lado. Fui andando de cabeça baixa em direção ao painel que ficava no meio do aeroporto, com as informações dos vôos.

3497 - Tóquio: Desembarque/Portão A

Andei em direção ao tal portão e havia algumas pessoas com cartazes escrito "Calypso linda" "Calypso eu te amo", coisas desse tipo, e alguns paparazzis.

Meia hora depois ela apareceu de óculos escuro, os cabelos pretos, preso em um rabo de cavalo, uma legging preta e uma camisa que ia até a metade da sua barriga. Ela andava com o nariz empinado e acenava para as pessoas em volta. A empresária dela veio logo atrás e cochichou algo em seu ouvido.

– Alguém viu meu lindo namorado por aí? - Calypso perguntou rindo.

As pessoas começaram a murmurar e fui para frente, com os seguranças atrás. Antes que eu se quer tirasse o capuz e fizesse algumas meninas gritarem em volta, um cara veio por trás de Calypso e a abraçou. Ele usava um moletom parecido com o meu, então não dava para ver o rosto. Foi então que ele a beijou e as pessoas em volta gritaram.

– Ah, então é assim? - eu disse em voz alta tirando o capuz da cabeça.

Eles se separaram e as pessoas em volta estavam em choque. Calypso olhou para mim assustada e deu um passo para frente.

– P-Percy? - ela perguntou - O-O q-que você faz aqui?

– Você pediu para eu vir, não foi? - eu disse indo mais para frente para poder olhá-la nos olhos - Sempre desconfiei disso, mas nunca disse nada. Você sempre que viaja, vai em festas e fica com alguém. Que exemplo você está dando para os seus fãs, senhorita - disse levantando os braços - Vocês estão vendo? Essa aí é a "diva" - fiz aspas com os dedos - de vocês.

O tal cara que estava com ela, havia sumido e a empresária dela estava tentando dispensar o público em volta. Os olhos de Calypso estavam cheios de lágrimas e eu tentei ignorá-las.

Posso ser meio lerdo, mas não vou ficar com pena da garota que me traiu, certo? Já estava com vontade de pôr um ponto final naquele relacionamento estranho há uns meses, e agora tinha um motivo descente.

– Pode ficar com os seus namorados e a sua carreira de bosta - falei ríspido - Eu sei que metade dos seus fãs só gostam de você por minha causa. Você só estava comigo por causa disso. Só pensa em si mesma!

– Percy, por favor! - ela disse se aproximando da faixa que nos separava - Eu amo você!

– Ama nada, sua mentirosa - controlei meu tom de voz - Eu já amei você, Calypso. E acabou. Já era. Agora você pode ficar com quantos quiser, sem se preocupar... - disse sorrindo - Acho que nós dois saímos ganhando nisso, né?

Ela mordeu os lábios e colocou a mão na cabeça.

Sinceramente, acho que ela estava mais preocupada com as notícias que iriam sair ao longo do dia sobre o vexame que ela acabou de passar. Eu nem ligo, na verdade.

– Terminamos - e esse foi o fim.

Me virei e os seguranças colocaram as mãos em meus ombros, para me passar pela multidão de gente que havia se formado. Coloquei o capuz de volta e andei olhando para frente. Algumas pessoas me gritavam, pediam autógrafos, tentavam me puxar, mas eu só murmurava que agora eu não podia e elas soltavam.

(...)

Annabeth POV

Estava em casa terminando algumas tarefas que havia deixado acumular, quando meu celular tremeu em cima da cama. Levantei da cadeira e o peguei na mão, lendo a mensagem.

Vamos sair hoje. Passo aí ás 18h. Não se atrasa! - Percy

Sair? Ele marca tudo sem ao menos perguntar se eu posso ir? E além do mais, não íamos ao boliche hoje? Bufei e enviei uma mensagem para Thalia.

Não tem mais boliche hoje?

Em menos de cinco minutos, o celular voltou a tremer e li a mensagem.

A senhorita não tem tv ou um computador em casa? Percy e Calypso estão em tudo que é site. - Thalia

E o que isso tem a ver com o boliche?

Nico resolveu deixar para depois, porque acha que o Percy precisa de um tempo sozinho. Tudo papo furado. Melhor decisão que esse Golfinho já tomou na vida foi ter largado aquela cobra. - Thalia

Mas o Percy acabou de me enviar uma mensagem combinando de sair comigo.

Hum... Não sei o que dizer. Mas... Boa sorte! - Thalia

Bufei de novo e joguei o celular de volta à cama. Olhei para o relógio na parede, que ainda marcava 11h. Era sábado, meus pais haviam viajado por causa de negócios e eu estava sozinha sem fazer nada.

Resolvi chamar Max para almoçar comigo. E ele aceitou.

Desci até a cozinha e preparei macarrão ao molho branco, por ser a comida preferida dele. Em uma hora já estava tudo pronto e coloquei tudo na mesa, para ficar bonitinho. A campainha tocou e fui atender.

– Espero que esteja tudo pronto, porque saí do treino direto para cá e eu estou morrendo de fome e... - interrompi lhe dando um selinho.

– Oi para você também, cachinhos – murmurei.

– Já falamos sobre esse apelido - ele disse entrando na casa e me seguindo - É meio gay.

– É fofo e combina com você - retruquei.

– Está me chamando de gay? - ele perguntou erguendo uma sobrancelha e balancei a cabeça.

Ele se aproximou, me abraçando por trás e sussurrou:

– Depois eu te mostro quem é o gay... - e me deu um beijo na bochecha.

Comecei a rir e ele foi em direção a cozinha, examinando a mesa. Ele a olhou, ergueu uma sobrancelha e se sentou.

– Vamos comer! - ele disse e eu ri mais ainda, pela cara que ele havia feito.

(...)

Depois do almoço, Max e eu resolvemos ir andar por aí. Andamos, conversamos, nos beijamos e tropecei. Claro que depois de ficar rindo por um tempão e me ajudar a levantar, ele resolveu me deixar em casa, já que teria um jantar com os pais e precisava ir.

Olhei o relógio na parede e me assustei ao ver que já eram 16h. Levantei do sofá - com muita preguiça - e fui em direção ao banheiro tomar um bom banho. Enquanto a água escorria, percebi que havia ralado o joelho. Não era nada demais, mas precisaria de um band-aid.

Saí do banho e fui me vestir. Decidi colocar uma camisa jeans de mangas longas e uma saia rodada preta. Para completar, coloquei um sapato alto que achei no fundo do closet e deixei os cabelos soltos. Depois de ter feito isso tudo, coloquei o band-aid no joelho. Quando terminei já eram 17:45, então resolvi esperar.

Não demorou muito para eu ouvir uma buzina vindo do jardim e desci as escadas para ir.

Percy estava em um jaguar preto, com os vidros fechados, a não ser o do carona. Ele usava uma blusa social e uma calça jeans escura, e tinha um chapéu na cabeça. Tudo bem que o sol já estava se pondo e tudo mais, mas ele não queria que as outras pessoas o reconhecessem.

– Você está ótima, Annie - ele disse enquanto dava a partida no carro.

– Obrigada - eu disse envergonhada - Você também está ótimo.

Ele me olhou e balançou a cabeça, como se dissesse: "E você acha que eu não sei disso?". Dei uma risadinha e logo lembrei do que Thalia havia me dito.

– Então quer dizer que você e a Calypso terminaram? - perguntei.

Pude ver que ele parecia um pouco tenso, mas não demonstrava tristeza.

– As notícias correm - ele respondeu.

– O que houve?

– Fui ver ela no aeroporto e a peguei beijando um outro cara - ele deu de ombros - Já imaginava que isso fosse acontecer.

Apesar de não demonstrar, eu sabia que no fundo ele estava chateado. Apoiei uma mão no seu ombro.

– Sinto muito.

– Está tudo bem, ok? - ele disse sorrindo - Agora, vou levá-la para a melhor noite da sua vida.

– Onde vamos? - perguntei.

– Ao parque, onde mais? - ele respondeu como se fosse a coisa mais óbvia do mundo - E seu namorado? - ele hesitou - Ele sabe que você está aqui comigo?

– Sim, eu contei a ele.

Tecnicamente eu disse que ia sair com um amigo hoje e Max ficou bravo. Expliquei a ele que esse amigo não estava numa fase muito boa e que precisava de companhia. Claro que ele ficou emburrado, mas depois concordou. Portanto que eu ligasse para ele a cada uma hora.

Pior que a minha mãe – pensei e revirei os olhos ao lembrar.