A Força De Uma Paixão. escrita por Kah


Capítulo 32
Disputada




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Eu sentia o olhar de Carlos Daniel sobre nós, e de repente toda aquela confiança que começava a surgir em mim foi substituída pela decepção que eu havia passado, que ele havia me causado.

— Quem é você? - Carlos Daniel perguntou com a voz elevada - De onde se conhecem?

— Me chamo Marco, sou amigo de Paulina. - ele respondeu e me olhou por um momento, fechei os olhos e senti novas lagrimas me escaparem - E você?

— Sou Carlos Daniel Bracho. - ele disse seriamente.

— Ora seu cretino, - Marco disse me puxando para trás de seu corpo e se aproximando de Carlos Daniel - o que faz aqui? Não acha que já causou sofrimento o suficiente para Paulina?

— Quem você pensa que é pra falar assim comigo? - Carlos Daniel rebateu com a voz carregada de raiva, eu sabia reconhecer cada emoção vinda dele, mesmo estando com os olhos fechados.

— Sou amigo de Paulina, já te disse, - Marco respondeu diminuindo a voz - e acho melhor você abaixar seu tom, não se esqueça de que esta em um hospital.

— Paulina, quem é esse senhor? - Carlos Daniel perguntou irritado, eu continuava com os olhos fechados, não queria nada daquilo, não queria discursão naquele momento.

— É meu amigo Carlos Daniel, - disse por fim abrindo os olhos e o mirando - e o que isso te interessa? Se veio atrás de Paola saiba que perdeu seu tempo, ela não esta aqui, alias nem sei onde ela esta.

— Não vim atrás de Paola, - ele disse com os dentes cerrados - vim por você, estou preocupado com você meu amor.

— Amor? - perguntei surpresa - Como pode ser tão irônico Carlos Daniel, não veio por mim, e se veio foi para se certificar do estrago que me causou.

— Paulina, nunca diga isso, - ele se aproximou de mim, mas Marco se colocou entre nós, Carlos Daniel continuou a falar - eu te amo, te amo como nunca amei ninguém em minha vida, você tem que me deixar te explicar tudo, tem que me ouvir.

— O que ela tem que ouvir? - Marco perguntou furioso - Que você a usou? Que esteve com ela apenas porque lembra a irmã?

— CALA A BOCA SEU CRETINO, - Carlos Daniel gritou - VOCÊ NAO É NAO NINGUEM PARA SE INTROMETER ENTRE MIM E PAULINA.

— Pelo contrario senhor Bracho, sou um homem que sabe respeitar os sentimentos de uma mulher, não faria Paulina sofrer nunca.

— Você não sabe os meus motivos. - Carlos Daniel disse com aspereza, seu rosto estava extremamente vermelho pela raiva, suas mãos estavam fechadas com força, eu sabia que ele estava se contendo ao máximo para não partir para cima de Marco, apesar de tudo sabia que Carlos Daniel nunca causaria uma briga em um hospital.

— E nem pretendo saber. - Marco falou friamente - Acho que sua visita já acabou senhor Bracho, pode voltar para sua casa e ficar bem longe de Paulina.

— Eu não vou a lugar nenhum, vim por Paulina e vou ficar aqui. - Carlos Daniel se sentou no sofá apoiando a cabeça nas mãos e bagunçando os cabelos, ele estava extremamente nervoso.

— Por favor Carlos Daniel, - eu disse sentindo meu peito sangrar - vá embora, não tem razão para ficar aqui.

— Me desculpe Paulina, - ele disse e olhou fixamente em meus olhos - mas não vou te deixar novamente, não vou sair de perto de você, quero estar ao seu lado, sei o quanto deve estar sofrendo.

— Carlos Daniel... - disse segurando o choro.

— Me desculpe Paulina, - seus olhos marejaram - não vou sair daqui.

— Senhor Bracho não vê que sua presença faz mal a Paulina? - Marco disse impaciente me puxando para seus braços - É melhor ir e deixa-la em paz.

— Não há ninguém que me faça sair daqui, - Carlos Daniel disse autoritário - não vou deixar Paulina sozinha com você.

Marco fez menção de se aproximar de Carlos Daniel, o impedi apoiando minhas mãos em seu peito.

— Por favor Marco, não crie confusão agora. Tudo o que me importa nesse momento é a minha mãe. Se ele quer ficar que fique.

— Tudo bem Paulina, - ele beijou o alto de minha cabeça e me abraçou - você tem razão, vamos ate a cantina? Precisa comer.

— Não tenho fome, quero estar aqui quando minha mãe acordar.

—Bom, não vou insistir agora. - ele me guiou ate o sofá e se sentou ao meu lado - Vou ficar aqui com você, tente descansar um pouco.

Acenei em concordância e recostei minha cabeça em seu ombro, meus olhos se esgueiraram ate Carlos Daniel por um breve momento e encontraram os deles, seus olhos estavam úmidos, parecia sofrer, senti meu peito apertar em vê-lo assim, mas logo a dor de ter sido enganada por ele voltou, e desviei meu olhar fechando os olhos.

***

— Acha que vai conseguir Paulina assim? - era a voz de Carlos Daniel, ele falava baixinho.

— Não estou disputando Paulina. - Marco disse no mesmo tom.

— Eu vou lutar por ela. - disse Carlos Daniel.

— O que pretende com isso senhor Bracho? - Marco perguntou ríspido - Quer faze-la sofrer ainda mais?

— O que quero é ter Paulina de volta, - ele suspirou - eu a amo e estou disposto a reconquista-la.

— Não vou permitir isso. - Marco disse com uma certa autoridade na voz - Não vai fazer Paulina sofrer nunca mais senhor Bracho.

— Ela não te ama. - Carlos Daniel disse elevando o tom de voz, mas diminui logo em seguida - Você é muito velho pra ela.

— O que esta querendo dizer? - Marco perguntou surpreso.

— Sei que esta apaixonado por ela, - Carlos Daniel disse furioso - mas nunca vai tê-la, nunca, Paulina pertence a mim e a mais ninguém.

— Paulina não é um objeto, você não é dono dela. - Marco disse nervoso.

— Eu e Paulina nos amamos, nos amamos muito. E o que aconteceu foi tudo por culpa de minha estupidez, mas nunca mais vou faze-lá sofrer.

— Não vai mesmo senhor Bracho, - Marco apertou os braços ao redor de mim - não vou permitir que se aproxime dela.

— Você não é nada dela, não tem nenhum direito sobre ela. - a voz de Carlos Daniel estava carregada de raiva.

— Sou amigo de Paulina e me preocupo com ela, e ao contrario de você nunca mentiria pra ela.

— É melhor voltar para sua casa senhor Marco, agradeço por ter cuidado de Paulina mas agora ela esta entre aqueles que realmente a ama. - disse Carlos Daniel.

— Prometi que estaria com ela, e se não se importa é melhor ficar em silencio, - Marco disse - vai acabar acordando-a, e ela precisa descansar.

Ouvi Carlos Daniel respirar profundamente e logo depois seus passos saindo da sala, eu estava entre a inconsciência do sono e a realidade, não dormia mas não estava totalmente acordada, ouvia a conversa entre Marco e Carlos Daniel como se estivessem a muitos metros de mim, aos poucos o cansaço foi me vencendo e eu acabei dormindo recostada a Marco.

***

Acordei sentindo uma mão deslizar pelos meus cabelos, me senti tranquila com aquele carinho em minha cabeça.

— Vovó Piedade? - disse ainda sonolenta abrindo os olhos e abraçando fortemente a pequena senhora que estava sentada na beira do sofá onde eu estive dormindo.

Marco e Carlos Daniel não estavam na sala, provavelmente Marco saiu enquanto eu dormia, ele havia deixado sua empresa para me acompanhar, com certeza tinha muito o que resolver quando voltasse, e Carlos Daniel... talvez tivesse entendido que o melhor era voltar pra sua casa e me deixar em paz.

— Como você esta minha filha? - perguntou afastando-se e me olhando diretamente nos olhos.

— Mal vovó Piedade, muito mal. - disse sentindo as lagrimas voltar a pinicar meus olhos.

— Eu sinto muito Paulina, - ela segurou minhas mãos entre as suas - sei o quanto deve estar sofrendo.

— Por que isso tinha que acontecer vovó Piedade? - perguntei deixando uma lagrima cair - Paula não merecia isso, ela já sofreu tanto.

— Não sei o por que das coisas acontecerem Paulina, - ela me olhou e sorriu tristemente - mas tudo tem um proposito, Deus sabe o que faz.

A abracei novamente tentando conter o nó que crescia em minha garganta.

— Tenha fé minha filha, e tudo vai ficar bem. - ela disse afagando meus cabelos.

— Não quero perde-la vovó Piedade. - disse enquanto sentia as lagrimas escorrer por meu rosto.

— Tem que ser forte minha filha. - disse se afastando e limpando as lagrimas de meu rosto - Forte como sempre foi.

— Não tenho essa força toda vovó. - falei sentindo meu peito cravado com facas.

Ela me abraçou me confortando, me sentia tão bem com vovó Piedade que era como se ela realmente fosse minha avó.

— Mas agora limpe essas lagrimas por que tem uma garotinha que esta morrendo de saudades de você. - ela disse com um sorriso.

— Lizete? - perguntei sentindo meu coração saltar.

— Sim, ela veio te ver, - disse ainda sorrindo - não sabe como sentiu sua falta Paulina.

— E eu dela vovó. - sorri tristemente.

— Lizete te vê como uma mãe, - seus olhos fixaram nos meus - não pode se afastar assim dela, ela é só uma criança.

Senti meu peito esmagado pela culpa por tê-la abandonado, vovó Piedade se levantou e foi em direção a porta, não passou nem dez segundos e Lizete entrou correndo se atirando em meus braços.

— Mamãe, - ela dizia afundando o rosto entre meus cabelos, senti suas lagrimas molharem meu pescoço e meu coração se apertou ainda mais em vê-la chorar, chorar por saudades - mãezinha, senti tanta sua falta.

— Lizete... - minha voz saiu entre soluços, a abracei mais forte e chorei com ela em meus braços.

— Não faz mais isso mamãe, não faz... - ela soluçava me apertando contra si, cada lagrima que tocava minha pele fazia meu peito sangrar - não vá embora.

— Desculpa Lizete, desculpa... - dizia com o coração corroído por saber que Lizete, tão pequena, sofria por minha causa.

— Promete que vai ficar? - ela falou levantando o rostinho de meu ombro e me olhando intensamente, vê-la com os olhinhos vermelhos e inchados me fez sentir a pior pessoa do mundo.

— Prometo meu amor, prometo. - disse aquelas palavras a abraçando novamente e me martirizando por estar mentindo.

Aos poucos ela foi se acalmando, me abraçava com tanta força que até me surpreendia, parecia ter medo de me soltar.

— Mamãe? - ela chamou deslizando as pequenas mãozinhas por meus cabelos - É verdade que você e o papai estão brigados?

— É sim Lizete. - disse engolindo em seco e a segurando com força.

Ela ficou um tempo em silencio, e logo voltou a falar em um sussurro.

— Sabe, as vezes eu ouço o papai chorando. - ela me olhou com os olhinhos tristes.

— Chorando? - perguntei incrédula, não via motivos para Carlos Daniel chorar, ele que havia me enganado. Ela acenou que sim e continuou.

— Ele também sente sua falta. - ela disse tristonha.

A abracei enquanto tentava raciocinar as palavras de Lizete.

— Você veio com sua bisavó? - perguntei tentando mudar de assunto.

— Com ela e com o papai.

— Seu pai voltou? - perguntei surpresa.

— Ele disse que vai ficar aqui com você, - ela franziu a testa - acho que tem medo.

— Medo Lizete? - perguntei sem entender - Mas de que?

— Não sei mamãe, - ela deu de ombros - eu ouvi ele dizer a bisvovó que sente muito medo.

— E você meu amor, esta estudando direitinho? - perguntei tentando mais uma vez mudar de assunto.

— Estou sim. - ela acenou com a cabeça.

Sorri e beijei suas bochechas a abraçando e enchendo-a de beijos, Lizete parecia ser meu anjo da guarda, sempre surgindo nos momentos em que mais precisava.

Fiquei alguns minutos com Lizete, enquanto estava com ela me sentia melhor, mas ainda assim com o peso da culpa, culpa por tê-la deixado e culpa por que iria novamente me afastar dela, dela e de todos os Bracho, não poderia ficar e ocupar um lugar que não era meu. Eu não era a mãe de Lizete, e não tinha o direito de engana-la, iria me afastar e tudo o que pedia era que ela me esquecesse, e que no futuro não passasse de uma lembrança vaga em sua mente e coração.


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