Depois que conversei com meus filhos e chorei mais uma vez juntamente a eles, subi outras escadas correndo sem falar com ninguém. Fui para o único lugar onde eu me sentiria bem, meu ateliê, em outras palavras meu refugio nesse momento.

Assim que depois que me casei com Katniss viemos morar ela, Prim, e eu em minha casa na vila dos vitoriosos, o único local do distrito que permaneceu intacta aos bombardeios. Normalmente quando morava sozinho, pintava em qualquer lugar sem me importa com a bagunça de tinta que deixava no chão. Katniss também não se importava muito, mas Prim... Sinceramente aquele anjinho de menina que amo como se fosse minha irmã sabia ser mestre em provocações quando estava nervosa, ela odeia bagunças. Minha linda me disse que Prim era responsável por 60% da organização da casa enquanto o resto sobrava para a falecida mãe delas. Com isso decidimos transformar um quartinho abandonado no ultimo andar no meu ateliê para evitar confusões.

Entro em meu ateliê e tranco a porta e pego uma tela em branco e minhas tintas. Por mais que ame minha família e o seu apoio tem sido reconfortante para mim estou precisando ficar sozinho, refletir e pintar para poder extravasar tudo o que estou sentindo.

Enquanto pinto eu começo a me recorda dos momentos mais felizes que passei com Katniss, com no dia em que ela disse que me amava.

Flashback on

Estou deitado com Katniss mais uma vez em sua cama. É sempre assim, ela tem pesadelos e Prim liga desesperada pra mim.

Antes achava que ela me queria por perto só porque ela se acalmava comigo, pois eu era o único a quem ela se apoiava, já que para Prim ela tem que se mostrar forte, com Heymitc ela tinha perdido a total confiança, com Finnick ela não podia contar porque depois de quase morrer ele estava tomando conta de Annie e seu filho Flin recém-nascido, já Johanna ainda estava internada e Gale... Bom Gale se afastou depois da morte de sua mãe. Katniss não o culpa, mas também não o defende. Já Prim...

Mas hoje vejo que estava enganado porque ela não me queria por perto somente nos tempos mais difíceis, ela me queria por perto em todos os momentos até quando ia caçar. Ela também me olhava de um jeito diferente, o mesmo olhar que a olhava. Quando me beijava era diferente, e mais cheios de ternura. Então eu pergunto para ver se não é mais uma memória falsa:

– você me ama. Real ou não Real?

Ela fica um tempo sem responder, de olhos fechados e suspirando. Chego a pensar ate que ela avia dormindo, mas ai ela abre os olhos e me encara.

– real – ela me diz naturalmente.

Não consigo explicar o que sinto neste momento. Simplesmente estou tentando me lembrar de como se respira.

– Peeta, você está bem? – ela se senta.

– não... Sim... Não sei. – digo gaguejando. – é verdade?

– o que?

– você me ama?

– e por que não amaria?

– você ama o Gale, não eu.

– é o Gale que está aqui comigo no momento que eu mais preciso?

Essa ela me pegou, mas tenho que rebater.

– não, mas deve estar falando isso porque ele se afastou de você. – digo desviando de seu olhar.

– Peeta, olha pra mim. – ela diz seria e eu a olho. – eu sempre te amei, só não admitia pra mim mesma, porque eu achava que o que eu sentia era gratidão, gratidão por todas as vezes que você se arriscou para me salvar...

– mas era você que nos salvavas. – eu a interrompo.

– me deixe terminar Peeta. – eu fiz que sim com a cabeça mesmo sabendo que não foi uma pergunta. – com o tempo percebi isso, a gratidão nunca acabava. Assim que te resgataram das mãos da Capital e você não me reconhecia como antes, eu fiquei mais desolada ainda. Eu pensei que tinha te perdido e essa ideia me doía de uma forma que eu não consigo explicar. Hoje eu sei o porquê de que me doía. Doía-me porque eu te amava Peeta e amo até hoje. E não ter você mais me doía.

– e o Gale?

– confesso que no inicio pensei que era ele a quem eu amava, pois quando estava perto dele eu me sentia bem, porém quando estou em sés braços eu me esqueço de todos os problemas, de todo o sofrimento, eu sinto paz, e isso Peeta, a paz e todo o conforto e tranquilidade eu sinto somente com você. O que eu sentia por Gale e nada mais nada menos que amor fraternal. Acontece que demorei muito tempo pra perceber a diferença entre o meu amor por ele e o meu amor por você e a diferença Peeta, é que você me completa e se isso não é amor eu não sei mais o que é.

Assim que ela acabou de falar eu já estava com os olhos cheios d’ água e com um sorriso de orelha a orelha, então faço a única coisa que me vem à mente que é beija-la.

– eu te amo Katniss. – falo assim que nos separo.

– eu te amo Peeta. – ela diz.

– você não sabe o quanto eu esperei para você dizer isso. – sorrio e volto a beija-la.

Flashback Off

Fico tão distraído com a lembrança que nem percebo a batida na porta.

– Peeta. – dizia uma voz feminina. - Peeta abra aqui, por favor, preciso falar com você.

– estou indo.

Corro para abrir a porta e vejo que é Prim que esta me chamando.

– oi Peeta. – ela diz docilmente e me abraça.

– oi Prim. – retribuo o abraço e gesticulo pra que ela entre.

Ela entra e eu fecho a porta.

– o que você pintou dessa vez? – ela vai em direção ao quadro.

– o de sempre. – respondo sem jeito.

– Katniss ficou linda nesse quadro.

Dessa vez acabei pintando ela com os seus lindos cabelos soltos, segurando seu arco armado.

– Prim ela vai recuperar sua memória? – pergunto esperançoso porem temendo a resposta.

– não posso te garantir que sim, mas também não posso garantir que não. – responde ela se sentando no sofá.

– como assim Prim? – pergunto confuso me sentando ao seu lado.

– quando um paciente esta com a falha na memória ficam difíceis para nos médicos sabermos ao certo quando, ou si, eles irão recuperar sua memória.

– então ela nunca mais ira se recuperar. – digo descrentes.

– não foi isso que eu disse Peeta. – ela me Repreende e segura meu ombro com uma das mãos. – não é impossível para a Katniss recuperar a memória, ela tem grandes chances de se recuperar, porem isso tanto pode ser imediato como também pode demorar. O importante é que você não deve perde as suas esperanças meu irmão. – ela sorri.

– obrigado Prim. – eu a abraço.

– disponha. – ela se vira pra mim. – você tem que reconquista-la Peeta Mellark porque você é o único que a merece e também é o meu cunhado favorito. – ela diz autoritária de um jeito que me faz rir.

– obrigado Prim e espero que eu seja o único cunhado. – digo brincando.

– é... Eu também. – ela diz um pouco mais seria e pensativa.

– o que foi Prim?

– não é nada. – ela corta o assunto - Em fim eu vim aqui pra te pedir permissão para levar Mag e Pahn para visitar Katniss, essa visita pode ser boa para ambos e as crianças ficaram muito animadas.

– claro, mas eu não sei se vou conseguir...

– eu sei, por isso falei com a Annie e ela se dispôs a leva-los.

– eu não sei o que seria de mim sem vocês. – digo sorrindo.

– essa é fácil. – diz ela estralando os dedos – você seria um Heymitch da vida. Bêbado, maltrapilho e fedorento. Quanto à arrogância e o mau humor é só substituir pelos choros.

Riu com a ideia, pois acho que seria isso mesmo que iria acontecer.

– bom tenho que ir, esta quase na hora do meu plantão noturno. – ela se levanta.

– já anoiteceu?

– já sim, os meninos até já foram dormir.

Levanto-me para acompanha-la até a porta de casa.

– Peeta, por favor, não desista da minha irmã. – diz ela e antes que eu responda ela sai.

Heymitch já foi embora para sua casa, Annie e Finnick provavelmente estão em seu quarto de visitas sobrando apenas eu e Johanna acordados. Ela por sua vez esta concentrada de mais no vídeo game.

– pode ter cem anos que nunca vai amadurecer. – murmuro.

– o que disse padeiro? – pergunta ela desinteiriçada.

– nada de mais, apenas que vou ir da uma olhada nas crianças.

– estão todos no quarto da Minitordo. – diz Johanna sem tirar os olhos do jogo.

Minitordo é o apelido “fofo” que Johanna deu pra Mag dês de quando Katniss estava grávida dela. Para o Pahn ficou o apelido Projeto de padeiro. O que é sem sentido porque Pahn não leva nem um jeito na cozinha, essa habilidade quem nasceu puxando foi Mag.

Subo as escadas e abro de vagar a porta do quarto. Estão todos lá, dormindo como anjos. Entro no quarto e cubro Flyd - que dorme no sofá cama posto no quarto de Mag para Pahn dormi nele e deixar o quarto para os garotos – e dou um beijo na testa de meus filhos, que dormem juntos na mesma cama.

Percebo que meu afilhado, Flin, está todo desajeitado na poltrona então decido acorda-lo para que ele possa ir para o quarto de Pahn e se ajeitar na cama.

– Flin, meu filho acorde. – digo calmamente e chacoalho seu ombro.

Ele acorda assustado.

– shiii – ponho meu indicador sobre meus lábios para ele silencia. – vá para o quarto de Pahn e deite-se lá meu filho, você esta todo desajeitado nessa poltrona.

– valeu Tio. – ele levanta coçando o olho e boceja. – coitado desses pirralhos estão todos tão assustados por conta dos jogos. Estava lá no outro quarto, me preparando pra dormi, mas ai eu ouvi seus gemidos de pesadelos e vim aqui acalma-los. – ele boceja de novo - Acabei pegando no sono aqui.

– você é um bom garoto Flin. – bagunço seus cabelos ruivos.

– e você é um bom homem Tio. – ele me abraça. – pode contar comigo, eu manjo nos paranauê de conquistar gatas como a Tia Kat. – ele pisca pra mim e eu rio.

– obrigado garoto. – dou duas tapinhas de leve na sua bochecha.

– agora eu vo puxa o ronco. – diz ele se espreguiçando. – boa noite tio.

– Boa noite Flin.

Sento-me na poltrona e fico observando os três dormirem. Poderia ir para meu quarto, mas eu não quero. Tudo naquele quarto lembra-me ela, e saber que quando acordar ela não vai esta lá ao meu lado me dói muito. Eu não posso perdê-la, demorei quase 13 anos da minha vida pra poder conquista-la...

Que saber, eu não irei perdê-la. Todos tem razão, eu a mereço e eu vou, não, eu devo reconquista-la, não sei como mais vou conquista-la. Não só por mim, mas pelos meus filhos também. E como eu me lembro, ela me amava, só não admitia pra si mesma, mas me ama. Desta vez não vou ficar me remoendo pelos cantos nutrindo um amor não correspondido, eu vou fazer o que eu deveria ter feito antes.

Eu vou lutar pelo seu amor Katniss Everdeen, minha Garota em Chamas.