Still Broken escrita por Ibelleun


Capítulo 1
I\'m Still Broken


Notas iniciais do capítulo

Nhé.



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Caminhava entre as ruínas apreensivo, debaixo da chuva que o forçava a abaixar o queixo. À que ponto havia chegado com sua falta de consideração? Havia desonrado seu mestre. Apertou uma das mãos na empunhadura de sua katana parando de caminhar por alguns instantes fechando os olhos com certo desgosto. Engoliu o nó de angústia de sua garganta e entreabriu os olhos para continuar a andar naquele local tão nostálgico.

A cidade da Cruz de Prata, não era mais que ruínas no momento. Uma província não muito grande, sequer parecia ter mudado desde o momento em que ele a deixou para tentar salvar os seus antes que o mal chegasse até eles. Em vão. Seu plano havia falhado, e ainda o próprio havia destruído aquela cidade em possessão de Cazeaje.

Ele se considerava uma vergonha à seu clã, uma partícula inútil. Já era tarde, nada poderia fazer por mais que tentasse. Guiou seus passos à uma ruela da pequena cidade, deixando seus passos guiarem seu corpo de mente vazia, sem ter ideia de onde iria parar. Segurava a katana e seu compartimento na lateral do corpo com afinco; aquela era a única lembrança viva de seu mestre.

"Eu ainda estou quebrado. Não há nada mais a dizer, ou fazer. Estão todos mortos, até... Elas."

Pensou, tendo em memória as garotas que o bajulavam. Lena, a ruiva; Dina, a loira e Mona, a baixinha de olhos puxados. Atrapalhavam-no em seu treinamento, mas eram tempos divertidos que não soube aproveitar.

Acabou cessando seus passos diante de uma construção mais danificada que os outros recintos. Pelo que podia se lembrar, aquele lugar já era assim antigamente. Era a base de seu mestre; o tipo de mestre honrado, calado e um homem misterioso, no qual falava mais apenas com o albino. Retirou a franja molhada de sobre os olhos e infiltrou alguns dedos nos fios da nuca, desgrudando seus cabelos um pouco longos de seu cangote. Guiado apenas pela nostalgia, adentrou naquele recinto, indo para seu centro. A construção era danificada o bastante para haver furos no teto, nos quais permitiam que a chuva pesada caísse sobre o retalhador sem dó.

Em ato de humildade perante o território de seu mestre, ajoelhou-se, ainda segurando firme a empunhadura de sua arma. - Eu o desonrei. - Murmurou. - Não sou mais digno de permanecer com seu título de retalhador. - Mantinha o queixo abaixado, sequer atrevendo-se a fitar o repouso do outro. Soltou o compartimento de sua arma no chão após retirar a lâmina deste. Levou a mão livre à nuca, onde tomou o punhado de seus cabelos molhados enquanto aproximava a katana daquele local para cortá-los. Deslizou a lâmina lentamente sobre seus fios, podendo ouvir claramente o som metálico.

Aquele seria seu preço a pagar, sua auto punição, ainda vendo-se indigno de continuar ali. Depositou seus fios no centro do local e se ergueu, tomando o compartimento da lâmina e endireitando a postura.

Repentinamente deu as costas àquele lugar, guiando-se à saída do tal. Porém, antes que pudesse pisar fora dali, parou novamente seus passos. - Que ingenuidade a minha. - Sorriu desgostoso. - Este é meu fardo, assim como tantos outros. - Ergueu a cabeça com os olhos fechados, permitindo a chuva de lavar seu rosto aflito. - Sou indigno, mas não jogarei-o fora. - Referia-se ao título. - Que este ser seja capaz e digno de ser chamado por seu título algum dia.

Sem mais, voltou a caminhar, desta vez rumando a deixar a cidade, dando as costas e silenciando tudo o que ali havia feito.


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