Último Suspiro. escrita por Henrique César


Capítulo 1
As Caçadoras




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O conselho dos deuses se mantinha preocupados, o caos cairia sobre o Olimpo durante o solsticio de inverno se os portões do mundo inferior não fossem trancados de uma vez por todas.

– Precisamos fazer algo logo- disse Atena- estamos ficando quase sem tempo.

– Ártemis, reúna as Caçadoras- ordenou Zeus- comecem a caçada!

– Partiremos assim que o primeiro raio de Apolo apontar no céu- disse Ártemis- estes monstros não serão dignos de testemunhar minha caçada.

(...)

A deusa, perturbada com o sonho que tivera durante a noite, armada de seu arco milenar, decidiu começar a caçada sem a companhia de suas donzelas.

– Thalia, cuide de suas irmãs- disse Ártemis por meio de uma mensagem de Iris- faça como eu faria.

– Como quiser minha Deusa- respondeu Thalia- Que a benção dos deuses estejam em suas flechas.

(...)

Ártemis não podia crer no que seus olhos avistavam! Um homem ou um deus? Armado com seu primeiro arco? Oh céus! Não poderia ser...

– Você não é, não pode ser!

– Sim, sou eu Ártemis! O único homem a se juntar a sua caçada.

– Órion! Mas como?

– Sua caçada, as orações dos humanos- disse Órion- tudo me mantivera vivo, pelo menos minha alma.

– Os portões? Os monstros? Como estas?

– Querida deusa- respondeu- graças a esse arco esculpido sobre o luar que eu recebera da senhora, me tornei o caçador mais temido do Tártaro!

– Ainda não consigo acreditar- se justificou- não consegui aceitar até hoje, bom...você sabe...

– Não foi culpa sua Ártemis- respondeu Órion- Apolo ficara com ciúmes de nossas caçadas e se sentira trocado, porém o que realmente importa é que estou aqui! Estou com a deusa da caça, Ártemis, minha eterna amada.

– Órion...eu...eu não posso...

(...)

Ártemis se encontrava confusa, sentada sobre um penhasco, a luz da lua quase se perdera na calamidade da noite. A deusa relutava a pensar em seu velho amigo, não poderia trair suas Caçadoras e principalmente, trair a si própria, mas, afinal, não fora pela morte de Órion que a deusa se jurou virgem e abandonou a companhia dos homens? Todavia, Órion estava de volta, porém o que isso significaria? Se deixar permitir ou se desonrar? A deusa tentava de todas as maneiras possíveis manter a calma, mas era inútil, seus milhares de anos pesavam em suas costas, era como uma guerra dentro de sua cabeça.

– Você sabe que não me importaria de ser sua bandeira branca? - perguntou Órion, como se estivera ali o tempo todo ouvindo os pensamentos da deusa.

– Você e sua mania de aparecer de repente- Ártemis sorriu de canto- a verdade é que, sempre que consigo esquecer tudo e seguir em frente, você aparece.

– Ártemis!- gritou Órion- Somos um! Não importa quantas promessas sejam quebradas ou quantas pessoas magoadas, é o nosso tempo!

– Órion- Ártemis respirou fundo- em outra eternidade, quem sabe, porém agora tenho que- e antes que a deusa completa-se sua frase, uma adaga era enfincada em suas costas.

– Por que? - gemeu Ártemis- como pode?

– Como pude?- berrou Órion- a deusa da caça assassinou seu companheiro e amante, por um simples desafio entre irmãos! Por vingança!

– Não foi culpa minha- agoniou Ártemis, eu não quis...

– Isso não importa- gritou Órion- se a três mil anos atrás alguma profecia me alertasse disto, eu me levantaria e socaria tal Oráculo, pois ele estaria totalmente enganado!

– Eu sinto muito- gaguejou Ártemis antes de cair- mas agora terás que lidar a ira de minhas donzelas.

E antes que Órion pudesse responder, sua frase foi interrompida quando uma flecha de prata que surgiu em seu ombro esquerdo.

– Renda-se traidor! - indagou Thalia.

– Maldita sejam vocês Caçadoras! - gritou Órion- a única traidora aqui é sua deusa, que as abandonaria para viver a eternidade comigo!

– Desgraçado!- berrou Thalia- Ártemis nunca nos deixaria! Somos sua família, você jamais entenderia!

Thalia avançou com sua lança.

– Por Ártemis!

Em resposta as defensivas de Órion, mais flechas eram disparada pelas Caçadoras.

– A caçada a todas as feras selvagens e imortais que desonrem Ártemis e minhas irmãs, são alvos fáceis às minhas flechas- gritou uma das Caçadoras ao lançar sua flecha de prata.

Órion usou o corpo de Ártemis como escudo, enquanto as Caçadoras observavam a flecha travessar o ombro de Ártemis.

– Covarde!- gritou Thalia- Maldito seja!

Por um momento, só se pode ouvir um redemoinho de neve e vento se aproximando. O que poderia ser? Sim, era Ártemis, a deusa da caça estava pedindo ajuda a natureza! Seu corpo estava coberto por um névoa fina afastando-se de Órion.

– O que diabos é isso? - gritou Órion- Maldita seja a deusa da caça!

Em um instante, Órion estava caído e agonizando sem explicação alguma.

– Como se atreve Ártemis? - berrou Órion- que ser é este?

– Minha nova criação, seu nome é escorpião- disse Ártemis- não é por nada que sou a deusa da natureza, livre e selvagem.

Órion aos poucos começou a desaparecer e se dissipar na névoa, enquanto Ártemis agradecia a estranha criatura pela picada no calcanhar de Órion e prometeu pedir a Zeus que o colocasse pra viver pra sempre nas estrelas como uma constelação.

– Nunca abandonaríamos você! - disse Thalia.

Muito obrigado- disse Ártemis- somos mais do que mil heróis e monstros, somos uma família de Caçadoras!



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Notas finais do capítulo

Gostaria de agradecer a todos que leram minha pequena história e espero que tenham gostado e que seja a primeira de muitas.