A Força De Uma Paixão. escrita por Kah


Capítulo 29
A dor de uma verdade




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— Você? - disse surpresa enquanto o sorriso se desfazia lentamente.

— Nossa Paulina, que cara de decepção. - Paola disse seriamente.

— Ah, me desculpe Paola, - disse dando passagem para ela entrar - eu pensei que fosse outra pessoa.

— Claro, - ela sorriu já sentando no sofá - achou que fosse Carlos Daniel?

— Bom, sim, mas, - a olhei séria por um momento - aconteceu alguma coisa?

— Ainda não Paulina, - ela sorriu me olhando - só estava com saudades da minha irmãzinha.

— Bem é que... já nos vemos hoje. - disse intrigada com o sentimentalismo de Paola, apesar do pouco tempo que passamos juntas sabia que Paola não era disso.

— Se minha presença te incomoda, - ela se levantou com os olhos marejados - eu vou embora.

— Deixa de bobagem Paola, - segurei suas mãos olhando-a nos olhos - claro que não me incomoda, você é minha irmã, e sempre vai ser bem vinda em minha casa. Mas, se não se importar em ficar me esperando, bom, é que eu já estava indo pro banho.

— Claro que não me importo Paulina, - ela sorriu - eu te espero aqui.

— Bom, Filó esta na cozinha, - disse sorrindo - fique a vontade Paola.

— Com toda certeza Paulina. - ela sorriu.

Tomei banho, escolhi o que usaria, e segui me arrumando e ansiando para que Carlos Daniel chegasse.

Eu sabia que ele tinha algo muito importante para me contar, mas a minha vontade de vê-lo e senti-lo era maior, e tudo o que eu queria era poder estar novamente em seus braços.

Quando finalmente sai do quarto e caminhei em direção a sala ouvi a voz de Paola, ela falava alto, parecia discutir com alguém, caminhei mais rápido para saber do que se tratava, mas ao chegar na porta a voz de Carlos Daniel me paralisou, ele e Paola discutiam.

— Ora queridinho, vai continuar enganando minha irmã até quando? - Paola perguntou.

— Não estou enganando Paulina, - Carlos Daniel disse irritado - eu a amo, a amo como nunca amei ninguém em minha vida.

— A ama? - perguntou Paola, ela sorria - Ama tanto que não foi capaz de lhe dizer quem é a mãe de Lizete.

— Lizete não tem mãe. - eu senti a raiva lhe dominar - Saia daqui Paola.

— Está com medo Carlos Daniel? Medo que eu conte a verdade para Paulina?

Por um momento um silencio invadiu a sala, eu tentava processar o que estava acontecendo.

— Claro que tem medo, - o riso de Paola preencheu a sala - afinal como minha irmãzinha reagiria ao saber que EU sou a mãe de Lizete.

Aquelas palavras acertaram em cheio em meu coração, aquilo não podia ser verdade, não podia.

— CALA ESSA BOCA PAOLA. - ouvi Carlos Daniel gritar, meu corpo escorregou pela parede e cai ajoelhada no chão, Paola mãe de Lizete, aquilo gritava em minha mente.

— Tem medo que Paulina ouça e descubra que tudo o que viveu com voce nao passou de uma mentira? Que voce nunca a amou? Que estava com ela por que somos iguais? Que apenas tentou suprimir com ela a falta que sente de mim? - Paola falava com aspereza, jogando as palavras sobre as outras e rasgando meu coração.

— PARA COM ISSO PAOLA.

— ME SOLTA CARLOS DANIEL. - Paola gritou, parecia assustada - VAI ME BATER AGORA?

— NÃO SUJARIA MINHAS MÃOS COM VOCE.

Não sei qual a intensidade que estava meu choro, o que sei é que estava alto o bastante para que eles ouvissem e quando percebi Carlos Daniel já estava ao meu lado.

— Paulina, nao acredite no que Paola falou. - ele disse acariciando meu rosto.

Quando o vi em minha frente dizendo aquelas palavras uma raiva que ate entao eu desconhecia me dominou, e rapidamente me levantei.

— SAIA DAQUI CARLOS DANIEL! - gritei com odio, as lagrimas insitiam em cair por minha face - EU TE ODEIO, TE ODEIO!

— Paulina, por favor, nao acredite em Paola. - ele pediu tentando se aproximar, me afastei novamente.

— COMO NAO ACREDITAR? - eu gritava em descontrole - VAI NEGAR QUE LIZETE É FILHA DE PAOLA?

— ELA É FILHA DA PAOLA, EU IRIA TE CONTAR. - ele tambem gritou.

— QUANDO? QUANDO SE DIVERTISSE O BASTANTE COMIGO? QUANDO SE CANSASSE DE ME ENGANAR?

— EU NAO TE ENGANEI PAULINA, EU TE AMO.

— VOCE MENTIU PARA MIM ESSE TEMPO TODO, ME FEZ ME APAIXONAR POR VOCE APENAS PARA TENTAR SACIAR A SAUDADE QUE SENTIA DA PAOLA. - eu dizia entre soluços, chorando intensamente.

— VOCE NAO PODE ACREDITAR EM PAOLA, NAO PODE. - ele disse com a voz embargada, o olhei e notei que também chorava.

—SAIA DAQUI CARLOS DANIEL, SAIA DA MINHA VIDA, EU NAO QUERO TE VER NUNCA MAIS, NUNCA MAIS.

— Paulina, por favor, me escute. - ele mais uma vez tentou se aproximar levantando a mão para tocar meu rosto.

— NÃO ME TOQUE, - disse o olhando seriamente - NÃO ME TOQUE NUNCA MAIS.

— Senhor, é melhor você ir, - Filo disse me abraçando, eu sequer havia notado sua presença - Paulina esta muito nervosa, depois vocês conversam com calma.

— Paulina eu... - as palavras dele morreram quando viu meu olhar de decepção, dor, raiva e... desprezo.

— Vá senhor, - outra vez Filó disse - eu vou cuidar dela.

Carlos Daniel me olhou mais uma vez, seus olhos estavam cheios de lagrimas, e quando ele finalmente saiu eu deixei toda a dor escapar por meus olhos e chorei nos braços de Filó.

— Paulina minha irmãzinha querida, - Paola disse, eu nem sabia que ela ainda estava ali - me desculpe, eu não tinha ideia de que estava escutando.

— SAIA DAQUI PAOLA. - disse com fúria - SAIA DAQUI.

Paola não insistiu, e também saiu de meu apartamento.

— Paulina tente se acalmar, você esta tremendo. - Filó segurou minhas mãos e me guiou ate o sofá.

— Ele me enganou Filó, me enganou. - eu disse entre soluços sentindo meu coração sangrar.

— Calma minha filha, - ela afagava meus cabelos - tenho certeza que ele te ama.

— Não Filó, ele não me ama. - respondi com uma dor crescendo cada vez mais em meu peito.

Minha cabeça latejava, tudo o que vivi com Carlos Daniel rondava minha mente, por alguns minutos fiquei abraçada a Filó, sentindo meus olhos arderem cada vez mais, parecia que as lagrimas nunca acabariam.

— Vou pegar um copo de agua para você Paulina. - Filo disse assim que meu choro cessou, assenti com a cabeça e a vi sumir na direção da cozinha.

As palavras de Paola gritavam na minha cabeça, todos haviam me enganado, todos, até mesmo Paula e dona Piedade, todos se divertiram me enganando. Eu não pensava com clareza, as únicas pessoas que eu tinha me enganaram, e aquilo golpeava meu peito.

Me levantei rapidamente do sofá, procurando as chaves de meu carro, e quando as encontrei caminhei com pressa para a porta.

— Paulina aonde você vai? - Filo perguntou preocupada com o copo de agua nas mãos - Esta uma tempestade lá fora, e você não esta em condições de sair.

— Eu preciso sumir Filó, preciso sumir. - disse fechando a porta e correndo para o elevador.

Uma dor enorme crescia cada vez mais em meu peito, tudo o que passamos juntos, todos os beijos, todas as palavras, todas as noites de amor, tudo era mentira, Carlos Daniel nunca me amou.

Peguei meu carro e sai sem rumo pelas ruas, estava escuro e eu mal conseguia ver alguma coisa em minha frente, a tempestade caia tampando minha visão, mas eu não me importava, tudo o que queria era poder sumir, desaparecer, e levar comigo a dor que sentia, a única companheira que realmente eu tinha.


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