Extraterrestres -interativa escrita por Lucy


Capítulo 17
Eu Adoro Mechas!




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Kayla Stronger

Eu entrei em um café bem bonitinho, as paredes verde escuras com quadros em preto e branco pendurados, as mesas cobertas por uma toalha branca e pequenos vasos de lavandas em cima delas. O tipo de ambiente que me agradava. 

Em alguns segundos uma garçonete veio me atender. Seus cabelos loiros estavam presos em um coque, alguns fios caindo sobre o rosto. Suas bochechas coradas se esticavam com o enorme sorriso que ela me dava, obviamente falso. Ela vestia um vestido cor de chocolate, sapatilhas brancas e segurava um bloquinho de papel e uma caneta preta nas mãos. 

-Posso ajudar, Srta.? -Ela perguntou, sem vacilar no sorriso, tão grande que chegava a ser assustador.

-Onde fica o banheiro? -Perguntei, e logo os lábios carregados de batom dela se curvaram para baixo, seus olhos antes alegres agora carregados de desprezo, me medindo de cima para baixo. 

-Isso aqui é um café, garota, não um sanitário. -A mulher disse rispidamente, torcendo o nariz.

-Ah, tudo bem, é que eu tenho um blog sobre decorações e vendo que aqui é tão bonito, achei que vocês fariam um banheiro no mesmo nível, sabe, mas já vou indo... -Eu ia me virar quando a mulher pegou meu pulso. Dera certo.

-Desculpe, me siga. -A garçonete mais uma vez tinha o maldito sorriso no rosto. Cara de pau.

Assim que entrei no banheiro feminino, coberto por azulejos cor de algodão doce, tranquei a porta, me sentei no chão frio e duro, sem me importar com os dois fatores acima, e abri a minha mochila, pegando um dos meus cadernos, e comecei á folheá-lo rapidamente. Eu precisava de dinheiro.

Assim que achei o meu desenho de uma nota de cinquenta dólares (eu desenhava de tudo mesmo), me concentrei. No minuto seguinte eu tinha uma nota de cinquenta dólares na minha mão e a folha estava vazia. Suspirei, baguncei os meus cabelos, hábito que não conseguia de maneira alguma deixar, e coloquei o caderno na mochila, a fechando depois. Quando eu ia destrancar a porta, ouvi alguém gritando atrás da mesma.

-Alíenigena, saía daí que nós não iremos te machucar! -Uma voz masculina gritou, e eu paralisei. Como os prováveis assassinos dos meus pais haviam me achado tão rapidamente? Só poderia ser brincadeira com a minha cara, devia ser. 

Olhei em volta rapidamente, e vi um basculante na parede. Subi no vaso sanitário, e fiquei na ponta dos pés para ver para onde dava aquilo. Assim que vi um caminhão enorme descarregando sacos, sorri. Dava para os fundos do café, e o melhor de tudo: Não tinha ninguém vigiando o local. 

Me voltei para um dos meus cadernos, e passei as páginas com pressa, procurando algo que me ajudasse. Logo vi o que eu precisava, um grande e incrementado canivete. Com ele eu poderia afrouxar os parafusos, o que seria bem mais silencioso do que atirar com uma pistola, e eu não queria chamar mais atenção que o necessário para mim. Porém, o que eu tinha a perder me resguardando? Se aqueles caras começassem a atirar, eu revidaria. Portanto, peguei um canivete e uma pistola pequena o suficiente para eu colocar na minha bota.

Afrouxei os parafusos um por um, o mais rapidamente que eu conseguia, eu não queria partir para o plano B, sair atirando em todo mundo que se colocasse em meu caminho. Não era nada, nada legal mesmo. Já estava no último quando eu ouvi um bzzzzzz contínuo perto demais de mim. Olhei por cima dos ombros e arregalei os meus olhos em uma mistura de medo e descrença. 

Eles estavam cortando a porta com uma serra elétrica. 

Apressei-me, e em cinco segundos o vidro do basculante cortava as minhas costas, enquanto eu protegia meu rosto e a minha barriga. Não liguei para os ferimentos, que ardiam tanto que colocavam lágrimas em meus olhos, somente peguei a minha mochila e saltei dali, aterrissando no chão como um gato. Bem que eu queria ter sete vidas, assim não teria que me preocupar tanto.

Corri para a frente da loja, ofegante, sem olhar para trás. Esse foi o meu erro. 

Estava no meio da rua, ignorando os gritos raivosos dos motoristas que quase me atropelaram quando senti uma mão forte pegar o meu pulso, e me jogar em sua direção, me imobilizando habilmente, e ameaçando-me com uma faca de cortar carne maior que o meu braço.

-ME LARGUE!!! SOCORRO, ESSE LOUCO ACHA QUE EU SOU UM E.T! ALGUÉM ME AJUDE!!! CHAMEM OS POLICIAIS, MANDEM ESSE CARA PARA UM HOSPÍCIO!!! -Berrei para todo mundo ouvir. Plano C: Chamar o máximo de atenção possível. E era o que mais estava dando certo. Um Porsche azul escuro parou em frente á nós, e de lá saiu uma equipe de resgate bem... Incomum.

Um menino de olhos verdes, uma garota de óculos escuros e cabelos cor de petróleo, uma menina de cabelos loiros com mechas pretas (amei, iria elogiar ela depois, caso escapasse daquela com vida) e uma gata cinzenta com olhos azuis idênticos aos da loira.

A loira de mechas negras olhou diretamente para o homem que me seguia, aparentemente concentrada em alguma coisa, e em seguida o cara de terno tirou a faca do meu pescoço, olhando ao redor confuso, como um lunático, o que só ajudava a minha acusação de que a saúde mental do ser não era boa.

-Eu estou no deserto? Deve ser, mas como vim parar aqui? -E ficou falando frazes sem sentido, andando cambaleante por ali. A menina de óculos escuros fez um sinal para eu entrar no carro e obedeci, sem hesitar. Fazer o quê, era a única opção que eu tinha. Fui para o banco de trás, junto com a loira, o de olhos verdes ficou no volante e a dos óculos escuros foi ao lado dele, na frente.

Saímos na velocidade máxima da máquina, e tudo ficou bem por meio segundo. Até que um tiro atingiu a dois metros de nós. A dos óculos escuros xingou baixinho, e eu peguei a pistola dentro da minha bota, fato que fez a loira subir as sobrancelhas, mas não falar nada.

Abri a janela, coloquei a arma para fora e atirei em um poste de luz, mais para causar tumulto do que para machucar alguém. O bom foi que o carro era rápido, e pude guardar a minha pistola na minha bota de novo antes de me virar para a das mechas pretas, que agora acariciava o seu gatinho, mais calma.

-Então, já disse que adorei as suas mechas?


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