A Força De Uma Paixão. escrita por Kah
— Você? - disse surpresa enquanto o sorriso se desfazia lentamente.
— Nossa Paulina, que cara de decepção. - Paola disse seriamente.
— Ah, me desculpe Paola, - disse dando passagem para ela entrar - eu pensei que fosse outra pessoa.
— Claro, - ela sorriu já sentando no sofá - achou que fosse Carlos Daniel?
— Bom, sim, mas, - a olhei séria por um momento - aconteceu alguma coisa?
— Ainda não Paulina, - ela sorriu me olhando - só estava com saudades da minha irmãzinha.
— Bem é que... já nos vemos hoje. - disse intrigada com o sentimentalismo de Paola, apesar do pouco tempo que passamos juntas sabia que Paola não era disso.
— Se minha presença te incomoda, - ela se levantou com os olhos marejados - eu vou embora.
— Deixa de bobagem Paola, - segurei suas mãos olhando-a nos olhos - claro que não me incomoda, você é minha irmã, e sempre vai ser bem vinda em minha casa. Mas, se não se importar em ficar me esperando, bom, é que eu já estava indo pro banho.
— Claro que não me importo Paulina, - ela sorriu - eu te espero aqui.
— Bom, Filó esta na cozinha, - disse sorrindo - fique a vontade Paola.
— Com toda certeza Paulina. - ela sorriu.
Tomei banho, escolhi o que usaria, e segui me arrumando e ansiando para que Carlos Daniel chegasse.
Eu sabia que ele tinha algo muito importante para me contar, mas a minha vontade de vê-lo e senti-lo era maior, e tudo o que eu queria era poder estar novamente em seus braços.
Quando finalmente sai do quarto e caminhei em direção a sala ouvi a voz de Paola, ela falava alto, parecia discutir com alguém, caminhei mais rápido para saber do que se tratava, mas ao chegar na porta a voz de Carlos Daniel me paralisou, ele e Paola discutiam.
— Ora queridinho, vai continuar enganando minha irmã até quando? - Paola perguntou.
— Não estou enganando Paulina, - Carlos Daniel disse irritado - eu a amo, a amo como nunca amei ninguém em minha vida.
— A ama? - perguntou Paola, ela sorria - Ama tanto que não foi capaz de lhe dizer quem é a mãe de Lizete.
— Lizete não tem mãe. - eu senti a raiva lhe dominar - Saia daqui Paola.
— Está com medo Carlos Daniel? Medo que eu conte a verdade para Paulina?
Por um momento um silencio invadiu a sala, eu tentava processar o que estava acontecendo.
— Claro que tem medo, - o riso de Paola preencheu a sala - afinal como minha irmãzinha reagiria ao saber que EU sou a mãe de Lizete.
Aquelas palavras acertaram em cheio em meu coração, aquilo não podia ser verdade, não podia.
— CALA ESSA BOCA PAOLA. - ouvi Carlos Daniel gritar, meu corpo escorregou pela parede e cai ajoelhada no chão, Paola mãe de Lizete, aquilo gritava em minha mente.
— Tem medo que Paulina ouça e descubra que tudo o que viveu com voce nao passou de uma mentira? Que voce nunca a amou? Que estava com ela por que somos iguais? Que apenas tentou suprimir com ela a falta que sente de mim? - Paola falava com aspereza, jogando as palavras sobre as outras e rasgando meu coração.
— PARA COM ISSO PAOLA.
— ME SOLTA CARLOS DANIEL. - Paola gritou, parecia assustada - VAI ME BATER AGORA?
— NÃO SUJARIA MINHAS MÃOS COM VOCE.
Não sei qual a intensidade que estava meu choro, o que sei é que estava alto o bastante para que eles ouvissem e quando percebi Carlos Daniel já estava ao meu lado.
— Paulina, nao acredite no que Paola falou. - ele disse acariciando meu rosto.
Quando o vi em minha frente dizendo aquelas palavras uma raiva que ate entao eu desconhecia me dominou, e rapidamente me levantei.
— SAIA DAQUI CARLOS DANIEL! - gritei com odio, as lagrimas insitiam em cair por minha face - EU TE ODEIO, TE ODEIO!
— Paulina, por favor, nao acredite em Paola. - ele pediu tentando se aproximar, me afastei novamente.
— COMO NAO ACREDITAR? - eu gritava em descontrole - VAI NEGAR QUE LIZETE É FILHA DE PAOLA?
— ELA É FILHA DA PAOLA, EU IRIA TE CONTAR. - ele tambem gritou.
— QUANDO? QUANDO SE DIVERTISSE O BASTANTE COMIGO? QUANDO SE CANSASSE DE ME ENGANAR?
— EU NAO TE ENGANEI PAULINA, EU TE AMO.
— VOCE MENTIU PARA MIM ESSE TEMPO TODO, ME FEZ ME APAIXONAR POR VOCE APENAS PARA TENTAR SACIAR A SAUDADE QUE SENTIA DA PAOLA. - eu dizia entre soluços, chorando intensamente.
— VOCE NAO PODE ACREDITAR EM PAOLA, NAO PODE. - ele disse com a voz embargada, o olhei e notei que também chorava.
—SAIA DAQUI CARLOS DANIEL, SAIA DA MINHA VIDA, EU NAO QUERO TE VER NUNCA MAIS, NUNCA MAIS.
— Paulina, por favor, me escute. - ele mais uma vez tentou se aproximar levantando a mão para tocar meu rosto.
— NÃO ME TOQUE, - disse o olhando seriamente - NÃO ME TOQUE NUNCA MAIS.
— Senhor, é melhor você ir, - Filo disse me abraçando, eu sequer havia notado sua presença - Paulina esta muito nervosa, depois vocês conversam com calma.
— Paulina eu... - as palavras dele morreram quando viu meu olhar de decepção, dor, raiva e... desprezo.
— Vá senhor, - outra vez Filó disse - eu vou cuidar dela.
Carlos Daniel me olhou mais uma vez, seus olhos estavam cheios de lagrimas, e quando ele finalmente saiu eu deixei toda a dor escapar por meus olhos e chorei nos braços de Filó.
— Paulina minha irmãzinha querida, - Paola disse, eu nem sabia que ela ainda estava ali - me desculpe, eu não tinha ideia de que estava escutando.
— SAIA DAQUI PAOLA. - disse com fúria - SAIA DAQUI.
Paola não insistiu, e também saiu de meu apartamento.
— Paulina tente se acalmar, você esta tremendo. - Filó segurou minhas mãos e me guiou ate o sofá.
— Ele me enganou Filó, me enganou. - eu disse entre soluços sentindo meu coração sangrar.
— Calma minha filha, - ela afagava meus cabelos - tenho certeza que ele te ama.
— Não Filó, ele não me ama. - respondi com uma dor crescendo cada vez mais em meu peito.
Minha cabeça latejava, tudo o que vivi com Carlos Daniel rondava minha mente, por alguns minutos fiquei abraçada a Filó, sentindo meus olhos arderem cada vez mais, parecia que as lagrimas nunca acabariam.
— Vou pegar um copo de agua para você Paulina. - Filo disse assim que meu choro cessou, assenti com a cabeça e a vi sumir na direção da cozinha.
As palavras de Paola gritavam na minha cabeça, todos haviam me enganado, todos, até mesmo Paula e dona Piedade, todos se divertiram me enganando. Eu não pensava com clareza, as únicas pessoas que eu tinha me enganaram, e aquilo golpeava meu peito.
Me levantei rapidamente do sofá, procurando as chaves de meu carro, e quando as encontrei caminhei com pressa para a porta.
— Paulina aonde você vai? - Filo perguntou preocupada com o copo de agua nas mãos - Esta uma tempestade lá fora, e você não esta em condições de sair.
— Eu preciso sumir Filó, preciso sumir. - disse fechando a porta e correndo para o elevador.
Uma dor enorme crescia cada vez mais em meu peito, tudo o que passamos juntos, todos os beijos, todas as palavras, todas as noites de amor, tudo era mentira, Carlos Daniel nunca me amou.
Peguei meu carro e sai sem rumo pelas ruas, estava escuro e eu mal conseguia ver alguma coisa em minha frente, a tempestade caia tampando minha visão, mas eu não me importava, tudo o que queria era poder sumir, desaparecer, e levar comigo a dor que sentia, a única companheira que realmente eu tinha.
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