A Força De Uma Paixão. escrita por Kah


Capítulo 17
Capítulo 17 Um presente, uma lembrança




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A semana começou cheia de novidades, primeiro sobre Paola que disse que dentro de alguns dias retornaria, eu estava ansiosa para conhecê-la, segundo sobre a fabrica que meu pai era sócio, após conversar com o advogado, doutor Edmundo Serrano, descobri que a empresa era a fabrica Bracho, eu estava mais ligada ainda aquela família, e sendo a única herdeira de meu pai resolvi trabalhar na fabrica, meu curso de direito me ajudou muito a encontrar uma função na empresa, seria responsável pelo setor jurídico da fabrica, já que eles estavam mesmo precisando.

Assim os dias passaram, a cada dia, hora e segundo eu me apaixonava mais e mais por Carlos Daniel, minha vida parecia ter encontrado o eixo certo, e até Paula estava feliz em me ver com Carlos Daniel, o que quer que ela tivesse contra nosso namoro passou, eu estava feliz, Carlos Daniel me fazia feliz.

Lizete se acostumou facilmente a me chamar de mamãe,o que me deixava com o coração cheio de felicidade, e eu estava gostando de chamar dona Piedade de vovó, minha única dificuldade era chamar Paula de mãe, minha mãe era a Débora, e por mais que eu tentasse ver Paula como minha mãe não conseguia, eu já a amava, sentia um grande apego e admiração por ela, mas ainda não conseguia chamá-la de mãe.

Era uma quarta-feira ensolarada quando despertei com a campainha tocando, me levantei rapidamente,o relógio marcava 6:30 da manha, assim que abri a porta me deparei com Paula, ela tinha um sorriso no rosto e um olhar misterioso.

— Bom dia filha. – disse beijando meu rosto.

— Bom dia. – respondi sorrindo e um pouco confusa por ela ter aparecido tão cedo, a convidei para entrar e ela se sentou no sofá - Aconteceu alguma coisa? – perguntei preocupada.

— Tenho uma surpresa pra você, - ela sorria – mas antes vá se arrumar que ela esta lá embaixo.

— Ela? – perguntei curiosa.

— A surpresa. – ela respondeu sorrindo misteriosa.

— Bom vou me arrumar então. – disse e corri ate meu quarto, tomei um banho rápido e voltei para a sala, saímos do meu apartamento e entramos no elevador.

— O que é? – perguntei não escondendo minha curiosidade.

— Calma minha filha, logo você vai ver. – ela sorriu com ternura.

Assim que saímos do elevador ela me guiou ate o estacionamento, quando chegamos avistei um carro vermelho com um imenso laço em sua volta. Olhei para Paula com os olhos arregalados, ela apenas sorria.

— É pra você minha filha, - disse com os olhos brilhando e um sorriso imenso no rosto – há dias que venho pensando em te dar um presente, e como sei que você não tem um carro...

— Comprou pra mim! – exclamei, sufocada e eufórica – eu... eu não posso aceitar Paula, não posso.

— Ora Paulina, deixa de besteira, - ela respondeu firme – você é minha filha, uma mãe não pode presentear a filha?

— Pode, - disse analisando o veiculo, era um Mercedes sedã lindo – mas um carro? É um presente muito caro.

— Ah Paulina, o preço é o menor dos problemas pra mim, - ela me olhou com expectativa – mas quero saber se você gostou.

Olhei novamente o carro e passei minha mão pela sua pintura.

— Eu... adorei Paula, - sorri para ela e a abracei fortemente – muito obrigada, aconteceu tantas coisas desde que cheguei ao México que me esqueci completamente de comprar um carro.

— Por isso pensei que seria um presente ideal, - ela afagou minhas costas e se afastou para me olhar – mas que tal darmos uma volta para testar a potencia do carro?

Nós duas demos uma boa risada.

— Claro, - respondi – estou louca para dirigir meu carro novo.

Saímos sem rumo pelas ruas da cidade do México, Paula estava feliz como eu nunca a havia visto, eu conseguia sentir como aquilo estava sendo importante para ela, poder passear com a filha sem nenhuma preocupação.

Dirigi por horas, já tinha meses que não fazia isso e confesso que estava com saudade, quando a hora do almoço se aproximou paramos em um restaurante no centro da cidade, e enquanto almoçávamos Carlos Daniel me ligou. Havia me esquecido de ligar pra ele e avisar que estava com Paula e que não iria para a fabrica.

— Eu estava preocupado meu amor, – ele disse aliviado do outro lado da linha – assim que sai da reunião e vi que você ainda não havia chegado te liguei no mesmo instante.

— Me desculpe Carlos Daniel, não queria te deixar preocupado, mas é que estávamos nos divertindo tanto que me esqueci de te ligar.

— Tudo bem Paulina, - sua voz suou contente – você vai vir para a fabrica hoje?

— Acho que não, - respondi sorrindo – Paula me presenteou com um carro e estamos dando uma volta pela cidade.

— Hmm, - ele resmungou – estou morrendo de saudades.

— Também estou com saudades meu amor. - sorri.

— Eu passo no seu apartamento hoje à noite tudo bem? – perguntou.

— Claro, sem problemas, - sorri e olhei para Paula que também sorria – vou te esperar.

— Então até a noite Paulina, e dirija com cuidado, – ele disse atencioso – te amo.

— Também te amo. – disse e desliguei o celular.

Paula me olhava com um sorriso.

— Carlos Daniel estava preocupado por que eu não havia chegado à fabrica. – expliquei.

— Ele te ama mesmo. – ela disse sorrindo.

— E eu a ele. – sorri – Você não tem mais nenhuma rejeição com ele não é? Bom, eu nunca entendi o porquê de você não ter aceitado bem nosso namoro e...

— Não é que eu não aceitei Paulina, - ela disse séria me interrompendo – Carlos Daniel é um bom homem, mas é que não acho certo ele...

Ela parou de falar bruscamente.

— O que não é certo Paula? – perguntei intrigada.

— Nada minha filha, - notei ela forçar um sorriso – mas me diga vocês estão se protegendo?

— Como assim? – perguntei intrigada por ela estar mudando de assunto – Se protegendo de que?

— Ah Paulina você sabe, - ela sorriu – vocês começaram uma relação agora e ainda é muito cedo para ter um filho.

— Filho! – exclamei, senti minha face corar, como ela pode mudar o rumo da conversa assim e ir parar nesse assunto?

— Bom Paulina, eu não quero entrar em detalhes, - ela sorriu envergonhada – não diretamente, mas se vocês estão se protegendo é o que importa.

Bebi um pouco do suco para disfarçar o nervosismo em que estava.

— Vamos? – ela perguntou, eu respirei aliviada por ela ter encerrado a “conversa”.

— Vamos - falei pegando minha bolsa.

— Pra onde vamos agora Paula? - perguntei assim que dava partida no carro.

— A motorista é você, - ela sorriu - tem algum lugar que deseja ir?

— Eu nao conheço muitas coisas aqui, - disse tendo uma ideia - mas, meus pais tem uma casa aqui na capital, eu ainda nao tive coragem de ir lá. A senhora se importa se dermos só uma passadinha? Porque de qualquer maneira nao tenho as chaves, o doutor Felix, advogado do meu pai ficou de me enviar as cópias que estavam com ele.

— Claro que nao me importo minha filha, - ela disse amavelmente e acariciou meu braço - e me sinto ate feliz por você decidir ir la comigo.

— Bom, - sorri segurando sua mao e a olhando profundamente - se não fosse com a senhora com quem mais poderia ser? Afinal quem melhor que nossa mãe nao e?

— É sim minha filha, é sim... - ela disse emocionada.

Passei o endereço a ela, e por sorte ela conhecia muito bem a cidade, seguimos ao destino. A mansão de meus pais ocupava todo um quarteirão de um luxuoso bairro. Era cercada por um muro alto com plantas, dava pra ver um pouco da casa, era enorme, e havia muitas árvores também. Senti meu coração bater mais rápido e meu corpo gelar quando vi o enorme portão, minha respiração estava pesada.

— Paulina? - Paula perguntou preocupada e tocou meu rosto - Você esta tao branca meu amor, e esta gelada tambem, esta sentindo alguma coisa?

— Estou bem... - disse respirando fundo - so tive uma sensação estranha...

— Você ja veio aqui com... seus pais? - ela perguntou com cautela.

— Nao, eu nunca sai da Espanha, papai era bem protetor nesse ponto, devido a ser juiz e ter medo de... ameaças - a olhei me observando preocupada,  com o semblante triste - acho melhor continuarmos nosso passeio, ja vi a casa, e ela ta ai ne? 

— Como quiser minha filha. - ela sorriu

— E se eu decidir vir aqui algum dia, você vem comigo? - perguntei 

— Claro que sim, nao precisa nem perguntar meu amor - ela disse com aquele brilho voltando aos seus olhos.

Continuamos nosso passeio pela cidade, sempre entre conversas e risadas, ate que uma rua me chamou a atenção, era como se eu soubesse exatamente onde ela iria, Paula estava em silencio, eu segui aquela estrada, saímos da cidade, eu conhecia aquele lugar.

— Eu me lembro daqui. – sussurrei, não tão baixo, pois Paula me olhou rapidamente.

Parei o carro na entrada de um grande parque, era uma área de camping, sabia que era, pois me lembrava de acampar ali.

— Eu me lembro. - disse saindo do carro e indo a entrada do parque.

Paula me seguiu um pouco atrás, eu rapidamente encontrei a velha trilha que levava ao lugar que mais gostava no mundo, era uma abertura no meio do parque, rodeada por flores silvestres e a noite as estrelas eram tão intensas que eu pensava que poderia alcançá-las com minhas pequenas mãos.

— Papai... – minha voz saiu engasgada entre um soluço, só então notei eu estava chorando.

— Paulina! – Paula me abraçou fortemente – O que você lembrou meu amor?

— Meu pai... – disse num sussurro - eu me lembro de acampar aqui com meu pai e Paola.

Paula se afastou o suficiente para me olhar e limpar as lagrimas que caiam pelo meu rosto, olhei em volta e minha mente voltou para o passado...

Eu e Paola brincávamos correndo uma atrás da outra, meu pai montava uma barraca enquanto assobiava alegremente, estávamos tão felizes, só não mais porque mamãe não estava com a gente.

— Bem que a mamãe poderia ter vindo né papai? – eu perguntei parando ao lado de meu pai e esticando os braços para ele me pegar.

— É sim minha Lina, - ele respondeu me pegando e beijando minha bochecha – hoje ela não esta aqui porque foi visitar sua avó que esta doente, mas amanha antes de você acordar ela vai estar com a gente.

Sorri e abracei seu pescoço aconchegando meu rosto em seu ombro.

— Do que você se lembra minha filha? – Paula perguntou com os olhos úmidos.

— Você não estava aqui com a gente, tinha ido visitar minha avó que estava doente, mas não consigo me lembrar de mais nada depois disso, não sei... parece que tem um muro em minha mente que me impede de aproximar.

— Bom, já é um começo, - ela sorriu – mas agora vamos voltar? Já esta escurecendo.

Voltamos para a cidade em silencio, Paula foi dirigindo, eu estava processando aquelas lembranças.

— Obrigada pelo presente. – disse assim que chegamos e dei um sorriso sincero.

— Fico feliz que tenha gostado, - ela me abraçou e beijou minha bochecha – agora eu vou indo, confesso que esse passeio me deixou bastante cansada.

Assim que Paula foi embora eu entrei no banho, as lembranças daquela tarde não saia de minha cabeça, eu conseguia sentir o cheiro das flores que cercavam nosso acampamento, e o cheiro de meu pai, fechei os olhos.

Despertei assustada com o barulho da campainha, vesti o roupão que estava ao lado da banheira, olhei no relógio sobre a penteadeira, eu havia dormido por 30 minutos.

Caminhei ate a sala, mas quando percebi que estava apenas com roupão e voltava para o quarto Carlos Daniel me chamou.

— Paulina? Você esta aí meu amor? – sua voz soou alta e preocupada.

— Estou. – disse alto enquanto me decidia se abria a porta ou me vestia primeiro.


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