A Força De Uma Paixão. escrita por Kah


Capítulo 52
Memorias




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Eu nunca havia visto uma borboleta tão linda e colorida como aquela, ela veio ate mim e pousou em minha perna, sorri por poder a admirar mais de perto, parecia ter todas as cores nela, tentei pega-la, mas ela se assustou e voou para longe.

— Volta aqui borboletinha... - gritei me levantando depressa, mas me assustei quando percebi um homem me olhando a alguns metros.

— Oi garotinha, - ele sorriu e se aproximou - você viu como era linda aquela borboleta?

— Ela foi embora. - disse um pouco tristonha abraçando minha boneca.

— Eu sei de um lugar lindo onde existem milhares de borboletas iguais aquela.

— Sabe mesmo? - perguntei esboçando um sorriso inocente e encantado.

— Sei sim, é bem aqui pertinho. - ele esticou sua mão - Você não quer vir comigo para te mostrar?

— Eu não sei não, papai disse para minha irmã e eu nunca conversarmos com estranhos.

— Ah, mas eu não sou um estranho, - disse se abaixando para ficar na minha altura e segurar minhas mãos - sua irmãzinha esta lá também.

— É verdade? Paola esta lá também?

— Claro que sim, ela que pediu para vir te buscar.

— Eu vou avisar o papai, ele pediu pra esperar ele aqui. - disse tentando correr ate a cabana que estávamos, mas ele me impediu segurando-me.

— Não precisa princesa, eu já avisei a ele, vamos logo antes que as borboletas vão embora.

***

— Vai demorar muito? - perguntei outra vez já não aguentando mais andar por aquela mata, eu estava cansada, com fome e com sede.

— Não, já estamos quase chegando. – ele disse me puxando por entre a mata com certa brutalidade, meu braço já doía onde ele segurava, e eu apertava minha boneca forte contra meu peito.

— Eu quero ir embora. – disse parando bruscamente, ele se virou e me olhou.

— Estamos quase chegando menina, pare de reclamar e anda logo, eu já estou perdendo a paciência com você. - suas palavras me fizeram ter tanto medo

— Eu quero o meu pai e minha mãe. – disse chorando puxando meu braço de sua mão.

— Voce nunca mais vai ver seus pais outra vez garota, nunca mais. – ele gritou me olhando com os olhos vermelhos.

Chorei desesperada e com medo, a mata fechada já começava a ficar escura com o entardecer, e meu pequeno coração apertou-se em meu peito.

— PAPAI... PAPAI SOCORRO, SOCORRO... –gritei desesperada assim que realmente me dei conta do perigo.

— CALA ESSA BOCA MENINA... – ele gritou me pegando em seus braços e tapando minha boca com suas mãos, segurei ainda mais firme minha boneca.

Me debati contra ele, chutando-o, e tentando me soltar de suas mãos, mas a única coisa que conseguia era que ele me segurasse ainda mais forte.

— Acha mesmo que vai conseguir fugir de mim? – ele sorria enquanto eu lutava – Vou ganhar um dinheirão com você menina, um dinheirão.

Não entendia nada do que ele falava, ele me colocou no chão, e segurou firme meu pulso.

— Se voce não ficar quietinha eu vou ser obrigado a te machucar garota, voce quer que eu te machuque? – sua mão apertou ainda mais meu braço e eu soltei um grito de dor.

— Ótimo, é melhor se comportar. – ele sorriu, e eu em um ato desesperado mordi com a toda a força que era capaz sua mão que segurava meu braço, ele me soltou e corri o mais rápido que pude escutando-o me gritar e gemer de dor.

— SUA CADELINHA... VOLTA AQUI, QUANDO EU TE PEGAR VAI SE ARREPENDER...

Corria entre a mata, sentindo os galhos arranhar meu rosto, escutava seus passos atrás de mim e me desesperei com a velocidade que eles se aproximavam, já estava anoitecendo e a floresta ficava escura, ele me pegou e caímos no chão, me debati contra ele, arranhei seus braços, tentei o morder mais uma vez, ele me puxou pelo chão e senti meu braço rasgando nos galhos, chorei de dor, e abracei minha boneca.

— Solta essa boneca imunda, - ele disse arrancando minha boneca, agora manchada com meu sangue e a jogando longe, chorava de dor, medo e desespero – ate agora fui bonzinho com você menina, mas agora não terei mais pena.

Me encolhi no chão agarrando minhas pernas, tremendo e chorando desesperadamente.

— PAPAI... PAPAI... –gritava entre soluços incessantes.

— Pode gritar o quanto quiser sua menina idiota, - ele tirou a camisa que vestia e a rasgou – ninguém vai te ouvir, entendeu ninguém.

Senti muito medo quando ele se aproximou e com força amarrou meus pulsos, e logo depois minha boca, eu chorava sem parar.

— Agora quero ver como vai me morder sua cadelinha. – ele disse me jogando em seus ombros, voltando a caminhar por aquela mata escura.

— Ei garota, como é seu nome? – um menino loiro, maior que eu, me perguntou, havia uma faixa servindo de curativo em meu braço.

— Cadê o meu papai? – perguntei já chorando.

— Eu não sei, - ele respondeu dando de ombros – eu também queria saber onde esta o meu.

— Não chora não menininha, – uma garota maior se sentou ao meu lado e me abraçou – vai ficar tudo bem.

— Eu quero o meu papai, minha mamãe. – solucei nos braços daquela menina – Cadê a Paola?

— Shiii... Fique calma boneca – Qual é o seu nome?

— Paulina...

— O meu é Laura, e esse é meu irmão Diego. – ela disse limpando minha face – Você é a menor criança que já vi por aqui, - ela pegou uma toalha molhada e limpou meu rosto – esses monstros estão cada vez piores.

— Onde estamos? – perguntei.

— Acho que estamos na fronteira, Guatemala ou Belize.

***

— Paulina... Hoje é o dia, se não conseguirmos fugir hoje não vamos ter outra oportunidade, - Laura me dizia baixinho olhando-me atenta – já faz dois meses que eu e Diego estamos aqui, e você chegou aqui há quase um, amanha eles vão nos levar Deus sabe pra onde, só sei que não quero estar aqui quando amanhecer.

— Você vai ter que ser forte Lininha, não pode chorar, nem ter medo, tudo bem? – Diego perguntou se sentando ao lado da irmã.

— Tudo bem, - sussurrei – eu vou ser forte.

***

— Droga, Diego, droga, - Laura dizia baixinho, dava para perceber o medo em seus olhos – eles vão nos pegar, vão nos pegar.

— Fique calma Laura, eles não vão nos achar aqui. – Diego disse me colocando atrás de si.

Tínhamos corrido muito, enfrentado metade daquela noite, mas eles nos caçavam e estavam a um passo de nos encontrar. Estávamos escondidos entre os troncos de duas arvores que quase se juntavam formando uma pequena gruta, mas que foram o suficiente para nós três.

Víamos a luz das lanternas iluminar a escuridão, meu coração batia forte.

***

— Lina, vamos correr mais rápido dessa vez. – Laura disse - Se esperarmos amanhecer eles vão nos achar.

— Ta bom Laura. – respondi apertando sua mão.

Saímos de nosso esconderijo com cuidado e voltamos a correr pela escuridão.

— Eu sabia Laura, é uma rodovia, olha a quantidade de carros, - Diego disse assim que conseguimos ver os faróis dos carros - estamos salvos Laura, estamos salvos.

Nos abraçamos fortemente, o dia amanhecia com a esperança. A descida ate a rodovia era íngreme, estávamos na metade da serra, pra quem havia corrido a noite toda faltava muito pouco.

— Vai voltar pro seu papai Lina... pra sua mamãe, pra sua irmã, você vai vê-los outra vez.

Sorri alegre, estávamos felizes, e riamos com alivio e felicidade.

— Ah não... – Diego disse olhando para o alto - CORRAM... ELES NOS ACHARAM, CORRE PAULINA, CORRE...

Olhamos para trás e vimos três homens, dois deles com suas armas apontadas para nós.

— TENHAM CUIDADO COM A MENOR, ELA VALE MUITO DINHEIRO... – um deles gritou assim que começaram a correr em nossa direção, outra vez corríamos, outra vez estávamos desesperados, com medo.

— CORRE LINA, CORRE... – Laura dizia me puxando.

Senti as fortes mãos daquele homem me pegando e cai no chão, Diego voou em cima dele e o chutou, eu me debatia contra ele, chutava seu rosto, e consegui me soltar.

— Venha aqui garotinha, venha comigo... –ele dizia se levantando e indo ate mim, eu caminhava de costas, sem conseguir parar de olhar para Diego caído no chão.

Voltei a correr depressa, eu estava tão cansada, minhas pernas tremiam, cai no chão, antes de conseguir me levantar senti o homem me virando.

— Achou mesmo que conseguiria fugir cadelinha? – ele perguntou rindo sarcasticamente.

Me debati contra ele...

— Paulina... Lina... Acorde...

— Me solta, me solta, socorro... – gritava desesperada.

— Sua vadiazinha... – ele gritou segurando firme meus braços – tive muita paciência com voce menina...

Logo depois de dizer isso senti uma forte pancada em minha cabeça... e tudo ficou escuro...

***

— Lina, por favor meu amor, acorde, acorde... – aquela voz eu conhecia, como conhecia – Lina, meu amor, esta tudo bem, eu estou aqui, acorde...

Sentia seu corpo me abraçando, seus lábios beijando meu rosto, mas não conseguia abrir meus olhos...

— Paulina, não faça isso comigo vida minha, acorde, foi um pesadelo meu amor, acorde...

Abri os olhos e quando o vi ali, chorando e preocupado não consegui fazer outra coisa que não fosse o abraçar e chorar amargamente.

— Meu amor, - ele me abraçou forte contra seu corpo – fique calma, foi um pesadelo, esta tudo bem agora, foi um pesadelo...

— Não me solte Carlos Daniel, eu estou com tanto medo... Eles vão me pegar, eles mataram a Laura...

— Oh meu amor, - ele me colocou em seu colo, todo meu corpo tremia e eu não conseguia tirar a imagem de Laura ensanguentada de minha mente – eu não vou te soltar meu amor, esta tudo bem agora, fique calma minha vida...

— Carlos Daniel... – solucei seu nome abraçada a ele.

Carlos Daniel acariciava meus cabelos, esperando que eu me acalmasse, o calor de seu corpo me tranquilizava.

— Esta mais calma meu amor? – ele perguntou levantando meu rosto, seus olhos estavam úmidos.

— Eles me levaram... – disse levando minha mão ate minha barriga de oito meses – foi horrível Carlos Daniel...

— Você teve um pesadelo, não quer me contar? – ele perguntou segurando meu rosto entre as mãos e beijando suavemente minha testa.

— Eu me lembro Carlos Daniel, - disse olhando-o – me lembro de como desapareci.

— Oh Lina... – ele beijou ternamente meus lábios – você se lembrou meu amor.

Contei tudo para ele, Carlos Daniel e eu decidimos esperar Otavio nascer para tomar qualquer decisão sobre meu sequestro, sim eu havia sido sequestrada quando tinha cinco anos, arrancada de minha família, destruindo-a com meu desaparecimento, só não conseguia me lembrar de como havia chegado na Espanha.

Otavio estava preste a nascer, e minha maior preocupação naquele momento era com ele. Não víamos a hora de ver nosso tão amado filhinho.


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