Venator Dracones - O Apocalipse De Dragões escrita por Marcovithor


Capítulo 2
Capítulo 2 Estrelas cadentes e grandes Serpentes




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Capitulo 2

Fora o melhor dia de muitos, daqueles que ficam na memória e quando você estiver prestes a morrer, lhe dirão que a vida valeu a pena, esse tipo de felicidade que você tem que saber de onde tirar, senão o mundo vai lhe parecer pior do que o próprio inferno, e, acredite, há momentos que este mundo realmente parece um.

Lutar contra um dragão é como lutar contra sentimentos, é difícil, é destruidor, é extremamente forte e abalador, te deixa em cacos e pode te matar, mas, quando feito com fé, e com seus companheiros, vencer vai ser uma das melhores sensações da sua vida.

Mas não o faça sem ser forte, senão, irá morrer, e deixo claro, morrer nas mãos de um dragão não é algo que você vai querer.

Eles arrancam sua energia, depois sua aura, tiram seu ser com um rugido e quebram sua alma com o olhar, como se esta fosse um frágil espelho, então só sobra seu corpo, que, fraco, morrerá. Assim como aconteceu com meu amigo, Lioneru, na ultima batalha, é deprimente ver um dragão matar, mata sua esperança, mata sua vontade de viver.

Ao chegar ao acampamento, já de tarde, após a caminhada, eu vi um clima um pouco triste nos rostos, Lioneru já fazia parte de nós, e o sacrifício do dragão voltou a minha mente.

Lioneru morrera com honra, ele enfrentou o dragão negro, que havia destruído seu clã, mas ele não pode fazer muita coisa, o dragão era forte demais, poderoso demais... Após isso, eu lutei, e, embora tivesse conseguido muito mais do que jamais pensei que conseguiria, não fui capaz de vencer, não fui capaz de cumprir com meu dever, talvez um cara fraco como eu não devesse nem tentar.

Senti um cheiro estranho no ar.

Saquei a katana e me preparei, estava ao nosso redor.  Os outros acharam estranho, mas Marchal e Gore prepararam suas armas.

Onde estariam? O que seriam? Eu não sabia, mas o cheiro estava ao nosso redor, e so havia uma coisa ao nosso redor... Sombras.

Virei-me e cortei, a cabeça de dragão que estava prestes a me engolir recuou, eles estavam nas sombras, eram um tipo raro, enfeitiçado, disso eu tinha certeza, basiliscos, os dragões Ofídicos que atacam rastejando pelas sombras, havia um, não, haviam vários ao nosso redor.

-Preparem-se! Não entrem em pânico!

Mas minhas palavras não foram ouvidas, todos estavam rodando feito malucos atacando qualquer coisa que fizesse sombra, basiliscos são perigosos por isso, são extremamente imprevisíveis.

Senti algo ao meu lado, ergui a katana em corte, girei e desci, afastando a serpente gigante, fazendo-a recuar com seus olhos frios e sem emoção, seu focinho gelado e sua grande língua bifurcada, que farejava o ar, eles ainda tinham uma arma secreta, o veneno.

Se um de nós fossemos, por pouco que fosse, feridos, morreríamos, devo admitir, era uma situação complicada.

Senti o ar ficar denso rapidamente, concentrei-me, tudo ficou cinza e roxo ao meu redor, e pude ver as sombras das serpentes, eram dezenas, e estavam se preparando para o bote, em conjunto, abrindo suas mortíferas bocas e farejando a morte que descia ao redor, seus olhos frios e sem emoção fixados em nós.

Como elas entraram? Lembrei-me, estavam enfeitiçadas, vieram pelas sombras do crepúsculo, saíram de lá, ultrapassando as defesas, e se enroscavam como najas gigantes ao nosso redor.

A densidade do ar chegou a um ponto critico, gritei: CUIDADO! E todos se alertaram, todas as cobras draconicas enormes e de presas excruciantes atacaram ao mesmo tempo.

Um fato que esqueci de acrescentar, elas eram roxas até o ponto do negro, e seus olhos eram grandes, sem sentimentos e amarelados, suas presas eram brancas, mas as pontas eram roxas de veneno mortal e borbulhante.

A estratégia de ataque foi curiosa, elas elevaram a tensão do ar ate um ponto muito alto, para atacar descendo-a de vez, e quebrando as ondas de resistência do inimigo, deixando-o atordoado, e pronto para ser pego por suas presas venenosas.

Sons de tiros, sibilos e gritos foram ouvidos, duas vieram em cima de mim, golpeei uma e chutei a outra, a pele era fria e resistente como malha de aço, nada que um bom golpe não pudesse perfurar, mas elas eram rápidas, e não parariam com um só bloqueio, elas sumiam, mergulhavam nas sombras e reapareciam, atrás de você.

Cortei uma, e o sangue jorrou pelo chão, ouviam-se mais gritos e mais tiros, sentia-me pressionado por todos os lados, virava a cabeça freneticamente, para olar os outros, gritos, o desespero era crescente, ninguém sabia de onde iam atacar, cortei uma que tentou abocanhar minha perna.

Fui para o centro do pátio, desviando e cortando os basiliscos, vi gore arrancando cruelmente a cabeça de uma com sua foice negra, e Marchal explodindo outra com bombas em kunais, elas podiam morrer, mas eram muitas, e eu temia que alguma delas conseguisse...

ARGH!

Um grito de dor elevou-se no ar, seguido de outro, era o que eu temia.

Elas eram muito rápidas, fortes, ágeis... Era apenas questão de tempo, cortei a cabeça de uma que tentou arrancar a minha, lutava para achar qual dos nossos fora atingido, uma bocarra com cheiro de sangue e podridão avançou sobre mim, tive apenas tempo de erguer minha katana, perfurando-a até o outro lado, e fazendo o sangue descer em filetes pela lamina e pela face sem emoções da cobra.

Arranquei com força a katana, pisando em cima da cabeça e avançando na direção do grito, mais cobras surgiam das sombras, então eu avistei.

Meu sangue gelou, fora gin a primeira atingida, sua perna estava verde do veneno, e ela estava cercada pelos basiliscos que se vangloriavam da sensação de medo que emanava dela, a raiva me subiu a cabeça, gritei uma maldição, concentrei minhas forças, forcei minha energia em meus pontos de chakra, segurei minha katana e me preparei. Corri.

Cortei a cabeça de uma ao chegar, e, gritando, abri espaço entre as outras.

-Se quiserem Gin, passem por MIM! Suas minhocas imbecis!

Gore apareceu, rasgando uma ao meio com sua foice brilhante, para me ajudar, pulei e, antes de ser abocanhado pela que estava em minha frente, cortei seus caninos, pegando um deles e enfiando em sua própria cabeça.

Uma veio me morder, eu chutei sua cabeça para cima e, ao cair no chão, espetei-a até o punho da katana.

Outra, mais longa, enrolou-se rapidamente em mim, impedindo meus movimentos, cai no chão.

Gritei e, com toda a força de um dragão que tinha guardada dentro de mim, desde o ritual de iniciação, expandi meu poder, afrouxando o aperto da cobra, de me dando espaço para mexer a espada, assim que pude, corte-a ao meio, arrancando-lhe as entranhas frias.

Molhado do sangue frio Ofídico, cercado de basiliscos enormes e sanguinários, com medo de perder mais amigos, esse medo que facilmente superava meu medo de morrer, estava acuado, gore havia se distanciado, Gin estava apagando, o ferimento estava em um estado péssimo, o verde estava virando, lentamente roxo, e uma secreção de sangue começava a escorrer em pequenos coágulos.

Concentrei-me em ouvir os barulhos, os tiros que atingiam o couro roxo das serpentes, os sibilados irritantes e insensíveis, os gritos surpresos de meus amigos acuados, os olhos amarelos cintilantes, insensíveis e imutáveis das serpentes.

-Isso... Morram... Matem, minhas crianças... Matem estes magos fracos... Destrocem-os por mim...

Virei-me, na sombra de um trailer, uma figura observava, era quase etérea, não podia ser vista, apenas sentida, tinha forma de homem, mas era reconhecível que era, na verdade, um dragão.

Caminhei até la com a katana em mãos, meus olhos brilhando em roxo, do jeito que estava, poderia feri-lo, mesmo não sendo real.

Ao chegar lá, ele tentou fugir, segurei seu ombro e perfurei-o até o fim com a minha katana.

Eu não estava mais na batalha, nem muito menos no acampamento, eu estava dentro das sombras.

Era um local sombrio que dava a entender uma caverna entre muitas outras, a água que pingava das estalactites era negra, e não havia luz, só via por conta dos meus olhos, basicamente, só sentia. E sentia aquela presença a minha frente.

Era o basilisco, mesmo que quisesse, não deveria abrir os olhos, era mortal, era um basilisco adulto, um dos tipos mais famosos de dragões do mundo, seu veneno matava em instantes, e seus olhos destruíam de dentro para fora...

Fiz um floreio com a katana, preparei-me, foquei minha presença nele, e ataquei.

Pulei para cortar, ele se desviou, como eu imaginei, para a direita, chutei-o contra a escuridão, estava aprimorando minhas técnicas.

Ele veio sibilando contra mim e me atacou, pulei para trás e, em seguida, tomei impulso e cortei seu focinho, esse sibilou alto um ruído penetrante e mordaz, veneno e sangue pingaram levemente em mim, cuspi para não engolir o que respingou em minha boca e continuei.

Avancei, cortando-o no longo corpo de cobra, varias vezes, desviando das dentadas vorazes, mas não previ sua cauda, ele a usou e atingiu-me com tanta foca no tronco que quase vomitei ali mesmo, creio que um filete de sangue tenha escorrido da minha boca.

Após a queda, recuperei-me a tempo de barrar uma mordida, cravando minha katana entre seus dentes, acontece que eu não esperava que ele continuasse forçando, por mais que o sangue espirrasse como de canos de sua boca que cheirava a cadáveres.

Ele estava forçando contra mim com toda a força de seu corpo imenso, eu não iria aguentar, tentei mover minha katana, mas percebi que isso me faria perder, ele estava me colocando de joelhos, me morderia, droga!

Uma explosão.

O basilisco rapidamente deixou sua posição sobre mim e saiu sibilando e girando loucamente com o ruído e o impacto, aparentemente, isso havia cegado um de seus olhos.

Um longo grito soou na caverna de sombras, e o outro olho do basilisco agora era uma corrente de sangue.

-Gore! Marchal! O que fazem aqui seus doidos?

-Viemos ajudar, e não chegamos em má hora né? Gritou marchal, quando eu abri os olhos.

Finalmente pude ativar meus poderes de fato, de olhos abertos, eu podia ler todos os movimentos e a mente de meu adversário, era assim que eu lutava, e era isso que iria acontecer.

Corri para cima do basilisco enlouquecido, fiz três cortes estratégicos nos pontos de chakra que visualizei em seu corpo frio de cobra, subi em sua cabeça, com a katana cortando lentamente seu couro enquanto eu andava sobre o mesmo, e finalizaria com um único golpe em sua cabeça.

O sangue voou quando eu matei o basilisco, com um golpe, limpamente, desci de seu corpo, limpei minha katana num pano que estava em minha bolsa, guardei-a, fiz um pequeno ritual para recuperar as energias, e me voltei para meus amigos.

Gore estava apoiada na foice me olhando, enquanto sangue pingava da lamina negra, e Marchal me olhava com um sorriso no rosto.

-Como vocês dois, seus doidos varridos, conseguiram vir para cá?

-Oras, é obvio!- Foi dizendo Marchal- Ninjas tem seus truques, e viajar pelas sombras é básico!

-Seu filho da mãe descarado!- Falei, rindo e fingindo soca-lo.

De noite, com Gore na cama ao lado, dormindo, suavemente (ou nem tanto, pois ela tem uma mania de, enquanto está dormindo, bater em tudo e todos que estiverem ao redor) mas eu estava sem sono, então encarava as estrelas.

Pensava em estrelas cadentes, dos mitos infantis, que sempre traziam sorte e felicidade para as crianças, mas agora eu precisava é de uma decisão.

Será mesmo que os humanos mereciam ser salvos? Eles que eram tão cruéis, desleais, fúteis, e imbecis ao ponto de não se importarem com o outro nem com sua própria honra, com seu ser? Muitas vezes eu pensava que os humanos podiam estar errados, podiam ser eles os seres sem coração que matam sem honra, sem mérito, eles podiam ser quem não liga para os amigos, quem não se importa com o outro, e só quer o seu próprio prazer e bem estar?

Muitas vezes eu chegava a uma conclusão irônica, os dragões são seres mais humanos que os humanos.

Eu precisava pensar melhor, precisava procurar entender, e escolher contra quem lutar, ou o que é certo a fazer. Mas jamais abandonaria meus amigos.

Olhei para o rosto suave (momentaneamente) de Gore, e me lembrei que, durante minha vida inteira, o que eu mais quis eram amigos leais, companheiros, que estivessem comigo e lutassem comigo, esse foi meu motivo de viver, e agora estou aqui, ao lado deles, o que era o certo? E se meus amigos estivessem do lado errado? O que eu faria?

Estávamos em guerra, pessoas morrem nas guerras, amigos morrem nas guerras, é trágico que meus únicos amigos sejam na guerra.

Lioneru, sergius, gin, esses dois últimos a vida depende apenas da sorte, se é que esta existe mesmo. É um modo triste de viver, o meu, viver morrendo, viver sofrendo pelos outros, viver lutando, viver matando.

Uma pequena estrela cadente caiu no céu indeciso desta noite.

Eu estava com um pouco de medo, tinha reunido minhas coisas com o Maximo de cuidado para não acordar gore, (embora de fato seu sono não fosse muito leve), peguei minha katana, minha bolsa de viagens, algumas roupas, principalmente a do corpo, e calçava minhas botas.

Desci para o ar fresco da noite, com a lua e o posto de vigia como iluminação, sorrateiramente, fui até a traseira do trailer, peguei a moto, enfeiticei-a sussurando, e me preparei para pegar a estrada.

Subi na moto e liguei o motor.

-Eu acho que você deveria ter ao menos dito boa noite, né?

Tomei um susto e quase cai da moto, Gore estava atrás de mim.

-filha da... o que faz aqui?

Mas devia estar escrito na minha cara que eu estava, na verdade, muito feliz em vê-la. Aparentemente, não iria mais estar tão solitário.

-Posso ir também?- A voz de Marchal falou do nosso lado, eu já sabia que ele fazia essas coisas, mas isso não me impediu de quase cair da moto pela segunda vez, sendo apenas aparado com maciez por gore.

Ele acoplou na moto um daqueles vagonetes antigos, e nos preparamos para pegar a estrada, ele, na verdade, iria ficar inviável e inaudível, pois ele dormia no mundo dos sombras, logo, ele estava ali, mas não estava.

Pegamos a estrada na noite, mais uma estrela cadente cruzou os céus claros desta noite. 


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