Eles se dirigiram até a cidade, já que haviam parado um pouco antes dela, pois Blackjack achou mais seguro. Quando entraram em São Francisco pediram um taxi, Annabeth resolveu parar na sua casa, que já não era a mesma, pois seu pai havia mudado há 2 meses, agora eles moravam quase perto de uma das saídas de Frisco, na verdade na última casa de uma rua sem saída. Não era muito no centro, mas de fato parecia um lugar agradável para passar um domingo.
      Era uma casa grande, com a faixada amarela clara, tinha um belo jardim na frente, onde os irmãos de Annabeth estavam sentados brincando. Grover pagou o taxista e Annabeth fez sinal para os amigos a seguirem, ela abriu o portãozinho e seus dois irmãos vieram pular nela e abraçá-la.
     –Annie! - Exclamaram eles em uma só voz.
    –Oi garotos, como vocês cresceram! - Disse ela dando tapinhas afetuosos nos ombros dos meninos. - Papai está?
     Os garotos fizeram que não com a cabeça, Annabeth suspirou em sinal de cansaço. Ela mal havia olhado para Percy, eles não se falaram desde a briga no acampamento. Grover se adiantou:

- A Sra. Chase… você não quer ver ela? - Annie abaixou a cabeça pensativa.

- Sabe Grover, ela parece uma mulher legal para vocês, ela pode ser. Mas não gosta muito do fato de eu ser filha de uma deusa, ou seja, meu pai teve outra mulher (na cabeça dela),  sabe como os filhos de Atena nascem não sabe? - Grover confirmou. Deu um tapinha no braço de Percy que estava totalmente chocado por não ter o que falar, desde a briga ele achou melhor se afastar dela, mas ele sabia que não iria conseguir, se conseguisse mesmo, teria voltado com Blackjack até o acampamento. Os garotinhos foram correndo chamar a Sra. Chase que apareceu na porta com um avental lilás, luvas de fazer biscoito nas mãos. Ela esboçou um sorriso. Por mais que ela tivesse algum ressentimento, gostava muito de Annabeth.

– Querida, como está linda, e Percy! Cresceu hem? Grover, bela jaqueta!
          – Obrigado Sra. Chase! - Os meninos agradeceram.
       – Entrem, os biscoitos estão quase prontos e o chá também! Fiquem todos se sentindo em casa!
     – Menino? - Eram os irmãos de Annie, chamando Grover. - Brinca conosco? - Grover aceitou o convite e foi até o quintal jogar bola com os meninos, enquanto a Sra. Chase tirou as luvas, pendurou-as na parede e enxugou a mão suada no avental.

– Annabeth, seu pai estava preocupado com você, mesmo sabendo da sua segurança no acampamento, agora ele está trabalhando e parece que só chega amanhã cedo, bem, preciso tomar um banho, agora que Grover está com eles e vocês estão aqui, vou correndo ao banheiro, tudo bem?

Eles fizeram uma confirmação com a cabeça, Percy estava desconfortável, Annabeth murmurou pra si mesma, algo como "Preocupado? Quem eles querem enganar?" Ela andou até a janela da cozinha e ficou fitando o céu, Percy respirou fundo e caminhou até ela, fez uma pausa ao seu lado e disse:

– Annabeth?

– O que foi Perseu?

– Me...me desculpa - Ele respirou fundo - Eu me odeio por agir assim com você, e com o resto do mundo. Eu não me controlo, isso pode arruinar tudo, eu não sou o herói, eu tô perdido, Thalia me disse uma vez que eu não ia querer perder você...e... eu não quero!

Ela continuou olhando pra cima, segurou as lágrimas que queriam descer e respondeu de vez:

– Tudo bem, legal Perseu!

– Não tá não! Eu não quero perder sua amizade, por favor!

– Ah Percy, droga! É tão difícil sabe, o mundo parece brincar comigo. Me desculpa você também, por mim agora está tudo certo, de verdade!

Ele levou uma de suas mãos ao ombro dela, apertou bem suavemente em sinal de compreensão e falou em um tom baixo:

– Eu tô contigo!

Ela sorriu, rapidamente, mas sorriu.

– É onde deveria estar, não?

Ele sorriu também, ela foi até a mesa, puxou uma cadeira e se sentou, dessa vez ele fitou o céu, enquanto Annabeth olhava para baixo, observando cada detalhe esculpido na madeira da mesa. Ele se virou e viu ela, olhando o vazio, e não conseguiu deixar de pensar no quanto ela era absurdamente bonita! Ele praticamente viu ela deixar de ser menina e começar a se tornar uma mulher, e sacudiu a cabeça, embora soubesse que de fato era ela linda, e que aqueles pensamentos voltariam depois. Depois que Grover voltou com os gêmeos, os mesmos caíram no sono, deitaram no sofá bege claro e fecharam os olhos com gosto. Percy e Annabeth contaram pra ele que o Sr. Chase voltaria só de manhã, por isso eles teriam que passar a noite lá. Grover quis dormir no quarto dos meninos, pois gostara deles de verdade, já que eles acreditavam nas histórias em que ele contava! Annabeth dormiria no quarto que seu pai separara pra ela, logo quando mudaram e Percy no quarto de hóspedes. Depois de tomar banho, todos jantaram e foram se deitar. Grover e os garotos dormiram logo, mas Annie ficou folheando um livro de arquitetura enquanto Percy mal conseguia dormir. Ele odiava admitir que a cada dia que se passava, Annabeth estava ocupando tudo o que ele tinha por dentro, numa tentativa desesperada ele fechou os olhos, mas teve um pesadelo. No pesadelo Annabeth estava caindo do penhasco junto com o Dr. Espinheiro, na verdade era uma lembrança ruim. Com um sobressalto ele acordou, estava todo suado. Levou as mãos na testa tentando afastar o suor e se acalmar, levantou-se da cama, seus cabelos estavam bagunçados, respirando fundo ele acendeu a luz do abajur, na cabeceira da cama, caminhou silenciosamente até a porta, quando abriu a mesma teve que se esforçar para não gritar, era Annabeth!

– Annie, oi... o que você tá fazendo? - Ele sussurrou.

– Eu tava folheando um livro antigo, não conseguia ler, tive um pressentimento ruim e assim como eu, tive a certeza de que você não conseguiria dormir, quis ver se tá tudo bem. - Ela sussurrou também.

Percy viu Annabeth com os braços cruzados e entendeu, abriu mais a porta dando espaço pra ela entrar, encostou a porta enquanto ela se sentou em sua cama, o quarto estava meio iluminado pela luz do abajur, então ele relaxou mais.

– Tá tudo bem Percy?

– Tá sim, não precisava se preocupar.

– Sabe...meu pai sempre diz que devemos priorizar os amigos, por mais que eles sejam idiotas, ou Cabeças de Alga.

Ele franziu a sobrancelha e riu silenciosamente, enquanto ela também sorria. Ele percebeu o quanto era constrangedor pra ele, ela estava com uma blusa preta bem justa, com um short curto preto também, justo na mesma intensidade. Deveria ser o pijama dela! Os cabelos dela estavam caindo em cascata, soltos e loiros, mesmo aquela hora da noite, estavam radiantes. Ele passou a língua nos lábios, para molhar os mesmos que já estavam secos. Ela se levantou e andou até a porta.

– Anh...Percy?

– Sim?

– Fiquei com medo, enquanto folheava as folhas tive um pensamento, na verdade uma lembrança, quando eu estava despencando com o Espinheiro, achei que nunca mais te veria.

Ele engoliu em seco, pois havia tido aquela lembrança também, só que ao contrário dela, ficou com medo de não vê-la. Ele sentiu o coração apertar, ela era uma grande garota/mulher e a melhor amiga que ele já havia conhecido. Num impulso, abraçou-a bem forte, ela aconchegou a cabeça no peito dele, ele beijou o topo da cabeça dela.

– Eu tô aqui, e nada vai separar a gente, tá bem? Eu prometo. E digo o mesmo pro Grover - Consertou ele - No três 3 ficaremos sempre juntos, você sempre poderá contar com ele, e comigo!

Ela sorriu, se afastou e saiu do quarto, deixando ele ali, parado e confuso, ele fechou a porta, se deitou na cama e apagou o abajur, ele ainda sentia o cheiro do cabelo dela na sua camiseta, mais uma vez brigou consigo mesmo por isso, e adormeceu.