A Força De Uma Paixão. escrita por Kah


Capítulo 1
Capítulo 1 O fim... ou seria o começo?




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A minha vida é uma pagina em branco antes dos meus cinco anos, não lembro de absolutamente nada do que me aconteceu nos meus primeiros anos de vida, e por mais que sempre me esforce a lembrar, fazendo minha mente vagar para o passado, não consigo... a minha primeira lembrança é de meus pais adotivos abrindo a porta do quarto no orfanato em que eu estava, assim que me viram pude notar um brilho no olhar deles, e eu sempre digo que nasci naquele dia, o dia em que me adotaram e o dia em que comecei a viver. Débora Albuquerque Martins e Luiz Fernando Martins, esses eram meus pais a partir de então, eram a minha família.

Do meu passado em branco tenho apenas uma corretinha de ouro que nunca tirei do pescoço, nela tem meu nome gravado ‘’Paulina “... provavelmente é o nome que as pessoas que me colocaram no mundo me deu, e meus pais adotivos resolveram que esse seria meu nome.

Eu não sei como fui parar em um orfanato em Madri, queria descobrir o porquê de não lembrar do meu passado, talvez lembrar do rosto da mulher que me deu a vida, não que eu seja carente de mãe, muito pelo contrario, minha mãe e meu pai são tudo pra mim, sou a única filha deles, os amo muito e sei que eles também me amam, mas tenho uma curiosidade sobre meus pais biológicos, alguns psicólogos disseram aos meus pais que eu devo ter passado por algum trauma muito grande e por isso esse bloqueio na minha mente, como se essa perca de memória fosse um meio de proteção que meu cérebro encontrou.

Já se passaram quase 20 anos, 19 anos pra ser exata, moro em Madri com meus pais, meu pai é um juiz conceituado na Espanha, e temos uma pequena grande fortuna, possuímos alguns imóveis na capital e uma mansão na cidade do México... México, embora não conheça ele, tenho um apego muito grande com esse país, meus pais adotivos são mexicanos, talvez isso acenda mais a essa curiosidade...

 

Após escrever essas palavras na primeira pagina do meu primeiro diário, eu o fechei e passei as mãos pelas letras negras e em relevo que marcavam a capa rosa, ‘’PAULINA MARTINS’’, havia ganhado esse diário no meu aniversario de 12 anos, lembro que mamãe me entregou e disse que eu já estava virando uma mocinha e que teria muito o que escrever naquelas páginas, e eu nunca havia escrito, nunca quis contar nada do que me acontecia a uma folha de papel, e justamente no dia em que decide escrever meu mundo desaba.

 

Assim que escrevi pela primeira vez em um diário desci ate a sala onde meus pais estavam, os observei por algum tempo parada e com um sorriso no rosto, eles se amavam tanto e era maravilhoso vê-los assim, juntinhos. Os dois dançavam pela sala, sem musica, sem nada, eles sempre me diziam que a musica deles era o próprio som do coração, o som que marcava em cada batida o amor que sentiam um pelo outro. Quando perceberam minha presença na sala eles pararam aquela valsa silenciosa e me olharam.

— Bom dia minha princesa. – papai me disse com um sorriso no rosto e esticou uma das mãos pra mim – Venha aqui com seus pais minha filha, venha comemorar conosco.

— Comemorar?! – disse um pouco confusa enquanto caminhava ate eles.

Papai me abraçou com uma mão e com a outra abraçou mamãe.

— Comemorar pela linda família que temos. - mamãe disse sorrindo.

— E pela filha mais maravilhosa de todo o mundo. – papai me disse alegre e beijou meu rosto.

— Eu amo tanto vocês... - disse abraçando os dois.

— E nós te amamos muito minha filha, - mamãe disse olhando pra mim – você foi o melhor de nossas vidas, nosso anjo, nosso presente de Deus.

Não pude me contar e deixei uma lagrima cair pelo meu rosto, logo notei que meus pais também derramavam lagrimas, nos fitamos em silencio por algum tempo ate dar inicio a uma gargalhada.

— A família mais emotiva do mundo também. – papai disse em meio a uma gargalhada.

— Sem duvidas papai.

Foi estranho aquele momento com meus pais, eu sentia algo estranho no peito, mas não dei muita importância, talvez fosse por relembrar minha vida escrevendo naquele diário, depois que tomamos o café da manha, papai e mamãe saíram juntos, meu pai estava indo para o trabalho e minha mãe pegou uma carona com ele ate o shopping onde iria se encontrar com algumas amigas, fui ate o jardim aproveitar um pouco do sol, já que finalmente ele resolveu aparecer, fiquei alguns minutos deitada em uma das espreguiçadeiras quando senti um leve beijo em meus lábios, abri os olhos assustada e me deparei com Luciano, meu namorado e futuro juiz, havíamos nos conhecido na faculdade, ele no ultimo ano e eu no primeiro, mas havia apenas dois meses que estávamos namorando, agora ele trabalhava com meu pai e eu ainda estava me dedicando ao curso de direito

— Te assustei meu amor? – perguntou enquanto eu me sentava dando espaço a ele para se sentar junto a mim.

— Não... quer dizer sim, - sorri um pouco – me pegou desprevenida, achei que você estivesse com meu pai.

— Eu estou indo agora, mas antes, vim dar um beijo na namorada mais linda do mundo. – ele disse isso enquanto distribuía beijos por minha face ate encontrar meus lábios.

— Eu te amo Luciano. – disse assim que trocamos aquele beijo.

— Eu também Paulina, te amo demais, - ele disse e me beijou mais uma vez – bom agora tenho que ir se não quiser levar uma bronca do meu chefe e sogro. Eu venho almoçar aqui hoje meu amor, vou pegar uma carona com seu pai.

Nós dois rimos do comentário dele, ele me beijou mais uma vez e também se foi.

Eu fiquei observando-o se afastar com uma sensação estranha, eu não sabia, mas aquela foi a ultima vez que vi meus pais e Luciano com vida.

 

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Seis meses haviam passado, seis meses de solidão, tristeza e dor. Aquele dia ficou marcado na minha mente e também nos noticiários espanhóis, meus pais e Luciano foram executados enquanto voltavam pra casa, eles estavam vindo ate mim... mas nunca iriam chegar.

 

Quando se é um juiz como meu pai era, se sofre esse risco, ele tinha alguns inimigos, e um desses resolveu calar pra sempre os julgamentos de meu pai. Pouco tempo depois prenderam o assassino, era um dos muitos que meu pai em seu papel de juiz havia declarado culpado, nas investigações que seguiram descobriram que eu também estava na mira do assassino, ele queria calar com todos da família Martins, aconselhada pelo advogado de meu pai, o doutor Félix Pacheco, um senhor de meia idade e muito bondoso, resolvi tentar recomeçar minha vida longe daquele país, e seria na cidade do México que buscaria esse recomeço.

Toda a fortuna de meus pais agora era minha, e eu nunca imaginei que eles fossem tão milionários. Eu abandonei a faculdade de direito, aquela profissão que antes era meu sonho e a qual eu tinha tanta admiração, agora era o motivo de meu ódio e minha tristeza. Com o coração em pedaços e uma grande ferida na alma eu embarquei para o México, e com uma pequena esperança de que encontraria algum motivo para viver naquele país.


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